Everything is well, except both of us
Capítulo dedicado à Sofia Brito, que fez 17 anos no dia 27/09/12. Parabéns, maninha! Obrigada por continuar comigo s2
— O
que eu tenho para hoje?
O
rapaz fechou a porta do carro, enfrentando o vento frio que se fazia no início
daquela manhã de outono. Passou uma mão pelo cabelo, ajeitando-o — ou
bagunçando-o mais, dependendo do ponto de vista —, e trancou seu Audi A4
conversível apertando um botão. Aquele carro custara uma fortuna, mas... Deus,
como valera a pena. O rapaz pagaria até um pouco mais para tê-lo.
Mas
mesmo depois de seu segundo de admiração ao carro, a adolescente que igualmente
saíra do carro não respondera à sua pergunta.
— O
que eu tenho para hoje? — repetiu ele, com a voz impaciente. A menina sequer se
mexeu.
O
rapaz bufou e se aproximou dela, retirando um de seus fones de ouvido
bruscamente com as mãos.
— Tire
os fones de ouvido quando eu estiver falando com você — ele a encarou,
fazendo-a abrir a boca em indignação, encarando-o de volta. Parecia pronta para
arrumar uma briga.
— Qual
é, Luke! — exclamou ela. — Eu estava ouvindo, sabia?
— Mas
não estava ouvindo o que eu queria que ouvisse, Tereza — Luke fez que não com a cabeça, respirando fundo e
adentrando o prédio à sua frente. Como o dia letivo ainda não se iniciara, o
prédio estava praticamente vazio e silencioso. Daqui a menos de duas horas, ele
se encheria de crianças de todos os tipos e se misturaria a todas as espécies
de sons que todo tipo de instrumento possa produzir.
Tereza
Fletcher, irmã de Dan e sua assistente pessoal há um ano, seguia-o pelos
corredores enquanto ouvia música no último volume, como sempre fazia. Luke não achou boa ideia ter uma assistente pessoal
no momento em que a contratou, mas acabou descobrindo que ela lhe poderia ser
muito útil. Era como uma ter secretária eletrônica-barra-agenda ambulante que
parecesse estar sempre de TPM. Muito útil para um rapaz de apenas vinte e cinco
anos que dirigia metade de uma gravadora, uma escola de música, tocava em duas
bandas, compunha para pelo menos dez e ainda era um dos produtores musicais
mais procurados de Nashville. Para além de Tereza ser muito direta e resolver
sempre os assuntos que ele não queria.
— O
que eu tenho para hoje, pela terceira vez? — perguntou ele quando adentrou sua
sala. Tereza ergueu os olhos, retirou os fones de ouvido, e disse:
— O
quê?
Luke
revirou os olhos.
— O
que eu te falei sobre fones de ouvido? — perguntou retoricamente. — Você quer
ser demitida?
—
Claro que não, Noah, por favor — disse ela, retirando o celular do bolso e
apertando um botão. — Quer dizer, quem é que vai pagar meus ingressos para os
shows? Ou os meus CDs e livros? Você conhece minha mãe, cara. Ela é do tipo “você
não precisa trabalhar, eu te dou o dinheiro”, só que sem acrescentar logo
depois o “desde que você queira usá-lo para livros. Didáticos. Ou a Bíblia”.
Luke
não aguentou e deixou seus lábios se curvarem em um sorriso.
—
Então trate de trabalhar — disse ele mais suavemente, sentando-se à sua mesa. —
O que tem para hoje?
Tereza
retirou sua mochila dos ombros e enfiou a mão dentro dela, retirando um
caderninho.
— Tem
um jantar com a galera da FOF às oito e duas reuniões na empresa do seu pai com o seu pai, às duas — ela disse, os
olhos atentos no caderno. — E você não pode se esquecer do show desse fim de
semana. E o Brian quer a música até domingo, também.
Luke
expirou o ar de seus pulmões e passou a mão pelos cabelos, enquanto Tereza se
dirigia ao confortável sofá de couro que estava elegantemente localizado no
canto da sala do rapaz.
—
Semana cheia — disse ele num tom neutro. — Por quanto tempo a Feeling of
Feeling vai ficar na cidade, mesmo?
A
garota bocejou.
— Não
sei — disse com a voz embargada. — E não é toda a FOF que está em Nashville. Só
o Trevor e a sua ex-namorada.
Luke
revirou os olhos.
— Será
que ninguém acredita que nós nunca chegamos a namorar? — perguntou ele
retoricamente, organizando os papéis em sua mesa.
Mas
para falar sério, quando mais Luke afirmava que nunca namorara com a baixista
de sua antiga banda, mais as pessoas duvidavam. Isso por que “namorar” era um
termo muito complexo para o que ele e Megan Curtis chegaram a ter, e que já
havia se dissipado há uns bons dois anos. Ela era sua melhor amiga, apenas por
que ela o ajudara com toda... a situação que Luke enfrentara na época. Ela o
ajudou a se livrar da dor com a música e o relacionamento estranho que ambos
mantinham, mesmo sem nunca saber realmente de Sophie. Magicamente isso fundou a
Feeling of Feeling, uma banda de rock alternativo que foi uma febre no norte
dos Estados Unidos por uns três meses. Os três meses mais malucos da vida de
Luke.
Ele só
tinha vinte anos quando a banda estourou. Tanto ele quanto os demais membros da
banda, Trevor Ryan, Melissa Hanks e Megan, trancaram o curso que faziam na Columbia
University para gravar o primeiro e único CD e entrar em uma pequena turnê pelo
norte dos Estados Unidos. A FOF chegou a tocar para seis mil pessoas de uma vez
só.
Foi
nessa época que Luke se apaixonou pelos palcos de verdade.
Desde
então, mesmo depois de que a banda acabou, Luke continuou tocando. Barzinhos,
pequenas festas, pequenas apresentações, até mesmo não remuneradas. Quando não
estava estudando ou fazendo os trabalhos necessários para sua faculdade, estava
tocando guitarra. Megan também fazia o mesmo e hoje Luke não conhecia uma
mulher que manuseasse um contrabaixo com tanta maestria como ela fazia.
Não
havia como negar. Luke gostava de Megan. Gostava muito dela.
Mas
não a amava, e Megan sempre soubera disso. Desde a primeira vez em que ficaram
realmente juntos. Megan olhara nos olhos do rapaz e soube, naquele mesmo
momento, que Luke gostaria que outra mulher estivesse em seu lugar. Ela podia
ver, podia sentir.
Luke
se lembrava perfeitamente do dia após a formatura na Columbia. Ele estava
voltando para Nashville e ela continuaria por lá, uma vez que era apaixonada
por Nova Iorque e crescera naquela cidade. Luke pretendia apenas passar uma
temporada em Nashville e voltar para Nova Iorque logo depois. Megan o ajudava a
fazer suas malas quando ele lhe perguntou, pela primeira vez, qual seria o
futuro dos dois.
— Eu
gosto de você, Luke — dissera ela naquele momento, deixando de dobrar uma roupa
para encará-lo. — Mas eu não sou a garota que você procura.
Luke
riu.
— O
que você quer dizer com isso?
Megan
ergueu o queixo dele, fazendo seus olhos encontrarem-se com os globos verdes e
cinzentos dela.
— Você
sabe o que quero dizer — murmurou. — Você é um cara machucado, Luke, só é preciso
olhar nos seus olhos para notar isso. Eu te conheço muito bem para saber que
você já amou alguém de verdade. Qualquer um chega a essa conclusão pelas
músicas que você escreve — apesar de tudo, seus olhos ainda estavam presos aos
dele. Luke sentiu sua garganta se fechar e uma vontade avassaladora de desviar
o olhar. — Eu gosto muito de você. Mas você não me ama e nem nunca vai amar.
Por que quem você ama é ela. Você
pode mentir, mas seus olhos vão te denunciar.
Luke
segurou a mão dela com a sua própria, mordendo o lábio inferior.
— Eu a
amei — assumiu ele pela primeira vez em três anos. — Mas não a amo mais. E eu
gosto muito de você.
Megan
deixou seus lábios bem desenhados se alinharem em um sorriso singelo e encostou
sua testa na de Luke calmamente. Começou a fazer um carinho com o polegar em
sua barba mal feita.
— Não
sou o que você procura — ela sussurrou, engolindo seco, sem parar o carinho. —
Gostaria de ser. Mas não sou. — Megan suspirou e, devagar, encostou seus lábios
nos dele, dando-lhe um selinho molhado e lento. Colocou a ponta dos dedos nos
lábios dele quando separaram-se. — Apenas... não desista de procurar.
Nessa
mesma noite, Megan terminou de ajudar Luke a fazer suas malas e o garoto
decidiu que ficaria definitivamente em Nashville quando Jeremy o presenteou com
sua parte na gravadora. Entre um contato e outro, Luke passou a vender as
letras que compunha frequentemente. Começou a tocar profissionalmente também e
pouco depois veio a escola, com a parceria de Dan. Até hoje Luke mantinha contato
com Megan quando ela vinha à Nashville ou ele ia à Nova Iorque, pelo telefone
ou pela internet. Mesmo que o que eles tiveram houvesse acabado e se limitado a
uma mera amizade.
Megan
jamais soubera de Sophie, entretanto. Luke, no mesmo dia em que recebera a
carta, prometera a si mesmo que não iria deixar vestígios de que um dia ela
estivera em sua vida, e por isso preferiu omitir tudo de Megan. Engoliu sua dor
e seu orgulho, mantendo-os presos, afastados de tudo e de todos. Inclusive Dan
e Marie. Nate. Seus pais. Seus amigos. Todo mundo.
Até o
dia em que, em uma de suas ligações para seus pais, Jeremy lhe dissera que
Sophie havia... tido um filho. Na
Inglaterra. E ela não sabia quem era o
pai.
Luke
nunca se sentira tão esquisito em toda a sua vida. Ao mesmo momento em que
estava triste e com o coração dolorido por saber que Sophie se tornara esse
tipo de pessoa, sentia-se quase feliz por saber que ela estava jogando o futuro
que tanto almejava no lixo, tendo um filho sem pai. Seu coração sangrava, mas
seu rancor e seu orgulho estavam satisfeitos. Sua parte emotiva sofria, mas sua
raiva e insolência sorriam. Como caminho mais fácil, Luke deixou-se levar pelo
rancor e decidiu não ligar para aquilo.
Mesmo
que quando sua cabeça deitasse no travesseiro seu pensamento se direcionasse a
ela, com apenas dezoito anos de idade, lutando para trabalhar, estudar, e
cuidar de um bebê sozinha. Mas esse fora
o caminho que Sophie escolhera. Ela escolhera enganá-lo. Ela escolhera
abandoná-lo. Ela escolhera ficar sozinha. Ela escolhera passar pelo que estava
passando agora.
E era
por isso que Luke não sentia pena.
Kathryn
vivia dizendo para Luke que o acontecido com Sophie havia sombreado seu coração,
e mesmo que ele negasse veemente, sabia que era verdade. Era exatamente a mesma
coisa que Luke pensara assim que recebera a carta. Naquele mesmo dia, Luke
fizera uma porção de promessas para sua vida. Nunca mais se apaixonar. Nunca mais amar ninguém. Seguir seu futuro sem
ela e fazer com que ele seja muito melhor.
Todas
as promessas estavam bem cumpridas até agora e assim seria até o fim. Luke
queria passar o resto de sua vida com Sophie, mas ela escolhera ficar longe.
Agora Luke era feliz acompanhado de seus amigos, seus pais, Tereza e Cowboy.
Também não podia esquecer-se da escola de música para jovens que Luke montara
com a ajuda de Dan. Na realidade, Luke entrou com o capital e Dan com o
trabalho e divulgação. As aulas bem dadas e os preços em conta atraíram um
grande público de estudantes que queriam se melhorar musicalmente ou apenas aprender
algum instrumento. No início, Luke quase não ficava no colégio, mas depois
acabou apaixonando-se por aquele lugar. Por vezes substituíra algum professor
de violão, pelo simples prazer de ensinar, e hoje Luke quase não trabalhava
mais na gravadora de Jeremy e trocara metade do expediente de lá para ficar na
escola. Por mais que amasse produzir, amava ainda mais ver aquelas crianças
aprendendo pouco a pouco o prazer que a música pode proporcionar. Isso o
completava. Como Jeremy dissera para ele algumas vezes: “no fim, tudo estará
como tiver de ser”.
Tudo
estava como tinha de estar.
Com a
única exceção da volta de Sophie para Nashville.
— Ah!
— Luke saiu de seus devaneios quando a voz de Tereza ecoou. — Eu tinha esquecido.
Dan me mandou uma mensagem de texto dizendo que você tem que arrumar o conteúdo
programático da nova professora de piano. E dizer quais serão as novas salas
dela, né.
Droga! Ainda tinha isso para resolver
e a professora nova que Dan contratara estaria chegando a qualquer momento. Ele
podia ser o melhor professor de bateria e percussão da cidade, mas ainda assim
era a pessoa mais desorganizada do universo. A professora havia sido contratada
uma semana antes!
— Você
pode ir a sala dele e buscar os papéis dela para mim? — pediu Luke para Tereza,
que se mexeu no sofá onde estava.
— Dan
deixou os papéis na sua mesa — disse a garota. Luke passou os olhos pela sua
mesa de madeira vernizada, procurando alguma pasta fora do comum e não demorou
para achar. Logo o contrato se fez diferente dentre os outros papéis.
Luke
procurou seus óculos de grau em uma das gavetas, até achá-los na última das
três. Às vezes parecia que seus óculos tinham pernas e sempre arranjavam uma
forma de sumir, sinceramente. Luke organizou a ata do dia e o horário em uma
parte da mesa, abrindo o contrato logo embaixo. Precisava arrumar tudo antes
das nove da manhã.
Com
calma, Luke começou a ler o contrato que já estava assinado por Dan. E toda a
calma que existia em seu corpo e mente dissiparam-se completamente após a
primeira frase lida.
Luke
arregalou os olhos e leu outra vez, para garantir. Como... não pode ser.
O
sangue simplesmente fugira do rosto dele, que insistia em ler e reler aquilo.
Ainda considerava a hipótese de apenas ter lido errado ou de tudo ser apenas um
mal entendido.
Mas só havia uma Sophie
Williams Farro, vinte e três anos, formada em Laurent Louis, Inglaterra.
— O
que aconteceu com você? — Tereza franziu o cenho, encarando Luke. Levantou-se
do sofá onde estava. — Parece que você viu um fantasma. O que houve?
Luke
largou os papéis na mesa e respirou fundo.
Sua cabeça começou a doer.
— Merda! — exclamou ele de um jeito que
fez a adolescente rir. — Mil vezes merda!
— O
que aconteceu? — Tereza perguntou novamente, ainda rindo.
— A
nova professora de piano — começou ele, sem retirar a mão do rosto —, é minha
ex-namorada.
Ele
suspirou, ainda completamente domado pela raiva e pela surpresa, mas Tereza
apenas bufou, como se esperasse algo mais emocionante.
— E
daí? — perguntou ela, olhando-o sem interesse. Luke retirou as mãos do rosto e
a encarou como se ela não houvesse escutado o que ele dissera.
— E
daí? — ele repetiu a pergunta com a voz oitavada. — Ela não é uma simples
ex-namorada.
Tereza
revirou os olhos.
—
Repito: e daí? — perguntou ela, entediada.
A boca
de Luke estava entreaberta em pura indignação.
— E
daí que ela foi importante para mim, há um tempo. Nós queríamos passar o futuro
juntos. Eu escrevi Adore para ela.
— Que
gay — Tereza fez uma careta, encarando Luke com uma expressão completamente
enojada.
Ele
revirou os olhos.
— Sim,
totalmente gay — disse ele, concordando, sentindo-se tão enojado quanto ela ao
se lembrar do “antigo Luke”. — Ela foi embora para a Inglaterra sem se despedir
e teve um filho com um cara que ela nem conhecia um ano depois.
Luke
não sabia por que estava contando aquilo para Tereza, mas estava. Talvez por
saber que ela daria um jeito de ridicularizar a situação, como já havia feito
um milhão de vezes com outras mulheres que Luke chegou a ter um caso. A
adolescente parecia ser uma expert em
fazer as mulheres saírem de seu pé.
Outra
vantagem de se ter uma assistente pessoal.
—
Espera — disse ela, retirando os fones dos ouvidos e se sentando em uma cadeira
de frente para a mesa de Luke. — Então a garota te largou e engravidou de um
moleque qualquer que ela não conhece?
Ele
suspirou.
— Sim,
é — concordou.
— E
você a amava?
—
Sim... — ele concordou hesitante.
Tereza
bufou.
— Ugh
— resmungou ela. — Por que diabos ela não ficou na Inglaterra? Quer dizer, fala
sério, cara! Londres! O que é o Big
Ben na frente do Country Music Hall of Fame Museum? Quem é que quer sentar no
colo de um Elvis Presley de porcelana sem graça? Deve ser legal passear pelo
centro de uma cidade onde não tem botas de vaqueiro e chapéus espalhafatosos
para vender em toda lojinha. — Tereza deu de ombros, aparentemente irritada. —
Está explicado o porquê ela estava com você. Ela é doida.
Luke
abriu a boca em indignação.
— Você
sabe que eu posso te despedir a qualquer momento, não sabe?
A
garota riu.
— Você
não vai fazer isso — disse ela, levantando os pés e recostando-os na mesa de
Luke. — Não consegue viver sem mim.
—
Retire os pés de cima da minha mesa — ele ordenou em vão, é claro, e voltou o
olhar para os papéis. Não tinha erro. Só existia uma única Sophie Williams
Farro nascida em Nashville e formada em Laurent Louis, na Inglaterra. Dan havia
feito aquilo. Dan havia contratado Sophie apenas para...
Para quê?
— Oi,
garotada — Luke levantou os olhos, vendo a silhueta do próprio Dan adentrar a
sala.
— Luke
está chateadinho com você — Tereza disse, olhando para o irmão. Era fácil notar
algumas semelhanças entre eles, como o sorriso e os olhos negros. Mas a pele da
garota era um pouco mais clara do que a de Dan, e seu cabelo cacheado tinha as
pontas pintadas de roxo. Esta semana.
— O que eu fiz dessa vez? — Dan
suspirou, encarando o bolinho que estava em sua mão. Suas seguidas horas de
malhação na academia só pareciam aumentar sua fome.
— Você sabia que a nova
professora de piano que você contratou é a Sophie?! — Luke foi direto ao ponto,
fulminando Dan com os olhos, mantendo uma mínima esperança de que o amigo dissesse
que Luke estava equivocado.
Mas não foi isso que ele fez.
— Red Soph? Sim, sabia — disse ele, entusiasmado, e abocanhou seu
bolinho.
Luke sentiu o desespero tomar
conta dele, controlando em si mesmo a vontade de xingar Dan de todos os
palavrões possíveis. Caramba! Ele
iria... Luke teria...
Trabalhar
com Sophie. Vê-la
todo santo dia.
Luke não queria. Não podia.
— Por quê?! — ele aumentou o tom de voz o máximo que pôde, encarando
Dan, indignado demais até mesmo para xingá-lo.
— Por que ela precisava de um
emprego e nós precisávamos de uma professora de piano — Dan respondeu muito
tranquilamente, devolvendo o olhar de Luke. — Como diria minha mãe: uma mão
lava a outra, e as duas lavam a...
— Dan — Tereza levantou os
olhos do seu celular para repreender o irmão. — Não continue esse ditado. É
nojento.
O moreno deu de ombros.
— Tanto faz — disse,
despreocupado.
Luke retirou os óculos do rosto
para passar a mão pelos olhos. Isso era
um pesadelo. Só podia ser um pesadelo. Dan era idiota ou o quê?! Ele não se
lembrava do que ela fizera?! Não foi ele o primeiro a consolar Luke depois da
carta?!
Para o inferno!
— Você não pode ter contratado
a Sophie — Luke murmurou. — Puta merda, Dan!
Você não se lembra do que aconteceu há alguns anos atrás, droga?!
Dan assentiu com a cabeça
tranquilamente.
— Sim, me lembro — disse ele,
engolindo o bolinho para falar com Luke. — Mas eu não estou falando para você
se apaixonar por ela, idiota. Cresça. Dei o emprego à Sophie por que ela estava
desempregada, sozinha, com um filho nos braços, e toda a família dela, incluindo Nate, Danna, e até a Marie, queriam
que ela estivesse de volta à Nashville. Você mesmo estava todo desesperadinho
por que não tínhamos professora até semana passada. Por isso, Noah, dei o
emprego a ela. E ela continuará trabalhando aqui, você querendo ou não. Já está
na hora de superar, não acha? — Dan encarou Luke por mais dois segundos,
vendo-o não ter argumentos para discutir. Seus lábios se dobraram em um meio
sorriso. — Muito bem. Preciso de um pastel.
Depois disso, Dan saiu da sala,
deixado uma Tereza risonha e um Luke abismado. Não, ele não queria Sophie ali, em sua escola. Mas... em parte, Daniel tinha razão. Eles realmente
precisavam uma professora de piano.
Mas poderia ser qualquer uma do mundo, menos Sophie. Droga.
Luke não poderia despedi-la.
Não tinha razão para fazê-lo uma vez que Dan já a havia contratado
definitivamente, para além de que compraria uma briga com o melhor amigo e com
toda a família Farro, da qual ainda mantinha um bom prestígio. Ainda assistia a
jogos de beisebol com Nate toda semana, participara de todos os lançamentos dos
livros de Joe, e ver Marie era inevitável, uma vez que ela era a esposa de seu
melhor amigo.
Luke afundou a cabeça nas mãos
e praguejou. Merda. Estava tudo
ferrado de vez.
— Você é mesmo um bobão — ele
escutou a voz de Tereza e levantou os olhos. Ela não sabia que Luke poderia
despedi-la, certo?
— O que você quer que eu faça? —
perguntou ele para ela, pronto para mandá-la ir à merda também. Já estava de
saco cheio daquilo.
— Pare de ser bonzinho — ela
retirou os olhos do smartphone para encarar Luke com intensidade. — Se você não
quer a sua ex-namorada vaca aqui, mande-a embora!
Luke suspirou.
— Não posso despedi-la! —
respondeu no mesmo tom logo depois, como se dissesse também “você não escutou
seu irmão?”.
Entretanto, Tereza riu.
— Quem falou que você vai
despedi-la? — perguntou ela retoricamente, debochando de Luke. — Você é muito
bonzinho, Luke. Precisa aprender a ser um pouco malvado. Se você for sempre
assim o mundo passa por cima de você, da mesma forma que a guria lá fez há não
sei quanto tempo atrás. — Tereza colocou os pés em cima da mesa novamente. —
Quer ela longe? Agora não vai dar. Mas já que ela está perto, por que não se
divertir com isso? — um sorriso malicioso se ampliou no rosto da adolescente. —
Transforme a vida dela num inferno. Com o tempo, ela estará fora daqui, como
você quer.
Luke coçou sua barba, ouvindo
as palavras adolescente de quinze anos ecoando em sua cabeça. Ser mau, transformar
a vida dela num inferno, fazê-la se demitir, em suma. Ser o chefe horrível.
Poderia dar certo, mesmo que
não fizesse seu estilo.
— Ser mau, hã? — perguntou ele
retoricamente, encarando sua assistente. — Acho que posso fazer isso.
Tereza sorriu maliciosamente.
— Não custa tentar.
[...]
— Dá
pra esperar um pouco? — a garota sorriu sorrateiramente para o taxista, mexendo
no seu cabelo ondulado e enorme, apenas para dar um charme.
— Dez
minutos no máximo, moça — disse ele, arrancando outro sorriso dela.
—
Valeu! — disse ela, saindo do táxi rapidamente. Retirou seu celular do bolso,
apertando os botões do número da amiga que já sabia de cor. Sinceramente,
Sophie tinha o dom de se atrasar!
— Alô, Julia — ela escutou a voz da amiga
ecoar em seu telefone.
— Onde
está você?! Nós temos que ver o apartamento antes de você ir para a aula! —
Julia gritou com o telefone, andando em direção a casa onde ela já sabia que
Sophie se encontrava.
— Ainda estou aqui na minha mãe, se acalma, ela
vai cuidar do Henry e da Anna por hoje — Sophie dissera do outro lado da
linha, com a voz meio vaga. Parecia estar fazendo alguma coisa enquanto falava
com Julia ao telefone.
—
Beleza, então abre a porta, eu estou aqui — Julia parou em frente à porta da
casa de Hayley, apertando a campainha. Desde que voltara da Inglaterra, quatro
dias antes, tudo estava a maior correria. Visitara um monte de apartamentos com
Sophie (até agora ambas estavam hospedadas na casa de Danna e Hector), e ainda
não haviam conseguido matricular Henry na creche de Anna. Sophie já iria
começar a trabalhar e Julia só tivera uma única reunião com a equipe para seu
site que contatou pela internet.
Mas
antes de tudo, elas precisavam resolver as coisas no quesito moradia. Claro que
isso jamais aconteceria se Sophie ficasse se atrasando.
— Você está aqui? Droga, Julia, você... ai,
espera — Sophie começou a falar e logo a porta fora aberta, revelando a
amiga com o celular na orelha e um filho no colo. Ela bufou, desligou o
telefone e encarou Julia. — Não era pra você vir agora — sussurrou ela, com uma
ponta de medo no olhar.
Julia
deu de ombros, já sabendo o que Sophie queria dizer.
— O
tio do táxi disse que temos que entrar em no máximo dez minutos. Ande logo. Eu
não vou entrar na casa — respondeu a morena, ríspida.
Sophie
suspirou.
— Você
promete tomar todo o iogurte? — perguntou a Henry, que segurava uma garrafinha
de iogurte desnatado de morango e tomava sem muito ânimo. Ele retirou-a dos
lábios, mostrando seu bigodinho de iogurte. Julia não pôde deixar de rir ao ver
a cena.
— Não
é gostoso como o outro — ele choramingou e Sophie suspirou.
— Se
você não prometer, não vai ficar brincando com a Anna o dia todo — ela encarou
o filho severamente, fazendo-o suspirar.
— Tá
bem, mamãe, eu vou tomar tudo — disse ele. — Agora me põe no chão!
Sophie
sorriu e virou-se para Julia.
—
Espera aí que eu já venho — disse ela antes de sair dali quase correndo com
Henry nos braços.
Julia
respirou fundo e se afastou da porta da casa de Hayley, mas deixando-a aberta.
Passou a encarar aquela rua e lembrar-se de todas as coisas que passara ali.
Lembrar-se do quanto ela marcara sua vida, de uma forma tão avassaladora.
Ela
passou uma mão pelo rosto e escutou a buzina do táxi. Virou-se para o carro e
sorriu, fazendo um sinal para o taxista esperar só mais um pouquinho.
Sinceramente, que homem apressado! Nem parecia que era sulista! O que
acontecera com a calma e a hospitalidade?
Julia
escutou passos. Ótimo, finalmente Sophie
estava vindo. Virou-se de uma vez, abrindo a boca, pronta para bronquear a
amiga mais uma vez. Mas as palavras ficaram presas em sua garganta quando ela
vira que, diferente do que pensara, não era Sophie quem estava chegando.
E sim
um homem. Um homem alto, moreno, de olhos chocolates hipnotizantes, e cabelo
ligeiramente curto, liso, castanho escuro. Um homem de corpo extremamente forte
e esbelto, ombros largos, bíceps e tríceps aparentes, peitoral, barriga e coxas
perfeitamente definidas. Um homem com um sorriso sincero e apaixonante nos
lábios grossos e atraentes. Um homem que certa vez, ainda quando menino, fora
dela.
Julia
sorriu quando seus olhares se encontraram.
Meu Jesus, Nate estava maravilhoso. Seu
jeito parecia não ter mudado nada, o formato de seu rosto parecia o mesmo de
sete anos atrás. Ele estava muito maior,
claro. Julia só crescera uns três centímetros desde a última vez que se viram e
Nate parecia ter crescido uns dez. Estava alto, esbelto, forte, lindo. Julia sentiu uma súbita vontade
de se jogar em seus braços, e o faria, se ele não estivesse acompanhado de uma
loira azeda. Ah, que se dane ela, Nate
estava à sua frente, totalmente lindo e perfeito! Seus lábios se abriram em
um sorriso sincero e mais aberto impossível, e Julia se deu conta de que devia
estar sorrindo como uma idiota também. Que
se dane.
Nate
afastou um pouco da camiseta que estava usando e levantou seu pulso, mostrando
a ela sua tatuagem, deixando-se dar uma risada. A loira ao seu lado estava
falando alguma coisa que tanto ele, quanto ela, não prestavam atenção. Julia
sorriu ainda mais vendo a tatuagem, quase pequena, no pulso forte dele. Levantou seu pulso também, afastando a
pulseira que usava, mostrando sua tatuagem lá, limpa e preta, como era desde os
seus quinze anos de idade. Nate só pareceu sorrir ainda mais e deixou a loira
para trás enquanto vinha de encontro à Julia.
Logo
seus braços estavam rodeando-a, apertando-a contra si, e Julia sentiu um arrepio
correr toda o seu corpo e alma. Seu coração pareceu pular pela boca e ela
sentia o coração de Nate colado ao seu corpo, batendo tão rápido que parecia
que ele teria um infarto a qualquer momento. Embrenhou os dedos nos seus
cabelos, aspirando seu cheiro viciante e sentindo-se entontecer com ele.
Sentiu-o beijar delicadamente seu pescoço, enquanto a apertava ainda mais
contra si e quase desmaiou.
Era verdade? Não era uma
miragem? Ela realmente estava ali com Nate? Seu Nate?
— Você
está maravilhosa — ele sussurrou em seu ouvido, sem parar de apertá-la. Julia
sentiu-se derreter quando sentiu o calor da respiração dele tão perto, sua voz tão grossa e tão decidida e tão embriagante.
Achou que iria morrer.
— Eu
sei — ela respondeu, fazendo-o rir, e dando-se conta de que já apertava a nuca
dele com tanta força que com certeza ficaria uma marca. Afrouxou o aperto,
sorrindo, perdendo-se no corpo dele, na voz dele, na respiração dele, no cheiro
dele. Nele em si. — Você também está uma graça, se quer saber.
— Oh,
obrigado — Nate disse, sem soltá-la, parecendo admirado. Julia sorriu e brincou
com o seu cabelo, o queixo deliciosamente pousado em seu pescoço. Sentiu uma
vontade enorme de beijá-lo. — Senti sua falta.
Por
vontade própria, seus lábios tocaram o pescoço dele, e ela notou que os pelos
de sua nuca eriçaram-se mais do que já estavam. Dentro dela, seu organismo
estava uma bagunça, seu coração batia descompassadamente e seu estômago
revirava. Ela arfava, sem conseguir manter o ar dentro dos pulmões. Suas pernas
haviam perdido a força. Caramba, ela
iria desmaiar se continuasse ali por muito tempo.
Não
que isso seja algo ruim.
—
Senti sua falta também — ela sussurrou muito devagar, sentindo seu coração
colado ao dela, apertando seu ombro com mais força. — Você não sabe o quanto.
Ao
lado dela, alguém pigarreava. Julia sorriu com toda a simpatia que tinha,
quando lentamente as mãos de Nate tocaram sua cintura e afastaram-na dele por
um momento. Mas mesmo separados, Nate não parara de tocá-la.
— O
que foi, Lindsey? — perguntou ele, aparentemente irritado.
Lindsey,
a mulher loira e seca, ergueu as sobrancelhas, completamente irada.
—
Ainda não me apresentou sua amiga — disse ela, fulminando Nate com os olhos.
Julia sentiu vontade de cair no chão de gargalhar.
— Ela
não é só minha amiga — Nate sorriu
tranquilamente. — Julia Bynum, essa é Lindsey Kyle, minha amiga.
Ao
invés de rir da cara da loira que transformara sua pele branca em um pimentão,
Julia estendeu sua mão delicadamente e disse com muita convicção:
— É um
prazer te conhecer, Lindsey.
E não
mentiu. Realmente estava sendo prazeroso vê-la com tanta raiva.
—
Igualmente, Julia — Lindsey respondeu contra sua vontade.
—
Hum... — todos ali voltaram-se para Sophie, que agora estava atrás deles. —
Tudo bem, Juzy?
Julia
sorriu, mostrando seu bom humor para Sophie e para quem mais quisesse ver.
Diferentemente de Nate, Soph parecia muito embaraçada com toda a situação.
—
Claro — respondeu Julia. — Vamos indo, antes que você se atrase — disse,
fazendo Sophie parar em seu lado. Voltou sua atenção para Nate e Lindsey. — Foi
incrível te rever, Nate. Até mais,
Lindsey!
Nate
apenas sorriu, como se dissesse que eles iriam se ver mais vezes, e Lindsey nem
se deu ao trabalho de forçar um sorriso. Julia se virou e entrou no táxi,
acompanhada de Sophie, sentindo-se simplesmente maravilhosa por tudo que havia
acontecido.
Não
ligava para Lindsey ou o que ela seria realmente de Nate. Simplesmente estava
mais do que feliz por tê-lo visto
novamente. Parecia que uma chama se acendera dentro dela, acompanhada de
uma coisa que ela não sentia há muito tempo: paz.
[...]
Sophie
encarou o vasto prédio à sua frente e deixou que um sorrisinho aflorasse em seu
rosto.
Por
enquanto, sua estadia em Nashville não havia lhe trazido tantos problemas. Na
realidade, tudo estava bom demais. Henry
parecia ter sido feito para essa cidade. Apaixonara-se pelo clima menos
temperado, amava ser mimado por todo mundo e fizera uma grande amizade com Anna
Elizabeth, a filhinha de Danna e Hector. Os dois simplesmente não se
desgrudavam. Assistiam a desenhos, futebol e Harry Potter juntos, brincavam e
conversavam o tempo inteiro. Danna dizia que achava que Anna era tagarela, mas
nada comparado a quando ela estava com Henry. Pareciam ter sempre um assunto
novo. Além do mais, Henry dissera para Sophie ainda esta manhã que Anna era a
melhor amiga que ele já teve, mesmo que fosse uma garota e mesmo que fosse mais
novinha. “Ela era muito legal”, segundo
ele.
Sophie
amava ver o filho feliz da maneira que estava, sobretudo quando Julia voltara
de Londres. Como era de se esperar, ela também fizera amizade com Anna. Às vezes
parecia que Julia era adepta a todo tipo de criança.
E claro
que Sophie também não poderia deixar de estar feliz diante do reencontro de
Nate e Julia que aconteceu ainda há poucos minutos. Sua amiga não parara mais
de sorrir durante um segundo, exatamente como uma adolescente bobinha e
apaixonada. Apertava sua tatuagem com força e quando Sophie olhava para ela e
ria, Julia ria também, como se captasse a graça. Estava elétrica, mesmo que
Nate estivesse acompanhado de sua pseudonamorada.
Havia
ainda o fato de elas terem gostado muito do apartamento que acabaram de
visitar. O preço estava em conta, e elas morariam perto de Marie, sua prima. O
único que não gostaria de se mudar da casa de Danna era Henry, mas nada que
poucas promessas não possam contornar.
Marie
também estava divina. Casara-se com Dan há quase dois anos e eles ainda estavam
completamente apaixonados um pelo outro, como no primeiro dia. Sophie os
visitou durante muito pouco tempo, apenas para a prima conhecer Henry, mas
ainda assim saiu de lá feliz. Por que ela parecia imensamente feliz.
E
agora Sophie estava em frente ao prédio onde trabalharia. Estava animada para
dar aulas outra vez, mesmo que houvesse passado apenas pouco menos de duas
semanas sem lecionar. Sentia saudade de ensinar, ver os alunos aprimorando a si
mesmos na música, desenvolvendo um vínculo maior com a música do que com outras
disciplinas. Gostava de fazê-los abrir sua mente para um mundo novo de música,
arte e literatura, pois era tudo o que a disciplina englobava. Sophie sentia
falta de passar mais da metade de seu dia rodeada por crianças.
De
modo que era impossível não estar feliz. Seu filho se dando bem com sua nova
vida, tudo ao seu redor se ajeitando, sua família tão perto dela, e agora ela
voltaria a dar aulas e ganhar seu próprio dinheiro. Tudo estava tão bom que
estava até difícil de acreditar que era verdade.
—
Sophie Farro, nova professora de piano — ela informou ao guarda, que assentiu
com a cabeça e deixou-a entrar. Sophie deveria ir até a uma pequena reunião com
o diretor da escola de música, para saber quais seriam suas aulas e turmas
durante a semana e ainda analisar o conteúdo programático. Segundo as
coordenadas do guarda, ela subiu todas as escadas para o último andar, onde se
encontravam as salas de detenção, a sala dos professores e as salas dos
diretores. Sala 2. Era para onde ela deveria ir.
Parada
em frente à sala, Sophie bateu levemente na porta. E quase desmaiou quando a
mesma foi aberta.
—
Luke? — ela deixou seu queixo cair, encarando o homem despojado com um aspecto
meio geek que a encarava com um meio
sorriso malicioso no rosto. Sophie piscou, sem acreditar em seus olhos.
—
Srta. Farro — disse ele, abrindo a porta e lhe dando passagem. — Entre, por
favor.
Sophie
não soube onde achou força nas pernas para andar para frente, adentrando aquela
sala impecavelmente elegante. Seus olhos saíram de foco por um tempo e só
voltaram quando ela leu a placa que estava em cima da bonita mesa de madeira.
“Principal Luke N. Davis”
Oh,
merda.
—
Sente-se — ela ouviu Luke ordenar. Sophie
ficara atônita por tanto tempo que ele já havia se sentado na cadeira larga por
trás da elegante mesa de madeira.
— Você
é o diretor? — perguntou ela com a voz oitavada, sem acreditar em tudo aquilo.
Era uma pegadinha, não? Uma brincadeira de mau gosto, só pode.
— Obviamente ele é — Sophie virou o rosto
imediatamente em direção à voz, encontrando uma adolescente de no máximo
dezesseis anos, com os cabelos cacheados e meio coloridos, encarando-a com uma
expressão maldosa e intimidadora. Como...?
— Quem
é você? — ela perguntou, franzindo a testa.
—
Tereza Fletcher, irmã de Dan, minha assistente pessoal — Sophie virou o rosto
novamente na direção de Luke. — Sim, eu sou um dos diretores. Agora sente-se.
— Você
tem uma assistente pessoal? — Sophie estava boquiaberta com toda a situação. Era coisa demais para digerir.
— Ele
precisa de uma — quem respondeu foi Tereza. — Afinal, um produtor musical
nomeado, compositor, guitarrista de duas bandas, administrador de metade de uma
empresa e diretor de uma escola de música não consegue cuidar de sua agenda
sozinho. E isso por que eu nem mencionei as mulheres. — Disse ela, com quase
indiferença, mas mantendo um meio sorriso maldoso no canto dos lábios.
Sophie
piscou, respirando fundo, tentando processar toda a informação que acabara de receber.
Mas a simples notícia de que Luke era
o seu chefe ainda não entrara em sua cabeça.
Este,
agora, mantinha o mesmo sorriso nos lábios. Seu olhar também estava maldoso e
sombrio, mesmo que inibido pelos óculos que cabiam perfeitamente em seu rosto.
— Isso
não... — Sophie abaixou os olhos, engolindo seco. — Não faz sentido. Você me contratou? — ela encarou Luke. —
Danna me disse que quem me contratou foi um amigo do Hector.
— Não,
obviamente eu não te contratei — Luke respondeu já sem nenhum sorriso no rosto.
Só parecia fulminá-la com os olhos. — Foi Dan. Nós dois comandamos essa escola
e ele fica responsável pelos funcionários contratados.
Sophie
finalmente se sentou de frente para a mesa imponente e bonita de Luke. Seu
olhar ainda continuava sobre ela, fulminando-a. Ele estava com tanta raiva.
—
Certo — disse ela, suspirando e levantando o olhar para encarar Luke de frente
com a mesma intensidade que ele o fazia. O que pareceu surpreendê-lo.
— Aqui
está seu horário e seu conteúdo programático — Luke entregou-lhe alguns papeis.
— Como pode ver, a Srta. trabalhará durante todos os dias úteis, das dez da
manhã até as cinco da tarde.
— Vou
lecionar apenas piano? — perguntou ela.
Luke
assentiu com a cabeça.
—
Estou ciente de sua formação em canto e teoria musical, mas já temos
professores melhor qualificados para estas aulas — Luke coçou sua barba, sem
deixar de encará-lo. — A Srta. só lecionará piano.
— Pare
de me chamar de Srta, Luke — disse ela, levantando a voz, quase desafiando-o. —
Você me conhece há muito tempo.
Luke
riu.
— Já
tem seis anos que eu sinto como se não te conhecesse, Srta. Farro — ele disse entre dentes e voltou a encará-la com
rancor.
Mas
dessa vez Sophie viu algo em seus olhos que não era apenas raiva.
Ela
viu dor.
Sophie
suspirou, mordendo o lábio inferior. Levou sua mão até seu cabelo colorido,
colocando-o por trás de sua orelha, e levantou os olhos para encarar Luke.
— O
que aconteceu com você? — perguntou ela, tão baixo que mal se escutou.
— Já
te entreguei seu horário. Você pode ir agora. — Luke disse depois de hesitar,
retirando seus olhos dela e voltando sua atenção para seus papeis.
Sophie
sentiu seu coração se despedaçar e uma vontade irreversível de tentar mudar
toda aquela mágoa e aquela situação nasceu dentro dela. Quis gritar para Luke
que ele estava sendo injusto. Que ela não fora embora para machucá-lo. Que ela
sentira tanta falta quanto ele, talvez mais. Que ela também se machucara com
aquilo. Que ela o fizera por não ter escolha. Que Henry era seu filho.
Que
ela ainda o amava.
Mas
ela não o fez. Ao invés disso, murmurou um “obrigada” e se levantou, caminhando
calmamente para fora daquela sala claustrofóbica. Ciente de tudo o que sempre
imaginou que havia feito.
Luke a
odiava. Agora ela tinha certeza disso.
Notas Finais
Ei, bebês, lindos, maravilhosos! s2s2s2s2
Como vão vocês?? *U*
Vamos conversar um pouquinho em relação a este blog e este capítulo e esta fanfique. ASKSPOKAS
Pra começar, vocês notaram que aqui não teve notinha inicial. BEM, BEM, BEM, eu decidi não colocar, por que nas finais eu posso dizer tudo o que eu preciso. Além do mais, quando postava no orkut, eu também só fazia notinha final. ENFIM, nem por isso elas ficarão menores. HEHEHEHEHEEu tenho algumas coisitas importantitas para falar com vocês, então, vamo q vamo. Pra começar, este blog.No capítulo passado, houveram váááárias reclamações da caixinha de comentário do blogger. JUSTO, ORAS, POR QUE A CAIXINHA ERA UMA BOSTA. Mas foi horrível, teve gente que perdeu comentário, teve gente que nao conseguiu comentar, teve gente que teve que fragmentar o comentário.... TEVE TANTA COISA!Então eu mudei a caixinha de comentário do blog pra caixinha de comentário DISQUS, que é um serviço DI GRATIS que achei na internet. Além de ser de graça, é super fácil, dá pra logar com o face, o twitter, ou com o email, qualquer email. QUALQUER UM PODE DEIXAR COMENTÁRIO! Então, né, não tem desculpa :3 E àqueles que perderam o comentário (isto é: o comentário sumiu do chap passado por que ao instalar o disqus o resto da outra caixinha some), pode ir ver minha resposta lá na page da OAV Fanfics.OH, VC NAO SABE QUAL É A PAGE DA OAV FANFICS?------------------->PÃSLÃOPSK~SOPLKS SIM, EU CONSEGUI COLOCAR A CAIXINHA DO FACEBOOK AQUI TAMBÉM! então, gente, vai lá na page, curte aqui, que isso tá super legal.Hum... eu também fiz um ask.fm, pra quem quiser perguntar e não tiver coragem....Não, eu não respondi nada mesmo. Fiz isso unicamente para vocês. Mas se for me xingar, plmdds, se identifique, pq senão eu nem me estresso ÁLSÃPS´LAS´LÇAcho justo dizer que to amando responder os comentários novamente *U* me esqueci do quanto era bom. MAS, CASO EU DEMORE COMO FAZIA ANTIGAMENTE, NAO ME MATEM. Fiz minha inscrição no PAS esta semana e estou tipo, morrendo de estudar.Mas tá.Quanto a este blog. Eu estou.......................PASMA. Sim, pasmíssima.Cara, nós chegamos as 1200 visualizações em pouco mais de UMA SEMANA de blog. Quer dizer, eu criei ele na terça, inaugurei no domingo, e agora, um domingo depois, EIS QUE ESTOU COM MAIS DE UMA MILHA DE VISUALIZAÇÃO TIPO WHAT. 230 PESSOAS VIRAM O ÚLTIMO CAPITULO, SENDO QUE APENAS 13 COMENTÁRIO. QUE QUE ISSO PRODUÇÃOASLA~PS´KA~SOPLKAPOSLKSAÉÉÉ! AGORA EU POSSO VER VOCÊ, FANTASMINHA!Se você se identificar, vai fazer uma escritora muito feliz.E, sobre uma coisa que vocês provavelmente não viram, como.... BREVE.Vejam aí. Tá escrito Breve.ÁPLSASLA´SAS´~APLKS ---->GENTE, OLHA! Agora vocês sabem por que a PMD nao está postada aqui (:Eu vou reescrevê-la e vou postá-la de forma interativa. Vai ficar maneirinho, pq a pmd é bem... forte, se pá, facil de se ler no interativismo (?), aqui mesmo no site. Obviamente em um link html, que eu ainda vou providenciar, MAS NÃO SERÁ EM BREVE ASSIM. Esse SOON é quase igual o soon da Hayles ASOPASPOAKSPAOSK Lá pra dezembro eu faço isso, e inicio outra fic que nao coloquei no BREVE por que ainda não decidi o nome. Aí, probably, vem a Trucker, que vai ser bem engraçada. TALVEZ venha uma oneshot de OAV, depois do término dessa querida aqui. E como a Meu Melhor Amigo Colorido também é oneshot, vou reescrevê-la e postá-la qualquer dia desses. PAPSKASQue mais tenho de dizer?? hmmmAcho que é só, por enquanto.Talvez... vale frisar que daqui a quinze dias a OAV2 faz um ano. OPLAS~POLS acho que vou morrer.Vamos falar sobre esse capítulo.BEM VINDA A OAV, TEREZA! PAOSKAS~PAKSLÕPASKAVei, vocês notaram que ela é muito foda. Ela é mesmo. Má mesmo. Terrivel mesmo. Mas não a odeiem pelas ideias dela com Soph, pq, né, tudo o que ela sabe sobre a garota é o que Luke contou a ela, e Luke está mt magoado, como vocês podem notar. ÃOPSLKA~LSE NATE E JULIA S2S2S2EU SURTEI O DIA DE ONTEM INTEIRO POR CAUSA DISSO, CARA!!!!!!!!!!!!!!Mas como eu dei o spoiler pras minas ontem no grupo, esse AINDA NÃO É O REENCONTRO OFICIAL DE NATE E JULIA. O reencontro oficial englobará o verdadeiro reencontro emocional e físico deles. PORTANTO, AGUARDEM COM VIGOR.Á~LSASPALSAP´SLASNovamente, eu agradeço demais a todas as meninas (e meninos) lindos e maravilhosos que comentaram pra mim no capítulo passado.Todos os que não comentavam e só viram por que são fofos. NÃO ME ABANDONEM, EU AMO VOCÊS! s2 E... obrigadão mesmo.O próximo domingo vai dar dia sete, e provavelmente vai ser bem aí que eu vou postar esse próximo capitulo.BEIJOSHUAS, BEBÊS LINDOS! ATÉ DOMINGO! ;* <3
Aaaaaaah lindo perfeito e eu to tendo que rescrever saporra pq meu iPod descarregou credo kkkkk enfim, veeeeeei ameeei demais esse capitulo, tudo! Tereza mt foda cara kkkkk amei a crueldade e veeeeeei sabe oq é vc passar uma semana ouvindo skinny love e depois ler uma cena natulia? Kkkkkkkk quase morri aqui véi, nao faça isso de novo kkkkkkk e a LINDSEY VADIA kkkkkkkkkkk morta aqui pfvr eeeeeei gata tu assiste
ResponderExcluirMalhaçao? Pq semana passada foi perfeita kkkkkk tipo foi todo mundo acampar e tiveram q coletar algumas coisas na floresta só que em dupla e um casal que se odeia teve q ficar junto e eles acabaram se perdendo e kkkkkkkkk um deles se machucou (a perna) e tal e eles acabaram ficando kkkkkkkk veeeeei eu tive crises aqui e comecei a gritar OLHA A OAV AI GENTEEEEEEEE e minha irmã do meio WTF? Kkkkkkkk saporra engoliu duas vezes meu review mas ta aqui, era pra ta td junto mas eu fui cortada kkkkkk o de cima sou eu ta? Kkkkkkkk só nao comentei no capitulo passado pq minha irmã tava quase me matando e ela tem 9 anos kkkkkkk enfim to indo escritora gata, besos (Camila)
ResponderExcluir