O Diabo Veste Prada é um livro, e aqui estão listados os motivos para conferir os dois.
Aqui estamos nós com mais um best-seller do Times. Uma história que
todos vocês já ouviram falar. Ora, vamos falar sério: O Diabo Veste Prada é um dos filmes preferidos da Fox Channel ou da
Rede Globo para exibição em um fim de semana. Só no ano de 2012, eu devo tê-lo
visto umas vinte vezes.
Isso por que o filme é bom
demais. Se estiver dando na tevê, eu provavelmente estou assistindo.
Então, eis que me apareceu o
livro, e eu pensei: “Caramba! Como não
soube disso antes?”. Isso por que a maior parte dos filmes realmente bem
produzidos são, de fato, adaptações. Eu que não havia me tocado.
Mas me pus a ler, e como todos
os que viram um filme antes de lerem um livro, li comparando uma obra com a
outra. Mas como toda adaptação, o diretor, o roteirista, e mais toda a equipe mudam
muitos pontos do livro. Cortam uns, repõem outros. Todos nós sabemos que a
adaptação de uma obra para o cinema é realmente muito difícil (o tempo
disponibilizado é de um minuto por página!), mas, vamos ser honestos: existem
coisas que não precisavam ser tão
diferentes.
Ainda assim, não acho que o
filme O Diabo Veste Prada seja pior
(ou necessariamente melhor) do que o livro O
Diabo Veste Prada. Por isso, vou falar um pouco das vantagens e
desvantagens de ambos. Vamos dar início à primeira postagem da coluna Livro versus Filme no (Con).
AVISO:
Este artigo
contém spoilers.
AUTORA X ROTEIRISTA
Uma das coisas que eu amei ao
pegar o livro para ler foi, de fato, a pessoa quem o escreveu. Lauren
Weisberger, a autora (uma moça muito divertida, por sinal), antes de escrever O Diabo Veste Prada, trabalhou como
assistente pessoal de Anna Wintour, a editora-chefe da Vogue dos Estados Unidos.
Quer dizer. Que. Legal.
Anna Wintour, editora-chefa da Vogue USA e o diabo em pessoa. Embora ela negue isso para todo mundo. (: |
Não sou uma pessoa ligada em
moda, e tal, mas eu sei o que é uma Vogue.
E imagino a pobre da Lauren Weisberger trabalhando para uma britânica
insuportavelmente inteligente e esnobe. Quer dizer, olha a foto dessa mulher
Anna Wintour! Veja só a perversidade correndo pela sua face.
Eu até consigo me imaginar
trabalhando para ela: “Sah-rah! Sah-rah!,
vou precisar que o meu tailleur Chanel
seja passado para esta noite. Isso é tudo.”
Ugh.
Então, voltando ao ponto
principal, já é super legal a Lauren ter tido uma experiência parecida para
então, escrever seu best-seller, e
ficar rica, e tal. Por que isso, ao meu ver, deixou a Andrea Sachs (ou Andy,
para os íntimos), muito mais real. O livro é narrado em primeira pessoa e
garante muitas risadas. É uma leitura super fácil e gostosa, e esse é o tipo de
coisa que eu consumo em massa.
Esta é Lauren Weisberger, a autora superfunny de O Diabo Veste Prada. |
Aparentemente, os cidadãos
leitores americanos de 2003, também. Hoje o mundo é dos anjos, vampiros e
afins. Em 2003, as pessoas liam sobre diabos obcecados por echarpes da Chanel.
Como eu estava dizendo, o livro
de Weisberger é muito gostoso de ler. Mas, honestamente, não é tão gostoso
quando o filme de Aline Brosh McKenna.
Aline Brosh McKenna, a mulher que escreveu o roteiro, mas que quase não leva crédito. |
O enredo de cada obra é
bastante diferente, e eu tenho que assumir que o filme é mil vezes mais
interessante. Talvez seja a dramatização, ou talvez seja por motivos de Simon
Baker. Tá, tudo bem, falando sério. O enredo do filme é mais bem colocado e
fatidicamente mais dramático e, às vezes, até mais engraçado. A forma como Andy
se volta totalmente ao mundo da moda não acontece no livro, e você se pega
esperando por isso. O acidente que acontece com Emily (o que desencadeia sua
não-ida para Paris), também não acontece no livro. Andrea não transa com o Christian Collinsworth (infelizmente...). Na
verdade, a estadia dela em Paris, no livro, é mínima e insignificante. Além
disso, toda aquela comoção com a cena em que Andy corre atrás do manuscrito do
quinto livro de Harry Potter (que, em 2003, não tinha sido lançado), também não
acontece no livro. Há uma cena, mas ela é resolvida em minutos pela própria
Andy em seu escritório. Miranda não sacaneia com o Nigel para ficar com a Runway. Até mesmo por que, no livro, o
Nigel só aparece duas vezes.
E se todas essas cenas são
obras de Aline, e não de Lauren, os meus parabéns estão indo para Aline. Por
que, embora o livro seja muito bom (e ele é mesmo!), no quesito enredo, o filme
é melhor.
PERSONAGENS X ELENCO
Isso é comum para uma
adaptação, vamos lá. Quantas vezes você não se decepcionou quando foi ver uma
adaptação e viu que os personagens eram completamente
diferentes do que te foram descritos no livro? Isso é rotina.
Embora O Diabo Veste Prada tenha pegado pesado com o elenco (só gente de
primeira, né, por favor!), eles simplesmente ferraram com minha imaginação em
alguns personagens em específicos. Em compensação, em relação a outros foi um
tiro certeiro. Vamos falar só dos mais importantes.
·
Anne Hathaway interpreta Andrea Sachs, e tudo o.k. É complicado não imaginar a Andy como a
Anne, por que, vamos ser sinceros, ela fez um trabalho incrível no filme e assumiu totalmente o personagem que Lauren
projetou e Aline adaptou. Durante a narrativa de O Diabo Veste Prada, você quase consegue ouvir a voz da dubladora da Anne na sua cabeça. Só não consegue
imaginá-la fumando, mas não vamos julgar a atriz por não contrair um câncer de
pulmão. No livro, Andy tem 1,80 de altura e pesa 57 quilos. Ainda assim é
taxada de gorda obesa na Runway.
Anne Hathaway as Andy Sachs. Approved. |
·
Meryl Streep interpreta Miranda Priestly, o
Capiroto-Maluco-Por-Echarpes-Chanel. Outra coisa com o livro. Deveria se chamar
“O Diabo Veste Chanel”, e não “Prada”, por que Miranda é maluca por echarpes
Chanel. Falam isso toda hora! Mas, tá, “Prada” soa mais legal.
E embora a Meryl Streep seja... tipo, a
Meryl
Streep, e tenha sido uma
Miranda Priestly maravilhosa no filme, POR QUE PINTARAM O CABELO DELA? A verdade
é que a Miranda do livro é loira, e é
descrita mais ou menos como, de fato, a Anna Wintour. Aquela que foi a chefe da
Lauren e tudo mais, e que desencadeou o sucesso desse livro. Mas convenhamos:
Meryl fez grande parte de seus filmes de cabelo loiro, e poderia ter feito esse
também.
Contudo, acho que o cabelo
branco lhe deu uma cara de malvada mais substancial. Quer dizer, vocês se
lembram da Cruella. É a Meryl, poxa.
Meryl-Lenda-Streep as Miranda Priestly. Approved. |
·
Tracie Thoms interpreta a Lily, e tá, a Andy não menciona realmente
como é a aparência de sua melhor amiga. Mas não se parecia nada com a Tracie,
na minha cabeça. Mas tudo o.k. Relevemos.
Tracie Thoms as Lily. Semi-approved. |
Não vou falar do Adrian Granier
agora...
·
Simon Baker interpreta Christian Collinsworth e, caramba, não
poderia existir um ator melhor para ser esse Deus Grego da literatura. No
livro, Chris é dado como um verdadeiro cavalheiro-cafajeste, com aquele sorriso
que faz derreter, e a Andy fica atraidíssima por ele logo de cara. Simon foi o cara para interpretar esse escritor. Desempenhou
seu papel com maestria e gerou bastante comoção, por motivos de “ser gostoso”.
Mas não vamos entrar em detalhes ;-)
Simon Baker as Christian. Uh, super-approved. |
·
Emily Blunt interpreta Emily e novamente, tudo o.k. Foi uma
bela escolha, na minha opinião, por que a Emily soube interpretar bem seu papel
e fazer as caras de tédio e pena que são descritas tantas vezes na obra de
Weisberger. Gostei bastante.
Emily Blunt as Emily. Approved. |
·
Stanley Tucci interpreta Nigel. E então chegamos ao ápice. Honestamente, o que o David
Frankel (diretor do filme, e também Marley
& Eu) queria? Ele simplesmente acabou
com meus miolos quando transformou completamente o Nigel.
Todos concordamos que Stanley
Tucci é um ator divino. Eu lembro dele em Beethoven (infância...), ou em O
Terminal (enquanto Tom Hanks tentava aprender a falar inglês). Ele se deu super
bem em Capitão América: O Primeiro Vingador. E, sendo eu uma tributo, posso
dizer que não houve melhor escolha para um Caesar Flickerman. Convenhamos: Stan
é o cara.
Mas Nigel é totalmente
diferente de Stanley pela obra de Lauren. Na realidade, o Nigel não tem brilho
nenhum no livro; ele é todo substituído por outro gay obcecado por moda, o
James (interpretado pelo Daniel Sunjata, escolha o.k.), que por sua vez é
totalmente excluído no filme. Bem, para ser mais direta, Nigel é, no livro, um
negro alto de mais de dois metros de altura, profundamente escandaloso (suas
falas são todas em CAPS LOCK), que usa roupas apertadas demais, mandão, e que
fala coisas como “meu bem” ou “meu amor”, gritando, o tempo todo. Tipo, me faz
lembrar a Vera Verão.
Então me expliquem por que
diabos o Stanley Tucci foi escolhido para desempenhar esse papel, caramba?!
Por mim, honestamente, dava-se
o brilho correto ao James. Por que ele é uma graça.
Stanley Tucci as Nigel. Not approved. |
Daniel Sunjata as James. Approved. |
ALEX X ...NATE?
É isso aí! Mudaram o nome do namorado da Andy.
Andy, mudei de nome mas ainda te amo rsrsrsrs |
E eu fico me perguntando o
porquê da Aline ter feito isso (favor ver a parte em que eu digo sobre as
adaptações não precisar ser tão diferente de suas obras originais). Por mais
que eu procure, sério, não acho uma explicação plausível. Deixar uma personagem
com o cabelo da Cruella ao invés do loiro, o.k., mas mudar um nome é
inadmissível!
Pombas!
Não foi só isso que mudaram no
Alex. No livro, ele é o namorado de Andy há um tempão. Três anos, creio. Ambos
cursaram a Brown juntos (literatura, inclusive) e fizeram um tour pela Europa
nas férias, mesmo que não morassem no mesmo apartamento (nenhum dos dois estava
preparado para isso). Então, após se formar, ele se torna um professor no
Brooklin, trabalhando com crianças muito marginalizadas, e ele fica bastante
chateado com a Andy ao longo da história por que ela só tem tempo para
trabalhar.
E este é Adrian, o Alex/Nate. Tudo bem, aprovado, ele é lindo. Mas não é o que eu esperava. |
No filme, Alex não é o Alex.
Ele se chama Nate. É interpretado por Adrian Granier (agora vamos falar dele!),
que, o.k., é um rapaz de olhos e boca bastante bonitos e chamativos. Ele é
cozinheiro. E gostoso. Fica puto com a Andy quando ela dá interesse demais ao
emprego (de modos diferentes, por que, no livro, existe uma DR infinita e tudo
mais). Então sai. E aí ela transa com o Christian Collinsworth.
Resumi todas as histórias,
beijos para mim.
MARCAS X FIGURINO
Durante a leitura de O Diabo Veste Prada, você vai encontrar
uma infinidade de marcas que — se você for da roça como eu — nunca ouviu falar.
Prada, Chanel, Versace, Gucci, Giorgio Armani, Barney’s, Calvin Klein, Fendi,
Michael Kors, Sacks, Roberto Cavalli, Chloé, Jimmy Choo, Bergdorf. Eu acho que
o mais perto disso que cheguei foi quando minha mãe ganhou um frasco mínimo de
um perfume da Gucci. Pois é.
Este é o momento em que você, ligada
em moda, vem caminhando até Brasília e me enche porrada.
Mas é sério. Todas essas marcas
são muito acentuadas no livro, e a adaptação não deixou nada a desejar em
relação à moda em si. Quem ficou responsável pelo figurino foi a Patricia
Field, que também era a figurinista do seriado Sex And The City (!). Ela disse
em uma entrevista que o que os artigos que as marcas acima disponibilizaram
para o figurino do filme passou de $1 milhão de dólares (!!!).
A direção do filme foi muito
boa e a história bem contada. Além disso, todos se vestiram muito bem.
Investiram bastante em O Diabo Veste
Prada e fizeram dele um ótimo filme. A forma como Andy narra suas colegas
de trabalho esqueléticas enfiadas em vestidos de mais de dez mil dólares é
constantemente marcada no livro.
ÚLTIMOS CAPÍTULOS X ÚLTIMOS MINUTOS
Ambos muito bem feitos. Como eu
já disse antes, tanto a obra de Lauren quanto a adaptação de Aline merecem
aplausos. Mas, como era de se esperar para um livro de comédia romântica, o fim
é bem mais conturbado e engraçado. O modo como Andy está envolvida no mundo
Priestly e nega isso a si mesma o tempo todo chega a ser quase idêntico. Tanto a
Andrea Sachs do livro quanto a do filme desistem da carreira em Runway quando Miranda Priestly, a
megera-mor, a diaba, a tirana, a perfeccionista, impossível e completamente
doida da sua chefe, diz: “você me lembra
quando eu era da sua idade”.
Só que a Andy do livro é um
pouco mais radical quando lida com isso. Quando ela percebe que, sim, aquele “você me lembra quando eu era da sua idade” pode
ser real, e ela pode, sim, continuar a trabalhar na Runway e ir subindo de carreira, até, vinte anos depois, se tornar
uma mulher elegantemente supérflua, fria, arrogante, durona e extremamente
maluca para tratar sem nenhum humanismo suas assistentes pessoais e
subordinados como Miranda fazia com ela, Andy simplesmente perde a cabeça.
E eu, uma mera leitora,
honestamente, amei isso tudo.
Aqui uma pequena comparação às duas, a "real" e a "ficcional". Incrível como elas podem ser más e como a Meryl atribuiu o personagem bem. |
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em geral, não me arrependi nem
um pouco de ter lido o livro ou visto o filme. Ambas são obras maravilhosas,
conduzidas por mentes igualmente maravilhosas que transformaram a história em
algo maravilhoso se prestigiar (saudades, coesão).
Motivos
para ler o livro: a
narrativa é deliciosa e a leitura muito fácil; o enredo é munido de um humor
saudável e muito difícil de encontrar; embora seja narrado em primeira pessoa,
Andy às vezes é uma chata, e isso a torna muito mais real do que a maioria dos
personagens que existem nos livros; os personagens são todos uma graça, e o
livro trata de problemas reais e suas consequências, como o alcoolismo, coisa
que não tem no filme; e, além disso, O
Diabo Veste Prada é aquele tipo de história que você simplesmente não pode
deixar de prestigiar. É como se ela precisasse estar com você.
Motivos
para se ver o filme:
o enredo, apesar de diferente, é incrível; Anne Hathaway e Meryl Streep deram a
vivacidade necessária para seus personagens; Simon Baker; a fotografia é
incrível; a trilha sonora é maravilhosa; Simon Baker; o desespero passado pela
Andy é praticamente tangível; as risadas que você vai dar serão constantes; já
cheguei a mencionar o Simon Baker?
Uma
pequena curiosidade: em
uma festa, à meio do livro, Andy afirma ver Gisele Bundchen como a supermodelo
que ela era na época — 2003 — e é ainda hoje. Mas, no filme, a Gisele
interpreta Serena, uma colega de trabalho praticamente insignificante. Li uma
crítica onde dizia que, neste filme, ela não decepcionaria e nem seria alvo de
piadas como foi em Táxi. Mas achei o
argumento de muito mau gosto, por que, na realidade, ela só tem uma fala! “Humm... Bonita.” Eu até
sentiria pena dela, caso ela não fosse tão rica. E não tivesse um marido tão
gato.
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