6 de out. de 2012

Capítulo 55


I don't love you like I did yesterday.



Seus rebeldes fios de cabelo estavam presos afrouxadamente em um coque malfeito. Seus olhos castanhos chocolate estavam atentos à tela em sua frente. Seus lábios, grossos e rosados, estavam levemente moldados em um sorriso leve que sempre se instalava em sua face quando ela pintava, estava com a filha ou com o futuro marido. Sua mente estava vazia. Suas mãos, manchadas de tinta, manobravam os movimentos firmes e precisos que o pincel exercia sobre a tela de linho. Seu coração, leve e puro, estava em paz.
Danna decididamente nunca estivera tão maravilhosamente bem. Tudo estava prosperando em todos os sentidos, desde sua vida pessoal à profissional. Anna crescia tranquilamente como a criança de três aninhos que era, Hector continuava sendo o Hector pelo qual ela se apaixonara, sua exposição de arte na Brodaway St atraía cada vez mais pessoas, iria se casar em breve, levada ao altar pelo seu próprio pai, e para melhorar, Sophie estava de volta à cidade e trouxera seu pequeno filho, Henry, pelo qual Anna parecia ter desenvolvido uma paixonite aguda.
A pequena Anna era mesmo uma bênção. Veio de surpresa para Danna e Hector, mas tornou-se a melhor coisa que poderia ter acontecido em suas vidas. Mesmo quando bebê, ela encantava e contagiava a todos, com seu sorrisinho sempre aberto e seus olhos castanhos brilhantes — mais uma herança da família Farro. Depois que crescera, sua personalidade forte ficou mais aparente, como sua teimosia imaculável ou sua sentimentalidade apurada. Podia ser apenas a pouca idade, mas Anna era a pessoa mais sentimental que Danna já vira na vida. Se entristecia com a mesma rapidez que se alegrava e não precisava de muito motivo para começar a chorar. Um arranhão, uma bronca de sua mãe, ou mais recentemente, quando ela teve o azar de encontrar um pardalzinho morto na frente da casa de Hayley. Henry ficou tão desesperado com o choro de Anna que chorou também.
Os movimentos que o pulso de Danna exercia sobre a tela repentinamente pararam e ela enxugou o suor da testa com o antebraço. Encarou a tela, agora pronta, com um sorriso no rosto. Provavelmente colocaria-a na exposição ainda esta noite.
Se é que aquele estabelecimento pode ser chamado de exposição. Danna investira, com alguns amigos que conhecera enquanto trabalhava com Dakotah, em um lugar subterrâneo e regado a neons, onde todo e qualquer artista pudesse expor seu trabalho. O lugar tornou-se um lugar de admiração de quadros, música, literatura, esculturas, e outras tantas formas artísticas. Quando as pessoas desciam as escadas, era como se descessem para outro mundo, onde a emoção e a sensibilidade dominavam o mundo. O lugar era aberto a todas as pessoas de todas as formas e tamanhos, e essa ascensão e a falta de preconceito fazia com que a exposição fosse cada vez mais procurada por todos os artistas e amantes de arte daquela cidade.
De qualquer forma, talvez as pessoas fossem gostar do que ela acabara de pintar. O quadro era basicamente simples, mais uma das dezenas de pinturas que ela fizera pensando na reviravolta que sua vida havia dado nos últimos anos. Uma menina, cabelos loiros compridos e com um vestido em tons escuros que lhe cobria todo o corpo, fechava os olhos sentidamente enquanto sentia o cheiro de um jasmim. Muito simples, mas para Danna, muito significativo. A menina, tão concentrada e tão triste, era Danna, sete anos atrás. Uma criança perdida em seu próprio mundo de desgraça, encontrando, pela primeira vez, a beleza do mundo. Sentindo-se extasiada pela aparência e pelo perfume daquela flor que mudaria sua vida. Sem saber que a partir do momento em que o cheiro do jasmim adentrasse suas narinas e inundasse seu coração de uma verdadeira esperança, tudo mudaria a partir dali, para melhor.
Danna sorriu. Já tinha um nome para o quadro. Fé.
— Pequena? — seu sorriso conseguiu se ampliar quando ela virou-se para a porta do ateliê, encontrando o rosto sereno do homem que amava. Hector adentrou o cômodo com as mãos enfiadas nos bolsos da calça jeans, os olhos presos à nova pintura de Danna. — Isso é um jasmim?
Ela sorriu e assentiu com a cabeça, inspirando o máximo de ar que podia para dentro dos pulmões.
— Acabei de terminar.
— Notei, mas adoro você quando está sujinha de tinta — Hector riu, abraçando-a e deixando um beijo em sua bochecha. — Qual é o nome dele?
Danna sentiu-se aquecer pelo corpo de Hector, murmurando, roucamente:
— O que acha de Faith?
Lentamente, ela sentiu seu corpo se virar e viu seu noivo encará-la com aquela expressão completamente abismada e entusiasmada. Como quando eles conversaram sobre a lua, pouco antes de trocarem o primeiro beijo. Danna simplesmente amava essa expressão fofa de Hector.
— Você me surpreende cada vez mais, sabia? — perguntou ele retoricamente, deixando uma risada nervosa sair de sua garganta em seguida. — É... perfeito!
— Você é um exagerado — disse ela, encostando seu dedo ainda melado de tinta azul na ponta do nariz dele. Sorriu, encostando seus lábios posteriormente em um selinho demorado. Hector envolveu a cintura dela com os braços fortes, dizendo que iria se vingar quando fosse finalmente consertar seu carro e enchesse suas mãos de graxa.
Foi exatamente nesse momento que o choro de Anna, alto e fino, preencheu toda a casa. Danna e Hector se encararam por meio segundo antes de saírem correndo do ateliê, seguindo as coordenadas do choro da pequena garotinha. Foram para o jardim que Hector construíra há dois anos e onde ela brincava com Henry (Sophie e Julia ainda não haviam voltado de seus respectivos trabalhos). Encontraram Anna sentada no concreto, com os olhos cheios de lágrimas, e Henry ajoelhado ao seu lado, segurando sua mão, implorando sentidamente para que ela parasse de chorar. Estava quase à beira do choro também.
— Caramba! Eu os deixo sozinhos por um segundo e é isso que acontece — Hector disse, pegando a filha em seu colo e balançando-a da melhor maneira que podia. — Vamos, princesinha, pare de chorar. O que aconteceu?
— Tio! — Henry gritou para Hector, puxando sua calça e coçando os olhos embaixo dos óculos ao mesmo tempo. — Ela caiu no chão, tio! O joelho dela, tio!
Anna já começara a soluçar.
— Eu ‘tava... — ela começou a dizer para Hector, com sua voz superembargada pelo choro. — Eu ‘tava brincando... papai... e aí eu tropecei... tá sangrando, papai...
Danna pegou Henry no colo antes que ele também caísse em prantos, enquanto Hector repetia para Anna parar de chorar e a levava para dentro de casa. Seu joelho estava com uma porção de arranhõezinhos vermelhos por conta do pouco sangue que saía, mas isso já era motivo de desespero para a menina. Seu choro apenas se acalmou quando Hector prometeu que faria pipoca e assistiria Harry Potter com ela.
Ele lavou o joelho da filha com água na pia do banheiro e depois levou-a para a sala, deixando-a sentada no sofá. Henry acompanhara todo o processo, tentando consolar a pequena Anna sem parar, dizendo que era apenas um arranhão, que ela era forte, que iria parar de doer, para ela parar de chorar. O pequeno menino de cinco anos de idade parecia tão angustiado ao ver a dor de Anna que se não fosse o choro sentido da menina, seria até mesmo cômico.
— Pronto — Danna disse em tom calmante para a filha que ainda fungava, enquanto Hector trazia sua maleta de prontos-socorros. Henry as encarava com seus olhos azuis quase desesperados. — Vou passar o remedinho para sarar, ok?
Anna fungou novamente.
— Vai arder! — exclamou ela, voltando a chorar.
— Não vai — Danna retirou o pote de plástico da maleta, molhando uma gase com o anti-inflamatório. — Vai fazer o machucado sarar, eu prometo.
Anna negou veemente com a cabeça, como se não acreditasse na mãe.
— Vai arder — repetiu ela, coçando os olhos lacrimejantes com as mãozinhas. — Eu sei que vai arder.
— Não vai arder, princesinha — Hector se pronunciou, sorrindo confiantemente para a filha. — Isso aí vai te fazer sarar, e esse remédio não arde. Não é verdade, Henry? O Henry sabe que é verdade.
O olhar desesperado de Anna se direcionou ao amiguinho, que assentiu com a cabeça, sem quebrar
o contato visual.
— Não vai arder, Anna — disse ele. — Mamãe sempre passa esse remédio em mim e não arde. Eu prometo que não arde. Para de chorar, por favor...
Anna engoliu um pouco do choro, fungando, olhando para Henry intensamente.
— Você promete?
O garoto assentiu com a cabeça.
— Prometo de mindinho — ele estendeu sua mãozinha, juntando seu mindinho com o dela e dando um sorriso nervoso. Coçou os olhos com uma mão e logo depois, levou-a para a bochecha da amiguinha, secando a lágrima que descia pelo seu rosto. — Para de chorar...
Danna levou a gase molhada até o joelho da filha, fazendo-a se encolher, esperando a dor que não aconteceu. Seus olhos se abriram, mais calmos, sentindo o remédio gelado fazer o contraste com os arranhões que ainda ardiam levemente. Parou de chorar, apenas fungando, enquanto Danna terminava de passar o remédio em seu joelho.
Apenas Henry estava apreensivo, de pé, em seu cantinho.
— Posso ajudar, tia? — perguntou ele, chamando a atenção de Danna e apontando para a gase.
Danna sorriu e entregou-lhe a gase.
— Você pode passar isso aqui bem devagarzinho enquanto eu pego o curativo, tá?
— Tá — ele mordeu o lábio, encarando-a com intensidade, como se tivesse acabado de receber a tarefa mais importante do mundo. Com muito cuidado, seus dedinhos curtos seguraram a gase e encostou-a levemente no machucado da prima, devagar.
— Eu não prometi que não ia arder? — ele olhou pra ela, segurando sua perna com outra mão.
— A-aham — respondeu dela, mordendo o lábio e fungando ao mesmo tempo. — De mindinho.
Henry continuou a passar o remédio no machucado de Anna até a mãe dela chegar, já com o esparadrapo e mais uma gase prontos para isolar o machucado. Depois de pouco protestar com a tia, dizendo que ainda não havia acabado, Danna finalmente conseguiu fixar o curativo no joelho da filhinha. Seu choro já se acalmara, sobretudo por que o cheiro de pipoca amanteigada de Hector já preenchia toda a casa. Após Danna terminar o curativo, Henry se inclinou e deixou um beijo estalado no joelho da garotinha, sorrindo logo depois.
— Tia Julia disse que toda vez que a gente se machuca, um beijinho de alguém que a gente ama ajuda a sarar — explicou-se ele logo depois para Danna, que sorriu, sem saber o que responder. Beijou a testa do sobrinho e o ajudou a sentar-se no sofá ao lado da prima, antes de colocar mais um filme da saga Harry Potter no aparelho de DVD.
Observou o sobrinho e a filha, juntos, assistindo o filme calmamente até uma hora depois. Analisou os traços de Henry, sem conseguir deixar de compará-lo cada vez mais com Luke, seu verdadeiro pai. Céus, eles se pareciam tanto! Danna havia visto Luke há poucos dias e a semelhança entre os dois era tremenda, sobretudo em suas pequenas manias e jeitos. O hábito que Henry tinha de coçar a nuca ou os olhos quando estava nervoso, ou o sorriso aberto e sincero que também se encontrava nos lábios de Luke.
Danna suspirou. Com certeza, muita coisa estava para acontecer. Por mais que Sophie dissesse que não, um dia a verdade viria à tona — ela sempre vem, Danna sabia por experiência própria. E quando esse dia chegar, talvez nem Sophie, nem Luke, nem Henry e nem ninguém esteja suficientemente preparado para suportá-la. Mas, como Hector costumava dizer, Deus escreve certo por linhas tortas. Ninguém podia fazer nada, a não ser, esperar.
E forçar Sophie e Luke a trabalharem juntos, tá, tudo bem. Danna já esperava o surto da irmã quando chegasse em casa sabendo que Luke era seu chefe. Tudo bem, Danna deveria ter avisado, mas Sophie viria à Nashville se soubesse? Da maneira que ela vinha evitando Luke, obviamente não aceitaria. Além disso, Danna ainda defendia seu argumento. Não se escreve um futuro sem enfrentar um passado, e mais cedo ou mais tarde, Sophie viria a encontrar Luke de verdade. Querendo ou não, fora esse o caminho que ela escolhera.
E agora tinha de segui-lo.
Já passavam das cinco horas da tarde, e depois de comer pipoca até enjoar, as duas crianças deixaram-se vencer pelo cansaço e dormiram antes do filme acabar. Danna decidiu deixá-los dormir — assim era a única maneira das crianças não darem trabalho. Hayley cuidara deles durante e manhã e quando Danna foi buscá-los para almoçar, ela já estava exausta. Anna e Henry pareciam sempre ter uma nova brincadeira, e suas energias nunca acabavam. Ainda bem que adormeceram.
— Olá! — Danna escutou a voz da amiga de Sophie ecoar e sorriu para ela, fazendo um sinal de silêncio. Julia sorriu, desculpando-se em voz baixa e largando sua bolsa em qualquer lugar. — Sophie já chegou?
Danna negou com a cabeça.
— Deve estar para chegar — Danna respondeu, tranquilamente. — Como foi a reunião?
Julia ficou durante toda a tarde tendo uma reunião com sua equipe de formação do seu novo site. Desde colunistas até designers e técnicos formados em informática.
— Foi muito bem — respondeu ela, com um sorriso imbatível pairando no rosto. — Acho que hoje é o meu dia, sinceramente. A reunião foi ótima e eu consegui uma equipe incrível que quer muito me apoiar nessa empreitada maluca. O banco também liberou minha poupança e eu já dei entrada nos papéis do apartamento. Em breve você e sua família não precisarão mais nos aturar.
Danna riu alto.
— Como se eu não gostasse de aturar vocês — deu de ombros, feliz por Julia. Ela contara para Danna mais cedo que estava investindo todo e qualquer dinheiro que tinha nesse site, para transformá-lo em algo bom e bem feito. “Se der certo, eu fico rica. Se não, eu fico pobre. Nas duas opções, eu consigo me virar. Quem tem medo de investir nunca vai crescer na vida. Você acha que o Bill Gates teve medo de construir o Windows?”.
De fato, Julia tinha razão, e Danna sentia que seu jeito maluco de ser conseguiria fazer com que seu site fosse um sucesso. Já era na Inglaterra, por que não seria nos Estados Unidos? O investimento era arriscado, mas Julia conseguia fazer com que ele fosse certo. Oras, se não fosse por isso, não haveria ninguém apoiando-a.
Nem tudo é sagacidade. Julia era muito esperta, na realidade, e Danna admirava muito isso.
Quando a porta bateu, as duas mulheres olharam para ela, esperando Hector, que havia saído para comprar algo para o jantar. Mas quem apareceu foi Sophie, o cabelo levemente embaraçado, o rosto cansado, segurando uma mochila com o que parecia um esforço tremendo. Seus olhos castanhos, ao contrário de seu corpo, subitamente pareceram bem vivos e passaram a fulminar Danna intensamente.
— Você sabia que um dos donos daquela escola é o Luke? — perguntou ela, depois de confirmar que Henry estava adormecido. Julia mordeu o lábio, impelindo uma risada.
— Hum — Danna colocou os pés para cima do sofá. — O Luke? Sim, sabia — disse ela tranquilamente, bocejando em seguida.
Sophie abriu a boca em pura indignação, encarando Danna, quase discordando de que aquilo estava acontecendo.
Por que não me disse?! — ela aumentou o tom o máximo que podia, pronunciando cada sílaba da melhor maneira possível. Caramba! Danna havia perdido o juízo?!
— Você viria para Nashville se eu dissesse? — Danna encarou-a, despreocupada.
Danna, caramba! — ela exclamou outra vez, bagunçando sua franja, desesperada. — Você não pensa?! O Luke me odeia, droga! Como você acha que eu fui conseguir trabalhar sendo que o meu próprio chefe me odeia?! Você se esqueceu do que aconteceu?
— Não, não me esqueci — Danna disse, encarando-a. — Mas eu me lembro bem que essa é uma situação que você causou. Eu queria você aqui, sua mãe queria você aqui, todo mundo queria você aqui, e você vai ser a madrinha do meu casamento por que sim — ela deu de ombros perante a indignação da irmã. — Se esse foi o único jeito de te trazer, que seja.
Julia não se aguentou e deixou-se gargalhar, apenas deixando Sophie mais irada com toda a situação. De repente ela notou que a amiga também sabia e também contribuíra para aquela droga de situação.
— Que seja?! — Sophie perguntou, lutando para não falar mais alto. — Danna, por favor, o Luke está me odiando agora. Ele mal olhou na minha cara e você não sabe quais são as minhas turmas — ela se sentou, encarando Danna com muita raiva, uma pitada de cansaço, outra de tristeza. — Eu estou exausta, estou nervosa, estou estressada, estou mal. Você não podia ter feito isso! E Julia, droga, eu vou enfiar um murro na sua cara se você não parar de rir!
Isso apenas fez com que a risada da amiga se tornasse mais intensa. Sophie suspirou, passando a mão pelo rosto, lembrando-se penosamente do dia terrível que tivera.
Três turmas. Duas horas de aula para cada. Em uma delas, as crianças eram muito pequenas para ler. Na outra, simplesmente pareciam que não gostavam da aula e ninguém se interessava em aprender. E a última, a pior de todas, os alunos pareciam ser compostos pelos piores bagunceiros do mundo inteiro. Sophie mal conseguiu falar, quanto menos ensinar alguma coisa a eles. Não paravam de rir, e quando ela finalmente os calou, percebeu que a maioria não sabia tocar nada, mesmo que a turma houvesse sido formada há dois meses.
Foram as duas horas mais longas da vida de Sophie. Ela tentou começar com o básico, ensiná-los a importância da harmonia, ritmo e melodia. Mas assim que ela desenhou a primeira clave de sol no quadro musical, todos começaram a reclamar e gritar: “isso é muito chato, professora!”.
É desnecessário dizer que o aproveitamento da aula foi igual à zero. Sua paciência e paz de espírito também haviam sido reduzidas a esse número.
— Tá, me desculpe por não ter avisado que o Luke seria o seu chefe — Danna disse, controlando-se para não rir com Julia.
— Quer uma notícia boa? — Julia perguntou, acalmando-se. — O apartamento já é quase nosso, nos mudaremos essa semana. Qual é, Sophie, fica tranquila. Fiquei sabendo que quem controla aquela escola é o Dan, o Luke só banca. Ele faz umas outras oitocentas coisas.
Sophie suspirou.
— Produtor musical renomeado, compositor, guitarrista de duas bandas, administrador de metade de uma empresa e diretor de uma escola de música — e isso sem mencionar as mulheres, Sophie comentou mentalmente. Sentiu seu estômago revirar ao lembrar dos rostos frios de Luke e Tereza fulminando-a pela manhã. Com certeza, nada a esgotara mais do que isso. — A assistente pessoal dele fez questão de me explicar.
— Hum... — Julia franziu o cenho. — Então. Fica tranquila, talvez você nem venha a vê-lo. E se você conseguiu lidar com três pré-adolescentes apaixonados por você na Inglaterra, pode lidar com qualquer coisa.
Sophie suspirou e sentou-se, ainda morrendo de raiva da irmã e da amiga, mas assumindo para si mesma que Julia tinha razão. Afinal, Sophie passara todo o dia trabalhando e não vira Luke uma só vez. Talvez ele ficasse ocupado demais para cuidar do colégio como Dan fazia.
Mesmo trabalhando para ele, isso não seria nada demais se ela só o encarasse poucas vezes por semana. O problema mesmo seria uma convivência. Caso isso acontecesse, Sophie sabia que tudo viria à tona, uma hora. E isso não poderia acontecer.
Para o bem dela, de Henry, do próprio Luke, e de todo mundo.


[...]


A mulher naturalmente ruiva abriu uma garrafa de champanhe com a pressão da garrafa, dando uma gargalhada alta posteriormente. Seus olhos verdes brilhavam e a maquiagem impecável cobria as sardas em suas bochechas, mas não as covinhas que se abriram quando ela sorriu. Seus dedos longos, com calinhos nas pontas, ergueram a taça de espumante.
Era incrível a forma como mesmo quase um ano depois, ela ainda parecia exatamente igual.
— O que estamos brindando? — o rapaz, ao seu lado, ergueu a taça de champanhe que a amiga havia lhe dado. Seus cabelos acobreados e bagunçados faziam o contraste com seus olhos azuis, meio dilatados por causa da bebida. Seu corpo esbelto vestia um suéter claro, que definia perfeitamente seu peito, e uma calça jeans escura pouco folgada.
A mulher sorriu.
— Hum... — ela levou um dos dedos aos lábios. — À tudo, ora! Ao nosso sucesso profissional! À vida!
Ele riu novamente, erguendo sua taça e tocando-a na taça da amiga de tantos anos.
— À essa noite — disse ele, virando todo o líquido da taça na garganta, assim como ela, e desatando a rir logo depois.
A garota encheu sua taça de champanhe novamente, sentando-se em um dos bancos que davam de frente para o balcão da casa dele. Não parou de rir, de um jeito bobo, como uma criança.
— Então — recomeçou ele, acalmando-se e olhando-a nos olhos —, a Srta. Curtis ainda acha que Nashville é uma cidade chata e caipira?
Megan parou de rir, recostando sua taça no balcão.
— Ainda mantenho minha percepção sobre o caipira — disse ela. — Mas até que não é tão chata. E a comida é bem legal.
— É um dos melhores lugares do mundo para se morar, fala sério — argumentou ele, o que fez com que Megan negasse com a cabeça, discordando.
— Nada supera minha Nova Iorque — disse ela, sorrindo. — Sinceramente, não sei qual é esse teu amor pelo Tennessee, Luke.
Luke sorriu, dando mais um gole de champanhe.
— É o meu lar — disse ele, sem retirar o sorriso do rosto.
Já passava da meia-noite e Luke teria problemas para acordar na manhã seguinte, mas não ligava. Estar com Megan e Trevor, que já estava dormindo, era provavelmente a melhor coisa que lhe acontecera naquele dia. Melissa não se juntara a eles por que estava cuidando dos preparativos para seu casamento com o ex-produtor da Feeling of Feeling, mas Luke já se sentia feliz por rever os dois amigos. Sobretudo Megan, que estava sempre com seu alto astral inabalável e parecia mais radiante do que nunca. Luke se deu conta do quanto sentiu sua falta.
A verdade é que a visita dela e de Trevor veio na melhor hora possível. A simples presença de Sophie Farro em sua vida já havia virado sua mente de cabeça para baixo. Tudo que ele precisava era espairecer, e a melhor maneira de fazê-lo é com os amigos, afinal.
Amigos esses que não contratam sua ex-namorada como professora de piano.
— O que aconteceu? — Luke saiu de seus devaneios quando escutou a voz grave de Megan. Levantou os olhos enquanto ela continuava: — Você tá estranho.
— Tô? — Luke ergueu as sobrancelhas, sorrindo e negando com a cabeça. — Acho que deveria cortar meu cabelo, então.
Megan riu.
— Não é isso — disse ela, empurrando seu ombro. — Seu cabelo será sempre esquisito. A questão é que... sei lá, você está estranho por que está pensando demais. Ficou meio aéreo a noite toda. E, além disso, parece meio abalado.
Luke encarou a amiga, com o meio sorriso ainda pairando no rosto.
— Impressão sua — disse ele com um tom de conclusão. — Apenas estava meio preocupado por que preciso entregar uma música no domingo para um produtor, mas ando meio sem inspiração.
Megan desviou seu olhar do de Luke, retirando a taça de champanhe do balcão e olhando as bolhinhas de gás viajarem até o fim do copo e estourarem ao entrar em contato com o oxigênio. Aliviou seu sorriso, sabendo de repente o porquê de Luke estar tão esquisito a noite toda.
Você sem inspiração para compor? — ela deu uma risada, sem encará-lo. — É ela, não é?
Luke cortou o gole de champanhe no meio, tossindo momentaneamente por pura surpresa. Seu sangue gelou repentinamente.
— Adoro o modo como você nunca sabe mentir — Megan riu, olhando para ele com algo que só poderia ser interpretado como alegria. — Você está balançado por que a viu. E recentemente, não é mesmo?
Luke encarou Megan sem saber o que dizer ou o quê fazer. Sua tosse se cessou e ele pousou a taça no balcão.
— Responda, Luke! — insistiu ela, com um sorriso divertido no rosto. — Há quanto tempo você não me conhece, hein? Pare de agir como se eu não soubesse quem você é.
— Não estou agindo assim! — disse ele em contrapartida. Megan revirou os olhos. — Pare de falar como se ela fosse importante para mim, ok?
— Mas Luke, se você insiste tanto em negar que ela é, talvez ela simplesmente seja! — ela exclamou, levantando a voz assim como ele. Irritada por ele não olhar em seus olhos, segurou seu queixo com força, fazendo-o encará-la por bem ou por mal. Luke bufou. Detestava quando Megan fazia aquilo. — Não haja como se ela não fosse importante para você, por que só para começar, se ela não fosse, você teria me dito sobre ela. Mas eu não sei nada sobre ela, Luke, nada que eu própria não deduzi. Então larga de ser idiota e para de mentir pra si mesmo!
Luke retirou a mão de Megan de seu rosto, afastando-se. Como suas conversas com Megan conseguiam passar de uma bebida entre amigos para uma discussão amorosa tão rapidamente? Deixou-se suspirar enquanto a garota bufava, mais uma vez, sentindo-se falha em relação à dor do amigo. Não era de hoje que Luke aderia àquela expressão sofrida e suspirava daquela forma, como se dissesse que queria ficar sozinho e que não iria revelar nada. Megan perdeu a conta das noites que discutira com ele pelo mesmo motivo. Essa necessidade que ele tinha de se fechar, mesmo para ela, que era sua melhor amiga. Megan tentou fazer com que isso acabasse inúmeras vezes, mas Luke... parecia não querer se abrir. Para mais nada. Quanto menos para o sentimento que ela nutria por ele.
— O nome dela é Sophie — ele começou a dizer de repente, pegando-a de surpresa. Megan levantou os olhos, vendo Luke segurar sua taça com as duas mãos. — Eu a amava desde criança, e nós ficamos inicialmente separados por quatro anos por que ela foi para a Inglaterra. Quando ela voltou, milhares de coisas aconteceram, eu me apaixonei novamente, ela namorou outro cara, eu namorei outra garota, até o dia em que nós ficamos juntos. Nós nos amávamos demais. Planejávamos nosso futuro juntos. Ela era uma das pessoas mais importantes para mim e eu sempre deixei isso muito claro. Mas aí... enquanto eu fui para Nova Iorque para estudar, ela decidiu ir para a Inglaterra de novo para seguir o futuro dela. Então ela engravidou de um cara que ela nem conhecia meio ano depois. E eu descobri que tudo o que nós tínhamos e que era tão maravilhoso, era mentira. — Luke disparou, sem retirar os olhos de sua taça, e Megan pôde notar que sua respiração ficara mais pesada. Ficou imóvel, pasma, sem saber o que pensar. Luke voltou a falar: — Ficamos seis anos sem nos ver, até semana passada, quando eu a vi por acaso perto da casa do meu pai. E hoje descobri que a professora de piano que Dan contratou é ela. Sophie. Aquela que eu amei, mas que me fez sofrer, e que hoje deve ser provavelmente a pessoa que eu mais guardo rancor no mundo.
Megan ergueu as sobrancelhas, completamente surpresa, sem acreditar que toda aquela história que ela sempre quisera escutar estava sendo contada ali, naquela hora, daquela forma. Então era isso. Todas as músicas acusatórias. Todas as noites mal dormidas. Todos os beijos frios. Tudo agora parecia claro como a água. Por isso Luke era da maneira que era, chato, mal humorado, fechado, meio perturbado, na maior parte das vezes. Uma garota o havia deixado e isso o havia machucado.
Ela suspirou e segurou a mão do amigo, apertando-a. Luke havia tomado todo o champanhe da taça e devia estar chateado pelo efeito do álcool ser tão baixo.
— Você ainda a ama — murmurou ela, muito baixo, sem saber o porquê de aquelas palavras terem saído de sua boca. Tinha pelo menos um milhão de frases para dizer para ele agora, mas a sua franqueza forçou-a a dizer a única coisa que ela sabia que era verdade.
Mas isso só fez Luke dar uma risada debochada.
— Por favor, Megan! — exclamou ele. — Você não ouviu? Eu fiz de tudo para ela, e ela simplesmente foi embora e engravidou de outro cara! Não era real! — ela o viu bagunçando os cabelos com mais força, quase irritado.
— Se não fosse real, não doeria! Foi real pra você! — disse ela, fechando o cenho e forçando-o a encará-la novamente. — Pare de mentir pra você mesmo, e talvez um dia você supere.
Luke bufou, revirando os olhos, desistindo de discutir com Megan. Quando ela enfiava uma coisa na cabeça, mesmo que não tivesse o menor cabimento, ela defendia seu ver até o fim.
— Eu não a amo mais — disse ele, apenas. — Não a amo, Megan.
Ela suspirou, sem soltar sua mão, e abaixou os olhos. Lentamente, quase sussurrando, ela disse:
— Eu estou noiva, Luke.
O rapaz não acreditou em seus ouvidos. De repente, pareceu que o mundo havia desabado e sua visão falhara terrivelmente.
— O quê?! — Luke levantou seus olhos, encontrando o rosto oval de Megan, mordendo o lábio.
— Eu conheci um cara há quatro meses atrás — ela começou, sem evitar o olhar confuso dele. Deixou um pequeno sorriso abobalhado surgir em seu rosto. — Colin. Ele é tão incrível. E mesmo sabendo que está tão cedo, eu não consegui dizer não quando ele pediu minha mão. Por que eu o amo, Luke. — As mãos de Megan começaram a tremer e ela coçou um dos olhos, acabando com qualquer vestígio de lágrima que quisesse descer. — E eu não pensava que isso poderia ser possível há dois anos, sabe? Eu era tão... apaixonada por você naquela época. Eu te amava tanto, Luke. Tanto. De tantas formas. Até os seus defeitos irritantes... Mas você não me amava, você não estava apaixonado por mim, você estava sempre tão fechado com a sua guitarra e as suas letras cheias de amargura, e... — Megan deu um sorriso sem humor, respirando fundo. — Eu te beijava e você me olhava como se visse outra pessoa no meu lugar. Isso doía, sabe. Mas eu sempre soube, desde o momento em que te conheci, que me apaixonaria por você. Eu... quis. E te amei. E me machuquei. — Megan segurou as mãos de Luke novamente, olhando em seus olhos atordoados. — Mas sua amizade foi muito maior do que a dor que eu senti, e pra dizer a verdade, ainda sinto. Uma das coisas que aprendi na vida, Luke, é que mentir pra mim mesma não vai ajudar em nada. Eu ainda te amo... só que amo o Colin mais — Megan limpou uma lágrima fujona que descera pela maçã de seu rosto, dando uma risada quase verdadeira logo depois. Apertou as mãos de Luke. — Arrastei o Trevor para cá por que não aguentaria te contar sobre isso pelo telefone. Precisava te contar pessoalmente, precisava te explicar olhando nos teus olhos, mesmo que para isso eu precisasse beber umas — ela sorriu.
Luke abriu a boca e a fechou novamente, sem retirar os olhos da amiga, sem saber o que fazer ou o que dizer ou o que sentir. Megan... iria se casar? Megan iria se casar! Iria se casar com outro cara que...
Que não seria ele.
Luke sentiu seu estômago revirar, feliz e triste ao mesmo tempo em relação ao noivado de Megan. No fundo, lá no fundo, ele ainda mantinha uma pontinha de esperança para os dois. Megan fora a garota que mais mexera com ele desde as épocas da faculdade.
Mas agora ela estava se casando.
— Eu... — ele tentou dizer alguma coisa, qualquer coisa, mas as palavras não saíam de sua boca. Não havia como verbalizar seus sentimentos, seus pensamentos, sua confusão pessoal. Megan o amara. Não, Luke não amava Megan, ele tinha certeza disso. Gostava dela, gostava muito dela. Ela era sua melhor amiga, e...
Meu Deus.
— Eu não conheço essa Sophie — ele assimilou a frase da amiga lentamente, sentindo-se confuso e desesperado ao mesmo tempo. — Mas a melhor forma de esquecê-la é assumindo para si mesmo que você ainda não a esqueceu, por experiência própria. Eu já te falei uma vez, e falo novamente... não desista de procurar. Não desista de procurar o que você quer, Luke. Se não fizer isso por você... faça por mim.



[...]



Sophie adentrou a sala confiante, sem se deixar abalar pelos gritos e pela conversa paralela. Suas últimas turmas, em seu segundo dia de trabalho, já estavam contidas em um avanço. Para as crianças pequenas, aulas simples e meramente práticas. Para os desinteressados, aulas contemporâneas e músicas atuais, focalizando mais na prática do que na teoria.
Para os bagunceiros...
Bem, Sophie passara a noite inteira planejando uma aula em que conseguisse um número, mesmo que pequeno, de aproveitamento. Ora, mesmo que Luke fosse o diretor da escola, Sophie era uma professora de piano! Havia sido contratada por Dan para ensinar piano.
E se ela fosse ensinar, os alunos iriam aprender. De um jeito ou de outro.
— Turma! — gritou ela, parando em frente à sua mesa. Ao seu lado, o único piano sem calda da sala, direcionado ao professor. Cada um dos doze alunos — que faziam o barulho de cinquenta — continha um teclado simples, um tripé e um pedestal à sua frente, além de um recipiente para escreverem. Felizmente os teclados só eram ligados à ordem do professor, ou então, ela jamais conseguiria domar aquelas ferinhas. Passara a noite analisando a ficha de cada aluno e descobriu que a média de idade era treze, quando a puberdade realmente acontece. Por isso eles davam tanto trabalho. Como sua antiga turma do oitavo ano. — Pessoal!
Eles não pararam de conversar. Sophie ainda chamou a atenção da turma por mais duas vezes, sendo completamente ignorada. Um grupinho de meninas impecavelmente maquiadas conversava gritando em um canto, outros simplesmente conversavam paralelamente, outro grupo de garotos discutia sobre algo que parecia beisebol ou videogames.
Certo, nada de entrar em pânico. Sophie respirou fundo, contou até dez, e sentou-se ao seu piano. Com um sorriso quase calmo no rosto, martelou as dez teclas mais graves de uma vez, com força, produzindo um som alto que fez os alunos pularem de susto. Mesmo com seus ouvidos ressoando, ela sorriu ao ver todos os alunos quietinhos.
— Caladinhos, é isso o que eu quero — murmurou ela, levantando-se da cadeira que dava ao seu piano e sorrindo para os alunos que a encaravam atônitos. — Boa tarde, galera! Como vocês sabem, eu sou a nova professora de piano, Sophie Farro. Me desculpem pelo susto. — Ela sorriu novamente, enquanto alguns alunos reviravam os olhos ou simplesmente bocejavam por puro tédio. Já tinha lidado com isso na turma passada. — Bom... eu estava pensando, que ao invés de nós darmos continuidade à aula passada... que tal fazermos uma brincadeira?
— Brincadeira? — o garoto, com um boné muito maior do que sua cabeça e que se sentava na primeira fileira de teclados, perguntou.
Yep — Sophie concordou, sentando-se em sua mesa. — Uma dinâmica, para que eu conheça vocês e vocês me conheçam. Por que, sei lá, eu acho que já foi o tempo em que para se dar uma aula, o aluno tinha que ser completamente submisso ao professor. Eu sou a professora de vocês, mas acima disso, quero que vocês me vejam como uma amiga que vai ensiná-los a tocar esse instrumento tão legal. — O sorriso simpático não sumira de seu rosto, e ela se contentou ao ver que todos os doze alunos a encaravam perplexos e calados. Ótimo. — Até mesmo por que eu já fui jovenzinha que nem vocês. Ora, eu ainda sou! Eu só tenho vinte e três anos, apenas dez a mais do que muitos de vocês.
— A Sra. é da idade do meu irmão — uma das garotinhas maquiadas disse, fazendo-a sorrir.
— Pelo amor de Deus, não me chame de Sra. ou Srta. — ela levantou as mãos, provocando algumas risadas nos alunos. — Gente! Eu acabei de dizer que sou jovem também, não? Eu ainda tenho uma mentalidade de criança, é sério. Passo o dia brincando de esconder com o meu filho, se me deixarem.
Novamente, algumas risadinhas. Isso.
— A Srta... você... tem um filho? — a mesma garotinha perguntou, erguendo as sobrancelhas e abrindo a boca em surpresa.
— Tenho — Sophie sorriu para ela. — Ele tem só cinco aninhos, mas é a coisa mais linda do mundo, vocês precisam ver.
— Mas... se você tem vinte e três, e o seu filho cinco... então você engravidou com... dezessete? — perguntou outra menina do mesmo grupinho. Ainda sorrindo, Sophie assentiu com a cabeça.
— Por isso é tão importante usar preservativo, principalmente para vocês que estão entrando na adolescência agora — disse ela, calmamente, como se não estivesse entrando em um assunto que fosse considerado um tabu. Mas Sophie já trabalhara com essa espécie de adolescentes antes e sabia muito bem o que se passava na cabeça da maioria deles. — Enfim, que tal fazermos nossa brincadeira?
As expressões dos alunos já estavam calmas e até divertidas. Parecia realmente que eles não queriam mais conversar, gritar, ou fazer bagunça. E o aluno engraçadinho que Sophie esperava que houvesse nem aparecera!
Quem diria que seria tão fácil.
— Beleza — disse ela, sorrindo. — Vamos de fileira por fileira. O primeiro vai dizer o nome, o signo, a idade, o que ama e o que não ama, e aí vai dizer qual é a música que ele mais quer aprender a tocar no piano. Então, nossa meta vai ser conseguir com que cada um toque sua respectiva música até o fim do semestre. Tudo bem? — ela recebeu alguns “sim” como resposta. — Certo, eu começo, e depois o primeiro da fila à esquerda, você — ela apontou para a garota. — Eu me chamo Sophie Farro, sou de virgem, tenho vinte e três anos. Eu amo minha família, meus amigos, minha música e meu filho com tudo o que eu sou. Eu não amo musica country, olhares tortos, pessoas falsas e falta de dinheiro. E... bem, eu já sei tocar a música que queria, mas com certeza a minha música favorita no piano é a We Are Broken, de uma banda bem antiga e pouco conhecida — ela finalizou, fazendo os alunos darem outra risada. — Certo, agora é com você.
A garota da primeira fila, com cabelos curtos e negros, deu um sorriso tímido.
— Meu nome é Janet, eu tenho 13 anos, e meu signo é libra. Eu amo animais, all star, meus irmãos e meus pais, meus amigos, música, chocolate, internet e chuva. Eu não amo calor e nem praias, futilidade, salto alto, brócolis e outros vegetais, e o Nicholas — Janet revirou os olhos, fazendo o garoto que estava atrás dela bufar e xingá-la de irritante. Sophie pediu silêncio e ameaçou acabar com a brincadeira se a conversa paralela não cessasse. Pediu para Janet dizer sua música. — Meu sonho é tocar When I Look At You, da Miley.
— Urgh — o garoto que Sophie julgava ser Nicholas resmungou, fingindo que estava vomitando. Os garotos, seus amigos, começaram a rir e Sophie revirou os olhos.
— Garotos, pela última vez — ela os encarou. — Eu estou tentando levar uma aula tranquila, mas se vocês continuarem com as gracinhas, nós podemos voltar a copiar no quadro branco. Tudo bem pra vocês?
— Não, calma, professora — um dos meninos levantou as mãos. — Pode continuar a aula, eu não fiz nada.
E lá estava o aluno engraçadinho. Bem que estava demorando.
— Certo, Janet — Sophie tentou sorrir. — Vamos lá, Nicholas, você é o próximo.
Nicholas, que parecia grande demais para ter treze anos, ajeitou o boné na cabeça. Sinceramente, Luke e Dan podiam aderir àquela regra sobre nada de chapéus na escola de música.
— Eu sou o NJ, pra começar. Tenho treze anos e sou de escorpião. Eu amo carros, garotas e hiphop. Odeio shoppings, música clássica e essa guria chata aí — ele apontou para Janet, que revirou os olhos.
Sophie torceu os lábios, vendo que aquele garoto iria ser um grande problema dentro da sala.
— E quanto à sua música? — perguntou ela, notando que o garoto não concluíra.
— Não gosto de piano. Estou aqui por que minha mãe me obriga — disse ele, largado em sua carteira, tranquilamente.
Definitivamente ele seria um grande problema dentro daquela sala.
Os outros três garotos amigos de Nicholas — ou NJ, como ele gosta de ser chamado —, eram praticamente cópias dele. Matt, Kellan e Mitchel, com bonés enormes e procurando ser o máximo. Sophie percebeu que apenas eles, na verdade, eram realmente bagunceiros e estragavam a turma. Teria de separá-los para conseguir um pouco de paz.
As três meninas que se vestiam e se maquiavam como adultas, Britany, Lila e Madison, realmente queriam aprender a tocar piano, mas Sophie teria um pequeno problema com elas, por que elas queriam tudo agora. O aprendizado de um instrumento é algo que exige paciência e dedicação, e esses dois fatores nenhuma delas parecia ter.
Por fim, existiam os alunos que Sophie considerava destaques. Paul e Riley, que queriam aprender a tocar música gospel para entrarem na banda da igreja; Kayla, que já tocava alguma coisinha, apesar de ser a mais nova da turma; Janet, que parecia ser extremamente inteligente e sua amiga, Nathalie, que compartilhava de quase todos os ideais de Janet e queria aprender a tocar algumas músicas pop que gostava.
Ao fim das apresentações, Sophie já tinha um método de aprendizado para cada um dos alunos, e já tinha separado os que queriam aprender dos que não queriam nada. Falaria com Dan ou Luke posteriormente para fragmentar a trupe de Nicholas, de modo que eles ficassem inibidos demais para fazer suas palhaçadas. Sophie acreditava na capacidade de cada um dos meninos, mas eles jamais aprenderiam nada se continuassem juntos, um sobre a má influência do outro. Isso é algo que ela tinha que mudar para ensiná-los a tocar piano.
A dinâmica durou trinta minutos e deixou parte dos alunos animados. Sophie tentou, então, fazê-los tocar a primeira música, com a primeira partitura. Pouco ligava se Luke reclamaria por ela não estar seguindo o conteúdo programático, ora, a outra professora que o fez não ensinou nada aos alunos! Sophie faria do seu jeito e os ensinaria a tocar, por que era por isso que eles estavam ali.
O mais difícil foi ensiná-los a distinguir as figuras musicais — mas ela conseguiu, fazendo uma analogia a chicletes, como fez com os alunos pequenos. Além disso, ainda conseguiu trabalhar compasso, fazendo-os entender os quatro tempos musicais com palmas e músicas inventadas na hora.
A aula foi barulhenta, bem do jeito que eles gostavam, e mais voltada para a teoria do que para a prática. Mas ainda assim, foi divertida, e Sophie tinha a impressão de que eles captaram alguma coisa. Aprenderam o básico. E podiam aprender mais.
Faltavam vinte minutos para o fim da aula quando Sophie os fez copiar um exercício de fixação no quadro branco que não era musical, e depois de duas batidas, a porta de sua sala foi entreaberta. O rosto de Luke se deu forma, fazendo seu coração pular. Mas seu rosto continuava frio e rancoroso como sempre.


— Srta. Farro — disse ele, evidentemente solicitando a sua presença fora da sala, mas com uma ponta de surpresa na voz ao ver a pior turma de todas... quieta enquanto copiava um exercício.
Sophie bufou e assentiu levemente com a cabeça.
— Fiquem quietos enquanto eu sair, ok? Eu volto já — disse ela aos alunos, que continuaram concentrados em copiar o que ela havia escrito. Saiu da sala e fechou a porta atrás dela, obedecendo à ordem de Luke para segui-lo. Foi até a sua sala, no último andar, onde ele se sentou e disse-a para se sentar também.
— Aqui está a sua lista de chamada — disse ele, entregando a ela uma pasta. — Desculpe a demora, houve alguns problemas relativos a algumas matrículas.
— Tudo bem — disse ela, formal demais. — Escrevi o nome dos alunos presentes em um papel, depois passarei para cá.
— Ótimo — disse ele. — Como vão as aulas?
Sophie deu um meio sorriso, sabendo que ele se referia ao bom comportamento da turma.
— Boas — disse ela. — São alunos muito complicados, mas cada aluno tem um método de aprendizagem. Só precisei distingui-los. — Luke não olhou para ela, concentrado demais em seus papéis, e apenas ergueu uma sobrancelha. Sophie respirou fundo. — Apenas quero separar Nicholas, Mitchell, Matthew e Kellan. Eles são aquela espécie de alunos que são terríveis, desde que estejam juntos. Em turmas diferentes eu poderia lidar com cada um deles, separadamente.
Luke negou com a cabeça.
— Não posso retirar um aluno de uma sala e colocá-lo em outra — disse ele, ainda sem olhá-la. — Não no meio do bimestre.
Sophie sorriu sem vontade.
— Sim, Luke, você pode — ela disse, tentando manter a calma. — Você é o diretor e tem autonomia para isso. Além do mais, as turmas às quais eles serão inseridos também são minha responsabilidade.
— Um aluno bagunceiro será bagunceiro em qualquer turma.
— Não se eu puder evitar — Sophie já estava sentindo seu sangue esquentar. Detestava esse jeito frio de Luke, sobretudo quando ele dava um sorriso debochado como fizera agora.
— Não vou mudar ninguém de sala — disse ele, por fim, ainda com o sorriso debochado no rosto. — Pelo que vi, você é completamente capaz de controlar a turma da maneira que está, não, Srta. Farro?
— Pare de me chamar assim! — exclamou ela, exaltada. Respirou fundo, fechando os olhos por um segundo, tentando controlar a si mesma. — Pare de agir assim! Você não é assim!
Luke deu um sorriso debochado novamente.
— E quem é a Srta. para dizer quem eu sou ou deixei de ser? — finalmente, seus olhos se levantaram para encontrar os dela, frios, doídos.
Sentindo seu coração ser estraçalhado, Sophie murmurou:
— Eu sou a mulher que um dia você disse que amava.


Well, when you go... So never think I'll make you try to stay. And maybe when you get back, I'll be off to find another way.
(Bom, quando você partir... Não pense que vou tentar fazê-la ficar. E talvez quando você voltar, eu terei saído para encontrar outro caminho.)

And after all this time that you still owe, you're still the good-for-nothing and I don't know. So take your gloves and get out.
Better get out. While you can.
(Afinal, depois de todo esse tempo que me tomou, você ainda é essa inútil que eu nem conheço. Então pegue suas luvas e vá embora.
É melhor ir embora. Enquanto você pode.)



Luke riu, bagunçando seu cabelo com as mãos, e novamente direcionou seu olhar a ela.
— Tem razão — disse ele, sem retirar o sorriso do rosto. — Amava. Até o momento em que você decidiu ir embora e, posteriormente, resolveu aparecer na minha empresa.
Sophie suspirou.
— Eu jamais teria vindo trabalhar aqui se soubesse que você trabalhava aqui também — disse ela, olhando no fundo de seus olhos. — Mesmo se não fosse meu chefe! Podia... sei lá, fazer faxina aqui, eu jamais viria. Por que eu sei que isso não te faria bem.
— Ah, por favor! — Luke riu outra vez. — Pare de agir como se você se importasse com o meu bem estar! Se você realmente se importasse, teria ao menos ligado antes de pegar suas coisas e se mudar! Ou teria sequer pensado antes de engravidar de outro cara qualquer!
Sophie sentiu sua garganta se fechar, mediante todas aquelas acusações e palavras que tanto doíam nela. Não, não era a primeira vez que ela escutava-as, e Sophie sabia que um dia, elas seriam proferidas pela boca de Luke. Mesmo assim... doía tanto. Ela queria gritar para ele que ele estava errado e que não houvera um só dia que ela não pensara em tudo o que havia feito. Que, na verdade, ela nunca conseguira dormir com nenhum outro homem a não ser ele próprio. E que tudo nela que não era amor por Henry, era remorso, culpa, por fazê-lo se sentir daquele jeito.
Mas Luke não sabia. Nem nunca saberia, se continuasse mergulhado em seu ódio, seu rancor, sua própria dor. Nunca entenderia se continuasse a julgar Sophie por tudo.
Não entenderia por que ele não a amava mais.


When you go… Would you even turn to say: “I don't love you, like I did yesterday”.
(Quando você partir... Você sequer olharia para trás para me dizer: “Eu não te amo, como amava ontem".)

Sometimes I cry so hard from pleading, so sick and tired of all the needless beating. But, baby, when they knock you.
Down and out. It's where you oughta stay.
(Às vezes eu choro tanto por implorar, tão doente e cansado dessa violência desnecessária. Mas, meu amor, quando te derrubarem.
No chão e te jogarem pra fora. É lá que você deve ficar.)




— Olha, Luke — Sophie recomeçou, segurando-se ao máximo para não desabar, olhando em seus olhos azuis e rancorosos. — Se você quer me odiar, tudo bem. Me odeie. Você tem todo o direito de me detestar por tudo o que eu fiz. Mas... não deixe de ser quem você é — disse ela, continuando a encará-lo. — Pare de agir como esse cara idiota, frio e fechado, por que esse não é você. Esse não é o Luke que eu conheci e amei durante tanto tempo.
Luke a encarou de volta, deixando seu lábio se curvar em um sorriso debochado, frio, e quase imperceptível.
— Você matou esse Luke — disse ele, quase cuspindo. — Ele morreu. Não existe mais. Essa pessoa, fria, idiota, fechada, é quem eu sou agora. Gostando você ou não.
Sophie respirou fundo, lutando com todas as forças contra as lágrimas que queriam sair. Não chore. Não na frente dele.
— Ele não morreu — murmurou ela muito baixo. — Em algum lugar, inibido por esse teu ódio e esse teu rancor, o verdadeiro Luke está guardado. Então... — ela mordeu o lábio inferior, sentindo a garganta se fechar mais veementemente, os olhos arderem, as lágrimas quererem descer. — Não o deixe morrer. Por que quem está matando esse Luke não sou eu. É você.
Sem conseguir mais falar nada, Sophie se levantou, com as pastas em mãos, e saiu porta afora, deixando as lágrimas descerem pelo seu rosto.
  

When you go… Would you have the guts to say: “I don't love you, like I loved you, yesterday”.
I don’t love you like I loved you yesterday…
I don’t love you, like I loved you yesterday.
(Quando você partir... Você deveria ter coragem para dizer: “Eu não te amo, como te amei, ontem"
Eu não te amo como te amei ontem.
Eu não te amo, como eu te amei, ontem.)



Notas Finais



OLÁ, BEBÊS! AAÓKASPAOKSAS
Well, well, well... como vão vocês, amores? OKSPASK Eu to bem, tranks. Na verdade não tão bem por que acabei de queimar minha mão. NÃO SEI POR QUE AINDA INSISTEM QUE EU TENHO QUE FAZER COMIDA NESSA CASA, UM DIA EU IREI MORRER-ME NISTO. mimimimi tá doendooooo
Cara, tá doendo mesmo ._.
Enfim... VEJAM SÓ, A SARAH POR AQUI ANTES DO TEMPO PROMETIDO! OH, AINDA É DIA 6! E EU DISSE DIA 7! YEEEEEEES! A~PSOKALSÃPOSLKA~PLKAS
Mas deixem-me explicar o que aconteceu.
Tipo, como vocês sabem, amanhã é dia de eleições (isso se você mora no Brasil. Tem visitantes deste blog, tipo, da Russia. Então... BEM, SE VOCÊ NÃO MORA NO BRASIL, DEVE SABER FALAR PORTUGUES, E SE SABE FALAR PORTUGUES, DEVE SABER QUE O BRASIL É UM PAÍS REPUBLICANO DEMOCRÁTICO. Portanto, estamos elegendo representantes para as nossas cidades), e a minha escola é um ponto de voto.
THIS MEANS: ESCOLA FECHADA NA SEGUNDA E NA SEXTA FEIRA PARA A INSTALAÇÃO E DESINSTALAÇÃO DE URNAS ELETRÔNICAS!!!
~PASKÃPSKÕPASÕPSKS~PAOSLKA~SOLKAS
Então, eu tive aula ontem, mas adiantei o chap um bocado durante a semana, e terminei hoje :3 
E amanhã irei começar outro e terminar na segunda, e aí, postar :3
ISSO MESMO! DOIS CAPÍTULOS EM TRÊS DIAS! VOCÊS NÃO QUEREM DANÇAR? PASLAS´LAPOALKS
Tá, tudo bem.
Eu sei que não respondi parte dos comentários passados, E EU ME DESCULPO POR ISSO, mas irei responder. É que tô passando todo o meu tempo livre escrevendo. NÃO VEREI NEM AHS E NEM TVD QUANDO ESTREAREM EM OUTUBRO )))))):
pera, já estamos em outubro. OH.
Minha queimadura tá latejando.
Mas enfim.
EU TENHO QUE DIZER QUE FIQUEI BOQUEABERTA COM OS COMENTÁRIOS PASSADOS. EXISTEM PESSOAS, NÉ, QUE TIPO, DÃO APENAS TIROS CERTEIROS. ôSLA~PAS~POASLK~PASÃSLK 
Vejo também que vocês estão ansiosinhos demais para Henry encontrar Luke, e Nate agarrar Julia, e tá....
Digo uma coisa: cada capítulo postado é um capítulo a menos para o que vocês tanto querem.
BEM BEM BEM, vamos falar sobre esse chap. O QUE ACHARAM? Eu até que gostei, tipo, nhw. QUERO ME CASAR COMIGO MESMA PELA CENA DE HENRY E ANNA E HECTOR E DANNA E E E E S2S2S2S2S2 Me esqueci do quanto gostava da Danna, pfv, ela é tão minha. E ESSE HENRY S2 tão meu tb.
<3
E.... a sala de aula problemática de Soph. ~ÇPASLÃÇPSLK~SOPL VEJAM Q ELA É A BEST TEACHER EVER. nhw.
E Luke.
E Gerard Way.
E Sophie.
FEEEEELLLLLLLLLLLLLLLLLLIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIINNNNNNNNNNNNNNGGGGGGGSSSSSSSSSS!
Na cara de vocês.
ENFIM, ainda estou muito feliz com as visualizações que são coisas escabrosas, na boa, não entendo como sobem tanto. PEÇO, ENTRETANTO, ENCARECIDAMENTE, para que você deixe um comentáriozinho para a autora. Ela deixa de estudar e passa oito horas da vida dela escrevendo um capítulo (quando ele é pequeno). Não custa nada, hã? :3
É ISSO, AMORES. ATÉ SEGUNDA! APSLÃLA~POKAS E.....
Aguardem notícias na segunda. Pretendo dar muitos presentes pra vocês quando a OAV2 fizer aniversário, dia 15. ^^
BEIJOSHUAS ;* <3

Um comentário:

  1. Giovanna aqui.
    WHEEEEEN YOU GO WOULD YOU HAVE THE GUTS TO SAY "I DON'T LOVE YOU, LIKE I DID, YESTERDAAAAAAAAAY"
    ~Aplaude a Sarinha~
    A autora da melhor fic de Paramore. Que inclui o P!ATD. Onde ela ainda usa Avenged e MCR nos caps. Coisa mais perfeita que a OAV não existe mesmo...
    Gente... Estou apaixonada pelo Henry e pela Anna. Me dá eles? *---*
    E Soph e Luke.... Kakdjdksoaosjd Esses dois me matam de rir. Sério.
    Eu rindo aqui E todos me olhando com a maior cara de WTF?. Kkkkkkkkkkk Essas pessoas não me conhecem...
    Eu surtir quando vi o nome do cap. a musica dele... E em todas às cenas fofomeigas que só você consegue. <3
    Bom... até mais tarde então. ^^

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