23 de set. de 2012

Capítulo 52


I'm not letting you go.



Fazia frio em Londres.
Mesmo assim, Sophie estava simplesmente morrendo de vontade de tomar um sorvete de morango em calda, e esperou pacientemente — ou nem tanto assim — Julia voltar. Digamos apenas que é complicado achar sorvete para vender em um lugar onde havia nevado há menos de uma semana. Especialmente de morango em calda.
De qualquer forma, Julia voltou depois de quarenta minutos (Sophie havia contado) para o apartamento onde as duas estavam morando agora. Assim que Sophie se formou, recebeu uma carta inesperada, contendo uma escritura de um apartamento na St. Alban’s Street e uma chave, gravada em letra cursiva: “Parabéns, maninha”.
Obviamente ela havia começado a chorar (culpa, também, dos hormônios, mas principalmente da satisfação e do agradecimento que sentia por ter Joe como irmão), e ligado para Joseph, que inicialmente até se fez de desentendido.
O primeiro livro dele fora um sucesso e era possível dizer que em seis meses, Joe conseguira o triplo de dinheiro que toda a sua família já gastara em toda a vida. Sophie perdeu a conta de quantas vezes parou tudo que estava fazendo para ver uma de suas entrevistas na tevê ou ler uma revista que comprava na rua acima de seu antigo dormitório na Laurent Louis. Não podia negar, estava morrendo de orgulho do irmão. E de saudades também.
Tanto ela quanto Julia estavam formadas no ensino médio e fora de seus respectivos colégios internos. Não queriam estar separadas, evidentemente, e o presente de Joe só veio a calhar. Sophie já começara sua faculdade de música e era difícil não achá-la em meio aos livros ou enfurnada naquele piano (que também era presente de Joe). Tocando, ou estudando, Sophie... quase fugia da realidade que não queria enfrentar. A verdade de que estava grávida de um filho que, na prática, não seria seu.
Julia havia sido aceita em Oxford assim como Tarris, ela fazendo jornalismo, ele medicina. O certo para ela seria morar no campus como todo mundo, mas Julia se recusava a deixar a amiga sozinha, além de que morar com Sophie aplacava toda a dor que sentia todo dia, toda a saudade, toda a martirização. Mesmo que tivesse de dirigir uma hora inteira para chegar até Oxford, toda manhã.
Tarris, por sua vez, estava sendo um amigão também. Sophie confessava que às vezes ele parecia um perfeito idiota, mas ele era extremamente atencioso e entendia mais de gravidez do que Julia e Sophie juntas (já que queria seguir a carreira do pai). Além de ser engraçadíssimo. Passar uma tarde de sábado com Julia e Tarris era provavelmente a única coisa que conseguia animá-la.
Sobretudo quando Sophie não conseguia parar de chorar.
Tarris e o Dr. Raphael Felton disseram que isso era absolutamente normal. Devido à grande mudança hormonal (ainda mais para ela, que era uma adolescente e “mãe de primeira viagem”), Sophie tendia a ficar muito mais emocional do que o comum. Era, mais ou menos, como se fosse uma TPM contínua e concentrada.
Mas Sophie suspeitava que sua gravidez não tinha muito a ver com o fato de ela ir dormir toda noite chorando, ou chorar mesmo toda vez que ficava sozinha sem se ocupar. Talvez a gravidez fosse culpada quando ela chorava por simplesmente não conseguir tocar uma fusa que a partitura que estava tentando reproduzir pedisse. Mas quando Sophie pensava em Luke, bem, ela sabia que choraria com ou sem bebê. O fato de estar longe dele e saber que ele provavelmente estava odiando-a nesse exato momento machucava. Doía de uma forma indescritível, e consequentemente enchia seus olhos castanhos de lágrimas.
Mas ela merecia.
Sophie também já havia feito uma porção de exames médicos e o bebê estava bem. Julia havia colado a primeira ecografia (que na verdade era apenas um borrão preto) na geladeira, mesmo depois de todos os protestos de Soph. Para dizer a verdade, logo mais Tarris apareceria para levá-las para a primeira ultrassonografia morfológica (a que se faz na vigésima semana, no intuito de saber se o bebê tem algum tipo de síndrome e, claro, saber o sexo).
Mas não antes de Sophie tomar o sorvete.
Claro que ela estava mais do que agradecida à Julia e Tarris por tudo o que eles estavam fazendo por ela. Juzy estava ajudando-a de todas as formas possíveis, mesmo que todo dia tentasse convencê-la a ficar com o bebê. E Tarris, já não parecia ajudar Sophie só por causa de Julia. Havia se tornado amigo dela também.
Claro que não da maneira que ele era amigo de Juzy. Vira e mexe era bem estranho ver os dois se agarrando, ainda mais quando eles não conseguiam passar um minuto sem mandar um ao outro à merda.
Acontece que Julia e Tarris mantinham uma espécie de amizade com benefícios bem esquisita. Assim que Sophie pôde ficar sozinha com ela, no primeiro dia que chegou à Inglaterra, Julia havia dito que Tarris havia se tornado seu melhor amigo ali pois sua história era muito parecida com a dela, com a diferença que a garota que ele amava teve de ir. Eles tinham ficado apenas uma vez antes de se conhecerem, e então Julia simplesmente o descartou como andara fazendo com todos os garotos. Até o dia em que Tarris apareceu em sua porta e brigou com ela por estar tratando-o mal quando ele nem sequer gostava mesmo dela. Julia brigou de volta, argumentando quase a mesma coisa, e então os dois começaram a chorar. Falaram e escutaram sobre as pessoas que amavam e sentiam saudade, e nesse mesmo dia, dormiram juntos.
Essa foi uma história bem esquisita para Sophie, ela confessava, e até mesmo o disse para Julia assim que ela terminou de relatar. Para a sua surpresa, a amiga concordou plenamente, mas disse que Tarris fora uma das melhores coisas que lhe acontecera na Inglaterra. Os dois passaram a conversar e desabafar um para o outro frequentemente, e aplacar um pouco da carência juntos. Criaram uma amizade colorida intensa e esquisita. Mas Julia não gostava dele, e nem ele gostava dela. Eles apenas... tentavam levar a vida enquanto a vida não os levava para as pessoas que amavam.
Mesmo que Julia houvesse ficado meio abalada por saber que Tarris era o único garoto com quem havia dormido depois de Nate. Obviamente ela não confessava isso, mas Sophie conseguia ver em seus olhos. Conhecia sua melhor amiga e sabia que ela sentia saudades como ninguém.
Ninguém além de, talvez, a própria Sophie.
— Você não tinha que estar em jejum para fazer o ultrassom? — Julia perguntou, deixando a sacola de mercadorias em cima da mesa de centro da cozinha pequena, mas não minúscula, do apartamento das duas.
— Não — Sophie respondeu, indo em direção à sacola e abrindo-a. Julia havia comprado um sorvete de morango e uma lata de morango em calda. Espertinha. — É o ultrassom, não o hemograma. Posso comer.
— Ah — Julia deu ombros, sentando-se à mesa. — Putz, estou cansada. Te contei que vou ter que começar a estagiar de graça depois do segundo módulo?
Sophie fez que sim com a cabeça, enquanto tentava abrir o pote de sorvete. Lacre do inferno.
— Você ainda tem seis meses sem estágio pela frente, relaxe — ela disse, fazendo um pouco mais de força.
Julia bufou e retirou o pote das mãos dela.
— Tudo bem — disse ela, abrindo o pote de uma vez e entregando-o a amiga. — Você diz pra eu relaxar por que tudo o que você faz é ficar tocando piano. — Sophie sorriu enquanto colocava uma porção de sorvete na tigelinha que havia escolhido. Julia abriu a lata de morangos. — Eu que tenho que estudar em outra cidade, logo terei que trabalhar de graça e ainda tenho que suprir os seus desejos de gravidez. Vou te contar, essa vida de pai é bem difícil.
Sophie gargalhou alto e colocou três morangos no sorvete. Por mais frio que estivesse fazendo ali naquela hora, sinceramente, aquele era o melhor sorvete que ela já havia tomado. Melhor talvez até do que o da sorveteria em frente à praça que havia em Franklin.
— Eu tô falando sério — disse Julia. — E me dá um pouco de sorvete por que eu também sou filha de Deus.
Sophie sorriu, entregando sua tigelinha para Julia, que tomou uma colherada.
— Tocar piano não é tão simples quando parece, se quer saber — Sophie disse, sorrindo. — E assim que esse bebê nascer eu vou começar a dar aulas, então pare de reclamar.
Julia fez que não com a cabeça.
— Eu sinceramente duvido — disse, retirando a colher da mão da amiga para tomar mais um pouco de sorvete. — Enfim, pronta para a primeira ultrassonografia... alguma-coisa-lógica?
— Morfológica — Sophie bufou, retirando a colher da mão de Julia que havia comido um morango inteiro de uma só vez. Por favor! — Você parece mesmo um pai, meu Deus. Tão atencioso quanto um homem.
— Você sabe que eu sou basicamente um garoto — ela deu ombros. — Só que garota.
Sophie semicerrou os olhos, claramente não entendendo a última frase da amiga. — Você não é... normal.
— E daí? — Julia tomou a tigela de Sophie de vez. — De qualquer forma, estou certa sobre o sexo do bebê. Será menino.
Sophie riu alto. Mesmo que soubesse que o bebê tecnicamente não era dela, estava mesmo bastante curiosa para saber o sexo dele, sobretudo quando Julia dizia que era menino desde o momento em que soubera da gravidez.
Pegou-se olhando para baixo mais uma vez. Sua barriga já estava aparente, nos seus cinco meses, mas quase não dava para notar se ela usasse seu casaco grosso, ainda mais nesse frio de janeiro. O aquecedor do apartamento lhe dava a liberdade de usar apenas um moletom. Sophie acariciou a barriga levemente. Você é menino ou menina? De qualquer forma, provavelmente vai ser um neném bem fofo, caso puxe o pai.
Sophie sorriu consigo mesma e levantou os olhos, vendo Julia acabar com o sorvete que supostamente seria dela. Já ia abrir a boca para protestar quando...
O bebê mexeu.
Sophie sentiu-se paralisar por completo, com a única exceção de sua barriga. Sentia pequenas pontadinhas, e... oras, não dava para explicar, ela apenas sabia que havia algo se mexendodentro dela. Levou a mão à barriga imediatamente, sentindo o neném (ou a neném), tanto dentro de si quanto em sua mão.
Seus olhos começaram a lacrimejar.
— Juzy... — ela murmurou, fazendo a amiga encará-la com uma linha de confusão desenhada no rosto. — Tá mexendo.
Julia gritou alguma coisa que Sophie não identificou e preferiu não identificar. O bebê estava mexendo! Dentro dela! Caramba, isso era tão surreal, e tão... emocionante! Meu Deus, havia uma vida se mexendo dentro dela! Ela estava... carregando uma criança ali.
Claro que Sophie sabia que estava grávida, mas... Deus, agora o bebê estava se mexendo! Dentro dela! Era como se finalmente a ficha houvesse caído. Até agora, de indícios que estava mesmo grávida, ela só tivera os enjoos terríveis, o sono durante o dia, a insônia durante a noite, os hormônios malucos... mas agora... agora o bebê estava se mexendo dentro dela. Isso era apenas tão... caramba, não dava para dizer!
Julia agora havia colocado a mão por dentro do moletom de Sophie. O bebê não havia parado de mexer, e um sorriso amplo havia nascido no rosto dela. Graças a Deus ela estava presente nesse momento! Só Julia sabia o quanto queria ver o bebê se mexendo pela primeira vez, e agora ele estava lá, chutando a barriga de Sophie e fazendo-a ficar com lágrimas nos olhos.
— Bom dia, moçada — elas escutaram a voz britânica de Tarris adentrar o lugar, vindo da sala. Ele tinha uma chave reserva do apartamento e entrava quando bem entendia.
— PÔNEI, CORRE AQUI, O BEBÊ TÁ MEXENDO! — Julia gritou tão alto que Sophie sentiu seus ouvidos ressoar. Gargalhou. Sim, Tarris, o bebê está mexendo! Dentro dela! Sophie não conseguia parar de sorrir. Isso era tão incrível.
Logo Tarris apareceu, atropelando tudo o que vinha pela frente. Tropeçou em uma cadeira e caiu de joelhos no chão, mas se levantou tão rápido quanto caiu. Sophie gargalhou quando ele empurrou Julia para colocar sua mão sobre a barriga dela.
— Dá um chute no irmãozinho, garotão — ele sussurrou, enquanto o ser que estava dentro da barriga de Sophie continuava a se mexer levemente. Quando sentiu a pequena pontada do bebê, ele apenas começou a sorrir assim como as meninas ali faziam. — Cara! Que bom que cheguei agora. Estava com um pressentimento de que...
— Cale a boca — Julia o interrompeu, tentando de todas as maneiras empurrar a mão dele da barriga de Sophie. — Você está estragando o momento.
Tarris pareceu não ligar e continuou com a mão sobre a barriga de Sophie até que as mexidinhas cessassem, poucos minutos depois. Estava elétrico, cara! Mesmo que soubesse do plano de Julia, oras, ele havia criado realmente uma ligação com Sophie. Além do mais, agora que finalmente começara sua faculdade, Tarris andava meio obcecado por tudo o que envolvesse um processo médico.
Após toda a euforia se dissipar e Tarris comer um ou dois morangos em calda, eles se dirigiram ao St. Mary’s Hospital, onde o Dr. Raphael Felton era um dos principais obstetras. A consulta estava marcada para as 14h e todos estavam meio curiosos para saber como seria. Tarris e Julia brigavam sempre que possível sobre o sexo do bebê, e a Prof. Camie (Sophie não se acostumara a chamá-la de outra forma), estava mais como Sophie: curiosa, mas sem arriscar um palpite.
A Prof. Camie e o Dr. Raphael eram mesmo pessoas incríveis, Sophie notara. Quanto mais os conhecia, mais gostava da ideia de que eles cuidariam do bebê. Soph não sabia se conseguiria deixá-lo em um orfanato. Achar duas pessoas que fossem experientes e tivessem a estrutura para criá-lo fora uma benção.
Mesmo que Julia discordasse.


[...]



Sinceramente, se Sophie tivesse mais de duas mãos agradaria mais, pois poderia apertar a mão de todas as pessoas que queriam segurá-la naquele momento. Enquanto Camie segurava sua mão esquerda, Tarris e Julia discutiam pela direita.
— Crianças — a face calma, porém segura do Dr. Raphael Felton fez com que Julia e Tarris se calassem no mesmo momento. — Estamos em um hospital. Façam silêncio.
Julia torceu os lábios.
— Sim, tio, desculpa — disse em tom de arrependimento, virando-se para Tarris logo depois e distribuindo tapinhas pelo seu ombro, murmurando um “cala a boca, moleque idiota”.
Sophie puxou sua mão direita e sorriu. Era melhor não criar nenhum motivo de discussão entre aqueles dois agora.
— Nervosa? — Camie perguntou à Sophie, que sorriu, sentindo um arrepio passar pelo seu corpo quando o Dr. Felton passou uma espécie de gel na parte inferior de sua barriga. Era gelado, extremamente gelado, e o Dr. Raphael passava sem nenhuma cerimônia.
— Na verdade... curiosa, eu acho — Sophie apenas deixou que as palavras saíssem de sua boca. Não sabia o que responder, na verdade, uma vez que a criança não seria direcionada a ela. Mais ou menos.
— Certo — o Dr. Felton terminou de passar o gelzinho e apertou alguns botões no aparelho do consultório branco, segurando uma espécie de radinho com a mão direita. Era incrível a forma que ele estava completamente confiante e profissional mesmo que soubesse que iria criar o bebê que estava prestes a ver pelas ondas sonoras que o aparelho transmitia. — Todos prontos para ver o garotão ou a garotinha?
— Por que o garoto tem que ser colocado no aumentativo e a garota no diminutivo? — Julia perguntou para o doutor, erguendo uma sobrancelha. Camie riu. — Isso é machismo.
— Não é — Tarris discordou e Sophie revirou os olhos. Eles iam começar de novo. — Garotão dá uma impressão de um garoto forte e saudável, hetero. Garotinha dá a impressão de uma garota saudável, mas ao mesmo tempo, sensível, meiga e bonita. Hetero.
Julia semicerrou os olhos.
— Eu não sou uma garotinha — disse, quase indignada. — Não sou sensível e muito menos meiga. E nem por isso sou homossexual.
Tarris ergueu uma sobrancelha, debochando.
— Sério mesmo? Ainda tenho minhas dúvidas...
Sophie viu o Dr. Felton sorrindo e ignorando o filho e sua amiga. Sinceramente, aqueles meninos tinham o dom de discutir por seja lá o que for.
Lentamente, Raphael encostou o aparelho de ultrassonografia na barriga da jovem garota que estava deitada sobre a maca do consultório obstetra do Hospital de St. Mary. Tarris e Julia, como se ouvissem novamente sua voz rígida, calaram-se imediatamente e se puseram a olhar o monitor que começou a produzir um borrão. O Dr. Felton sorriu de orelha a orelha.
— Ali está o neném — ele disse, ainda passando o aparelho pela barriga de Sophie. Esta, não conseguia desgrudar os olhos do monitor, sentindo um frio na boca do estômago, sem nem notar que um sorriso havia aflorado em sua face jovial. O aperto que sua professora de piano dava em sua mão ficou mais forte.
— Ele mexeu hoje — Sophie não notou quando as palavras saíram de sua boca, mas lembrou-se claramente da mesma emoção que sentiu no momento em que o bebê finalmente mostrara algum sinal de que estava ali, dentro dela, provocando todos aqueles hormônios esquisitos, alimentando-se e ficando pronto para vir ao mundo.
— Sério? — Camila perguntou, olhando nos olhos de Sophie. Seus globos castanhos vivos brilhavam com tanta intensidade que a garota se perguntou se ela estava com tanta vontade de chorar quanto a própria Sophie estava. — E como foi?
Sophie deixou com que seu sorriso ficasse maior.
— Foi... — ela respirou, pensando um pouco — ...mágico. Foi mágico.
Camie sorriu, sem largar a mão da jovem à sua frente.
— Posso imaginar — disse ela. — Minha gravidez do Tarris foi toda uma bênção. Mágico é um... ótimo adjetivo para a primeira vez que o bebê mexe.
— Eu não estava preocupado, mas o usual seria que o bebê tivesse começado a mexer no mês passado — Raphael disse, ainda passando o aparelho pela barriga de Sophie, com os olhos grudados no monitor. — E pelo que vejo, estou feliz em dizer que seu bebê está perfeito, Soph.
Sophie suspirou de alívio, mesmo que não estivesse pensando em nada de ruim pudesse acontecer com o bebê. Tinha lido um monte sobre isso na internet, e aparentemente, sua gravidez corria como qualquer outra. Apenas depois de ficar aliviada e sentir um calor invadir seu coração, Sophie refletiu sobre a frase do Doutor.
Seu bebê.
— Não será meu bebê, Doutor — ela murmurou, tentando manter o seu sorriso no rosto. — Será seu.
Raphael sorriu sinceramente outra vez, como se esperasse por aquilo. Olhou para Camie, que compartilhou de seu sorriso maroto e assentiu levemente com a cabeça.
— Pois bem, Soph — disse ele, retomando seu tom profissional e inegavelmente simpático. — Pode ver aquela dimensão um pouco mais esbranquiçada, meio oval? É a cabeça do bebê. Ali... fica o fêmur. O crescimento do fêmur, da cabeça e do osso da coxa, logo ali, está perfeitamente normal para um feto de vinte semanas. Sua placenta também está em uma ótima localização. Eu esperava que ela estivesse bloqueando o colo do útero, uma vez que você ainda é muito jovem, mas seu corpo está trabalhando perfeitamente. E o do bebê também.
— Legal, agora vamos ao que interessa — Julia disse, fazendo com que as pessoas ali rissem e Tarris murmurasse um “eu já sei”.
— Da última vez que fizemos a ecografia ele não estava numa boa posição. Mas agora eu consigo ver tranquilamente — Raphael sorriu novamente. — Acho que o garotão se mexeu para nós.
Sophie não se preocupou em conter a risada que escapou de sua garganta, enquanto escutou Julia gritando “eu sabia!”. Mas mesmo que sua risada houvesse ecoado como uma demonstração de alegria, para ela, também havia uma grande parcela de mágoa. Subitamente passou pela sua cabeça todas as vezes em que ela e Luke fizeram planos sobre como criariam ou qual seriam os nomes de seus futuros filhos. Subitamente passou pela sua cabeça todas as vezes que ela vira uma gravidez acontecendo e a felicidade de uma mãe quando sabia o sexo do seu bebê. Sarah, por exemplo, falou para tantas pessoas que Adam era um menino que o blog da Paris Hilton soube disso antes de Hayley. Lilian, por sua vez, quando soube que Jodie era menina, comprara todo o enxoval de uma vez, em tons de rosa bebê e branco, além de ter deixado todos os seus alunos saberem disso no dia seguinte. Sophie se lembrou de todas as crianças pequenas que conhecia. Adam, Jodie, Claire, Erich, os mais próximos. Lembrou-se de Henry, o garotinho do avião que era parecidíssimo com Luke e que se mostrara a pessoa mais atenciosa que ela já vira. Sua mãe não devia ter mais de vinte e quatro anos. Como será que se sentira quando descobrira que Henry era um menino?
Independente da sensação que passava por Sophie agora, não deveria passar. Ela podia estar gerando o bebê, mas não o criaria. Não era a mãe dele.
Por isso ficou calada conforme o Dr. Felton continuava fazendo o resto da ultrassonografia. Como era a primeira vez que eles faziam a morfológica, Raphael continuou examinando por uns bons vinte minutos. Conversava com Tarris sobre alguns assuntos que as demais pessoas ali não entendiam bem, sorria simpaticamente, falava com Sophie e com Camie e, mais frequentemente, pedia silêncio para Julia e Tarris, que agora estavam discutindo sobre Julia ter tido razão em relação ao sexo do bebê. Finalmente, Raphael pediu para que eles saíssem da sala, o que fez Sophie sorrir. Eles estavam realmente insuportáveis.
— Sabe, Soph — Camie começou a dizer, assim que o exame acabou e Sophie limpava sua barriga com algumas toalhas de papel. — Eu e Raphael chegamos a um consenso.
O Dr. Felton sorriu e assentiu muito levemente com a cabeça.
— Estávamos pensando sobre... — ele começou, retirando suas luvas — ...o nome do bebê.
— Decidimos que se fosse menina, nós escolheríamos — Camila retomou. — Natalie. Sempre fui apaixonada por esse nome. — A mulher riu, segurando uma mão na outra. Parecia mais do que feliz e, apesar de tudo, tranquila. — Mas já que você está esperando um menininho... bem, nós pensamos que você poderia escolher o nome.
Certo, Sophie havia sido pega de surpresa. Ela ergueu as sobrancelhas, encarando as pessoas a sua frente, o rosto sereno do Dr. Raphael e os olhos hipnotizantes de Camie, depositando total confiança nela. Nem sequer havia pensado nisso, e era uma escolha que necessitava de tanto tempo... e essa seria uma tarefa dos Srs. Felton, não? Eles criariam o bebê, portanto eles deveriam escolher o nome, mesmo que não fosse uma menina, não é? Sim, é verdade. Mas quando Sophie abriu a boca para dizer que não poderia fazer isso, ela... subitamente sentiu uma vontade de não o fazer. Uma vontade de contribuir em alguma coisa para o bebê em seja lá o que for. Queria fazer a diferença na vida dele, mesmo que soubesse que isso não era certo, e que ela não deveria sentir esse tipo de coisa. Mas agora ela tinha a oportunidade. Agora... ela tinha a oportunidade de fazer uma diferença. Uma, apenas.
Foi por isso que ela sorriu melancolicamente e disse, não muito alto:
— Henry Lucas — sua voz saiu mais rouca do que ela planejava e Sophie precisou pigarrear. Engoliu seco. — Henry Lucas é o nome que eu daria para ele.


[...]


15 de maio, 18h42min.
Tarris dirigia como louco e sentia o suor frio escorrer pela sua nuca. Respirava freneticamente, segurava o volante com o triplo da força necessária, pegava todos os atalhos possíveis para poder chegar ao hospital. Droga de trânsito. Era uma terça-feira, por que as pessoas não estavam em suas devidas casas ao invés de estarem em seus carros, nas ruas, tumultuando-as? Sinceramente, Tarris já tivera que dirigir de Oxford até Londres, uma viagem que geralmente levaria 56min, em meia hora. E agora as pistas de Londres estavam tumultuadas. Justamente quando ele mais precisava que elas estivessem vazias. Ele murmurou um xingamento e escutou Sophie gritando no banco de trás, fazendo com que os pelos de sua nuca se arrepiassem. Merda!
— Quanto tempo? — perguntou ele, sua voz desgastada e desigual.
— Cinco minutos! Corre, Tarris! — ele escutou a voz de Julia quase tão medrosa quanto a dele. Também era excepcionalmente audível o ofegar de Sophie, o que apenas lhe dava mais medo.
Graças a Deus o trânsito abriu. Tarris conseguiu sair do engarrafamento e não se importou com os sinais vermelhos que passou, ou as placas que ultrapassou o limite delimitado. Droga, que se dane! Sua amiga estava quase entrando em trabalho de parto!
Tarris olhou no relógio do painel do carro. 18h47min. Como mágica, escutou Sophie gritar novamente, quase sem conseguir aguentar as contrações. Caramba, se ele soubesse que seria hoje, não teria ido à faculdade. Ela já deveria estar no hospital há, no mínimo, duas horas!
Tudo bem, Tarris, se acalme. Entrar em pânico não vai ajudar em nada, essa era uma lição valiosa que ele escutava quase todos os dias em sua faculdade ou mesmo de seu pai. Só precisava ficar calmo, tudo correria bem. Fique calmo e dirija o mais rápido que puder.
Sophie gritou outra vez.
— Estamos quase lá! — ele gritou, sem se arriscar a olhar para trás. Não queria ver o rosto de Julia transbordando medo ou o de Sophie, chorando de dor. Pisou fundo no acelerador quando achou uma pista tecnicamente vazia e, finalmente, avistou o edifício enorme do hospital. Já havia ligado para Raphael, que na realidade estava se arrumando para encerrar seu plantão. Obviamente ele decidiu ficar no hospital. Mesmo depois de trinta e seis horas de trabalho contínuo.
No mesmo momento em que o carro de Tarris parou no estacionamento do hospital, ele puxou o freio de mão com toda a força que tinha e saiu correndo do carro, gritando para Julia que iria buscar a cadeira de rodas.
Sophie gritou de dor mais uma vez, e Julia olhou para o celular que estava em sua mão, melado de suor frio. Três minutos de intervalo entre as contrações. Merda, a bolsa dela já ia estourar! Tarris precisava chegar muito rápido, ela teria de ir diretamente à sala de parto, com certeza. Julia apertou a mão da amiga, que estava praticamente deitada em seu colo e deixou um beijo no topo de sua cabeça, murmurando para ela ser forte.
Sophie não respondeu, mesmo que houvesse escutado. Estava doendo tanto! Não se lembrava de sentir absolutamente nada parecido. Sua barriga se endurecia e ela sentia como se fosse desmaiar, não conseguia conter os gritos que saíam de sua garganta, por que a dor era demais. Não havia nada pior, ela tinha certeza disso. Não havia nada com que comparar, nem mesmo as suas piores crises de cólica. Talvez, sim, mas multiplicado por mil.
— Henry quer sair — Julia murmurou, deixando um sorrisinho escapar em seguida. — Se acalme, pequeno Lucas, você já vem ao mundo.
No mesmo momento em que a barriga de Sophie endureceu novamente e a dor insuportável da contração se fez, Tarris abriu a porta de trás de seu próprio carro. Seguido de duas enfermeiras, ele estava com uma cadeira de rodas, uma vez que Sophie não conseguia mais andar. Fala sério, ela mal conseguia pensar! A dor estava tão terrível! Julia saiu do carro e Tarris pegou-a no colo, colocando-a sobre a cadeira de rodas logo depois.
Sophie, com a mão sobre a barriga, apenas sentiu que estava sendo levada para dentro do hospital. Sua cabeça rondava, sua barriga doía tanto, seu corpo estava domado pelo medo. E se algo desse errado?
Procurou Julia com os olhos, mas ela já não seguia mais a cadeira de rodas. Droga, onde estava Julia? Ela precisava... de alguém conhecido ali. Onde estava Tarris? Também não seguia mais a cadeira de rodas, ela estava sendo levada por duas enfermeiras estranhas. Sentiu outra contração e gritou. Mas dessa vez, ela também sentiu um líquido saindo.
Sua bolsa estourara.
Sophie entrou em pânico, sentindo a dor dessa contração mais forte ainda do que era antes. Agarrou-se ao encosto da cadeira de rodas e apertou com toda a força que tinha, gemendo, gritando tamanha era a dor que se dava em sua barriga. As enfermeiras diziam alguma coisa que Sophie não escutou, e apenas perguntou onde estavam Tarris e Julia. Não ouviu resposta, e sentiu uma outra contração em seguida. Não havia se passado nem sequer um minuto dessa vez! Sophie sentiu as lágrimas saírem de seus olhos enquanto gritava e gemia, agarrava a cadeira, quase desmaiava com a dor indescritível que se fazia em sua barriga. Sua cadeira de rodas foi levada a uma das tantas salas do Hospital de St. Mary e Sophie mal notou quando as duas enfermeiras retiraram suas roupas e a vestiram com a roupa própria do hospital. Outra contração, outro grito. Subitamente Sophie sentiu mais ainda a necessidade de ter alguém conhecido ao seu lado agora. Melhor, ela queria sua mãe ao seu lado agora. Queria que ela estivesse ali, apertando sua mão, transmitindo toda a sua inegável confiança para ela, dizendo que tudo iria ficar bem. Queria Hayley agora. Mais do que jamais quisera em sua vida.
Ela foi colocada de volta na cadeira de rodas, que logo entrou em uma sala branca, completamente equipada com aparelhos que ela não perdeu tempo prestando atenção. Vários enfermeiros já estavam lá e ela reconheceu os olhos de Tarris por detrás de uma máscara, ficando imediatamente aliviada. O Dr. Raphael, sem o seu sorriso calmo, ajudou-a a se deitar em uma maca própria para o parto no mesmo momento em que outra contração veio. Uma das enfermeiras que a acompanhou gritou “trinta segundos” para o Doutor, que demonstrou preocupação.
— Por que não a trouxe antes? — ele quase bronqueou Tarris, que estava ao seu lado.
— Ela só me ligou quando a contração vinha de hora em hora! — ele disse, meio desesperado também, mas respirou fundo, tentando manter a calma.
Raphael fez que sim com a cabeça, enquanto uma enfermeira aproximou-se dele com uma seringa.
— Escute, Soph, eu vou aplicar a anestesia agora, certo? — ele perguntou, mas já injetando o líquido em Sophie, que gemeu de dor. Segurou nas duas barras que a maca apresentava, as lágrimas causadas pela contração ainda saindo pelos seus olhos.
Estava na hora. Sophie sentia que se fizesse força, Henry sairia. Estava na hora. A contração já era tão forte que era apenas impossível ela aguentar durante muito tempo. Não estava dando mais.
— Eu não aguento mais, Raphael — ela gritou com sua voz chorosa, segurando-se a maca. — Não dá!
— Vinte segundos — a enfermeira que estava ao lado de Sophie disse para o Dr. Felton, que assentiu levemente com a cabeça e fez um gesto com suas mãos enluvadas para que outra enfermeira se aproximasse.
— Vou fazer um pequeno corte no canal — ele disse para Sophie, calmo — para facilitar a saída do bebê. Não se preocupe, não vai doer, já apliquei a anestesia, certo? Seja forte.
Mas doeu.
Sophie não sabia que tipo de anestesia havia sido aplicada, mas de qualquer forma, não deu tempo para que ela reagisse. Ela sentiu o bisturi e sentiu o corte, o que a fez chorar e gritar de dor mais uma vez. As contrações estavam cada vez mais frequentes e ela já estava tão exausta. Não aguentava mais. Não queria mais. Queria acabar logo com aquilo, meu Deus, era dor demais. Era dor demais.
— Soph, agora olha pra mim — disse o Dr. Raphael Felton, encarando-a nos olhos —, você vai respirar fundo, e quando a contração vier, faz força para baixo. Certo? Toda a força que você puder.
Sophie não conseguiu assentir com a cabeça e escutou a voz de Tarris com um “fica tranquila, gatinha, você já vai sair dessa” antes de uma contração acontecer.
Não teve tempo para pensar. Agarrou-se as barras e fez toda a força que pôde, gritando mais alto do que jamais havia gritado em sua vida, sentindo a dor se apoderar de todo o seu corpo de uma maneira avassaladora e indescritível. Suava completamente, chorava, gritava, berrava, fazendo toda a força que podia. A contração acabou, e o bebê não havia nascido.
— Certo — Raphael disse —, vamos, Soph, faça força! Agora é com você, seja forte! Na próxima contração, faça força, toda a força que puder, ok? Respire! Vamos!
Mais uma contração. Mais dor. Mais força.
Sophie fez toda a força que pôde para baixo, a dor da contração tomando conta dela, as lágrimas escorrendo de seus olhos, os berros ecoando pela sua garganta.
— Já estou vendo o cabelinho dele! — Raphael gritou, e mesmo que estivesse com a máscara no rosto, Sophie soube que ele estava sorrindo. — Vamos, querida, força!
Dessa vez, a contração veio seguida de outra. Simplesmente parecia que não houvera intervalos. Sophie gritou com o triplo da energia que tinha e, com suas mãos brancas e exaustas, agarrou as barras. Colocou toda a força que havia em seu corpo para baixo.
E estão escutou um choro.
Sentindo um alívio apoderar-se dela, Sophie não parou de chorar. Deixou todos os seus músculos relaxarem sobre a maca, chorando, sentindo o aperto da mão de Tarris que murmurava que já havia acabado, como se estivesse consolando uma criança que acabara de ter um pesadelo.
Mas não era um pesadelo. Era um milagre divino. Mais uma vida que a Terra ganhava.
Henry Lucas, o filho de Luke e Sophie, havia nascido. Numa terça-feira, 15 de maio, às 19h45min.
O Doutor Raphael cortara o cordão umbilical e agora segurava um pequeno ser, completamente ensanguentado, entre algumas toalhas brancas.
— Quer ver o meninão? — ele perguntou para Sophie, que chorando, fez que não com a cabeça.
Já havia conversado sobre isso anteriormente com o Doutor Felton. Sophie não podia vê-lo. Não queria ver e olhar para o rostinho do garoto que... afinal, ela iria praticamente abandonar. Não sabia se era capaz.
Não sabia se seria capaz de deixá-lo ir caso o visse.
Por isso ela virou o rosto, incapaz de falar qualquer coisa, deixando as lágrimas saírem tranquilamente de seus olhos. Acompanhado do alívio que sentia por não haver mais dor, ela sentia uma grande tristeza por ter passado por aquilo, afinal. Tristeza por ver o garoto que ela carregara por nove meses na barriga, saindo daquela sala nos braços de uma enfermeira. Tristeza por saber que aquela era a última vez que o veria. Seu filho, filho de Luke, saía por aquelas portas para longe de seus verdadeiros pais.
Mas era isso o que ela queria.
O médico, Dr. Raphael Felton, dissera a Sophie que ela teria de ficar no hospital durante três dias, internada, para recuperar-se do parto. Eram regras. Ela precisava se recuperar dos pontos que havia levado e precisava, acima de tudo, descansar, pois o ato de dar à luz havia tomado toda a sua energia. E ainda havia o fato de ela ser muito nova, é claro.
Sophie adormeceu assim que parou de chorar, depois de tomar banho e ser levada para uma outra sala. Tarris, que a acompanhara, explicou o que Julia não estava com ela na hora do parto por que já estava descontrolada o suficiente quando chegou ao hospital. Provavelmente, quando visse todo o sangue e todo o desespero de Sophie desmaiaria, e tudo o que eles menos precisavam era de outro paciente. Como Sophie não poderia receber visitas ainda naquele dia, ela deixou-se adormecer depois de pensar em tudo. Sua família em Nashville, seus amigos, Luke, Raphael e Camila, Tarris e Julia e, por fim, Henry. O pequeno Henry. O filho que ela gerara, mas que não seria dela.


Acordou no dia seguinte apenas para tomar os remédios anti-inflamatórios e o café da manhã que a enfermeira lhe havia trazido, mas não conseguiu dormir depois disso. Mesmo que já estivesse praticamente “livre”, sua cabeça continuava cheia. Cheia de culpa, cheia de incerteza, cheia de mágoa, cheia de saudade, cheia de raiva dela mesma. Cheia de tudo.
Julia apareceu logo depois, trazendo uma caixa de bombons de licor (uma vez que Sophie não ingerira álcool quando estava grávida). Parecia imensamente tranquila e fez Sophie rir algumas vezes. Nem parecia a mesma pessoa que tantas vezes a olhou com reprovação, dizendo “se eu não fosse tão egoísta e quisesse você aqui, eu ligaria para o Luke e para Hayley agora mesmo”.
Depois Tarris e Camie apareceram. Com certeza, Tarris parecia muito mais com a mãe do que com o pai, uma vez que o Dr. Raphael era uma das pessoas mais calmas que ela já havia conhecido. Diferente de Julia, que abordara um monte de assuntos cotidianos, eles passaram a maior parte do tempo falando sobre o bebê. Dizendo que ele era o mais bonito do berçário inteiro, que quase não chorava e era muito calmo, que era extremamente fofo e que não parava de sorrir, que as enfermeiras estavam superapaixonadas por ele.
E ao mesmo tempo que Sophie gostava de saber as notícias sobre Henry e sua primeira aventura no berçário, ela não gostava. Sentia-se como se estivesse quebrando uma regra, afeiçoando-se ao bebê (mesmo sem o ver). Tarris e Camie tinham o direito de ficarem animados com o nascimento de Henry. Lógico, afinal, Camie seria sua mãe e Tarris seria seu irmão. Mas Sophie...
Sophie não seria nada para ele. Apenas a mulher que o abandonou.
Quando mãe e filho saíram do seu quarto, ela estava exausta. Sentia-se mais do que mal. Sentia-se suja por estar fazendo tudo aquilo. Sentia-se horrível por estar realmente abandonando o seu filho. Ela não deveria fazer isso. Não deveria.
— Soph? — ela ouviu a voz do Dr. Felton e secou imediatamente a lágrima que havia escorrido de seus olhos. Em seu rosto moreno, havia aquele mesmo sorriso sincero e sereno de sempre. — Como está?
Sophie tentou sorrir.
— Me sinto bem — ela disse, mentindo, em parte. — Bem melhor do que ontem. Nunca senti tanta dor.
— É natural — Raphael assentiu. — Mas tudo correu perfeitamente bem. Henry nasceu com 52 cm de altura e pesa 3,500kg. É um garotão enorme e muito forte.
Sophie não conseguiu conter a lágrima que saiu de seus olhos, e nem o sorriso que aflorou em sua face. Mas não respondeu.
— A questão, Soph — continuou Raphael —, é que ele precisa ser amamentado. E o estoque do banco de leite está no vermelho.
Sophie sentiu um arrepio correr por toda a sua espinha. O que o Dr. Felton queria dizer...
— Eu não posso retirar leite de outras crianças e dar a Henry, quando a mãe dele está logo aqui, pronta para amamentá-lo — continuou o médico, segurando suas próprias mãos.
— Mas nós já conversamos sobre isso, Dr... — Sophie olhou para baixo, procurando sua própria voz para dizer tudo aquilo. — Eu... não posso... não posso vê-lo. Não quero.
Para a sua surpresa, Raphael sorriu.
— Mas você não quer que nada de mal aconteça a ele, certo? — perguntou ele, e Sophie negou imediatamente com a cabeça. — Só você tem o leite para ele, Sophie. Se não for você, ele não será alimentado. Estará, portanto, aberto a doenças... e bebês recém-nascidos são muito frágeis. Se ele não receber os devidos cuidados, pode não sobreviver.
Sophie sentiu o sangue fugir de seu rosto e suas mãos ficaram geladas. Raphael estava brincando, não estava? Henry não corria esse risco, corria? Não podia ser, oras, ele acabara de dizer que Henry nasceu maior do que o normal e era um garoto forte. Não... podia ser!
— Só você pode amamentar essa criança, Soph — Raphael se levantou da cadeira onde havia se sentado. — Posso mandar a enfermeira trazê-lo?
Olhando para as próprias mãos, Sophie assentiu com a cabeça. Viu Raphael sorrindo antes de sair do quarto.
Sophie não queria vê-lo. Não sabia o que faria se o visse. E mais, nem sabia como se amamentava uma criança! Sophie era completamente inexperiente e não tinha o mínimo de noção quando o assunto era cuidar de um bebê. Tudo bem, ela perdeu as contas de quantas vezes cuidou de Jodie ou de Claire, mas o assunto era outro quando filho não era dela. E ela nunca precisou amamentarninguém.
A porta se abriu, revelando uma enfermeira com um rosto simpático, carregando um bebê completamente embrulhado por uma manta azul. Sophie não conseguia vê-lo e se sentiu um pouco aliviada por isso.


(PlayNOW: Só Agora - Pitty)


— Vamos mamar, bebê? — ela afinou a voz para conversar com o bebê, que não emitia nenhum som sequer. Direcionou seus olhos para Sophie e sorriu de orelha a orelha, transmitindo para Sophie uma confiança que ela não sentia há muito tempo. Aproximou-se, inclinando o embrulhozinho azul para Sophie.
Seu coração disparou.
— Eu não... sei como segurá-lo — ela disse quando a enfermeira chegou até ela. Devagar, a mulher colocou o bebê em seu colo.
— Sabe sim — disse ela. — Toda mãe sabe.
Sophie, ainda com o coração batendo mais forte do que nunca, apoiou a cabeça do bebê em um braço e segurou suas costas com o outro. Sentiu sua mãozinha, tão pequena, agarrar seu colo, e então ela evitou olhar para seu rosto. Sua respiração estava desregulada, suas mãos tremiam e suavam, e ela não sabia o que fazer.
— Ele já sabe o que fazer — disse a enfermeira, sorrindo simpaticamente. — Apenas direcione a mama à boquinha dele.
Sophie assentiu com a cabeça e o fez da melhor maneira que pôde, o que ainda assim pareceu extremamente desajeitado. A enfermeira sorriu de orelha a orelha e disse que ela estava indo muito bem.
Então Henry começou a sugar, amamentando-se. Sua mãozinha, que antes estava no colo de Sophie, agora segurava sua mama, tranquilamente. Meu Deus, ele era tão pequeno, tão novinho, tão inocente. Já sabia exatamente o que fazer para se alimentar e parecia tão bem, tão em paz.
Sophie não olhou para o seu rosto. Não sabia por que estava fazendo isso, mas sentia que precisava evitá-lo. Não é seu filho, ela repetiu para si mesma em pensamento. Não podia olhá-lo. Não podia.
— Vou deixar vocês a sós — disse a enfermeira, sorrindo. — Volto em alguns minutos.
Então ela saiu porta afora, deixando uma Sophie extremamente confusa e cheia de medo, e um bebê alimentando-se sem ter a mínima consciência do mundo em que acabara de nascer.
Sophie continuava sentindo o líquido sendo retirado de sua mama. A mão tão pequenina vez ou outra mudava de posição, mas não saía dali, como se o pequeno menino quisesse segurar sua mãe até que se sentisse completamente satisfeito.
Não olhe para o rosto dele. Não olhe para o rosto dele.
Mas Sophie olhou. Foi mais forte do que ela. Ela precisou olhar para Henry, e não conseguiu conter as lágrimas que saíram de seus olhos assim que ela viu seu rostinho perfeito. Suas bochechas tão rosadas e seus lábios fininhos e rosadinhos, mamando, tão tranquilamente. Seu cabelinho castanho ondulado, exatamente como os de Luke, apenas era mais bonitinho. Sua sobrancelhinha tão bem moldada, da mesma cor de seu cabelo, logo acima de seus olhos que agora estavam fechados e seus cílios enormes. Seu nariz, pequeno e bem feito, era como se houvesse sido perfeitamente moldado para aquele rostinho de anjo.
Meu Deus. Henry era o bebê mais lindo que Sophie já vira em toda a sua vida.



Baby, tanto a aprender. Meu colo alimenta você e a mim.
Deixa eu mimar você, adorar você.
Agora, só agora.
Porque um dia eu sei, vou ter que deixá-lo ir.



A mão que antes segurava as costas do bebê se direcionou até sua bochecha. Sophie acariciou o rosto de Henry levemente, tentando controlar os seus soluços, sentindo seu coração inundar de todo tipo de sentimento que possa existir. Mas dentre eles, o que mais se destacava era a paz. A paz que a inocência daquele bebê transmitia a ela. A paz que ela sentia enquanto ele estava em seus braços, amamentando-se, fazendo a mais simples das tarefas que um bebê pode fazer, tão inocentemente. Henry estava em seus braços e Sophie se sentia... completa. Como se tivesse achado seu lugar no mundo.
Seus cabelos fininhos estavam emaranhados. Sorrindo e chorando ao mesmo tempo, Sophie passou os dedos pela sua cabecinha tão pequena e frágil, alinhando seu cabelinho desorganizado num mesmo sentido. O aperto leve que a mãozinha de Henry em sua mama ficou pouca coisa mais forte, e então ele abriu os olhos.
Sophie não conteve seu soluço quando Henry a encarou com aqueles olhos perfeitamente azuis como o céu limpo de verão e o mar. Azuis como... os olhos de Luke. Exatamente como os olhos de Luke.
Então a boquinha de Henry se curvou em um sorriso simples e sincero, mesmo que ele ainda estivesse mamando.
Olhando-a com os olhos mais perfeitos do mundo, Henry sorriu para sua mãe. Sua verdadeira mãe. Como se quisesse dizer a ela que estava feliz por estar ali.
— Belos olhos — Sophie disse, acompanhado de um soluço, enquanto Henry ainda sorria para ela e mamava ao mesmo tempo. — Você é o bebê mais lindo do mundo, sabia? — ela disse, limpando um bocado de suas próprias lágrimas. Ela riu, vendo o pequeno Henry Lucas se concentrar em se alimentar do leite que ainda havia em sua mama. Mas agora, mesmo que ele estivesse mamando com mais força do que antes, não quebrara o contato visual. Seus olhinhos azuis e perfeitos continuavam encarando Sophie, com tanta intensidade e calma que era simplesmente impossível... não se apaixonar.
Droga, o que ela estava fazendo? Henry era dela! Era o filho dela! Apenas dela, caramba, ela... não podia deixá-lo ir. Não podia entregá-lo para ninguém. Sophie era sua mãe, Sophie deveria criá-lo, por que apenas Sophie o amava com tanta intensidade.
Sophie o amava. Sophie amava Henry, seu bebê, de um modo que nunca havia amado nada antes em sua vida, e ela sempre soubera disso. Sabia disso enquanto estava grávida e sabia disso quando não quisera olhar para seu rosto, tão perfeito, tão inocente, tão jovial. Henry Lucas era filho de Sophie e de mais ninguém.
Ela não podia deixá-lo ir. Ela não iria deixá-lo ir.
— Me desculpa — ela sussurrou, entre seu choro copioso, segurando-o com mais força do que segurava antes. — Me desculpa por ter pensado nessa ideia maluca de não criar você, tá? Eu vou cuidar de você, Henry. Eu não vou te deixar. Eu vou dar tudo para que você seja feliz e para que não te falte nada. Eu prometo, meu bebê. — Ela deixou as lágrimas caírem de seus olhos, e Henry a olhou novamente, sem o seu sorriso tão lindo e acolhedor. Parara de mamar. Parecia quase preocupado. — Me desculpa — ela murmurou novamente. — Eu te amo, tá? Vou cuidar de você.
Os olhos de Henry começaram a encher-se de lágrimas também, e não demorou nada para que ele começasse a chorar. Um choro fino e agudo, o mesmo que ela ouvira no dia anterior, quando ele nascera. Sophie apertou-o contra si e forçou-se a engolir suas próprias lágrimas, balançando-o em seu colo, até que seu choro breve se cessasse. Ele bocejou e fechou seus olhinhos, adormecendo tão rapidamente que era quase impossível de se acreditar.
Sophie continuou chorando em silêncio, com o filho em seus braços. Seu filho. Seu.



Sabe, serei seu lar se quiser. Sem pressa, do jeito que tem que ser.
O que mais posso fazer? Só te olhar dormir.

Agora, só agora.
Correndo pelo campo, antes de deixá-lo ir.

Muda a estação... Necessários são.
Você a florescer... Calmamente, lindamente.


Ela parou de chorar não muito depois. Sophie não sabia como conseguira manter a ideia boba de dá-lo a alguém. Agora... simplesmente parecia tão simples. Ele era o filho dela, e Sophie iriasim fazer de suas tripas coração para que ele crescesse como uma criança feliz. Mesmo que o fizesse sozinha, sim, ela conseguiria. Daria um jeito. Sempre havia um jeito.
O que ela não faria era abandoná-lo.
A porta se abriu e Sophie sentiu seu coração se apertar. Não, ela não estava pronta para separar-se dele agora. Não podia se separar de seu filho agora! Precisava de mais um tempo, apenas mais um pouco, com ele. Não iria dá-lo a ninguém. Não iria separar-se dele.
— Soph? — ela viu o rosto do Dr. Raphael, extremamente calmo como sempre. Só que agora ele parecia mais feliz. — Como vão as coisas?
— Eu não posso — Sophie disparou. — Não posso, Raphael, não posso... me desculpe, eu não posso... não posso deixá-lo com você. Você e Camie. Me desculpe, eu não posso, ele... ele é meu filho. Eu não posso deixá-lo. Ele...
— Sophie, se acalme — o Dr. Felton continuava com seu sorriso no rosto, quase se divertindo. — Tudo bem, ele é mesmo seu. Não precisa se desculpar, querida, Henry sempre foi seu. Desde o início.
Sophie encarou seu médico com os olhos marejados e confusos. Raphael riu.
— Você é uma boa garota, Soph — ele foi dizendo, sentando-se na poltrona de frente para a maca em que ela estava sentada. — Eu soube disso assim que te vi. E melhor do que eu, Julia sempre soube disso. Ela sempre soube que você não iria conseguir dar Henry para adoção — ele explicava tão calmamente, mas o baque em Sophie era como se fosse um soco na cara. Julia. — Por isso ela me pediu ajuda. Para mim, Tarris e Camie. Por que ela sabia que você não conseguiria se separar de seu próprio filho, e só precisava de uns coadjuvantes. Portanto, não se preocupe. Henry é seu filhinho. Sempre foi. — O Doutor Felton se levantou, ainda encarando Sophie com o melhor dos sorrisos no rosto. — Gostaria de ficar mais um tempinho com ele?
Sophie, com os olhos lacrimejando, assentiu:
— Sim, sim, por favor. E obrigada.
Raphael sorriu antes de sair porta afora, deixando uma jovem mãe apaixonada pelo seu filho extremamente confusa e agradecida. Apenas Julia poderia pensar uma coisa dessas.
Sophie sorriu, limpando o resto das lágrimas e voltando a atenção para Henry que estava em seus braços. Seu bebê. O pequeno Henry Lucas Farro. Filhinho de Sophie.



Mesmo quando eu não mais estiver, lembre que me ouviu dizer.
O quanto me importei. E o que eu senti.

Agora, só agora.
Talvez você perceba, que eu nunca vou deixá-lo ir. Que eu nunca vou deixá-lo ir.
Eu não vou deixá-lo ir. 

Um comentário:

  1. Curti esse blog *---*
    Aeeeeeeeeeeeeeee não ficarei sem OAV *--*
    Vééi só digo uma coisa pro Nyah........ Chupa seus bostas. Vcs irão perde muitoooooooos leitores otariossssssssssssssssssssssssssss. U-u
    Entoom vamos leeeeeer
    Vééi Joee deu um ap. para a irmã *---*
    Q coisa mas fofaa.
    Isso mesmo vc tem q ficar com a amiga u-u, até pq né. E.e Ela ta gravida u-u
    PARA TUDOOOOOOOOOOOOOO.
    .
    .
    .
    .
    .
    Deixa ela tomar o sorvete primeiro u-u
    Agarrando¿¿¿¿¿¿ Tipoo agarro de beijos e tals¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿
    Uoooooooooooooooou
    AAAAAAAAA taaaaa uma amizade colorida e.e
    Dormiram juntos¿ Eles fizeram...¿ Preciso saber se sim ou se nãão ‘-‘
    Coitada vai ter q estagia de graça kkkkkkkkkkk
    Vida de pai kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Siim tbm acho q sera um menino u-u
    Tem q ser um menino. Certo Juzy¿ :p
    AAAAAAAAAAAAAA MENTIRA¿ MEXEU ¿ OMG!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
    Q FRÓIDSSSSSSSSSSSSSSS
    Aaaaaa TA MEXENDO *----*
    Q coisa mas fofa meigaaaaaa.
    Eu tbm quero sentir ele mexendo *--*
    ~le eu entro na fic coloco a mã...... pera ‘-‘
    EU TO NA FIC E VOU PODER VER O BEBE ATÉ PQ EU Q VOU FAZER A ULTRO SEI LA OQ MUAHAHAAHAHAHAH MORRAM DE INVEJA LEITORESM U-U
    Apoksaopksaosk Orgulho de mi firro ^^
    OMG! Vou aparecer na fic ;-;
    AAAAAAAAAAAAAA A PRIMEIRA PALAVRA Q EU FALEI NA FIC *---------* CRIANÇAAAAAAAAAAS *ooo*
    Bem agora irei me avaliar u-u
    Isso. Façam silencio u-u
    Kkkkkkkkkkkkkkk ainda tenho minhas duvidas é A+ kkkkkkkkkkkkk
    Tipo só médicos mesmo para poder entender oq tem nesse borrão e.e
    AAAAAAAAA mas q coisa mais lecal *--*
    Estou tão emocionado akii lendo tudo isso e vééééi. Sem palavras T.T
    AAAAAAAAAAAAAAAA EU SABIAAAAAAAAAA Q ERA UM MENINOOOOOOOOOOOOO *OOOO*
    Isso Soph, de o nome do bb *-*
    E véi, aleluia q eu tirei eles da sala u—u
    Não creio q.........
    Ai Meo Deoooos *---*
    AAAAAAAAAAAAAAA
    Soph ta em trabalho de parto *ooooooooo* aiii Deooos *---*
    Isso Julia, de todo o apoio q Soph precisa agora.
    Vééi to tremendo e.e
    Onde esta Tarris e Julia¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿
    Meo Deos, calma Raphael e.e Num precisa bronquear o menino, ele num teve culpa e.e
    Gente, estou tremendo...
    Nem sei oq comentar lendo tudo isso
    Sabe, é uma emoção... tão grande.
    Nossa gente, mas q momento lindo, vééi. Eu estou realmente feliz, quase chorei *oo*
    Q magico.
    AAAAA MAIS Q COISA MAIS FOFA VÉÉII, as enfermeiras estão até apaixonadas por ele *---*
    Viu Soph, vc vai ter q amamentar a criança u-u
    Man essa musica e esse texto, vai fazer eu chorar vééi e.e
    Mano, eu estou imaginando o rosto do bebe e.e
    Estou quase chorando.
    AAAAAAAAAAAAAAAAA SOPPPPHHHHHHHH VC NÃO IRA MAIS DA ELE ¿¿¿¿¿¿¿¿¿¿ *_________*
    Eu sei q o meu eu na fic queria muito o bebe mas eu to feliz por isso.
    Eu chorei.
    To chorando.
    AAAAAAAAAAAAAA Cabo¿¿¿¿¿
    JULIA SUA PERFEITAAAAAAAAAAAAAA *____*
    MAN CAP. PERFEITOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO *OOOO*
    Vou ler o próximo, bjus bjus
    ---->
    Rafael Lopes.

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