22 de set. de 2012

Capítulo 6

Tense boxing match and a friendly end



Josh pareceu que ia explodir de orgulho ao ver o filho trajando aquela roupa.
Nate estava com seu short vermelho e uma camiseta regata folgada caindo ao corpo definido. Em suas mãos, as luvas também vermelhas. Ele alternava os socos nas mãos de Josh (que estavam cobertas com as luvas de foco) com força e precisão — é claro, afinal, ele era expert quando se tratava de boxe. Ou qualquer assunto que envolvesse guerras ou guitarras.
Hoje seria o primeiro dia do campeonato estadual, para adolescente com menos de 15 anos. Nate havia ganhado dois campeonatos na categoria de menos de 12. Agora, tudo ficava mais sério, pois os seus componentes provavelmente seriam mais altos, maiores e mais velhos. Porém Nate não se importava. Iria dar o seu melhor. Eles poderiam ser mais velhos, mas Nate sabia que nenhum deles treinava há oito anos. Ele era experiente e forte.
É claro que Josh simplesmente amava tudo aquilo. O filho lutando, tocando guitarra, sonhando em entrar no exército... seguindo todos os seus passos... Nate era tão parecido com Josh, em todos os aspectos... tanto físicos como os de personalidade. Josh sentia um orgulho imenso, indescritivelmente grande. Vendo o filho bater em suas mãos, ele sabia que onde Nate estivesse lá em cima, ele estaria vendo-os lutar e sentindo um grande orgulho. Assim como Josh.
— Alterna, mais forte, jab, Nate! Isso. — Ele dizia rapidamente e Nate obedecia os comandos de Josh, batendo em suas luvas.
— Hey! Olha só o nosso campeão aí! — Dan disse adentrando a garagem e imitando alguns golpes que Nate dava antes dele chegar. Josh riu. — E aí, Sr. Farro.
— Ei, Dan. — Josh respondeu ainda sorrindo. Dan era um garoto legal, apesar de ser um sem noção.
Nate parou de socar as mãos do pai e se virou para Dan, que vinha até ele.
— E olha só o grandão que acha que é bonito me imitando mal. — Nate rebateu, sorrindo. Dan foi até ele e começou a fingir que dava socos nele.
— Eu sou grande e bonito sim, pirralho. E qual é, eu tô te elogiando e tu vem me sacanear?
Nate sorriu.
— É legal sacanear você. — Ele deu ombros. Dan revirou os olhos, fingindo raiva.
— Mas e aí, preparado para o grande dia?
— Sim, sempre. — Nate se fez de despreocupado. — Tô treinando já tem bastante tempo, agora só estou aprimorando os meus golpes com o meu pai.
— Se o meu pai me ensinasse boxe também eu podia muito bem competir e ganhar de você, Little Nate.
— Nem em sonho. — Josh e Nate responderam ao mesmo tempo e sorriram depois.
— Credo, um complô de pai e filho. — Dan se fez de ofendido.
— Vou lá apressar a sua mãe para a gente ir, ok, garotos?
— Certo, pai.
— Tchau General! — Dan levou uma mão a testa e cumprimentou Josh militarmente, brincando. Ele, ainda rindo, saiu da garagem. — Enfim. Cadê o Luke?
— Tá de frescura por causa da Sophie. — Nate suspirou, impaciente.
— Ah... eu soube... — Dan levou uma mão ao queixo, pensando. Logo depois olhou para Nate que compartilhava o mesmo olhar pensativo. — Tá pensando o mesmo que eu?
Nate sorriu de canto.
— Acho que sim, bro...
Dan sorriu.
— Vai buscar o Luke, eu vou importunar a sua irmã. — Ele disse e Nate concordou, sorrindo maliciosamente e saindo da garagem.
No caminho ele retirou as luvas e as colocou no pescoço, ficando apenas com as ataduras na mão. Bateu na porta e Katt o atendeu (ela estava de folga, por ser uma segunda. A empresa nunca abre na segunda).
— Ei, Nate! Já está preparado para ir lutar?
— Estou sim, tia. — Ele sorriu.
— Vai acabar com todos lá. — Katt sorriu, dando espaço para ele entrar.
— Vou tentar. — Ele concordou. — Ei, onde está o Luke?
— No quarto dele... fazendo alguma coisa. — Katt disse, parecendo confusa. Nate sorriu.
— Vou subir lá.
— Ok, e vê se arranca ele daquele quarto, por que ele não sai mais.
— Deixa comigo. — Ele piscou um olho e subiu as escadas. Abriu devagar a porta. Luke estava deitado na cama, com os fones no ouvido, de olhos fechados. Nate sabia que ele não estava dormindo... meditando, talvez, mas dormindo não.
Ele andou sem fazer barulho pelo quarto de Luke e logo após, se jogou em cima dele, fazendo-o urrar de dor.
— NATE! — Ele disse, quase sem ar, tentando tirar o adolescente de cima dele. — SAI!
Nate saiu de cima do amigo gargalhando.
— Você tá doido, né?
— Não! — Ele revirou os olhos. — Não acredito que você esqueceu que eu vou lutar hoje. Tu tem que ir lá me ver, rapaz.
— Não vai dar hoje.
— Ah, sim, por que você tá muito ocupado, né. — Nate debochou e Luke revirou os olhos. — Seguinte: você vai.
— Já disse que não, Nate. — Luke bufou e re-colocou seu fone de ouvido.



[...]



— Red Soph! — Dan disse, pulando ao lado da irmã do amigo, que estava no sofá.
— Red Soph?! What the hell?! — Ela perguntou o olhando estranho.
— Só um apelido bonitinho que te arranjei, menina.
— Você é um rapaz estranho. — Ela ainda o olhava estranho.
— Ah, qual é, Soph! Sei bem que você gosta disso.
Ela sorriu.
— Ok, Dan, ok. — Ela fez que não com a cabeça. — Ainda tá saindo com a Jess?
— Pedi ela em namoro ontem. — Ele sorriu.
— Finalmente alguém pra te prender. — Ela pegou o controle remoto e mudou algumas vezes de canal.
— Fiquei sabendo que sua relação com o grandão não tá dando certo, né...
— Não chama ele assim. — Ela bufou fraco, mais pedindo do que ordenando. — E bem... é, não tá das melhores não... — Ela torceu os lábios.
— Fiquei sabendo também que é por causa de uma certa pessoa...
— Olha aqui, Daniel. — Dan arregalou os olhos ao notar que ela havia ficado furiosa. — O meu problema com o Brad só tem a ver comigo e com o Brad, ok? Não é por causa de ninguém.
— Então você não vai dizer que vocês brigaram por causa do...
— Termine a frase e morra. — Ela fechou a cara e mudou novamente de canal.
— Fala sério, Sophie! — Ele elevou a voz. — Todo mundo sabe que você e o Luke foram feitos um para o outro.
Dan sentiu seu braço arder por conta do forte soco que Sophie havia dado nele.
— Eu odeio aquela praga, ok? E você, cale a boca.
— Tá. — Ele massageou o lugar que doía. — Você vai ver o seu irmão lutando, pelo menos, não é?
— Lógico que vou. — Sophie deu de ombros. — Eu assisti todas as lutas dele quando ele começou, e lamento muito por ter perdido duas vitórias que ele fez nos últimos quatro anos. Mas agora, não vou perder essa por nada.
Dan sorriu de canto.
— É assim que se fala.
— Droga Nate! — Luke disse, cambaleando para frente e adentrando a sala. Nate o havia empurrado da sua casa até ali.
— Você vai me ver lutando e não tem escolha. É minha primeira vez na estadual -15, Luke.
— É, Luke. Como assim você não quer o ver tendo a sua primeira vez?! — Dan brincou com a última frase de Nate.
— Te mato, Dan.
— Que medo.
— Duvida? Ah, vamos ver.
Dan pulou fora do sofá e foi ao encontro de Nate, que caiu rolando no chão, trocando socos e pontapés. Era o jeito deles de brincarem.
Sophie sentiu a raiva tomar conta dela pelo simples fato de escutar a voz de Luke ali. Luke, ao ver os cabelos flamejantes no sofá, sentiu a mesma raiva tomar conta dele.
Ah, o ódio!
— Idiotas. — Luke disse, desaprovando a “briga” de Nate e Dan, e tentando ignorar a presença de Sophie ali.
— Você fala como se fosse menos. — Ela disse se levantando do sofá e atirando o controle em qualquer lugar. Seu celular tocou.
— Falei com você?
— Você está na minha casa, o que me dá o direito de te responder se eu quiser. — Ela disse saindo da sala, sem dar a ele a chance de revidar e apertando o botão “atender” do celular. Luke bufou de ódio. Sophie estava insuportável.
— Alô? — Sophie disse, chegando a cozinha.
— Oi Soph! Então... o meu primo tá na cidade hoje e ele assumiu o meu lugar na loja, eu te pego aí agora? Vamos sair um pouquinho...
— Brad, não dá. — Ela mexeu no cabelo.
— Como assim, não dá? — Ele não parecia irritado. Apenas... decepcionado. — Eu não tenho tempo sempre... Já tem um baita tempo que a gente não namora. Eu sinto sua falta, sabia?
Ela suspirou.
— Desculpa, Brad... é que o meu irmão vai lutar hoje e eu não posso perder... Eu já perdi quatro anos de luta, sabe? Não tem como.
Ela sentiu a respiração pesada dele pelo telefone.
— Quando você chegar, me liga? Não importa se passarem das 20h.
— Ok. — Ela forçou os lábios. — Tchau.
Ele desligou o telefone. Sophie respirou fundo novamente. Sabia que sua relação com Brad estava por um fio.
Pouco tempo depois, todos já estavam prontos para ir para a arena. Luke também estava, pois Nate e Dan não o deixaram sair. Óbvio, e típico.
— Pegou seu documento, Nate? — Josh perguntou, saindo pela porta da frente de sua casa.
— Peguei, pai. — Nate respondeu, já do lado de fora de casa.
— Luvas, protetores de boca...?
— Tá tudo no carro, não se preocupa. — Ele sorriu torto. Josh ficava mais nervoso do que qualquer pessoa nesses dias.
— Então vamos. — Ele sorriu largamente.
Hayley limpou a garganta, desconfortável. Sim, ela sentia orgulho de Nate, mas o medo também a consumia. Seu filhote, lindo e perfeito, estava ali, levando socos de brutamontes! Ela não devia deixar isso acontecer!
Porém, por saber o quanto isso era importante para Nate, ela se controlava. Mas a verdade é que quando ela via o rosto dele ir para trás por conta de um soco de um oponente, ela sentia ímpetos de subir ao ringue e colocar o garoto abaixo. Perguntava-se se isso acontecia com toda mãe.
Logo as portas do carro de família foram abertas. De família, sim, por que Josh e Hayley tinham carros diferentes, e havia outro carro maior, adaptado para sete pessoas, que eles utilizavam para viagens de família. Para Franklin, por exemplo.
Dan e Nate se sentaram nos bancos mais atrás. Joe foi direto para a janela do banco esquerdo.
— Joe, meu amor... — Sophie pediu com jeitinho. — Você pode ficar no meio? — Ela se sentou ao lado dele. Não queria, por nada, se sentar ao lado de Luke.
— Não! Eu quero ficar na janela! Eu sempre fico na janela.
— Por favor. — Ela praticamente implorou.
— Ah, não, Soph. — Ele negou e ela bufou, acomodando-se no lugar e colocando o cinto. Luke se sentou ao seu lado, bufando também.
— Te dou dois dólares pra você ficar no meio, Joe.
— Não vou sair da janela, ok?! — Ele disse pela última vez.
— Certo, ninguém troca mais de lugar. Estamos saindo. — Josh disse dando partida no carro e Luke se mexeu em seu banco. Sophie se incomodou ao sentir o atrito do corpo dele ao dela.
Atrás, Dan e Nate apenas se divertiam muito com aquilo. Eles não estavam se falando, mas estavam odiando tudo aquilo.
Quinze torturantes minutos se passaram e finalmente, o carro parou no estacionamento da arena. Nate sentiu o estômago embrulhar de nervosismo, mas ele já havia passado por isso antes. Daria o seu melhor, ele sabia.
Luke pulou para fora do carro e abriu os braços. O ar que ele respirava dentro dele já estava impuro.
— Até que enfim. — Sophie declarou num suspiro. Luke deu um meio sorriso debochado. — Falei algo engraçado, por acaso?
— Seu jeito de ser já é uma piada em si, Sophie.
— Vai se ferrar. — Ela revirou os olhos, bufando, com raiva. — Tenho todo o direito de não conseguir ficar num mesmo ambiente que você. É triste.
— Digo o mesmo.
— Ei, pombinhos — Dan ironizou —, todos já entraram na arena. Vão ficar aí namorando?
— Vai se ferrar, Dan. — Eles disseram ao mesmo tempo e se entreolharam, desprezando um ao outro.
— Eu odeio você. — Luke sussurrou, enquanto andava em direção a entrada da arena.
— Não mais do que eu. — Ela retrucou e andou mais rápido, passando nele e entrando primeiro.
O lugar era enorme. Havia vários acentos em volta e bem perto do ringue. Luke viu Hayley sentada com Joe na primeira fileira. Josh deveria estar preparando Nate, como sempre.
Passou novamente os olhos pelo lugar. Estava lotado.
Viu um lugar vazio na segunda fileira e se dirigiu para lá. Porém, quando ia se sentar, Dan apareceu e o fez.
— Ah, fala sério! Eu ia sentar aí! — Ele protestou.
— Perdeu, amigo. — Ele deu ombros. — Senta em outro canto.
— Isso tá lotado, Dan!
Daniel passou os olhos pelo lugar.
— Ali, terceira fila. Vai pra lá e deixa o Dan em paz.
Luke fez que não com a cabeça e se dirigiu ao lugar. Parou de andar, é claro, até ver quem estava sentada ao lado do banco vazio. Fez o caminho de volta.
— Sai daí, Dan, esse lugar é meu! — Ele disse.
— Ai, que foi?! Por que você não senta lá?
— Você vai sentar naquele canto. Eu vou sentar aqui, vamos, sai. — Luke começou a puxar o braço dele.
— Nem adianta. Não vou sair daqui e tu não vai me tirar.
Luke bufou. Dan não sairia.
Fez a sua pior cara e se dirigiu aonde Sophie estava sentada.
— Que foi? Faz mesmo questão de sentar perto de mim?
— Você ficou cega ou o quê? Não tá vendo que não tem mais lugar vago? Garota estúpida.
— Só não deixa a sua namorada saber disso, por que senão ela vai te colocar de castigo. — Sophie caçoou e riu depois.
— Diferente do seu namorado, a minha namorada não comanda com quem eu vou falar ou não. — Ele retrucou.
— Quem te contou isso? — Ela bufou, com raiva.
— Um passarinho verde. — Luke sorriu de canto, ainda com deboche.
— Retardado.
— Estúpida.
— Idiota.
— Mentirosa.
— Eu te odeio, Davis. — Ela parou de o olhar e se concentrou no ringue, à sua frente.
— Também te odeio, Farro. — Ele disse forçando um sorriso e revirando os olhos, em seguida.
Logo, o apresentador das lutas apareceu, com o microfone à mão. Ele apresentou o juiz, que na verdade era um ex lutador desconhecido, e deu início as lutas. Nate não lutaria agora. Como eram estaduais, dois garotos estavam representando outras cidades.
Sophie e Luke gritaram durante as lutas “não importantes”. Bateram palmas, gritaram, é claro, mas nada comparado ao que iriam fazer quando Nate subisse àquele ringue e acabasse com o seu adversário.
Quatro lutas depois, com três rounds cada uma, o apresentador subiu.
— E agora, no CEBT (Campeonato Estadual de Boxe do Tennessee): de Brentwood, 14 anos, pesando 65 kilos, Riley McCarter! — Um garoto moreno, de olhos chocolate, alto e braços fortes entrou. Ele dava socos no ar e fazia pose enquanto uma música eletrônica ecoava. Ele subiu ao ringue e o seu treinador o colocou o protetor de boca. — Contra Riley, temos o campeão da categoria -12, Nashville, 13 anos, pesando 60 kilos, Nate Farro! — Nate apareceu com um sorriso sapeca no rosto e Hayley explodiu em gritos, junto com Sophie, Joe, Luke e Dan. Ele não deu socos. Mantinha os pulsos tranqüilos ao corpo enquanto o solo forte de guitarra ecoava por toda a arena. Humildemente, e ainda sorrindo, Nate subiu no ringue e retirou a espécie de capa cinza que estava levemente vestida sobre seu peito. Josh se aproximou dele, enquanto lhe colocava o protetor de boca.
— Evita receber cruzados. Já vi lutas desse Riley e o punho esquerdo não é tão forte, se aproveite disso. Tenta dar o máximo de ganchos possíveis, é sempre assim que ele perde. Boa luta, filho.
Nate fez que sim com a cabeça e apertou os lábios, mantendo o protetor em sua boca e indo para o meio do ringue.
Todos na arena gritavam. A maior torcida era de Nate, não só por ele ser de Nashville, mas também por ser o campeão da categoria menor.
Riley fez mais pose, pulando para cá e para lá, batendo no peito, dando socos no ar. Nate continuava quieto.
— Vocês conhecem as regras. — O juiz disse, no meio deles. — Três, dois, um, lutem! — Ele disse e saiu de perto.
Sophie gritou altíssimo.
— Garota, se acalma! — Luke também gritou.
— Se ferra, Davis. — Ela deu de ombros e continuou a gritar.
Riley começou a diferir golpes cruzados e jabs, rapidamente. Nate desviou de, no mínimo, cinco, e numa questão de milésimos de segundos, atingiu o queixo de Riley com um gancho. Ele cambaleou para trás e Nate avançou, com vários golpes no rosto.
Riley caiu. Nate sorriu.
— Um... dois... três... — O juiz começou a contar. Riley se levantou, olhando feio para Nate. Os espectadores gritavam.
Depois do treinador dele lhe dar um pouco de água e trocar o protetor de boca, Riley voltou para o ringue.
— ISSO, NATE! ACABA COM ELE! — Sophie gritava histericamente.
Reiniciou-se a contagem e a luta voltou.
O resto do round foi consideravelmente calmo. Riley estava enfurecido e Nate não conseguiu golpeá-lo forte como antes. Ainda assim, se a luta acabasse ali, Nate sentia que receberia vitória unânime.
— Ótimo round, Nate! — Josh disse, jogando água no corpo do filho. — Ele quase foi a nocaute no início. Você viu? A esquerda dele é fraca. Deixe ele usá-la e se aproveite, enfie um gancho. É o ponto fraco dele.
— Entendi. — Nate fez que sim com a cabeça e mordeu novamente o protetor.
— Vai lá, campeão. — Josh disse, cheio de orgulho.
Ele sabia que mesmo se Nate perdesse feio tudo aquilo, continuaria sendo o seu campeão. Nate era fonte de extremo orgulho.
— Segundo round. Agora meu irmão acaba com esse caipirazinho. — Sophie murmurou para ela mesma.
— O quê?
— Cala a boca, não falei contigo.
— Ah, tu fala sozinha agora.
— Vai a merda, Davis. Não estou falando com você. — Ela deu ombros e o round recomeçou.
Logo no início, Riley diferiu um gancho no queixo de Nate, quando ele baixou levemente a guarda. Riley avançou para cima dele e Nate se defendeu. Os dois acabaram se chocando e separados pelo juiz. Nate voltou para Josh.
— Ótimo, Nate, você consegue, campeão. Você já fez muito estrago nele, foi só um gancho. Ele está cansado, você não. Você tem chance. Vai lá. — Nate fazia que sim com a cabeça a cada palavra proferida pelo pai. Voltou para o ringue e o round deu continuação.
Nate deu um cruzado que acertou em cheio o rosto de Riley. Ele se defendeu e, com raiva, acertou o rosto de Nate com uma esquerda, dando logo depois uma direita na linha de sua cintura. Nate caiu, com dor na cintura.
— ISSO FOI ILEGAL, FILHO DA MÃE! — Sophie disse com raiva.
— Um... dois... — O juiz começou a contar.
— COMO ASSIM CONTAGEM? SEU SAFADO, ELE DEU UM GOLPE ILEGAL! LADRÃO!
— Sophie, se acalma! — Luke gritou.
— EU VOU LÁ ENSINAR ESSE JUIZ BURRO AS REGRAS DESSA BOSTA DESSE ESPORTE! — Ela disse, rangendo os dentes e levantando do seu lugar.
— Tu fica quieta, aí. — Luke disse, puxando-a pelo braço e a fazendo se sentar ferozmente no banco.
— ME SOLTA, LUKE! O MEU IRMÃO VAI SAIR DO RINGUE POR UMA INJUSTIÇA! ME SOLTA, CARAMBA.
— SE ACALMA, DROGA, O SEU PAI VAI RESOLVER ISSO!
— EU VOU LÁ, ME SOLTA!
— VOCÊ VAI FICAR AÍ, EU JÁ DISSE!
— EU TE ODEIO! — Ela gritou, ainda sentindo as mãos apertarem seus braços fortemente contra a cadeira.
Josh foi discutir com o juiz, dizendo que ele havia dado um golpe ilegal.
O juiz foi discutir com os cinco jurados. Sophie continuava a xingar ele, Riley, e Luke.
Logo depois, o juiz foi até o apresentador, falando ao microfone.
— Por prática de golpes ilegais, Riley McCarter está desclassificado da CEBT. — A platéia começou a aplaudir e gritar, enquanto Riley, com raiva, socava o chão e gritava que não havia feito nada de errado. Saiu do ringue batendo o pé, visivelmente irritado.
— VAI EMBORA, MOCINHA! VAI APRENDER A LUTAR! — Sophie continuava a gritar.
— Sophie, que merda, cala a boca!
— VAI SE FERRAR, LUKE, E ME DEIXA EM PAZ! — Ela gritou com ele.
A verdade é que sim, Sophie virava outra pessoa quando se tratava de qualquer tipo de competição. Mas Luke não tinha nada a ver com isso, e ela continuaria odiando-o.
O juiz puxou Nate para o centro da arena. Ele ainda mantinha uma mão na cintura, onde doía fortemente.
Ele pegou a mão direita de Nate e a impulsionou para cima, mostrando que ele havia ganhado a luta.
E a vaga para as oitavas de final.
Nate sorriu, orgulhoso. Hayley já chorava. Não era exatamente assim que ele queria ganhar a luta, mas a justiça havia sido feita, e havia lutado bem.


[...]


— Tá bem agora, meu filho? — Hayley perguntou. Nate estava sentado no sofá da sala, com uma compressa de gelo na cintura. Eles haviam ido ao hospital, mas o médico disse que não havia nada quebrado. Apenas repouso curaria.
— Já disse que tô ótimo, mãe. — Ele bufou. As vezes Hayley era superprotetora demais.
Ela sorriu e deixou um beijo em sua testa. Logo depois se ausentou da sala.
— Você foi muito bom, Nate. — Sophie disse, sentando-se ao seu lado.
— Valeu. — Ele sorriu. — Eu vi você gritando igual uma louca na terceira fila. E o Luke te enchendo o saco.
— Odeio aquele idiota. — Ela revirou os olhos. — Ele me mandando calar a boca quando o juiz quer roubar o meu irmão, tá. — Ela fez que não com a cabeça. — Mas você vai ganhar esse campeonato, estou dizendo.
— Valeu pela força, Soph. — Ele agradeceu e, logo depois, ouviram-se batidas na porta.
Sophie suspirou. Já sabia bem quem era.
Foi até a porta. Já passavam das 20h00 da noite, mas ela havia pedido ao seu pai para conversar com Brad, e disse que era sério. Josh, na esperança de que fosse um término, autorizou.
— Oi. — Ela torceu os lábios, abrindo a porta.
— Oi. — Ele respondeu o mesmo. Aproximou-se para beijá-la, mas por ela ter virado o rosto, acabou beijando-lhe a face.
— Vamos conversar ali na calçada. — Ela disse.
— Ok. — Ele abaixou a cabeça e colocou as mãos no bolsos da jaqueta. Sentou-se ao lado dela na calçada.
Sophie viu Luke aparecer na rua com as mãos na cintura de Stephy. Tentou ignorar.
— Pode começar. — Ela voltou a atenção para Brad.
— Eu... eu sinto a sua falta, Sophie. — Ele olhou para baixo. — Eu preciso da minha namorada. Mas toda vez que eu estou livre, você não está. Você não estuda na mesma turma que eu, e aí, quando eu posso passar o dia todo contigo, como hoje por exemplo, não dá. Eu... — Ele deixou a frase morrer. Sophie olhou para o lado por um instante e viu Luke entrando em sua casa com Stephy.
Então ele já estava apresentando a vaca para a sua mãe?!
— Eu sinto muito, Brad... mas eu não tive como. Mesmo. — Ela torceu os lábios. — Você sabe que os nossos desencontros não são culpa minha.
— Sim, eu sei... mas... — Ele não conseguiu terminar a frase.
— O que foi? — Ela colocou uma mão em seu ombro. Brad a olhou nos olhos.
— Você nunca disse que me ama. — Ele disse de uma vez e abaixou a cabeça. — Eu achei que teria que te conquistar pra isso. Mas acho que falhei. Já vai fazer um mês que estamos juntos e você nunca disse... Eu... não sei mais o que fazer... mas isso tá acabando comigo.
Ela abaixou a cabeça.
— Não estou preparada pra dizer isso. — Olhou para o lado.
— Eu sei. — Ele suspirou. — E não acho que um dia você diga pra mim.
— Você... tá dizendo que quer terminar?
Ele engoliu seco.
— Me parece o melhor pra nós dois. — Ele a olhou sério. — E pra ser sincero, eu gosto de você, e não quero te trair. Mas nós não parecemos mais namorados.
Ela fez que sim com a cabeça. Estranhamente, ela parecia tirar um peso de suas costas. Estava triste, mas não tanto.
— Ok. — Torceu os lábios e se levantou da calçada. Estendeu a mão para ele, e ele a apertou. — Terminamos amigavelmente, então. — Ela sorriu torto, sem mostrar os dentes, e sem muita vontade também.
— Ainda vou ter alguém pra conversar sobre McFly no skype?
— Sim. — Ela sorriu.
— Tchau, Sophie.
— Tchau, Brad. — Ele soltou a sua mão e saiu daquela rua.
Sophie suspirou e entrou dentro de casa.
É, seu namoro não havia durado quase nada. Mas... ela não estava triste por isso. Pelo contrário, talvez.

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