22 de set. de 2012

Capítulo 5

Do you love me still?



“— Não sei se é uma boa idéia a gente contar, Soph... — Luke disse, coçando a nuca e olhando para o lado. Não, ele não estava arrependido do que havia acabado de fazer, só... achava meio cedo para contar para os pais.
— Eu prometi pra minha mãe que tenho que contar tudo pra ela. E se a gente se ama mesmo você precisa falar com meu pai, né. — Sophie disse tudo bem resolvida do que fazer. Luke ainda estava inseguro. — Vamos, Luke.
— Tá certo. — Ele retirou a mão da cabeça e foi com a amiga para a cozinha, onde seus tios e pais estavam.
— Hey, eu fiz chocolate! Já estavam demorando. — Dakotah disse, sorrindo. Luke sorriu também, tentando aliviar a tensão.
— O que é isso no seu dedo, Luke? — Josh observou.
— É uma... aliança.
— De papel, como as que estão na mesinha. — Sophie completou. — Nos casamos. — Ela sorriu abertamente e apertou o braço de Luke, que voltou a coçar a nuca.
Hayley começou a rir e se engastou, tossindo loucamente. Josh deixou o queixo cair sem conseguir se mexer. Katt, Jeremy, Dakotah... todos ficaram surpresos.
— And here we go again. — Taylor disse baixinho e Dakotah gargalhou. Hayley ainda tossia.
— Mas que história é essa, meu filho? — Jeremy disse, com um meio sorriso no rosto. Ele sabia que era uma brincadeira de criança, mas estava mais surpreso ainda por eles seguirem os mesmos passos de Josh e Hayley sem ao menos saberem da história.
— A gente se ama, pai. — Ele começou, ainda sem jeito. — Muito, sabe? E... como a gente é criança, nos vamos esperar até crescermos para casar de verdade.
Josh arregalou os olhos.
— Enquanto isso... nos casamos de mentirinha. — Sophie acrescentou.
Dakotah parecia que ia morrer de rir. Hayley parecia que ia morrer engasgada com sua própria saliva.
Ela simplesmente não acreditava que iria ver tudo acontecendo de novo. Não com ela, mas sim com sua própria filha. Simplesmente não acreditava.
Sophie apertou o braço de Luke e sorriu para ele, dando-lhe segurança, e foi aí que ele percebeu que passaria por isso tudo facilmente, caso ela continuasse com ela. Ele percebeu que a amava de verdade, e que isso não mudaria. Nunca.”



— Ei, maninha, acorda... — Sophie abriu vagarosamente os olhos, dando de cara com os olhos grandes e verdes do irmão tentando fazê-la acordar. Joseph sorriu. — Até que enfim! Achei que você nunca fosse acordar. — Ele retirou a coberta de cima dela e Sophie sentiu-se arrepiar com o vento frio.
— Estava tendo um sonho. — Ela disse passando uma mão pelo rosto. — Um... sonho... bem especial.
— Que tipo de sonho?
— É mais uma lembrança em forma de sonho. De qualquer forma... obrigada por me acordar. I love you. — Ela se levantou da cama e deixou um beijo na testa do irmão.
— Ok. Te amo também. Se arruma rapidinho e desce, papai está fazendo waffles. — Joe disse e saiu correndo do quarto de Sophie.
Josh? Cozinhando? Ok. Estranho.
Sophie ignorou o fato totalmente anormal de seu pai estar fazendo o café da manhã e voltou a pensar no sonho que tivera. O que está acontecendo comigo, Deus?
— Soph! — Ela escutou a voz rouca de Nate atravessar a porta de seu quarto, seguida de duas batidas.
Foi até ela e a abriu.
— Bom dia, Nate. — Ela coçou um dos olhos, andando pelo corredor ao lado do irmão.
— Bom dia... Que história é essa que o pai tá fazendo waffles? — Ele disse, estranhando.
— Sei lá. — Ela sorriu. — Joe me disse, mas... Ai, não sei. — Ela aprofundou o riso. — Tenho que me arrumar pra ir pra escola.
— Faz isso... e ah, eu quero falar contigo depois, tá? É assunto sério.
— Ok, cabeçudo. — Ela brincou com o cabelo dele e Nate sorriu.
Sophie era a única pessoa no mundo que podia insultá-lo e Nate não revidaria. Sabia que ela fazia isso por brincadeira e ele, de certa forma, gostava.
Ela entrou no banheiro e fez sua higiene matinal, ainda pensando em Luke. Pensando em tudo em relação a ele.
Desde a infância dos dois, até há dois meses atrás quando ela voltou à Nashville, até a última semana em que ele se afastou dela. O possível fato de ele gostar dela, a música... e por fim, o cinema com Stephy. Ela sentiu uma onda de raiva... e outro sentimento que ela não soube diferenciar. Ela só sabia que Stephy não era a garota certa para Luke.
“Então quem é, queridinha?” Ela ouviu uma voz ecoar em sua cabeça.
— Legal, estou ficando esquizofrênica. — Sophie murmurou e foi até a pia, jogando um bocado de água no rosto.
No banheiro mesmo, ela vestiu sua roupa e passou a prancha no cabelo. Fez um traço em baixo dos olhos com o lápis e saiu de lá.
Desceu as escadas e sentiu o cheiro dos waffles adentrarem suas narinas.
— Se descobrirem que o grande General Farro faz waffles com mel para a família, você perde a moral, pai. — Ela disse soltando uma gargalhada em seguida.
— Um homem pode ter muitas virtudes, meu amor. — Josh disse e Sophie continuou sorrindo, indo em direção ao pai e lhe dando um beijo no rosto.
— Bom dia.
— Pra você também.
— Mas sério, pai, pra que isso?
— Sua mãe. — Ele começou. — Foi promovida.
— Sério? — Sophie juntou as mãos.
— Sim. Ela e Katt viraram presidentes da PP. O chefe delas se aposentou.
— OMG! — Sophie levou uma das mãos à boca. — Isso é ótimo!
— Sim. — Josh sorriu. — E como sou um marido muito dedicado, vou fazer o café da manhã pela primeira vez na vida, como comemoração.
— É por isso que ela te ama. — Josh gargalhou.
— Filha, posso te fazer uma pergunta? — Josh disse, retirando um waffle da frigideira.
— Claro. — Ela respondeu, pegando um copo e o enchendo de leite.
— O que houve com você e o Brad? Vocês terminaram? — Por favor, diga que sim. Josh não pôde deixar de completar mentalmente ou esconder o sorriso do rosto ao dizer isso.
— Não, pai. — Ela suspirou. — Apenas discutimos.
— Ah... — Josh tentou se fazer de desinteressado. — Mas... por quê?
— Ele me pediu pra eu me afastar do meu melhor amigo por ciúmes bobo. — Ela respondeu tudo rapidamente.
— Você não pode deixar isso acontecer. Ele não manda na sua vida! Esse garoto não pode...
— Ok, pai. — Sophie gargalhou. — Não precisa colocar lenha na fogueira. Já estou com raiva dele por conta disso, ok? — Quem dera os problemas dela fossem apenas os ciúmes de Brad.
— Hm... que cheiro bom é esse? — Hayley disse adentrando a cozinha, impecavelmente vestida para o trabalho, como sempre.
— Estou fazendo waffles para a presidente. — Josh disse e gargalhou. — Só vou pro quartel à tarde hoje, então, pensei em ser especial no café.
Hayley o olhou sério.
— Sério mesmo? O que você fez?
Josh a olhou do mesmo jeito.
— É tão difícil acreditar que eu só quero agradar você?
— É! Você nunca cozinha! Como eu posso não pensar que você tramou alguma coisa e tá tentando se desculpar antes de eu saber?
— Por que eu não fiz nada. — Josh revirou os olhos. — Estou tentando agradar você por que eu estou orgulhoso, ok?
— Não! Você fez alguma coisa e pode ir falando, vamos.
— Mas eu não fiz nada, Hayley, que coisa!
— Então por que fez waffles?
— Por que eu te amo, droga! Quero ser especial, eu já disse.
Sophie, Joe e Nate se entreolharam. Incrível a forma de eles conseguirem transformar qualquer coisinha numa discussão enorme.
Hayley bufou.
— Ok, vou fingir que acredito. — Ela tentou reprimir um sorriso que acabou saindo por inteiro, levando Josh com ela.
— Você realmente faz questão de começar o dia discutindo, né.
— Minha vida não teria graça sem isso. — Ela gargalhou e se aproximou do marido, beijando-o.
— Legal. — Sophie começou, batendo palmas e retirando a atenção dos pais. — Eu tenho que ir pra escola.
— Não vai tomar café com a família? — Josh disse, ainda com as mãos na cintura de Hayley.
— Não, eu tenho que... conversar umas coisas da escola com o Luke. — Ela disse, quase gaguejando e virando as costas. Pegou um waffle, o dobrou e o enfiou na boca rapidamente, terminando de engolir o leite.
— Mas ele nem é da sua turma, Soph. — Nate estranhou.
— Mesmo assim, eu preciso falar com ele, sobre... um projeto... e por isso preciso chegar na escola mais cedo. — Ela respondeu tudo com a boca cheia e Joe gargalhou. Terminou de engolir. — Preciso ir. Parabéns, mãe. — Ela deu um beijo na bochecha de Hayley e subiu as escadas. Voltou logo em seguida com a mochila nas costas e jogando um beijo no ar para todos.
Eles estranharam, mas decidiram não argumentar.
Sophie saiu pela porta de sua casa e se sentou na calçada. Pegou seu celular e deixou a primeira música começar a ecoar, enquanto esperava Luke sair.
Ela sabia que ele estava indo mais cedo para a escola na esperança de não encontrá-la, já que ela sempre se atrasava. Mas Sophie precisava conversar com ele. Precisava.
Em menos de dois minutos ela ouviu a porta dos Davis bater. Luke estava saindo com sua mochila nas costas e os fones no ouvido. Retirou um deles ao ver que Sophie o esperava.
— Oi Soph. — Ele disse baixo.
— Oi Luke. — Ela se levantou da calçada. — Estava esperando você.
— É, notei. — Ele levou uma mão a nuca, começando a coçar. — Mas... por quê? — Eles iniciaram a caminhada em direção à escola.
— Porque senão eu não iria conseguir falar com você. — Ela engoliu seco. — Você não fala mais comigo.
— Não é verdade.
— Como não, Luke? — Ela deu um sorriso sem vontade. — Você não vai mais lá em casa, e quando vai, é pra falar com o Nate. Você não passa mais as tardes comigo. Quando é pra eu ir pra escola ou voltar de lá contigo você some, do nada...
— Não quero contrariar o seu namorado. — Luke não pôde evitar de dizer isso em tom debochado. E aquilo doeu em Sophie. Doeu mais do que ele achava que aquilo doeria.
— E aí você começou a sair com a garota mais safada daquela escola, legal. — Sophie ironizou.
— Você não sabe nada sobre ela, e eu posso sair com quem eu quiser, Soph.
— Pelo jeito quem não sabe nada sobre ela aqui não sou eu. — Ela bufou. — Ela não é do jeito que você pensa que ela é.
Luke deu uma gargalhada sem vontade.
— E de que jeito ela é, então? Me diz.
— Ela é... encrenqueira! — Sophie disse, medindo as palavras. Não queria xingá-la. Isso não aumentaria seus pontos com Luke.
— Ah, claro. — Luke olhou para o lado e parou de andar, encarando Sophie. — E que tipo de encrenca ela arranjou contigo?
— Ela... — Sophie olhou para o lado. — Quer saber? Isso é perda de tempo.
— Me fala, ué. Estou esperando.
— Ela tentou arranjar briga comigo na aula de geografia. Eu não deixei barato, só isso! Ela não serve pra você, Luke!
— E aquele Brad também não serve pra você, Soph! Mas eu alguma vez te disse isso pra te impedir? Não. Então, por favor, deixa de idiotice.
— Agora eu sou idiota?
— Eu não disse isso. — Luke bufou. — E, tudo bem. Você tinha razão. Isso é perda de tempo. Vai procurar o seu namoradinho pra te levar pro colégio, eu esqueci uma coisa em casa. — Luke deu de ombros e virou as costas, percorrendo em passos largos o caminho de volta.
— Você vai perder o primeiro horário! — Ela gritou quando ele já estava um bocado distante.
— Dane-se! — Ele gritou de volta.
Sophie olhou para o canto e se lembrou da cena de Luke indo ao encontro de Stephy, dando-lhe um beijo na bochecha e sorrindo.
Sentiu a mesma onda de raiva a invadir. Em triplo.
Engoliu o orgulho e correu até onde ele estava.
— Não vou deixar você fugir de mim outra vez. — Ela disse ofegante, tentando acompanhar os passos de Luke, que eram mais rápidos do que os dela, afinal ele era bem mais alto.
— Não estou fugindo de bosta nenhuma. — Luke respondeu, com o olhar fixo no horizonte.
— Sim, você está. Não tem nada pra você buscar em casa, eu sei que não tem. — Ela se pôs na frente dele e o parou pelo peito. — Fala comigo, custa? Eu sou sua amiga desde que nasci!
Luke olhou para o lado, evitando seus olhos.
Por que ela estava fazendo isso? Doía!
Doía olhar para ela. Doía olhar para aqueles olhos castanhos e não poder sorrir para ela. Doía olhar para aquela boca avermelhada e não poder beijá-la! Doía olhar para ela e saber que ela não poderia ser dele! Doía, doía muito! Por que ela continuava fazendo doer?
Sophie, sem saber o que fazer, abraçou-o.
Ela não sabia o que estava fazendo. Mas... sentiu uma súbita vontade de ter seu coração batendo perto de dela. Sentiu uma vontade enorme de sentir o seu corpo junto ao dela. Sentiu uma vontade imensa de sentir o seu cheiro, a mão dele em volta da sua cintura, o seu cabelo castanho ondulado. Ela sentiu vontade de... estar junto à ele. Mesmo que em apenas um abraço.
Ela não sabia o que estava acontecendo com ela. Só sabia que precisava dele.
Luke sentiu o seu cheiro e a apertou contra si, sem mais saber o que fazer. Toda a dor, continuava lá, mas... tê-la, tão pequena, tão frágil em seus braços... era uma sensação tão boa... sempre foi.
Mas ela não era dele. E isso ainda o machucava de forma intensa.
Colocou suas duas mãos na cintura dela e a afastou devagar.
— Vamos pra escola, Sophie. — Disse apenas e colocou a mão nos bolsos, começando novamente a andar.
Sophie não se pronunciou mais durante todo o caminho. Não sabia mais o que fazer. Não sabia porque havia o abraçado, do nada. Não sabia de onde vinha aquela vontade. Não sabia de onde vinha aquele sentimento raivoso que ela não sabia distinguir. Ela não sabia de nada que estava acontecendo consigo mesma. Sua cabeça estava uma completa confusão.
Luke estava igualmente confuso. Não em relação aos seus sentimentos — desses, ele tinha certeza — mas sim em relação a Sophie. Não sabia por que ela estava agindo daquela forma e tampouco sabia o porquê do abraço. Ele não sabia por que ela queria separá-lo tão desesperadamente de Stephy. E a confusão de Sophie só conseguia machucá-lo mais. Estar perto dela apenas o trazia mais dor.
Depois de longos dez minutos eles chegaram à frente da escola. Juntos, mas sem se encostar.
— Vou... falar com o Dan. — Luke disse.
— Certo. — Ela olhou pra baixo e mordeu o lábio inferior.
Viu Luke virar de costas e o seguiu com os olhos.
O que está havendo comigo, meu Deus?
De longe, uma garota, loira, observava tudo. Sentiu seu peito encher de ciúmes ao ver Luke adentrar o portão com Sophie.
Apenas um pensamento formulou-se na cabeça de Stephy:
Preciso separar esses dois. Definitivamente.
— Ei. — Sophie se virou, e viu Brad.
— Oi. — Ela respondeu seca.
— Ainda está com raiva por ontem? — Ele colocou as mãos nos bolsos da jaqueta típica dos jogadores de basquete.
— O que você acha? — Ela bufou.
— Ei, me desculpa. — Ele virou seu rosto para ele. Sophie evitava o olhar. — Eu não queria brigar, tá? Mas veja o meu lado. É horrível ver você com outro cara. Eu amo você e eu quero você só pra mim.
— Sentir ciúmes é normal, Brad. Mas querer que eu me afaste de quem quer que seja demonstra que você não confia em mim, e, se você não confia em mim... Eu não sei como isso pode dar certo.
— Você tá terminando comigo?
— Não. — Ela suspirou e olhou pra baixo. — Mas eu preciso ir pra aula agora. Você também. — Deu de ombros e Brad colocou as mãos na cabeça. O pedido de desculpas não havia funcionado.
Sophie, de verdade, não sabia mais se queria ficar com Brad. A desconfiança e vontade de mandar nela a havia se desencantado de certa forma... E agora... essa confusão com Luke...
Ela precisava de um tempo. Precisava pensar.
Fez que não com a cabeça e adentrou a sala. Tentaria se concentrar na aula. Tentaria, pelo menos.


[...]


— Não, espera. — Dan sussurrou. Estava no fundo da sala, ao lado de Luke. Eles conversavam baixinho, passando o tempo. Quatro aulas já haviam se passado. — A Sophie brigou contigo e depois te abraçou do nada? Como assim?
— Eu não sei o que tá acontecendo com aquela garota. — Luke bufou. — Ela brigou, gritou, disse que eu devia largar a Stephy... Eu saí de perto dela e ela correu até mim e me pediu pra eu parar de fugir dela. Então ela me abraçou...
— Isso é ciúmes, bro. — Dan respondeu e apoiou a caneta no caderno, fingindo que fazia a lição.
— Ela não gosta de mim.
Dan deu um sorriso de canto.
— Não é isso que Nate me diz.
— O que ele te disse? — Luke parou de fingir que escrevia e olhou para o amigo.
— Ele disse que ela e Brad brigaram por sua causa, ontem à noite. Disse que ele tem certeza de que se o Brad dissesse “ou ele, ou eu” ela mandava ele se danar e ia pro seus braços. Palavras de Nate. — Dan ainda sorria de canto.
Luke sorriu de canto.
— Bobagem do Nate.
— O Nate pode ser bobo... mas ele não mente. — Dan levou a ponta da caneta à boca e mordeu, fingindo estar realmente resolvendo alguma das questões. — Tem um corretivo aí? Não tem como alguém escrever tanta coisa e não errar nada. — Luke mordeu o lábio tentando abafar a forte gargalhada que queria dar.
— Só um minuto. — Ele se virou para pegar o corretivo no bolso de sua mochila. O achou, junto de um cartão.
O retirou e entregou o corretivo para Dan.
— O que é isso?
— Não sei, vou ver agora. — Luke arqueou uma das sobrancelhas e começou a ler o cartão.



“Oi Luke.
Bem, eu vou ser direta.
Você está diferente comigo, e, eu não estou agüentando mais essa situação. Eu falo com você e tento retomar a nossa forte amizade, mas você só foge. E pra piorar ainda tá saindo com aquele vadia da Stephy...
Eu não sabia o que você queria comigo. Estava confusa. Mas aí alguém me disse que você... estava apaixonado por mim...
Então, eu vou deixar uma coisa clara... Eu sou sua amiga, se você quiser. Mas eu tenho um namorado. E não quero nada com você além da sua amizade.
Me perdoa se eu fui chata. Mas... você não é mais o mesmo. Você mudou. E você não é mais o garotinho do qual eu era apaixonada. Me desculpa, mas... eu não gosto mais de você. Só isso.
Sophie.”



Luke sentiu o coração apertar. Fez que não com a cabeça e entregou o papel à Dan.
— Eu disse que você não tinha razão. — Ele bufou e Dan leu o papel rapidamente.
— Mas... isso não faz sentido!
— Ela mudou, Dan. — Luke disse, sentindo a garganta se fechar e impedindo a voz de falhar e as lágrimas caírem. — Ela mudou, e ela quer o idiota do jogador de basquete agora. Ela diz que eu mudei, mas quem mudou foi ela. — Luke fez que não com a cabeça e o sinal bateu.
Agora era hora de ir embora.
— Eu sinto muito, cara. — Dan disse se levantando de sua cadeira.
— Não sinta. — Luke suspirou. — Já estava na hora de eu parar com essa idiotice mesmo. Ela não gosta de mim e mudou completamente. Pra que ainda sofrer por isso? Sinceramente, cansei. — Ele desabafou rapidamente e Dan lhe deu dois tapinhas nas costas.
Luke saiu do colégio ao lado de Dan. Viu Stephy conversando com Jenny. Ela acenou e ele a viu seguir em sua direção.
Luke não havia falado com ela a manhã inteira, pois passou o intervalo copiando o conteúdo da aula de biologia com Dan.
— Oi! — Ela disse, se aproximando. — Não te vi hoje.
— Fiquei ocupado no intervalo, me desculpe. — Ele sorriu.
— Tudo bem. — Stephy olhou de canto e viu que Sophie havia parado de andar em direção à eles. — Mas eu senti sua falta. — Ela sorriu delicadamente e Luke a acompanhou. Stephy colocou uma mão no rosto dele e se aproximou, tirando dele um beijo rápido.
Sophie engoliu seco e abaixou a cabeça.
— Ei, Soph! — Ela escutou a voz de Nate, que corria até ela. — Eu... — Ele deixou a frase morrer ao ver Stephy se separando de Luke e ele sorrindo.
— Vamos pra casa. — Ela disse apenas, virando de costas e começando a andar.
Nate começou a andar ao lado dela e virou o rosto para trás. Viu Luke começar a andar de mãos dadas com Stephy e depois virou o rosto, vendo a irmã cabisbaixa, andando, confusa.
Nate sabia o que estava acontecendo... e ele sabia que tinha de fazer alguma coisa.
— Eu... ainda tenho que falar com você, lembra? — Começou a falar depois de alguns minutos quieto.
— Não tô a fim agora, Nate. Depois a gente conversa sobre o que você quiser. — Ela praticamente implorou.
— Mas Soph, é importante...
— Espera a gente chegar em casa, pelo menos? Aí a gente pode conversar no meu quarto.
— Tá certo. Mas não adianta fugir. Eu vou falar contigo, custe o que custar.
Sophie sorriu sem vontade.
— Certo.
Eles continuaram andando em silêncio até chegarem em casa. Hayley estava trabalhando e Josh havia ido buscar Joe no colégio.
Sophie subiu direto para o seu quarto e largou a mochila em qualquer lugar.
Por que ver Luke com Stephy a fazia tão mal?
Ciúmes. — Ela ouviu a voz gritar dentro de sua cabeça.
— Ciúmes? — Ela disse, falando consigo mesma. — Estou ficando louca.
Sophie se jogou na cama e apertou um travesseiro a cabeça. Estava mais confusa do que nunca estivera em sua vida.
Ouviu batidas na porta.
(N/A: Agora a música)
— Soph? Podemos conversar agora?
— Caramba, Nate, dá um tempo! Acabei de chegar! — Ela disse mais alto do que deveria.
Nate bufou e abriu a porta. É, ela nunca trancava.
— Olha, não importa. Eu tenho que falar com você e a gente vai conversar você querendo ou não. — Ele disse decidido e se sentando na cama. Sophie revirou os olhos.
— Tá. O que você quer?
Nate suspirou.
— Só me diz uma coisa: O que diabos você está fazendo? — Ele disse sério e Sophie o encarou com indignação.
— Você tá louco?
— Eu juro que não te entendo, Sophie. — Nate riu de canto. — Sabe, primeiro, você ignora a música que o Luke fez pra você. Aí você começa a namorar um idiota. Então tu vê que o idiota é um idiota e enche dele, briga com ele por causa do Luke, e sente ciúmes dele. Me diz, o que você está fazendo aí, parada? Por que você não vai naquela casa e diz logo que gosta dele, e para com essa droga desse drama?
Sophie o olhou assustada.
— Você não sabe de nada, Nate, sai do meu quarto!
— Ah, eu sei. — Nate sorriu novamente. — Eu sou o seu irmão, Sophie. E o melhor amigo daquele bobão. Ele te ama, Sophie, ele sempre te amou. Você não sabe o quanto ele ficava feliz quando eu entregava as suas cartas pra ele. Você não sabe o quanto ele esperou você voltar. Você não sabe o quanto ele ficou decepcionado quando você aceitou o pedido de namoro do retardado do Brad. Você não sabe o quanto ele te ama... E olha que ele nem sequer me disse isso! Eu percebi, cara, por que tá muito na cara. Ele conversa essas coisas com o Dan. Nunca disse nada de sentimento comigo. Mas eu sei, Sophie, eu sempre soube que ele é louco por você. Aí, ontem, quando eu escutei a tua discussão com o Brad, por causa do Luke, se recusando a deixá-lo, e ainda com raiva por ele ter saído da Stephy, eu tive certeza que você também ama ele.
Sophie abaixou a cabeça.
— Não gosto dele desse jeito, Nate.
— Para de mentir, Sophie, que droga. Para de mentir pra você mesma. — Nate bufou. — Eu me lembro, caramba, de quando vocês ficavam juntos. Eu me lembro do casamento que vocês tiveram... eu era pequeno mais me lembro claramente que a mãe quase infartou. — Ele riu. — Pode não parecer, mas eu te conheço muito, Sophie. Vejo nos teus olhos o que você sente. Eu vejo nos teus olhos o que tu precisa. Eu sou o seu irmão, lembra? Eu sei o que é o melhor pra você. E... Brad não é o melhor pra você. — Ele olhou para o lado. — O melhor pra você está na casa aqui do lado.
Sophie fez que não com a cabeça, limpando uma lágrima que insistiu em sair.
— Não? — Nate. — Não, Soph? Por favor. — Ele riu debochadamente. — Então me olha, nos olhos, e me diz que você não gosta dele.
Sophie levantou o olhar e deu de cara com os olhos castanhos penetrantes do irmão.
— Eu... — Ela começou a frase, mas não conseguiu terminar.
Não conseguiu por que a lembrança do abraço que ela deu nele, nesse mesmo dia, a invadiu como um furacão. A vontade que ela sentiu de tê-lo perto dela veio de uma vez, com mais força do que antes.
— Você o ama, não é?
— Sim. — Ela disse num fio de voz... E de repente tudo ficou claro.
A confusão foi embora.
De repente, tudo se esclareceu. Tudo ficou óbvio.
Ela gostava dele! Lógico, ela o amava. Assim como no dia em que eles “se casaram”. Ela... ainda o amava.
Nate sorriu de orelha a orelha.
— Eu sabia. — Ele mantinha a feição vitoriosa. — Agora, Sophie, eu te digo novamente: O que diabos você está fazendo aqui?
— Ele... — Ela suspirou. — Ele está com a Stephy agora...
Nate gargalhou, debochadamente.
— Ah, Sophie, vamos lá. Todo mundo sabe que ele não gosta dela, e só está com ela pra tentar te esquecer. Quer uma desculpa? Ótimo. Mas uma menos esfarrapada do que essa.
— Ele foi grosso comigo hoje por causa dela. — Ela disse tudo rápido, deixando algumas lágrimas caírem.
— Por que ele está confuso! — Nate disse como se fosse óbvio. — Você era “só uma amiga” para ele há uma semana atrás e agora vem com crises de ciúmes? Ele está assustado! Está confuso! Mas isso não o faz te querer menos, minha irmã. Sophie, vai na casa ao lado e fala o que você está sentindo pro garoto que você ama, e faz isso agora. E o Brad que se ferre. — Nate disse com o mesmo sorriso no rosto.
Aquele sorriso do irmão a deu uma coragem indescritível. Sophie sentiu que amava Luke e que fugia disso para não se machucar novamente... Assim como ela se machucou ao ir para a Inglaterra, sem o seu amor. Ela se lembrava do quanto fora difícil para ela. Se lembrava das inúmeras noites que passou em claro, chorando de saudade. Se lembrava do quanto sofreu, chorou, doeu. Ela só não queria outra vez, e por isso, privou-se de gostar dele novamente.
Mas agora... ela notou que nada mudara em relação ao seu sentimento. Notou que precisava dizê-lo para Luke.
Ela sentiu as mãos do irmão limparem suas lágrimas e sorriu. Sorriu verdadeiramente.
— Eu... eu vou lá.
— Year! Essa é a Sophie que eu conheço. Essa é a minha mana. — Sophie gargalhou com a empolgação de Nate. — Só não se anime demais, irmãzinha. Não estou a fim de ser tio antes dos vinte. — Nate deu de ombros e Sophie lhe deu um soco no braço. Ele gargalhou.
— Bobão.
— Para de me insultar e vai agarrar o seu homem. — Novamente, Sophie gargalhou.
Levantou-se da cama, e limpando o rosto rapidamente, desceu as escadas.



Eu pensei em voltar a ter você ultimamente.
Você tira minha alma de mim.
Porque quando eu te vejo, você faz meu coração explodir,
Mas tudo é o mesmo, você não deve se responsabilizar.
Baby, baby, eu ainda amo você.



Foi até a porta da casa tão conhecida e sentiu o coração acelerar. Ok, desde quando o coração dela acelerava ao pensar em ver Luke?
Ignorou e bateu três vezes na porta. Katt atendeu.
— Ei, Sophie!
— Oi tia! — Ela abraçou. — Hein, parabéns pela promoção. Fiquei sabendo hoje.
— Obrigada, linda. — Katt sorriu.
— Por que minha mãe não está em casa?
— Ela teve que resolver uns problemas e não vai estar para o almoço, mas hoje ela volta no horário normal.
— Ahn... ok... Luke está?
— Estou. — Ela ouviu a voz grossa de Luke e olhou para a sala. Ele estava... frio. — O que quer?
— Falar com você... em particular, se possível. — Sophie olhou pra baixo.



Eu preciso das batidas do seu coração perto do meu.
Eu estou amando.
Eu preciso das batidas do seu coração perto do meu.
Eu estou amando.



— Se for pra continuar o assunto de hoje de manhã, nem precisa se...
— Não! — Ela o interrompeu. — É outra coisa, juro.
Luke sorriu e fez que não com a cabeça, debochado.
— Então tá. — Ele disse e arqueou as sobrancelhas. Sophie já estava se incomodando seriamente com o deboche de Luke.
Eles subiram as escadas em silêncio e adentraram o quarto. Luke fechou a porta e cruzou os braços.
— E então?
— Eu... — Ela procurou as palavras certas para dizer aquilo.
— Não precisa falar nada. — Luke sorriu, sem nenhuma vontade, e com certo deboche. — Sua carta já deixou isso bem claro, lembra?
— Carta? — Ela mudou a feição dela de medo para confusão. — Que carta?
— Que carta. — Ele repetiu a última frase dela com deboche. — Que carta, Sophie? O maldito bilhete que você enfiou na minha mochila! Quer saber? Eu cansei disso tudo. Cansei do seu fingimento. — Luke virou de costas.
— Do que você tá falando? Eu não escrevi carta nenhuma!
— Ah, não? — Novamente, debochado. — Legal. Então me diz por que enfiaram essa carta... — Luke foi até a sua mochila e achou facilmente o cartão. — ...na minha mochila, com a sua letra, assinando o seu nome no final.
Ela pegou a carta bruscamente da mão de Luke e a leu com desespero.
— Eu não escrevi isso! É mentira! — Ela gritou.
— Então vai me dizer que a letra não é sua, Sophie?
— Não! Parece muito, mas eu juro que não é!
— Caramba, meu! — Luke gritou de volta. — Me diz: o que você quer de mim, droga?! Eu faço a música pra você e falto me declarar, você começa a namorar com outro cara e depois finge que nada aconteceu, aí eu sofro pra caramba e você continua com o idiota! Aí quando eu finalmente estou quase saindo do buraco onde você me enfiou, você vem com conversas estranhas e abraços do nada, um bilhete que praticamente diz “sai do meu pé, eu não gosto de você”, e depois vem me dizer que não escreveu, sendo que está com a sua letra?! O que você quer de mim, Sophie?!
— Eu quero você, droga! — Ela respondeu no mesmo tom.



Você lembra de como eu conheci você criança?
Eu estava triste e eu fiquei caído completamente por você.
Quando eu quis seu coração e, você não me quis, agora você quer.
Mas agora você quer.



— Você tá realmente se divertindo enquanto brinca com a minha cara, né?
— Não, Luke! — Ela gritou. — Eu estava confusa em relação ao que eu sentia por você, é tão difícil entender?! Mas agora eu não estou mais! Eu amo você.
— SE VOCÊ ME AMA, POR QUE DIABOS VOCÊ TÁ NAMORANDO ELE AGORA? POR QUE VOCÊ BRINCA COMIGO E COM OS MEUS SENTIMENTOS, HEIN? SE VOCÊ ME AMA POR QUE ME TRATA ASSIM?
— Eu não escrevi essa carta, Luke!
— Você não é a mesma. — Ele olhou pro lado, irritado. — Você mudou, Sophie, aceite. Você não é mais aquela criança fofa pela qual eu jurei meu amor. Agora você é uma outra pessoa... eu demorei quase três meses pra perceber isso, mas finalmente caiu a ficha. Você não é a mesma Sophie de antes. Você é agora uma menina... fútil, fria, cínica... mentirosa.
Aquelas palavras de Luke doeram em Sophie mais do que qualquer coisa. Era como se pegassem o seu coração e o cortassem em pedacinhos.
— Você não acredita em mim. — Ela disse, rapidamente. — Então isso é perda de tempo.
— Para de mentir, Sophie, pelo amor de Deus! — Ele disse, irritado.
— EU NÃO ESTOU MENTINDO, INFERNO!
— NÃO ESTÁ? — Ele disse no mesmo tom. — VOCÊ ESTÁ MENTINDO SIM! VOCÊ MENTE QUANDO DIZ QUE NÃO ESCREVEU A CARTA E MENTE QUANDO DIZ QUE ME AMA! É TUDO UMA MENTIRA, SOPHIE, SEMPRE FOI! — Luke praticamente cuspiu para fora tudo o que queria dizer para Sophie desde seu namoro com Brad. — VOCÊ MENTE POR QUE VOCÊ SE TRANSFORMOU EM UMA MENTIROSA!
— Você está me ofendendo, caramba!
— E daí? VOCÊ ESTÁ BRINCANDO COMIGO!
— Não estou! Eu não escrevi essa carta! E você não quer acreditar nisso, caramba!
— Por que você está mentindo! Você mentiu até quando disse que a Stephy arranjou briga com você! Eu falei com ela, Sophie, e ela negou tudo.
— Incrível. Nela você acredita. — Sophie olhou para o alto e piscou rapidamente, impedindo as lágrimas de caírem.
— Ela nunca me deu motivos pra desconfiar dela.
— Só não diga que eu não te avisei quando você pegar ela se comendo com outro cara, por que é isso que ela é, Luke, uma vadia.
— A única garota que eu vejo que quer dois caras aqui é você.
Sophie abriu a boca e Luke olhou pra baixo.
— Quer saber? — Ela falou, dessa vez, baixo. — Me enganei. Não tem como eu amar você. Eu posso amar o Luke de antes, mas eu não amo você.
— E depois diz que não tá brincando, incrível. — Ele sorriu debochadamente.
— NÃO ESTOU BRINCANDO, VOCÊ ME OFENDEU! — Ela rebateu, gritando.
— ISSO POR QUE VOCÊ OFENDEU A GAROTA COM QUEM EU ESTOU SAINDO!
— Quer saber de uma coisa? Vai se danar. — Sophie disse rapidamente. Seu rosto estava vermelho e sua cabeça girava de raiva.
— Eu não preciso disso, sai da minha casa agora.
— Com prazer. — Ela forçou os lábios. — Não sei como pude me apaixonar por você.
— Eu não sei como pude me apaixonar por você.
— EU TE ODEIO, LUKE DAVIS! — Ela gritou muito mais alto do que qualquer grito que dera naquele quarto.
— Não. — Ele disse calmo e dando outro sorriso. — Eu te odeio. E olha, fui burro em ter gostado de você. Eu te odeio, Sophie Farro. Sai da minha casa, vamos.
Sophie virou as costas e saiu do quarto, descendo as escadas rapidamente. Nem se deu ao trabalho de olhar no rosto confuso de Katt. Apenas seguiu para a sua casa.
Luke não era mais o mesmo. E agora, ela o odiava.
Ele, por sua vez, socou a primeira coisa que viu. Estava cheio de ódio, raiva, rancor, e todos os sentimentos ruins possíveis. Como pôde gostar de uma garota tão cínica?
É, mas ele gostou da Sophie antiga. Ela não era mais a mesma, e agora, ele a odiava.
O amor de infância dos dois havia se transformado em ódio. Ao menos, era isso o que eles queriam acreditar.


Você ainda me ama?
Porque eu sinto sua falta.
Sinto sua falta, baby,
Sinto sua falta.

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