23 de set. de 2012

Capítulo 52

If something can go wrong, it will.



— Achei sorvete na geladeira. Você não liga, né? — Alana entrou na sala de Hayley sorrindo, com uma tacinha com duas bolas de sorvete de morango na mão.
Hayley sorriu.
— Pode tomar. Se tem uma coisa que nunca falta aqui em casa é sorvete. — Alana sorriu, levando a colher à boca e se sentando no sofá ao lado da amiga, que mexia no notebook.
— E aí, achou? — Ela perguntou.
— Não... — Respondeu Hayley, pressionando os lábios. — É difícil achar uma banda aqui em Nashville que não cante sertanejo e não peça mais de 1,000 por noite.
— Procura de outro lugar, ué.
— Vamos ter que pagar passagem e hospedagem.
— É só uma noite, Hayles.
— Ok...
Hayley continuou a pesquisar bandas legais para tocar na festa do Coronel/General Farro enquanto Alana se deliciava com sua sobremesa. Eram seis e meia da tarde, e o expediente já havia acabado. Mas como Hayley não achou banda legal no escritório, decidiu procurar em sua casa, onde poderia escutar bem o som. E Alana foi junto apenas por que não tinha nada melhor para fazer, e bem, ela amava visitar Hayley.
— Olha, achei uma banda que está em uma pequena turnê e vai passar por Nashville justamente no dia da festa.
— Hm... é famosa?
— Mais ou menos. Tem vários fãs... 20,000 seguidores no twitter... Um CD... digamos que é.
— Vamos escutar, parece ótimo. Pagar mais por uma banda boa vale a pena.
Hayley fez que sim com a cabeça e clicou na música mais ouvida. Ela começou a ecoar.
— Ei, meninas. — Jason disse, entrando na sala com um sorriso no rosto e o seu baixo encapado nas costas. Voltava do trabalho.
— Oi Jasy.
— Oi sweet. — Hayley disse e Jason se aproximou, dando-lhe um selinho demorado.
Alana mordeu o lábio inferior e encolheu a cabeça levemente, para não olhar aquilo.
— Que música boa. — Ele disse. — De quem é?
— All About Us, He is We. — Alana respondeu, tomando outra colherada do sorvete.
— E é realmente boa. Acho que vou entrar em contato com eles. — Hayley.
— Faça isso. — Alana.
— Pra quê?
— Preciso de uma banda para a festa militar...
Jason suspirou.
— Trabalhando nisso em casa outra vez?
— Sabe que eu preciso...
— Não, não precisa. Você podia fazer isso só na empresa. Por que insiste em fazer isso aqui?
— Jason! — Hayley o repreendeu e olhou de canto para Alana, que tomava seu sorvete num canto, tentando parecer indiferente a discursão que aconteceria ao certo.
— Hm... acho que eu vou indo... — Ela disse.
— Não, Ally, fica aí. — Jason disse. — Não quero que vá embora por minha casa.
Eu nunca iria embora por sua causa.
— Eu...
— Você ouviu ele, né? Fica aí. Você mesma disse que não queria ficar sozinha na tua casa.
— É, mas...
— Deixa de ser teimosa, menina! — Jason disse, fazendo-a corar.
— Tá... tá bom. — Ela sorriu de canto.
E estranhamente, essa discursão havia aliviado a tensão do momento.
Jason saiu da sala, indo em direção ao quarto.
Enquanto Hayley continuava escutando as músicas da He is We, Alana foi lavar a taça de sorvete que havia acabado. Feito isso, ela subiu as escadas em direção ao banheiro. Retocou o lápis que marcava os seus olhos e saiu dele. Passou pela porta do quarto de Hayley e Jason que estava entreaberta. E mesmo que sua consiencia gritasse para ela sair dali, ela se recostou e passou a espiar.
Jason estava apenas com sua calça jeans costumeira. Ele estava sem camisa e a cueca dele aparecia no começo da cintura. Ela sentiu o coração acelerar.
Ele passou uma mão pela barba e logo após pelo cabelo. Andou e saiu do seu campo de visão por alguns segundos, voltando logo depois com uma toalha preta no ombro. Ele colocou uma mão no botão da calça jeans e o abriu, abaixando-a em seguida e ficando apenas de cueca box. Enrolou a toalha em volta do quadril logo depois.
Alana abriu a boca, surpresa.
Ele era... lindo. O corpo dele era lindo. Simplesmente lindo.
Fez que não com a cabeça e saiu dali rapidamente, sem fazer barulho.
Tentava de todas as formas reprimir os pensamentos em relação à Jason. Mas ela não tinha forças para isso. Desde o dia que o viu, há alguns anos atrás, vem tendo essa paixão secreta por ele.
Lógico que deixou de ser segredo absoluto quando Katt descobriu.
Ela se sentia super culpada por gostar do marido de uma das suas colegas de trabalho e amigas mais próximas. Mas... esse é o tipo de coisa que não se contém.
Fez seu sorriso de sempre e voltou à sala.
— Eita, demorou, hein?! — Hayley disse.
Ela, por sua vez, estava escutando a música Kiss It Better – He is We.
E por algum motivo desconhecido, essa música a lembrou Josh. De uma forma tão intensa que ela deixou uma, apenas uma única lágrima escapar.

Ele era apenas uma memória. Tudo que é, é uma memória.
Hey, hey.
Ele chora,
Fique comigo, até eu adormecer. Fique comigo.

Ela já sabia que o Coronel Farro também era Josh Farro. Parou de mentir para si mesma, por insistência de Sarah, há uma semana e meia atrás.
Mas estava decidida a viver com Jason. Pelo simples motivo de estar cansada de sofrer.
E bem... ela amava o Coronel...
Mas ela nunca assumiria isso. Para ele.
Limpou rapidamente a lágrima ao ver a amiga voltando do banheiro.
— Demorei nada. Você que tá viajando aí na musiquinha aí. — Alana retrucou, sem saber que falava a verdade.
— Ah, cala a boca.
A imagem de Jason apenas de box passou pela cabeça de Alana e ela sorriu involuntariamente.
— Mas e aí, vai falar com essa banda mesmo?
— Vou. Tá decidido. O som é bom, calmo, e a voz da Rachel (acabei de descobrir, o nome da vocalista) é incrível.
— Legal.
— Enfim. Vou deixar pra fazer isso amanhã. — Hayley sorriu e fechou o notebook.
— Ei... vamos fazer alguma coisa?
— Tipo...?
— Sei lá, chamar a Katt e sair por aí. Já tem um tempão que eu não me divirto de verdade...
— Mas a gente tem trabalho amanhã...
— E desde quando Hayley Williams se preocupa com isso? — Alana brincou.
— Ok, ok. Vamos na Katt. — Ela sorriu. — Só vou avisar o Jason primeiro.
— Tá, te espero lá na casa dela. — Alana disse se levantando. Saiu pela porta e foi até a casa da outra amiga. Bateu na porta, Jeremy abriu.
— Ei Jerm.
— Oi Ally, entra aí.
— Ok. Cadê o Luke?
— Assistindo Phineas e Ferb na sala.
— Ah. — Ela sorriu e entrou na casa. Luke estava com Perry agarrado a si enquanto pulava e dançava a música de abertura do desenho. Ao vê-la Luke acenou, mas sem parar de cantar.
Orientada por Jeremy ela foi até o quarto de Katt.
— Kathryn? — Ela disse, entrando.
— Ei, Ally. Terminou o negócio com a Hayles?
— Aham... — Ela suspirou, enquanto se sentava na cama, onde Katt passava esmalte em uma unha.
— Ih... conheço esse sorriso... — Ela se referiu ao sorriso que Alana não tinha dado conta de que tinha dado. — Viu ele outra vez, né?
— Sem camisa...
— Eita.
— ...e calça.
Katt parou imediatamente de pintar e olhou a amiga incrédula.
— Ahn?
Alana sorriu.
— Não vou dizer. Você vai me criticar.
— Eu realmente acho melhor que você me conte, por que eu juro, você não tem idéia de quantas hipóteses minha imaginação está formulando agora.
— Não vou falar, não adianta.
— Bem, a primeira coisa que passou pela minha cabeça foi que vocês resolveram fazer um trio e...
— Eca! Que horror! — Alana a cortou. — Urgh.
Katt gargalhou.
— Quer que eu continue ou vai me contar?
— Tá certo. Eu... sem querer... espiei pelo canto da porta enquanto ele se trocava pra tomar banho.
— Sem querer?
— Eu sei que foi errado, mas... o que tem de mal em olhar?
— Quando se olha o marido da sua amiga, tem muita coisa errada.
Alana olhou para baixo.
— Não precisa me relembrar isso. — Ela sorriu, mesmo sem vontade. — Mas eu já estou lidando com isso, ok? Tudo bem. Posso manter uma paixão platônica e totalmente impossível sem ninguém ficar sabendo. Além de você, é claro.
— Você que sabe.
— Nisso tudo eu até esqueci o real motivo de vir aqui.
— O que manda?
— Sugeri a Hayles para a gente sair por aí, já tem um tempão que eu não me divirto de verdade. Um passeio só de garotas, à noite. Que tal?
— Hm... tem o Luke...
— Deixa com o Jeremy e o Jason... A Hayley já tá falando com ele... Vamos, Kathryn, por favor! — Alana praticamente implorou.
— Ok, vamos. Vou falar com o Jeremy. E a Srta. vai manter em segredo essa tua paixão.
— Já disse que sei lidar com isso. — Alana sorriu novamente.
Ela realmente sabia lidar com isso. Não deixava seu amor por Jason transparecer de jeito nenhum! Katt só soube por que certa noite, ela ficou bêbada, e tudo fica mais fácil quando isso acontece. Mas ela realmente sabia esconder seus sentimentos. Era conhecida pelo seu alto-astral e o sorriso no rosto o tempo todo. E ela sabia, melhor do que ninguém, ser feliz. Mesmo com todas as dificuldades que ela passou na vida e gostando secretamente do marido de uma das suas melhores amigas — o que seria o suficiente para uma depressão —, ela sempre estava sorrindo. Ela era feliz. Conseguia ver o lado bom da vida e aproveitava.
Afinal, ela era uma bela mulher de 25 anos com um bom emprego e bons amigos. Os motivos para ser feliz eram maiores para ela.
Quando escutou a voz de Hayley ecoar pela sala ela saiu do quarto de Katt. Encontrou Hayley com um casaco nos ombros e Jason colocando um boné do RedSox na cabeça do pequeno Luke.
— Você gosta de beisebol, Luke? — Ele perguntava.
— Sim! Go Yankees! — Ele gritou e Jason e Jeremy fizeram um rosto de susto e tristeza.
— Não! Meu filho — Jeremy começou —, os Yankees não são legais. Você tem que torcer pro RedSox, ouviu?
— Mas papai, todos os meus amigos da escolinha gostam dos Yankees.
— Pois é, mas os Yankees acham Phineas e Ferb uma chatisse. Você prefere os Yankees chatos ou o RedSox?
— Eu prefiro RedSox. — Ele respondeu.
— Year! Esse é meu filho!
— Que coisa feia, Jeremy. — Alana disse, chegando à sala. — Mentindo pra criança pra ela torcer pro mesmo time. Que aliás perde todos os campeonatos.
— Eu educo meu filho como eu achar melhor, ok? E cale a boca. Só perdemos os campeonatos por que os juízes são ladrões.
— Ou talvez porque os Yankees são melhores mesmo. — Hayley.
— Ei, vocês, vocês não sabem de nada ok? Shut up. — Jason disse.
— Que ótimo que escolhemos noite de beisebol pra sair. — Katt disse, rindo, enquanto colocava um casaco.
— Taylor não vem? — Hayley.
— Nós o chamamos... mas ele não é muito fã de beisebol e a essa hora, deve estar agarrado a Dakotah. Acho difícil. — Jeremy.
— Então... vamos? — Sugeriu.
— Aham. — Alana concordou.
Depois de se despedirem, as garotas entraram no carro. Katt se sentou no banco do motorista, Alana no passageiro e Hayley ficou no banco de trás. O carro começou a andar.
— Quantos anos tem que a gente não sai juntas? — Hayley.
— Hm... uns 6 anos, viu. — Alana disse, entrando na brincadeira e fazendo as duas rirem. — Ok, parei. Mas já tem alguns meses. Estava sentindo falta.
— É, eu também. — Hayley concordou.
— Katt... tá calada...
— Me preocupa deixar meu bebê na mão daqueles dois loucos. Imagino quantos palavrões ele vai aprender hoje.
Elas riram.
— Relaxa.
— Pra onde vamos? — Katt.
— Pro restaurante de sempre, ué. — Ally.
— Ok.
Quando as três colegas de trabalho saíam, elas iam sempre a um mesmo lugar. Lá elas se divertiam com a música que era sempre boa, comiam, brincavam, conversavam muito, sobre elas e os outros. Era um programa que elas faziam pelo menos uma vez por mês, mas deixaram de fazer no ultimo mês pelo fato de Hayley estar abarrotada de trabalho.
Katt ligou o rádio e estava no meio da música New Perspective, da Panic!. Elas começaram a cantarolar.
— Ei, Hayles, você conhece a banda né? — Alana.
— Sim.
— Tem como me arranjar uns ingressos pro show deles aqui?
— Vou falar com o Brendon. — Ela sorriu. — Mas por quê?
— Preciso de um show de verdade, sério. — Alana sorriu. — Estou perdendo minhas essências. Da época que eu tinha 17 e vivia indo em shows de rock.
Elas riram.
— Só eu que não tive uma adolescência louca desse jeito? — Katt.
— É. — Hayley sorriu.
— Qual foi a coisa mais louca que você fez na adolescência, Hayley? — Ally.
— Hm... não sei... Estou entre a noite em que eu quase fui presa numa boate ou na noite em que eu fui no show da Blink 182 em L.A. e acabei indo nadar na praia com o meu namorado. O resto vocês já podem imaginar.
Alana riu.
— Primeiro: Como assim quase presa? Segundo: Que namorado?
— Bem... Eu e toda uma galera, inclusive a formação toda da Panic!, fomos a uma boate por aqui... aquela que fica perto da rodoviária, sabe?
— Ahn, sei.
— Então, a gente morava longe pra caramba, lá em Franklin. Aí fomos todos, inclusive Jeremy, Jason, Taylor e Justin, que vocês conhecem. Nós fomos em 3 carros e na moto do Jason. Lá a gente dançou pra caramba, rolou muito estresse com o Jeremy e a ex dele, ela ficou totalmente bêbada... aí a polícia apareceu porque tinha muito menor e a bebida tava rolando solta... Então a gente se escondeu e o Jason saiu correndo pra dispistar os policiais. Todo mundo correu e se enfiou nos carros e o Jason fugiu na moto, no maior desespero. Depois de correr um quarteirão inteiro, né.
Elas estavam rindo.
— Essa ex do Jeremy é a Sarah Orzechoski, né?
— Sim. Foi nessa época que começou o rolo dela com o Brendon. — Elas riram.
— E o show? Quem é o cara que transou com você na praia? — Alana disse, arrancando uma gargalhada de Katt.
— Foi um típico show de rock... Só que nesse mesmo dia, eu tinha sacaneado com ele na praia... E aí, depois do show, pra se “vingar” de mim, ele me levou pra praia e me mergulhou a força na água.
— Que lindo. Mas você ainda não me disse quem é o cara.
— O meu ex... Josh...
— Espera, espera, para tudo. — Alana. — O Josh Farro?
— É...
— O Coronel Farro?
— É...
Alana mordeu o lábio inferior.
— E isso morre aqui, ouviu? — Hayley disse.
— Com certeza. Só fiquei surpresa que você não xingou ele nenhuma vez.
— Nessa época, Ally, ele era legal. Mentira, ele era um baita de um chato. Mas ele era... viciante. Quer dizer, ele não era um insuportável. Ele era carinhoso, safado, chato, lindo...
— Bem, não é nada não... Mas ele ainda é lindo, Hayley. Por que sério, o cara tem um corpo que...
— Ok, eu entendi. — Hayley a cortou.
Era desconfortável pra ela escutar elogios do Josh... que não fossem feitos por ela.
E isso não é ciúme, tá.

***

Hayley desligou o telefone, feliz.
Havia acabado de falar com o empresário da banda He Is We e, com muita negociação eles fecharam tocar na festa por um preço não tão pesado.
Pensou como tudo seria mais fácil se Josh concordasse em colocar imprensa na festa. Provavelmente a banda tocaria por metade do preço.
Mas se ele estava disposto a pagar mais por isso... que seja.
— E aí, conseguiu? — Alana perguntou. A saída e festa na casa de Hayley até tarde na noite anterior parecia não ter acontecido para ela. Sua aparência estava impecável.
— Yes! — Hayley disse feliz e jogou os braços para o alto. — Nem acredito que está dando tudo certo e que faltam menos de duas semanas para a festa se concretizar. O buffet está todo pronto, os decoradores e fotógrafos contratados, tudo rolando como eu planejei. — Ela suspirou.
— Parabéns!
— É sério. Ainda bem que tá dando tudo certo. E o melhor? Já acabaram os ensaios de nomeação e eu não preciso mais ver o Generalzinho.
— Viu, Hayles? Não foi tão mal assim. E agora você vai ser promovida. — Katt disse.
— É, graças a Deus. Me sinto ótima.
— Não gosto de ser estraga prazeres e tal, mas não se canta vitória antes da hora, Hayley...
— Hayley, telefone pra você! — Gritou a estagiária. Hayley estranhou e atendeu o seu próprio telefone.
— Alô?
— Ei, HayHay. Josh falando.
Ela suspirou.
— Não me chame assim. E o que o Senhor quer?
— Bem... ontem eu estava passeando e eu achei um salão muito bom. Acho que vai ficar bem melhor do que o outro.
— Mas, não! O outro salão já está ótimo! Está tudo projetado pra ele e eu vou ter que mudar tudo se você resolver outro...
— Hayley, isso é pro seu bem. Esse salão é muito melhor, eu garanto que você vai gostar.
— Eu vou ter que trabalhar mais pra levar a festa pra outro salão que não estava no meu projeto, droga! Você...
— Ei, entenda. Eu estou pagando isso e quero o outro salão, ok? Passo aí às 4h pra te pegar.
— Mas eu...
Ele desligou.
Hayley passou a mão pelo rosto.
— Droga! — Exclamou alto.
— O que foi? — Katt.
— Aquele imbecil quer outro salão. De última hora! Inferno.
— Outro salão? Como assim outro salão?
— Ele disse que “achou outro melhor”. E que quer esse. Droga.
— Bem, se você não tivesse se gabado dizendo que estava tudo dando certo, que já estava tudo pronto, que já tinha banda, que não precisava mais ver ele e tal, isso não teria acontecido. Lei de Murphy, querida. Se algo pode dar errado, dará.
— Obrigada, Alana. — Hayley revirou os olhos. — Ele vai vir daqui a vinte minutos me buscar pra ver esse bendito salão. Ai, que merda.
— Meus pêsames.
Hayley fez que não com a cabeça, chateada.
Logo agora que tudo estava dando certo!
— Vou falar com o Nicky. Ele não pode deixar isso acontecer. — Ela passou a mão pelos cabelos e se levantou.
— Boa sorte, amiga. — Katt.
Ela pegou o elevador e tomou o andar de Nicky. Depois de autorizada, entrou em seu escritório e lhe contou tudo.
— Sinto muito, minha ruivinha... Mas se ele exige que seja outro salão, eu não tenho como fazer nada. — Ele disse num semblante triste.
— Mas... você não tem mesmo como fazer nada?
— Gata, presta atenção em uma coisa aqui: O cliente é sempre o chefe. Se ele quer outro salão, outra banda, outra decoração, outra festa que seja, tem que ser assim.
Hayley suspirou.
— Só mais duas semanas, gata... e pronto... você vai ter sua promoção e sua vida antiga de volta.
— Eu sei... obrigada, Nicky. — Ela disse e saiu da sala do chefe, indo em direção ao elevador.
Quando adentrou seu andar, a estagiária avisou que o Coronel já a esperava no térreo.
Hayley pegou sua bolsa e desceu.
Josh já a esperava. Estava vestido com sua farda. Hayley não sabia se era ela, ou aquela farda estava mais apertada. Talvez os músculos estivessem maiores... talvez, é.
Piscou fortemente os olhos e tentou livrar-se dos pensamentos em relação a roupa do oficial.
— Vamos? — Ele disse, assim que a viu.
— Tenho escolha? — Ela respondeu com uma pergunta, já sabendo a resposta e passando em sua frente.
Josh sorriu.
— É aquele preto. — Josh disse, já fora do prédio, referindo-se ao seu carro. Hayley abriu a porta e entrou primeiro.
Ele entrou e começou a dirigir.
— Eu sei que você tá com raiva, mas olha, o salão é ótimo. Tem até três andares!
— Você sabe que vai ficar mais caro, né? Estou trabalhando dobrado nisso.
— Eu já disse que não ligo pro preço.
— Ótimo. Contratei uma banda cara.
— É boa?
— Lógico. — Hayley revirou os olhos.
— Então tudo bem.
Hayley não falou mais nada. Estar naquele carro era desconfortável. Motivo? Estar em qualquer lugar que tenha menos de 3m² com Josh era desconfortável.
E assim foi todo o caminho até o salão. Sem nenhuma palavra. Duraram apenas 10 minutos, mas para ela, pareceram duas horas. Finalmente chegaram.
Hayley olhou bem o salão antes de sair do carro.
Sim, é maior. Mas não necessariamente melhor.
Saiu do carro ainda sem falar com Josh, dedicando-se a observar o salão. Entrou nele e seu desgosto apenas aumentou.
O lugar era grande, porém mal cuidado. Toda a estrutura era diferente e ela precisaria refazer todo o projeto de decoração. Não sabia como era a cozinha para o buffet, e provavelmente, teria que mudar isso também. E tudo isso em apenas dez dias.
— O palco é maior. — Josh comentou.
— Isso não quer dizer que seja melhor. — Ela retrucou. — Vou ter que refazer tudo. Preciso ver a cozinha e falar com o proprietário. Onde ele está?
— Provavelmente no terceiro andar. Mas eu tenho liberdade pra te levar na cozinha. Fica por ali.
Josh a conduziu até a cozinha.
Ela suspirou.
Era muito pequena para abastecer todo o salão.
— Achei que a cozinha daqui fosse maior.
— Não é grande o suficiente?
— Não.
— Sabe o que eu acho?
— Não e não me importo.
— Acho que você só está desvalorizando o lugar por que não quer refazer o seu trabalho.
— Não sou de desvalorizar o que não precisa. — Hayley retrucou. — E você tem razão na parte de eu não querer refazer todo o meu trabalho. Estou mais do que certa nisso. Mas esse lugar é péssimo.
— Não é. É ótimo e você vai ver isso quando subir os andares.
— Não me interessam os andares! O importante é o térreo!
— Hayley, lembre-se de que eu estou pagando. Acho esse salão melhor. Vamos subir.
— Que seja. — Ela revirou os olhos e passou a seguir Josh.
— Você poderia ver o lado bom da coisa.
— Não! O lugar é um horror! Eu detestei tudo aqui. O outro salão é muito melhor.
— Eu discordo. — Josh disse entrando no elevador seguido de Hayley e apertando o botão 3.
— Você discorda de tudo o que eu faço! Parece que quer me ver trabalhando dobrado. A sua festa já estava toda esquematizada!
— Eu acho isso melhor e você vai fazer o que eu quero, ok?
— Ah, vai se ferrar, Farro.
O elevador abriu e eles saíram dele.
Hayley continuou a se decepcionar com o lugar que Josh havia proposto.
Conheceu o proprietário. O lugar além de pior, era mais caro.
O outro salão que eles haviam ensaiado era muito melhor. Menos amplo, porém mais cuidado e harmonioso. Hayley havia preparado tudo para ele. Estava cheia de ódio por não conseguir fazer o que queria. Por ter de fazer tudo outra vez.
O seu trabalho de quase um mês teria de ser refeito em 10 dias, em maior escala.
Estava tensa. Também pudera.
Josh estava fazendo aquilo apenas para irritá-la, e ela sabia disso.
— Olha, uma vista.
— Não importa a vista. Os convidados e militares vão ficar no térreo, curtindo a banda e a música depois de tudo isso. É sério, eu não sei se vai dar certo! Tenho pouco tempo pra ajeitar esse lugar.
— Adiemos a nomeação, então.
— Adiar? — Ela disse mais alto do que calculara. — Como assim adiar? Não! Não podemos adiar mais tudo isso! Eu preciso terminar isso tudo logo.
— Por que tanta pressa pra acabar com o seu trabalho, Hayley?
— Por que eu não quero mais te ver. — Ela disse como se fosse óbvio e sorriu debochadamente. — Vamos embora.
Ela colou sua bolsa ao corpo e saiu em frente em direção ao elevador.
Josh foi logo atrás dela. Antes da porta fechar por inteira, ele agarrou seu braço, forçando-a a olhar em seus olhos castanhos.
— Não quer mais me ver por que? — Ele perguntou.
— Por que eu não te suporto.
— Por que não me suporta? Por que estar perto de mim te deixa tão irritada?
— Por que eu te odeio, droga.
O elevador, mesmo sem ninguém apertar nenhum botão, começou a se mover.
Até, é claro, parar.
E apagarem-se as luzes.
E eles ficarem presos. Juntos.
— Não. — Hayley estava estática. — Isso. Não. Tá. Acontecendo... De novo.

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