23 de set. de 2012

Capítulo 39

I can't believe this is happening



— Inacreditável — Josh disse, com um sorriso brincando nos lábios. — Uma foto minha do anuário? Deus, como eu era ridículo. Olha esse cabelo.
Danna deixou uma risada escapar alegremente de sua garganta.
— Pode acreditar — ela disse. — Eu falei que guardava essas coisas desde os treze anos. Tem coisas que ninguém mais acharia.
— Meu Deus — Josh disse, ainda olhando a foto. — É... difícil acreditar que você descobriu tudo assim.
— Eu tinha tempo — Danna deu uma risada de canto. — E queria saber. Então consegui o seu nome, e depois achei você nessa foto do anuário, e então só precisei procurar o máximo que podia. Ficou mais difícil mesmo depois que Jenna saiu de Franklin.
— Entendi — Josh disse, sorrindo, olhando o que havia dentro daquela caixa.
Quanto mais conhecia Danna, mais se surpreendia. Estava na casa dela (na verdade, de Hector), já havia estado em seu ateliê e visto algumas pinturas que ela tinha, além de ter visto algumas de suas fotografias. E agora, descobrira que além de ela ser uma excelente artista, era também uma quase detetive.
Surpreendente, ela era.
— Ah — ela disse, pegando um papel do fundo da caixa —, eu achei isso sobre um garoto chamado Joseph Farro, mas não tenho certeza se é seu filho... pesquisei um pouco e conclui que sim, mas nunca se sabe...
— É meu filho, sim — Josh respondeu, apontando para a foto na manchete de blog. — É o mais novo, e todos o chamam de Joe, mas ele quis manter o Joseph quando o agente dele acertou todos os detalhes do livro. É o primeiro livro dele, e encantou todos que já leram. Inclusive a mim. — Josh deu um sorriso singelo ao pensar em Joe e na sua nova obra. Lembrou-se de súbito da história, de Alison. Pensou que Danna gostaria realmente de saber sobre a história. — Você precisa conhecê-lo. Todos eles. — Disse, encarando a filha nos olhos.
Os olhos de Danna brilharam por um momento.
— Não sei se é a hora — ela umedeceu os lábios.
— É sim — Josh ressaltou sua opinião. — O que me fez correr atrás e te procurar foi uma conversa que tive com Sophie. Quero dizer, eu queria sim ir atrás de você, mas... eu tinha medo. Sempre tive. — Ele umedeceu os lábios, fazendo uma pausa. — Mas aí ela me disse: “nunca é tarde para se fazer a coisa certa”.
Danna riu.
— Ela parece ser uma adolescente bem legal — disse.
— Ela é, quase não dá trabalho — Josh desviou sua atenção para o papel. — Pelo menos, não tanto quanto dava quando era criança.
— Aposto que ela não deve ter dado um quarto do trabalho que eu dava — Danna riu. — Tudo bem que era mais por pirraça do que qualquer outra coisa, mas eu era realmente terrível.
— Eu sei — Josh deu uma risada de canto. — Quando você tinha seis anos e ganhou a primeira caixa de giz de cera, você desenhou rostos pelas paredes da casa toda.
— Na verdade foram rostos dando língua — Danna disse, rindo. — Como você sabe?
Josh deu um sorriso, sem encará-la.
— Jenna me mandava uma carta toda semana quando eu estava em Louisville. Uma carta e uma foto sua. Eu tinha acabado de subir de posição no quartel quando a carta chegou, com uma foto da parede rabiscada, e ela pedindo dinheiro para a tinta. Eu mandei o dinheiro, mas ri olhando aquela foto por mais ou menos três meses. — Ele terminou de falar e olhou para ver a reação de Danna, que estava com a boca aberta e as sobrancelhas arqueadas em expressão de surpresa. Josh continuou: — A última foto que recebi foram há alguns anos atrás. Mas eu guardei todas, e todas as cartas também. Era uma forma de me sentir mais perto de você, mesmo que elas ficassem com o Nate, meu irmão, e não comigo. Então... pode se dizer que eu também tenho uma caixa.
Danna riu, ainda surpresa.
— Inacreditável — ela disse, repetindo as palavras anteriores de Josh.
— Pode acreditar — Josh também repetiu, fazendo-a rir. — A caixa agora está na minha casa. Você pode vê-la daqui a três dias, quando for me visitar.
— Três dias? — Danna arqueou uma sobrancelha, mas depois deixou o rosto aliviar. — Ah, entendi, você tá realmente muito ocupado.
— É, tô — Josh sorriu. — Mas não é por isso que eu falei três dias. É por que é daqui a três dias que Soph, Nate e Joe vão ficar comigo.
O mesmo brilho de antes passou pelos olhos de Danna, que ainda mantinha o sorriso nos lábios.
Ela iria conhecer seus irmãos. Isso realmente não poderia ser melhor.


[...]


— Eu adorei esse solo — Max disse, refazendo a introdução de Decode na guitarra de Luke.
Nate bufou.
— Diz isso mais uma vez que eu me arrependo de ter te chamado pra tocar com a gente — e revirou os olhos, enquanto Sophie deixava uma risada escapar.
— Tava sentindo falta do seu estresse, pequeno Farro — Max deu uma risada cínica.
— Isso nem foi estresse — Luke apareceu, sorrindo. — Ele nem ameaçou te quebrar na porrada ou arrancar a tua língua com uma faca, como ele faria usualmente.
— Ha, ha. Engraçadinhos. — Nate fez uma careta. — Podem rir, comediantes. Mas não sou eu que vou passar todos os solos das nossas músicas pro piadista aqui.
— Ele vai ter que se virar, até mesmo por que... — Luke se aproximou de Max, pegando a guitarra de seus braços e fazendo uma boa imitação de cara feia — ...ele é o baixista.
— Mano, vocês são todos uns chatos — Max deu língua para Luke e Nate, enquanto Sophie se acabava de rir, e pegou seu baixo.
Na realidade, Max não estava de todo fora das músicas que eles tocavam. Sabia todas as que eram Paramore antiga, havia feito a linha de contra-baixo de Let The Flames Begin e Emergency, e agora, Decode.
Sophie tirou o suporte para o microfone que estava preso ao teclado, puxando o fio aparelho, enquanto todos se colocavam em seus lugares na garagem dos Davis.
— Vamos começar com Decode, ok? — ela disse no microfone e olhou para os colegas, que concordaram.
Então Luke fez o solo de início e Sophie fechou os olhos quando o resto da banda entrou para tocar. Segurou o microfone com as duas mãos e começou a tocar.



How can I decide what's right, when you're clouding up my mind?
I can't win your losing fight all the time.
Now can I ever own what's mine, when you're always taking sides?
You won't take away my pride. No, not this time...Not this time.
(Como eu posso decidir o que é certo, quando você está anuviando minha mente?
Eu não posso ganhar sua luta perdida o tempo todo.
Como poderei ter o que é meu, se você está sempre mudando de lado?
Mas você não vai tirar meu orgulho. Não, não desta vez... Não desta vez.)



Sophie olhou para Luke, enquanto tomava fôlego para cantar o refrão. Ele parecia absorvido pela música enquanto tocava sua guitarra que tanto amava. Parecia que estava sendo levado pela harmonia e pela melodia e nada mais importaria para ele enquanto ele estava lá, apertando as cordas de sua guitarra, e deixando os lábios perto do microfone para que pudesse fazer o backing vocalquando fosse preciso.
Então ele olhou para ela de relance, fazendo com que seus olhares se encontrassem. E sorriu. Sorriu como se dissesse “eu te amo e amo estar aqui com você.”
Ela sorriu de volta e fez um pequeno headbanging antes de começar o refrão da música que não fazia muito tempo que havia composto.



How did we get here, when I used to know you so well? But how did we get here!?
Well, I think I know.
This truth is hiding in your eyes, and it's hanging on your tongue, just boiling in my blood, but you think that I can't see.
What kind of man that you are? If you're a man at all.
Well, I'll figure this one out, on my own... (I'm screaming "I love you so"...) On my own... (But my thoughts you can't decode).
(Como nós chegamos aqui, quando eu costumava te conhecer tão bem? Mas como nós chegamos aqui!?
Bem, eu acho que sei.
A verdade está escondida em seus olhos, e está na ponta de sua língua, apenas fervendo no meu sangue, mas você acha que eu não posso ver.
Que tipo de homem você é? Se você é um homem, afinal de contas.
Bem, eu vou descobrir por minha conta, para mim mesma... (Estou gritando "Eu te amo tanto"...) Para mim mesma... (Mas meus pensamentos você não pode decifrar).



Luke deixou um sorriso aflorar enquanto fazia o solo principal da música e olhava de relance a namorada balançando os cabelos vermelhos e sorrindo para Max, que fazia a linha de baixo perfeitamente. Dan também estava empolgado, os batuques estavam fortes no tambor. Nate era o único que parecia mais concentrado em fazer tudo certo e perfeito, então pouco se mexia. Diferente de Luke, que estava sempre mexendo a cabeça com o compasso da melodia, sentindo e vivendo a música.
E tanto ele quanto Sophie deixavam um sorriso escapar de seus lábios enquanto se concentravam em tocar aquela música. Afinal de contas, a letra da música era realmente o que Sophie queria dizer sobre a relação deles. Tudo sobre verdade, ou sobre conhecer... Sobre amar.
I’m screaming “I love you so...” but my thoughts you can’t decode.
Luke simplesmente não podia deixar de sorrir quando pensava que ela havia escrito aquilo quando ainda não estava com ele. Por que eles deixaram chegar a tal ponto? Luke a amava e sempre amou, mas mesmo assim, deixou-se vencer por sentimentos menos importantes. Tal como ela.
Ao menos, agora, eles sabiam que haviam feito a coisa certa. E Luke sentia isso de todo o coração.



Do you see what we've done? We've gone and made such fools of ourselves.
Do you see what we've done? We've gone and made such fools of ourselves.
Yeah…
How did we get here, when I used to know you so well?
Oh, how did we get here, when I used to know you so well?
I think I know. I think I know.
There is something I see in you. It might kill me, I want it to be true.
(Você vê o que fizemos? Estamos nos fazendo de bobos.
Você vê o que fizemos? Estamos nos fazendo de bobos.
Yeah...
Como chegamos aqui, quando eu costumava te conhecer tão bem?
Oh, como chegamos aqui, quando eu costumava te conhecer tão bem?
Eu acho que sei. Eu acho que sei.
Há algo que eu vejo em você. Isso pode me matar. Eu quero que isso seja verdade.)




Sophie deixou um grito de histeria sair de sua garganta quando a última nota da guitarra foi arrancada. Aplaudiu a si mesma, assim como os garotos, que sorriam felizes.
— Caramba, Soph — Max foi dizendo —, sério, adorei o tom altíssimo que você alcançou no “yeah”, e... mano, você canta demais. Adorei.
Luke sorriu, jogando o corpo da guitarra para as costas, mas sem tirar a correia.
— Olha, Max — ele disse, aproximando-se de Sophie. — Se você não tivesse namorada eu diria que você tá cantando a minha garota.
Max gargalhou e Soph olhou para Luke fingindo raiva.
— E desde quando que eu sou sua garota? — ela colocou uma mão na cintura.
— Desde sempre, oras. Não tente omitir os fatos. — Luke torceu os lábios e logo após os abriu em um meio sorriso.
— Fatos? — Sophie levantou uma sobrancelha e entreabriu a boca.
— Deixa ele se iludir, Red Soph! — Dan gritou. — E vamos tocar mais!
Sophie gargalhou e deixou um selinho rápido nos lábios de Luke.
Então eles escutaram uma batida no portão da garagem dos Davis. Eles se entreolharam.
— Quem é? — Dan gritou, após revirar os olhos para os amigos.
Sophie colocou o microfone no suporte e foi até o portão, arrastando-o e abrindo a boca, surpresa com a pessoa que estava do outro lado dele.
— Caramba — disse ele, batendo palmas. Max arregalou os olhos e os coçou, piscando sem parar. Era uma miragem, ou...? — Já tem muito tempo que eu não ouço uma música tão boa! Meu Deus!
— Padrinho — Sophie disse, abrindo seu sorriso e abraçando a cintura de Brendon, que a apertou e tirou-a do chão, fazendo-a dar um pequeno grito.
— Sério, Soph, que voz é essa, minha pequena? — ele disse, após largá-la. — E... esse instrumental! Eu ia até a casa de Hayley, mas quando escutei a harmonia musical de vocês, fiquei paralisado. Nate! Luke! Por que não me disseram que tinham uma banda?
Luke sorriu e coçou a nuca.
— Não tivemos a oportunidade, ué — respondeu, largando a guitarra para ir abraçar Brendon. Nate já tirava sua guitarra dos ombros quando Max o cutucou.
— Ele... é... o...?
— Vocalista da Panic! At The Disco, é. — Nate disse, dando um sorriso sacana.
— Seu... — Max o olhou com um misto de incredulidade e raiva. — Brendon Urie é o seu padrinho e você nunca me disse?
— Você nunca perguntou — Nate deu de ombros, indo abraçar Brendon também. Depois de trocarem os abraços, tanto Nate quanto Luke pegaram suas guitarras. Brendon cumprimentou Dan, que já o conhecia.
— Quem é o cabeludinho ali? — ele disse, apontando para Max.
— Max, é a primeira vez que ele toca com a gente. — Quem respondeu foi Sophie, sentando-se ao teclado. Max levantou a mão trêmula, numa tentativa de acenar.
— Bela linha, rapaz. Você sabe tocar isso. — Brendon elogiou.
— Sei nada — ele disse, dando um sorriso nervoso. — Quer dizer, eu treino mais a guitarra, mas... sabe, de baixo eu sei muito pouco, e...
— Sério, tava ótimo — Brendon se sentou em uma das caixas de som. — Vamos lá, quero escutar outra música.
Sophie sorriu e olhou para Nate e Luke, que estavam perto um do outro.
— Ahn... tá. A gente tinha acabado de tocar Decode...
— Que a Soph compôs — Luke fez questão de ressaltar, em seu microfone. Brendon assentiu com a cabeça, num gesto de aprovação.
— Obrigada, sweety — ela olhou para Luke, fuzilando-o com os olhos.
— Por nada, linda — ele usou de todo o seu cinismo, fazendo Sophie revirar os olhos e todos darem uma risada pequena.
— Enfim. Acabamos de tocar Decode, e agora... que tal Whoa?
— Não sei tocar essa — Max disse.
— Por que vocês não fazem um cover de Paramore? — Brendon sugeriu.
Sophie sorriu.
— Beleza — ela disse. — Qual sugere?
Brendon umedeceu os lábios.
— My Heart. — Disse, cheio de convicção.
Os músicos se entreolharam.
— Nunca tocamos ela antes — Nate disse. — Podemos errar.
— Vocês perguntaram qual eu sugeria, eu quero My Heart — Brendon foi firme e Luke riu. — Mas tudo bem, vocês não precisam tocar ela agora... — Ele terminou, com um sorriso malicioso no rosto, e os rosto de todos deu espaço a uma expressão confusa.
— Como assim, tio? — Luke disse.
— Seus pais sabem que vocês tem uma banda? — Brendon perguntou à Sophie e Nate.
— Ahn... não tivemos a oportunidade de contar — Sophie respondeu, torcendo os lábios.
Brendon deixou seu sorriso aumentar.
— Ótimo — ele disse. — Eu tenho uma apresentação pra vocês.


[...]

Hayley entrou em casa e retirou os saltos dos pés, suspirando, desejando um banho e uma cama como há muito tempo não o fazia.
Droga. Aquele tinha sido com certeza o dia mais corrido na empresa desde que Nicky havia saído da presidência. De repente, pegou-se pensando no antigo chefe. Deveria estar curtindo a aposentadoria em uma ilha afrodisíaca cercado de garotos de programa.
Hayley riu do próprio pensamento. Era realmente fácil imaginar Nicky daquela forma. E... ele fazia falta, com certeza. Ainda mais num dia como aquele, corrido e difícil como fora. Lembrava-se claramente do quão difícil foi desde o momento em que pisou na empresa, e encontrou Katt arrancando os cabelos de preocupação.
— Onde diabos você estava? — foi o que Kathryn havia dito quando Hayley adentrou a sala, às oito da manhã.
— Fui deixar Joe no colégio e peguei um engarrafamento, qual é o problema? — ela perguntou, largando sua bolsa e sua pasta numa mesa.
Katt respirou fundo, alteradíssima.
— O que houve é que Amanda Benson adoeceu — ela disse. — E ela deixou uma festa de gala pela metade. A questão é que a festa está marcada para daqui a uma semana. E nenhuma das promoters quis pegá-la, ou seja, estamos nessa sozinhas. E a dona da festa, que é uma verdadeira vadia socialite, disse que se não entregarmos tudo da forma que ela pagou, por que sim, ela já pagou, ela nos processa. E o marido da vadia é o melhor advogado da cidade. — Katt levou a mão a cabeça, bagunçando os cabelos. Estava tremendo. — Estamos na merda, Hayley. E se a Amanda não morrer na desgraça da gripe que ela pegou, eu mato ela, eu juro. Inferno!
Hayley teve que rir da última frase da amiga. Katt quando ficava alterada, com raiva, ou estressada, era a pessoa mais engraçada que existia. Passava a xingar e ameaçar qualquer ser vivo.
Claro que isso era perigoso, mas também era engraçado.
— Você está rindo? — Katt fuzilou Hayley com os olhos, abrindo a boca. — Nós estamos completamente ferradas e você está rindo? Hayley, vai para a...
— Se acalme — ela disse, levantando as mãos em um gesto submisso. — Sim, estamos completamente ferradas, mas a gente já lidou com situações parecidas. Você tem que parar de xingar e ameaçar as pessoas de morte, tomar o calmante, e começar a fazer as ligações. Se Deus criou o mundo em seis dias, nós podemos criar uma festa em sete.
Katt respirou fundo.
— Tudo bem, você tem razão, ficar puta não vai me ajudar em nada — ela disse, baixando o tom de voz. — Mas que a Amanda é uma vadia, ela é. Vou matar aquela...
— Kathryn — Hayley repreendeu.
— Tá — ela revirou os olhos, respirando fundo outra vez. Hayley se sentou em sua mesa, pegando o telefone.
— Trás uma água com açúcar aqui, pelo amor de Deus — ela falou para a secretária que assentiu. — Certo, onde estão os papéis da festa?
Tudo bem, naquela hora, Kathryn poderia estar mais do que alterada e isso foi até engraçado para Hayley. Mas ela logo perdeu a vontade de rir quando viu os papéis da festa que ela deveria organizar em apenas sete dias.
Passou a manhã toda fazendo ligações com Kathryn, e depois, andou por toda a cidade organizando tudo, desde Buffet até música, decoração de salão e até as taças certas para se servir o champanhe.
Foi uma droga de uma correria enorme durante o dia inteiro. E Hayley estava mais do que exausta.
Eram dez horas da noite e ela deveria estar na empresa às seis e meia. Ela só queria se deitar e dormir, mesmo que provavelmente não fosse dormir todas as oito horas que precisava.
É apenas uma semana, vamos lá.
Com os saltos nas mãos, ela foi até a sala de estar, onde seus filhos estavam de pijama assistindo a algum programa qualquer.
— Mãe! — Joe disse, tirando a cabeça do ombro de Sophie e se levantando para ir abraçar Hayley.
— Oi, amor — ela disse, deixando um beijo no topo de sua cabeça.
— Você demorou — Sophie disse, dando um abraço nela em seguida.
— Demorei, mas tenho um motivo — ela disse, puxando Nate para um abraço também.
— Eita, lá vem bomba — Nate brincou, fazendo-a rir.
Hayley se sentou no sofá.
— Tenho que falar uma coisa com vocês — ela disse. Quando todos pararam para prestar atenção nela, ela prosseguiu: — Uma das nossas promoters adoeceu e deixou uma festa muito grande pela metade, e eu e Katt precisamos entregá-la daqui a uma semana, e foi tudo muito corrido hoje. E vai ser corrido durante a semana todinha. Então eu não vou poder ficar muito em casa de novo, mas... não é como da última vez, ok? É por que realmente não vai dar para eu não me virar pra fazer essa festa. Mas enfim, é só uma semana, e depois eu prometo que nós vamos passar o fim de semana inteiro juntos de pijama, comendo porcaria e assistindo filmes de terror, ok?
Joe riu alto.
— Porcaria e filmes de terror, yeah! — vibrou, fazendo Nate rir.
— Fica tranqüila, mãe — Soph sorriu, trocando com Nate um olhar malicioso que Hayley não percebeu. — A gente entende.
— É — Nate disse. — Eu e Soph cuidamos de tudo, não te preocupa. Faz sua festa.
Hayley riu.
— Vocês são os melhores filhos do mundo, sabiam?
— É, nós sabemos — Joe disse, fazendo-a rir. Deixou um beijo na bochecha da mãe. — Vou dormir agora, só estava esperando você chegar para poder te dar boa noite. Então, boa noite.
— Boa noite, Joe — ela lhe deu um beijo na bochecha do filho. — Durma com os anjos.
— Você também — ele disse e deixou um beijo na bochecha de Soph antes de subir as escadas.
Logo Hayley também subiu para tomar um banho, e ficaram apenas Nate e Sophie na sala, a pretexto de ver o resto de um filme que passava na televisão.
— É... — Nate sussurrou, quando teve certeza que Hayley já não os escutava mais. — Tá dando certo.
— Se está — Sophie sorriu, sussurrando também. — Mas, shh. Não vamos falar nada sobre isso em casa. Ela pode ouvir.
— De boa — ele se recostou no sofá, ainda com o sorriso no rosto.

[...]


— Grava a ala aí — Sophie disse para Nate, quando estacionou o carro. — Vaga 51, ala G.
— Eu nunca vou gravar, olha só o tamanho dessa coisa — Nate disse, olhando em volta do estacionamento que ficava no subtérreo do prédio de onde Josh morava.
— Vocês são uns complicados — Joe disse, revirando os olhos e retirando o celular do bolso. Tirou uma foto da vaga onde o carro estava estacionado. — Pronto, agora ninguém esquece mais.
Nate revirou os olhos.
— Eu tinha pensado nisso antes, ok?
Sophie riu e apertou o botão que ativou o alarme do carro, seguindo na frente para o térreo. O porteiro já os conhecia e os cumprimentou, por hábito, dizendo onde ficava o elevador.
Não demorou muito para que, discutindo, os irmãos chegassem ao apartamento do pai.
— Calem a boca! — Sophie ordenou para Nate e Joe, que ainda batiam boca por causa da foto da vaga do carro. — Não conseguem ficar cinco minutos sem discutir, que droga.
— Esse pirralho não para de ser irritante, o que você quer?
— Irritante é você, seu...
— Calem a boca — Sophie fuzilou-os com os olhos. — Ok?
Ela bateu na porta e não demorou nada para Josh abri-la e abraçar cada um dos filhos animadamente.
— Já não falei que vocês podem entrar sem bater?
— Eu esqueci, pai, foi mal — Sophie disse. — Esses dois tavam discutindo.
Josh fez que não com a cabeça.
— Nate, eu já falei pra não procurar briga com o seu irmão...
— Mas eu não fiz nada! — Nate aumentou o tom de voz.
Sophie revirou os olhos.
— Vocês são as criaturas mais irritantes que existem quando querem.
— Não somos os únicos — Nate deu um sorriso cínico e Sophie fez o mesmo.
— Ok, parem de discutir — Josh disse, com um estranho bom humor. — Quero apresentar alguém para vocês.
— Alguém? — Nate franziu a testa.
— A gente já conhece todos os seus oficiais, papai... — Joe disse, adentrando a casa de Josh e se jogando no sofá.
— Não trabalha comigo. Vem, ela tá na cozinha — Josh disse e saiu da sala e do campo de vista dos filhos. Sophie encolheu os ombros e Joe bufou, levantando-se do sofá. Juntos, os três foram até a cozinha e encontraram a fisionomia de uma mulher de curvas bonitas e cabelo liso castanho escuro. Não era alta nem baixa, tinha mais ou menos um metro e setenta de altura. Era apenas um pouco menor que Josh.
— Hm, oi — Nate disse, acenando, e ela se virou para eles sorrindo.
— Esses são Soph, Nate e Joe — Josh apontou para cada um e eles acenaram simpaticamente. — Meninos, essa é Danna.
Sophie deixou o queixo cair levemente e os olhos arregalarem.
Danna.
Era ela!
— Oi, Danna — Joe disse de um modo realmente simpático, como ele era quase sempre com todas as pessoas. Nate sorriu para ela, mas notou que Sophie estava completamente estática. Então chegou no pé do ouvido da irmã e perguntou baixinho:
— Você conhece? Quem é?
— É... — Sophie soltou o ar que havia segurado nos pulmões. — Alison.
Nate arregalou os olhos e levou uma mão à boca, completamente surpreso. Alison. Danna, aquela mulher, era a filha que Josh teve fora do casamento.
Joe também escutou o que Sophie disse, mas ao invés de ficar paralisado como os irmãos, ele deixou que um sorriso enorme aflorasse em seu rosto jovial.
— ALISON? — gritou tão fino e alto que nem percebeu, para Sophie. — Ela...?
— Alison? — Danna perguntou para Josh, confusa, e ele sibilou um “depois eu te conto”. — Ahn... sim, Joe, eu sou... sua meia irmã.
— Caraca! — ele gritou novamente, fazendo Josh rir. — Você é muito linda!
Danna riu alto, desconcertada.
— Ahn... obrigada — ela disse, sentindo o rosto corar.
Joe se aproximou.
— Desculpa te envergonhar, mas é sério, você é realmente linda — ele disse, sendo mais educado impossível. — Eu imaginei você mais ou menos assim, só que você é mais bonita do que a Alison.
— Quem é Alison?
— Joe, você vai fazer a mina querer deixar de ser nossa irmã desse jeito — Nate brincou, dando um empurrão no ombro do pequeno antes de se aproximar de Danna e estender a mão. — Prazer te conhecer, Danna.
Ela apertou a mão de Nate.
— Nossa, você parece muito com o Josh — ela disse, surpresa. — Quantos anos tem?
— Catorze, sou novinho ainda — ele riu.
— Você é muito grande pra ter catorze anos. E parece muito com o teu pai quando era novo.
— Já escutei isso antes — Nate piscou um olho, fazendo Danna rir.
— Você parece com o pai também — Sophie disse, sorrindo, aproximando-se. — Tipo... pra caramba.
— Graças a Deus por isso — Danna disse, apertando a mão de Sophie. — Mas eu pareço muito com a minha mãe também. Meu cabelo é loiro, eu que pinto sempre.
— O cabelo escuro combina mais com você, vai por mim — Joe disse. — Da mesma forma que o cabelo colorido combina com a Soph, por que ela parece com a nossa mãe, e esse cabelo combina com ela.
— Queria ter coragem pra fazer uma coisa dessas no cabelo — Danna riu.
— Se quiser eu faço em você — Sophie sorriu. — Tenho tintas lá em casa e minha mãe me ensinou a usá-las.
— Vamos fazer o seguinte — Danna disse. — Eu te deixo pintar uma mecha.
— Ah, qual é, deixa eu pintar a parte de baixo.
— Uma mecha, Sophie.
— As pontas?
— Uma mecha!
— Duas.
— Tá certo — Danna gargalhou. — Duas mechas e nada mais.
— Gostei de você. Sabe negociar. — Sophie disse e Josh gargalhou.
Eles estavam se dando melhor do que ele imaginava que se dariam! Na verdade, até estava um pouco receoso, achando que eles iam ficar assustados e acanhados, mas não. Estavam interagindo e conversando como se a conhecessem há bastante tempo. Isso era ótimo!
E Josh não podia negar que estava realizando um sonho. Quantas vezes em sua vida ele não havia imaginado todos os seus quatro filhos conversando animadamente? Ele não contava, mas eram tantas que ele não podia dizer. Se sentia feliz e em paz por ver que eles haviam se dado tão bem. Era como tirar um enorme peso dos ombros, afinal, ele havia se acertado com a filha mais velha e com os filhos mais novos.
Ele finalmente havia feito a coisa certa.
— Então, o que você tá cozinhando, Danna? — Joe perguntou, aproximando-se do fogão.
— Como sabe que sou eu e não o Josh?
— Acredite, as comidas do papai não cheiram bem assim — ele fez piada e Josh riu.
— Tá, é verdade, mas você não precisava dizer isso para todo mundo assim, né, filho? — ele disse para Joe.
— Estamos em família, pai — Joe encolheu os ombros e Danna sorriu, emocionada. Realmente não esperava que eles seriam tão simpáticos e acolhedores para com ela. Sentira até mesmo um pouco de medo em conhecê-los, mas agora vira que eles eram as crianças (na verdade, adolescentes, pois quando Josh chamou Joe de criança, ele deixou claro que não era mais criança pois estava no sexto ano) mais legais que existiam.
— Eu acabei de colocar uma lasanha no forno, Joe — Danna respondeu a sua pergunta.
— Sério? Que delícia. Onde você aprendeu a fazer? — ele perguntou, interessado.
— O meu... melhor amigo me ensinou — ela respondeu simpaticamente.
— Hector? — Josh perguntou.
— Ele mesmo.
— Quem é Hector? — Sophie perguntou, enchendo um copo d’água.
— É o namorado dela — Josh fez piada e Sophie riu alto, só para envergonhar Danna.
— Não vou nem falar nada, ok? — Danna disse.
— Não precisa ficar corada, filha, eu aprovo o casamento de vocês.
— Josh! — ela repreendeu, rindo, envergonhada.
— Pai, você é o melhor — Nate quem disse, tirando o copo de água da mão de Sophie e enchendo novamente para ele. — Tem como a gente treinar um pouco antes do almoço?
— Claro — Josh respondeu. — Qualquer coisa, estamos no quarto de luta.
— Quarto de luta? — Danna franziu a testa.
— É o quarto onde tem o saco de areia e as paradas para boxe que os dois não vivem sem — Sophie respondeu e ela assentiu, entendendo.
— Entendi — ela disse. — Mas... me digam quem é Alison.
Joe e Sophie se entreolharam, sorrindo.
— Você sabe que eu sou escritor, certo? — ele perguntou e Danna assentiu. — Quando meus pais se separaram eu fiquei meio depressivo. E aí, o Luke, namorado da Sophie, que me conhece desde sempre, sugeriu que eu escrevesse. E aí me veio uma ideia na cabeça... bem, os meus protagonistas dessa história se chamam Jon Foster e Alison.
— Hum... — Danna disse, esperando que ela continuasse. Joe olhou para Sophie, que suspirou e continuou.
— Jon Foster. Joe Farro. — Ela disse, sorrindo. — É um pseudônimo. A história de Joe é inspirada na história dele. Claro que completamente diferente, obviamente. Mas na história, Jon encontra uma garota chamada Alison e depois descobre que ela é sua meia-irmã. Joe inspirou uma personagem protagonista em você sem nem ao menos te conhecer.
Danna deixou o queixo cair em completa surpresa, enquanto seu coração começou a acelerar. Ela deixou uma risada nervosa escapar de sua garganta.
— É sério isso? — perguntou, emocionada.
— Aham — Joe torceu os lábios. — E você é mais ou menos como a Alison. Tipo, pelo menos eu vi que você é mais linda e mais legal do que ela.
— Eu... — Danna começou, sem saber o que dizer.
— Desculpa por ter usado um personagem inspirado em você sem te perguntar — ele deu uma risadinha. — Mas... se me serve de pedido de desculpas, você vai ser a primeira pessoa a ler quando eu terminar.
— Não invente de se desculpar, Joe, eu... — ela sorriu. — Eu estou... eu nunca imaginei nada assim!
— Você vai gostar de você na história, eu juro.
— Claro que vou! — ela riu.
Sophie deu um sorriso também.
— E se sinta lisonjeada. Eu ainda não li nem a sinopse dessa história, e ele já escreveu umas sessenta páginas. — Ela deu de ombros.
— Olha o recalque, Soph — quem disse isso foi Nate, que havia adentrado a cozinha para pegar um Gatorade na geladeira.
— Se ferra, Nate — ela revirou os olhos e Danna riu.
— Mas sério, Joe... caramba.
Joe riu.
— Eu ficava imaginando qual seria a sua reação quando eu te contasse sobre a Alison. — Ele disse.
— Eu também imaginei isso, pra falar a verdade — Sophie disse.
— Joe já falou sobre a história? — Nate perguntou, abrindo a garrafa e dando um gole. — É, eu também fiquei imaginando, tipo... sei lá. Acho que todo mundo queria conhecer você, Danna.
Ela sorriu.
— Eu ficava imaginando de conhecer vocês desde os meus quinze anos, sério — ela riu. — Mas nunca imaginei que vocês seriam tão fofos.
— Eu não sou fofo — Nate abriu a boca, irritado. — Não sou nem um pouco fofo!
— Mentira! — Sophie disse, rindo. — Conta a história da tatuagem! E diz se não é fofa.
Nate apontou um dedo para irmã e abriu a boca para retrucar.
— Não se faz isso com um homem — ele disse, depois de hesitar.
— Você tem uma tatuagem? — ela levantou as sobrancelhas, assustada.
— Tenho — Nate mostrou o pulso. — Eu e minha namorada fizemos antes de ela ir embora. O nome dela é Julia, e ela é a pessoa mais incrível que existe, e... a gente se ama. Mas o pai dela me detesta e não aprovava o nosso relacionamento, daí inventou de mandar ela pra um colégio interno na Inglaterra. Ela é britânica, então, ela já estava aceita lá e teria vaga garantida em Oxford ou Cambridge, daí ele usou essa desculpa para tirar ela de mim. Aí... nós fizemos a tatuagem pra mostrar que não importa quanto tempo dure, a gente sempre vai dar um jeito de voltar um para o outro, por que o nosso amor é para sempre. Infinito. Sacou?
Danna colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha, surpresa.
— Puxa... — ela disse. Era... uma baita história. Ela imaginou como um menino tão novo já sentiria tanto, e faria tanto por... amor. Isso era tão... surreal. — Que história... eu sinto muito.
— Não sinta — Nate sorriu. — A história ainda não acabou.
Ela sorriu também.
— Eu sei, é que você é tão novo e já sente tanto assim...
— O amor não tem idade não, Danna. Pode vir cedo ou tarde para alguém, cada caso é um caso. Pra mim, ele veio cedo. Para o meu pai e para a Soph, também. — Nate deu outro gole em sua bebida, sorrindo. — Ele pode sim chegar bem cedo para uma pessoa, ou bem tarde. Mas de qualquer modo, ele sempre chega. E se for embora, acredita, ele volta.
— E você ainda diz que não é fofo? — Danna riu.
Nate sorriu também e não respondeu, voltando para o quarto para treinar seus novos golpes com Josh.
— Sério, seu irmão não tem só catorze anos — ela disse.
— Acho que vou anotar isso que o boboca disse — Joe disse, coçando o queixo. — É sempre bom um romancista ter frases assim.
Sophie gargalhou.
— Ele era bem imaturo até pouco mais de um ano atrás. Julia mudou ele... sei lá, as pessoas melhoram quando amam boas pessoas.
— Mais uma frase para anotar — Joe fez outra piada e Soph riu.
Danna, internamente, concordou completamente com a frase da meia-irmã. As pessoas melhoram quando amam boas pessoas. Que diga ela própria!
— Você diz isso por experiência própria? — ela perguntou para Soph, que riu.
— Que nada! Meu namorado é um bobão. — Respondeu, fazendo Danna gargalhar. — Tá, mentira, é um pouco por experiência própria sim. Mas bem, Luke é bem odioso às vezes.
— Luke e Soph tem uma história enorme de brigas e “ódio” que você não vai querer saber agora — Joe disse.
— Tipo a história dos seus pais?
— Menos. Bem menos complicada do que ela. — Sophie respondeu, fazendo Danna rir. — Mas como diz Nate, a história ainda não acabou para os meus pais, você sabe, né?
— Se o amor for embora, ele volta — Joe terminou com um sorriso malicioso no rosto. — Realmente preciso anotar isso.
Danna também sorriu, cada vez mais impressionada com aqueles meninos. Tão pequenos e tão sábios, meu Deus.
Ela sentiu que aquela tarde tinha tudo para ser uma das melhores de sua vida.



[...]


— Conseguimos — Kathryn sussurrou no pé do ouvido de Hayley, olhando a festa acontecer perfeitamente. Ela segurava uma taça de champanhe sem álcool e tinha um sorriso no rosto. — Olha a socialite vadia, o jeito que ela tá se divertindo! Quando eu perguntei sobre a festa, sabe o que ela me disse?
— Os garçons são incompetentes e o mármore não está bem limpo? — Hayley chutou, fazendo Katt abrir a boca em surpresa.
— Isso — ela disse, revirando os olhos.
— Não se preocupa, significa que tá tudo ótimo. Fizemos um bom trabalho. — Ela disse, sorrindo para todos os que a olhavam.
— Eu sei que fizemos um bom trabalho — Katt deu um sorriso falso para alguém que havia cumprimentado-a. — Nem Deus faria uma festa assim em sete dias.
— Não exagere — Hayley riu, revirando os olhos.
— Tem razão. Desculpe, Senhor — ela disse. Suspirou, enquanto dava mais um sorriso falso para outra pessoa. — Ai, estou exausta.
— Somos duas — Hayley disse. — Mas não se preocupe, é só até hoje. O pior já passou.
— Com certeza! — ela disse. — O pior com certeza já passou. Se bem que olhar a cara dessa mulher me dá náuseas.
— Você a odeia — Hayley riu, levantando a taça para uma pessoa desconhecida mais uma vez.
— Odeio — Katt revirou os olhos e logo após sorriu novamente.
Hayley tomou um gole de seu champanhe sem álcool, ainda com os olhos atentos nos garçons, na banda sem graça e no salão, para que tudo saísse perfeito. Até que viu uma mulher elegante de longos cabelos loiros conversando com a socialite que Katt tanto odiava.
— Aquela é a Dakotah? — Hayley perguntou, estranhando.
Katt hesitou.
— É... sim, é. Ela é a fotógrafa. — Respondeu, gaguejando.
— Por que você não me disse? — ela se virou para Katt.
— Estava muito ocupada, Hayley, por favor — ela disse, suspirando e tomando outro gole do champanhe.
Então Hayley viu Danna se juntar à Dakotah, rindo, com a socialite. Danna?
— E o que a Danna está fazendo ali? — Hayley sussurrou.
— A Danna é a assistente dela, Hayley. É uma fotógrafa também, e das boas. — Katt respondeu tentando inibir o nervosismo.
— Estranho — Hayley tomou um gole da bebida.
— Não é só por que a menina é filha do Josh que você precisa ficar acanhada. Dakotah me disse que é a melhor profissional que ela já viu.
Hayley assentiu, até franzir a testa.
— Como você sabe que ela é filha do Josh se eu não mencionei isso? — ela encarou Katt séria. Ela engoliu seco.
— Dakotah me disse, Hayley — respondeu, tentando sorrir. — Ela que fez Josh e Danna se falarem.
— Ah — ela disse ainda desconfiada. Se virou para a banda, encarando aqueles garotos de terno tocarem calmamente seus instrumentos. — Espera — ela disse, encarando o percussionista. — Eu conheço aquele garoto... Dan? Aquele menino de terno é o Dan?
Katt suspirou. É, já era, não dava mais para esperar.
Ela levou um dedo até o aparelho de bluetoof que estava em sua orelha e apertou o botão.
— Agora — disse.
— Agora o quê? — Hayley se virou para Katt. — Sério, Kathryn, o que tá acontecendo aqui?
Então, de repente, a música parou. E uma voz foi ampliada.
— Desculpe a interrupção, mas eu tenho algo a dizer. — Hayley reconheceu a voz de imediato e sentiu os pelos se arrepiarem e o corpo paralisar.
Por que o dono da voz subiu até o palco onde a banda tocava com o microfone na mão. E o dono da voz era ninguém mais, ninguém menos, do que Josh.
E a única coisa que passou pela cabeça de Hayley naquela hora foi: eu não acredito que isso está acontecendo de novo.

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