23 de set. de 2012

Capítulo 28

This is the last straw





O rosto de Hayley estava muito mais pálido do que de costume. Simplesmente não acreditava no que havia acabado de escutar daquela mulher que não conhecia. O choque havia tomado conta de seu corpo, cabeça, coração e alma. As palavras ecoavam em seu cérebro, mas custavam a fazer sentido.


“Por que se você nunca esteve lá para que eu pudesse te chamar de pai... Tampouco Jenna estava perto para eu chamá-la de mãe.”



Pai.
Era o que aquela jovem mulher havia acabado de falar, enquanto chorava. Ela falara aquilo para Josh. Josh. Pai. Jenna. Mãe.
Conforme as palavras foram se arrumando na cabeça da ruiva, o choque apenas aumentou, dando lugar a mágoa e a raiva. Agora, ela estava de frente para o marido e sua filha mais velha,que mantinha seu rosto choroso, só que agora dando lugar a uma expressão de puro medo e espanto.
— Hayley? — foi a única palavra de igual espanto que saiu da boca de Josh. Seus punhos estavam fechados sobre a mesa e ele havia se levantado, tamanho o susto. Quanto a Danna, as lágrimas ainda escorriam pelo seu rosto, e dentro dela apenas um sentimento ruim crescia. O sentimento de falha. De que havia arruinado tudo outra vez. Culpa, raiva, medo, mágoa... Tristeza por ver aquela mulher de meia idade, com cabelos mais que flamejantes e olhos verdes rasos arrasada por descobrir uma verdade que... ela não devia saber.
— Não acredito... — Hayley murmurou, os olhos ainda marejados, o coração martelando dentro do peito. A discordância do absurdo do que aquilo proporcionava batendo em sua cabeça. — Isso é verdade? — ela precisou perguntar. Precisou ter certeza. Precisou se agarrar a uma pequena esperança de ter entendido errado. De não ser nada daquilo. Precisou. — Ela.. é... — não conseguiu terminar a frase, sentindo o nó se formar na garganta.
— Pouco depois que voltei de Israel... Jenna... ela...
— É verdade — concluiu ela, segurando-se para não desatar o choro. — Jenna! Eu... eu não posso acreditar... que você teve uma filha com a Jenna!
Josh abaixou a cabeça, suspirando, derrotado.
Assistindo àquilo, Danna escutava com mais tristeza do que podia suportar. A culpa de estar gerando aquelas lágrimas parecia transbordar de seu ser, tomando conta dela por completo. Era culpa dela. Hayley e Josh estavam brigando por culpa dela. E pior, aquele dinheiro, a razão de isso tudo, estava consigo, no fundo de sua bolsa. Ela se sentia suja, maltrapilha, imprestável, inútil e idiota novamente.
Novamente.
Hayley ficou por um quarto de minuto olhando para a cara de Josh, que nada respondia. Danna estava de cabeça abaixada, pálida, imóvel, e Hayley só sentia a dor dentro de si aumentar. Não podia acreditar que Josh havia mentido durante tanto tempo. De novo. Não podia acreditar que o inferno pessoal voltaria. Justo agora, em que tudo parecia tão bem.
Não podia acreditar que Josh escondia um segredo tão absurdo.
— Eu não podia te contar — Josh disse, por fim. Hayley soluçou.
— CLARO QUE PODIA! — explodiu. — Droga, Josh! Você tinha uma filha! Uma filha! Você estava escondendo uma filha de mim!
— Eu não podia arriscar perder você!
— Você sabe que sempre me teve — ela mordeu o lábio inferior, reprimindo outro soluço. — Eu perdoei tanta coisa naquela época, Josh... uma criança jamais me faria deixar de amar você...
— Eu não podia arriscar! — Josh rebateu. — Droga, eu te amava tanto! Eu te amo tanto! Eu não tinha como te contar... eu...
— Preferiu esconder uma vida da sua família, dos teus amigos... dos teus filhos... — Hayley não se agüentou e soluçou outra vez, sentindo toda a dor em seu coração aumentar mais ainda. Era como se ele houvesse sido quebrado em todos os pedaços possíveis com um martelo. Doía. Doía tanto que ela não podia descrever. Josh se calara, e as lágrimas continuavam a sair de seus olhos cansados. Hayley passou os olhos pela garota de cabelos médios castanhos e olhos chocolates que agora estavam vermelhos, devido ao choro. Agarrava-se ao seu sobretudo, de cabeça baixa, e chorava baixinho, mordendo o lábio inferior para não deixar os soluços saírem. — O que ela veio fazer aqui? — Hayley precisou perguntar.
Danna levantou a cabeça para encará-los. Josh respondeu:
— Ela precisava de dinheiro. Não tinha como trabalhar pois sua câmera quebrou, e seria despejada amanhã se não pagasse o aluguel.
Danna, novamente, abaixou a cabeça. Sentia-se mais suja e terrível do que jamais se sentira em sua vida. Tinha vontade de desaparecer. Morrer.
Hayley engoliu seu soluço.
— Dinheiro — ela praticamente cuspiu, passando a mão direita pela bochecha, retirando as lágrimas. — Onde está a mãe dela? Por que não lhe deu este dinheiro?
— Jenna foi uma péssima mãe — Josh sentiu uma amargura enorme ao dizer aquilo. Aquela mesma amargura que sentira ao saber disso, por Danna. — Elas não se falam há mais de três anos.
— E como é que você sabe? — Hayley estava explosiva. — Como você sabe que ela não é igual a mãe?
— Eu não sou — Danna não viu a hora que respondeu, chamando a atenção de Hayley para ela. Não se controlara. Não deixava, de modo algum, alguém dizer ou insinuar que ela era parecida com Jenna. Por isso, muito antes de se dar por si, já estava falando, em meio ao choro. — Eu não sou igual à Jenna. Jamais serei. Tenho total repugnância e ódio àquela mulher. Eu não sou uma boa pessoa, já fiz muita coisa ruim e errada durante minha vida, mas não, eu não sou e nunca serei como aquela... cobra. Eu a odeio mais do que vocês dois poderiam imaginar. — Ela disse, engolindo o choro, e encarando Hayley. — Eu te admiro, Hayley, de verdade. Mas por favor... não me compare à ela. Você não tem esse direito. Não tem ideia do que eu sofri por causa dela. Tenha total certeza de que eu não sou nada parecida com ela. Só estou aqui por não ter nenhuma escolha, nenhuma opção... — Danna terminou de falar e respirou fundo, ou ao menos tentou, limpando um bocado de suas lágrimas. Olhou para Josh, para Hayley, e depois olhou para baixo. — Me desculpem. — Foi o que ela disse antes de sair daquela sala em passos rápidos e largos, praticamente correndo.
Hayley e Josh ficaram pouco tempo em silencio após isso. Hayley respirou fundo, para quebrar esse silencio logo depois.
— Qual é o nome dela? — murmurou, com a voz ainda chorosa.
— Danna — Josh respondeu somente.
— Ela tem o seu sobrenome?
— Não — ele ainda estava com a voz grave e sem vida.
— Quantos anos ela tem?
— Vinte e um.
— Quantas pessoas sabem dela?
— Apenas Nate, meu irmão — Josh sentou-se devagar, encarando Hayley que ainda estava de pé. Sentiu que precisava se explicar. — Eu... não podia dizer à todos que eu tinha uma filha. Não soube que ela existia até ela nascer, quando eu estava em estadia em Louisville. Mandei fazer todos os exames de DNA que pude, mas todos deram positivo. Danna era minha filha. Me recusei a viver em família com Jenna e lhe convenci a usar uma quantia em dinheiro para privá-la do meu nome.
— Como você pôde... — Hayley balançava a cabeça negativamente, chorando. — Como você pode... fazer isso? Eu não entendo, Josh... E desse modo fica mais difícil de... confiar em você, sabe? Como confiar em você quando você esconde coisas assim de mim? Uma filha! Uma filha, caramba?!
— Eu não queria ter tido uma filha! — Josh acabou explodindo também. — Eu estava com saudade de você! Tinha acabado de falar com o seu pai, que me tinha ordenado que não te procurasse mais! Estava alcoolizado, quase bêbado! Jenna apareceu! Eu não queria, eu não sabia até que ela nasceu, por que três dias depois eu fui para Louisville, e...
— EU NÃO QUERO SABER! — Hayley gritou, fazendo Josh abaixar a cabeça novamente. — Droga! — ela esbravejou antes de cair em choro compulsivo. Não conseguia mais falar nada, apenas estava mergulhada na tristeza e melancolia que aquele momento lhe proporcionava.



Todo esse tempo que eu estava esperando você vir.
Eu te dei todas chances e você sempre me desaponta.
E levou muito tempo, querido, mas eu entendi qual é a sua.
Você pensa que ficaremos bem de novo, mas não desta vez.



Sem ter como continuar a olhar para Josh, ainda em choro compulsivo, ela virou-se subitamente e saiu quase correndo daquele pavilhão. Sua cabeça rodava, a tristeza que tomava seu corpo e alma eram tão fortes que pareciam deteriorá-la pouco a pouco, corroendo cada sentimento bom, cada parte de seu ser. As lágrimas transbordavam de sua face, caindo livremente por ela, carregadas de mágoa e ressentimento. Hayley corria em direção ao fim daquele lugar e ignorava todos os rostos preocupados e as perguntas. Apenas precisava ficar sozinha. Não agüentaria olhar para Josh agora, sabendo de tudo que ele havia feito.
Era... absurdo. Uma filha. Josh escondeu uma menina dela. Era simplesmente o maior dos segredos, e conseqüentemente, a maior das decepções. Vinte e um anos, tinha a garota. Já era uma mulher. Josh escondeu isso dela durante quase dezessete anos de casamento. Uma vida toda.
Josh havia conseguido, novamente, quebrar suas promessas. Novamente ele havia despedaçado-a. Novamente ele havia colocado o amor dos dois à prova, machucando-o sem dó ou piedade. O coração de Hayley estava tão horrivelmente machucado que quase não funcionava mais. Cheio de cicatrizes que Josh mesmo fez. Agora, novamente, ele estava machucado, doendo, como nunca doera antes. Isso era o que ela menos esperava, certamente, e machucava-a como nada nunca machucara.
Dor.
Era o que Hayley sentia.



Você não tem mais que ligar, eu não vou atender o telefone.
Essa foi a última gota, não quero mais me machucar.E você pode dizer que você sente muito, mas eu não acredito em você, querido, como eu acreditava antes.
Você não está arrependido. Não, não.


Uma força fez com que ela parasse de correr. Os dedos de Josh, agora, estavam em volta de seu pulso, forçando-a a olhar para ele.
— Eu queria contar — ele murmurou em desespero aparente —, mas... não podia. O tempo já havia passado. Minha família não sabia. E conforme o tempo passava a bola de neve só ficava maior... eu... Não tinha como contar. — Josh suspirou, vendo o rosto de Hayley pálido, seus olhos verdes inchados... Vendo que ela sofria novamente, por culpa dele. Novamente. — Isso me corroia por dentro. Eu queria mesmo simplesmente te contar, por que a culpa me consumia. Ainda consome. Mas eu não podia fazer isso. E você pode não acreditar, e tem até o direito de não o fazer. Mas eu... eu não queria que fosse assim, e se pudesse, mudaria tudo desde o começo... eu... Me... Me perdoa.
— Como perdoar? — ela disse de imediato, com a voz embargada. Respirou fundo, procurando um pouco de ar, para não gaguejar. — É isso que você quer que eu faça? Te perdoe, simplesmente, e finja que está tudo bem?
Josh suspirou, derrotado.
Ela prosseguiu, sem tentar conter as lágrimas:
— Não dá! — ela gritou. — Não dá, Josh! Não dá e sabe por que? Por que você é assim. — Ela tirou o pulso de sua mão bruscamente. — Você é assim! Você nunca vai ser totalmente certo! Você nunca vai confiar totalmente em mim pra me contar algo importante! Você sempre vai ter segredos! Você sempre vai arranjar um jeito de me machucar!



Parecendo tão inocente, eu talvez acreditasse em você se eu não te conhecesse.
Poderia ter te amado por toda a minha vida, se você não tivesse me deixado esperando no frio.
E você teve seus segredos, e eu estou cansada de ser a última a saber.
E agora você está me pedindo para escutar... porque isso sempre funcionava antes.




        — Eu jamais quis que isso acontecesse! — Josh gritou de volta. — Você realmente acha que se eu pudesse evitar tudo isso eu não o faria?

— Você pôde, droga! — esbravejou ela. — Você sempre pode! E não entende o quão grave toda essa situação é?! Uma filha, droga! Uma mulher! Josh, nem sua mãe sabe da sua filha!Você não entende no quanto isso vai afetar todos nós?! As crianças?! — ela perguntou, o tom de voz ainda alteradíssimo. — Não entende no quanto isso me afeta?!
Josh não respondeu.
— E você ainda quer que eu te perdoe, simplesmente? — seu tom de voz já estava mais calmo, porém tão triste que chegava a doer.
— Eu te amo — ele murmurou.
Mas tudo o que Hayley fez foi deixar mais lágrimas caírem enquanto dava um sorriso sem a mínima vontade. Virou-se em direção à seu carro, que já estava perto, e antes de andar até ele, disse claramente:
— Não te quero mais naquela casa.
E então ela andou até o carro, arrancando com ele para longe daquele quartel.
Mesmo sentindo aquelas palavras cortarem o coração como uma lâmina afiada, o General não demorou nada para correr até seu próprio carro e segui-la.



[...]



— Não é possível! — Joseph exclamou, com raiva. — Dois irmãos maiores e eu tenho que pagar pela pizza?!
Soph riu com certo gosto, bagunçando a cabeleira do irmão.
— Vamos lá, você guarda todo o dinheiro que te dão. O meu tá guardado pro combustível do mês e você sabe que o Nate tá gastando tudo que tem com a Julia. — Ela fez sua melhor cara estilo Gato de Botas do Shrek e apertou os ombros magricelas do irmão mais novo. — Esse dinheiro não vai te fazer falta, Joe. E nós já pedimos sua pizza favorita.
Joseph deu de ombros, suspirando derrotado.
— Mas é a última vez! — alertou ele e Sophie acenou com a cabeça, concordando plenamente, como se aquela fosse mesmo a última vez em que fosse pedir dinheiro ao irmão. — Sorte sua que eu sou bonzinho e sinto pena pela Juzy estar indo embora. Por que sabe que eu não dou nada por aquele ali. — Joe se referiu à Nate, que lhe deu língua logo depois.
— Larga de ser chato, pirralho — Nate disse após dar língua, folheando um livro enquanto estava sentado todo largado no sofá da sala de estar.
— Só quando você largar de ser idiota, Nathan. Ou seja: nunca. — Joe deu de ombros, escutando um “calem a boca, vocês” de Sophie. — Vou pegar o dinheiro lá em cima.
No mesmo momento em que Joe desceu, a campainha deles tocou. Nate recebeu o refrigerante e a pizza e Sophie pagou. Depois entregou os dólares de troco que sobraram para Joe que apenas os enfiou no bolso de qualquer jeito.
A noite havia acabado de cair, na realidade. Os três irmãos haviam pedido pizza por que não tinha comida que prestasse em casa, e ninguém queria miojo ou um pacote de ervilhas congeladas. Nate mandara Sophie pedir dinheiro à Joe, já que ele fazia praticamente toda vontade dela. Na verdade, ele fazia a vontade de todo mundo.
Joseph era um garoto sensível, e todos sabiam disso. Era bom demais. Não havia nada de egoísmo ou orgulho naquele garoto. Ele era esperto, também, mas ainda assim continuava sendo umas das melhores pessoas que Sophie já conhecera. Incapaz de machucar alguém.
E, conseqüentemente, propício a se machucar. O que de fato amedrontava a mais velha. Mas isto não era algo que ela queria pensar por agora. O cheiro de pizza recém-assada adentrava suas narinas e fazia seu estômago esfomeado roncar. Não demorou nada para servir-se com um dos pedaços mais ricos em queijo de toda a pizza. Não ligava muito se sua alergia — hereditária, vejam só — atacasse.
Queijo era queijo, oras. Valia a pena.
— Cadê o meu copo? — Joe perguntou, notando que a mesa de jantar estava com apenas dois copos em cima. Serviu-se com um pedaço de pizza, sentando-se.
— Achei que tinha pego — Sophie levantou-se indo em direção à lava-louças para pegar o copo do irmão.
Quando voltava, viu a porta de casa abrir abruptamente.
— Mãe? Já tá em casa? — foi Joe que saudou com um sorriso no rosto. Um sorriso que se desfez ao ver que a mãe não estava nada bem. Andara chorando, com certeza.
— Hayley! — Josh entrou num pulo, assustando os filhos. Hayley olhou para trás, vendo-o, e vendo também as três faces confusas encará-los.
— O que é que tá acontecendo? — Sophie perguntou de uma vez, ainda vendo os olhos da mãe transbordarem e o rosto pálido e amedrontado do pai.
— Diz — Hayley virou-se para Josh, com a voz totalmente embargada. — Diz pra eles. Conta pra eles, Josh. A responsabilidade é sua.
Então ela subiu as escadas correndo como um furacão. Tanto Sophie, quanto Nate e Joe estavam mais que confusos. Josh os encarava com um misto de tristeza com alguma outra coisa que eles não podiam decifrar. Mas jamais viram o pai daquela forma. E a mãe também.
— Dizer o quê? — Sophie se virou para o pai. — O que tá acontecendo, pai?
— Por que a mamãe tava chorando? — Joe.
— O que há de errado?
Josh começou a ser bombardeado de perguntas preocupadas dos filhos e, sem respondê-las, sentou-se a mesa. Nunca se imaginara tendo de fazer aquilo. Mas tinha de fazer. Mesmo que Hayley estivesse completamente fora de si, ela tinha razão. A responsabilidade era dele.
— Preciso contar uma coisa para vocês — disse ele, e os filhos se calaram por um momento. Joe e Nate já estavam sentados, então apenas Sophie se sentou ao lado do mais novo.
— Isso vai explicar o porquê da mãe estar daquele jeito? — Joe perguntou.
— Vai — Josh suspirou e olhou para as próprias mãos. Não sabia como iniciar aquele assunto. Procurava em sua mente as palavras certas para dizer aquilo, mas Josh sabia que não era bom para conversas sérias. Nunca fora, na realidade. Por isso mesmo não queria conversar com Hayley anos atrás, quando teve certeza de que estava indo para a guerra. Evitava ao máximo conversas desse tipo, broncas aos filhos, ou discutir relacionamento. Simplesmente não era bom, não tinha coragem. Mas notando os rostos inocentes e confusos que tanto lembravam a mãe, ele se viu obrigado a fazer aquilo. Por isso, decidiu ser direto: — Vocês... têm uma irmã.
— O quê? — foi só o que saiu da boca de Sophie, de imediato.
— Você tá brincando, né? — Nate estava com um sorriso incrédulo nos lábios. Estava quase rindo. Irmã? Eles tinham uma irmã fora da família? Brincadeira.
Os olhos verdes de Joe começaram a brilhar.
— Como assim, uma irmã? — ele disse, a voz embargada. — Você traiu a mamãe, pai?
— Não — Josh disse ainda procurando as palavras, sem forças para encarar o rosto confuso de Sophie, a risada incrédula de Nate ou Joe fazendo menção de chorar. Respirou fundo, tentando capturar o máximo de ar possível, para depois soltá-lo de uma vez. — Vocês têm uma irmã mais velha. Mais velha que todos vocês. Ela tem vinte e um anos, na verdade. É filha de uma ex namorada minha. Nasceu pouco depois que a guerra em Israel acabou e eu me alistar pela segunda vez.
— Você sabia dela? — A voz de Joseph estava embargada. Por que mesmo sendo o mais novo, ele era realmente o mais sensível e direto. Sophie e Nate mal conseguiam pensar, quanto mais dizer alguma coisa.
Josh hesitou antes de responder:
— Sim.
O sorriso de Nate sumiu, assim como sua voz. Sentiu seu corpo e mente adormecerem, ele paralisou. As palavras do pai ecoavam em sua cabeça como se ele estivesse dizendo naquele exato momento, mas Nate ainda não acreditava. Sentia como se estivesse vendo um filme, lendo um livro, como se aquilo não estivesse acontecendo com ele.
— Você está dizendo... — Sophie começou, a boca entreaberta, a incredulidade saltando dos olhos — ...que você tem uma filha que nenhum de nós sabia da existência e tem escondido ela durante vinte e um anos? — Ela agudou a voz, fazendo Josh lembrar-se de relance de Hayley.
— Eu não tive escolha — Josh ainda não os encarava. — Jenna queria uma família, mas eu não podia fazer isto. Não gostava dela. Estava na metade do meu treinamento em Lousville. Não tinha como, então... eu... passei a pagá-la alto. Eu não...
— Pai! — o peito de Sophie inflava com cada vez mais violência. Sentia a raiva tomar conta de si a cada palavra que o pai dizia. Era... absurdo! — Nós temos uma irmã adulta?! E minha mãe não sabia disso?! — Josh não respondeu, e ela levou como um consentimento. Joe já soluçava. — Você sabe melhor do que eu o quanto ela já sofreu, não é?!
— Eu sei. — Josh suspirou. — Eu já disse isso pra ela, e digo para vocês agora: eu não queria que fosse assim. Não queria que isso acontecesse.
O nariz de Sophie já começava a coçar, e ela se esforçava ao máximo para não deixar o nó se fazer na garganta. Nate continuava estático.
— Mas pai... se você não quisesse que fosse assim você só precisaria nos deixar sabendo — ela já não gritava mais. Disse até com certa calma. — A mãe... ela... Meu Deus!...
— V-vocês vão se s-separar? — Joe formulou a pergunta que Sophie queria saber e, em parte, Nate também. Sua voz já estava embargada pelo choro incessante. O pequeno não conseguia imaginar sua família se desestruturando. Era demais para ele, mesmo que ele não fosse uma criança comum, mesmo que ele já fosse bem maduro para a idade. Seu pai e sua mãe eram seus modelos de vida. Não conseguia imaginar eles brigados de verdade.
E escutando aquela pergunta, Josh sentiu vontade de chorar. Não que ele fosse o fazer, por que não, ele não iria. Mas aquela pergunta foi muito mais dolorosa do que o tiro que levara vinte e poucos anos antes. O machucou mais do que tudo. Ouvir a voz do filho mais novo perguntando com pudor se ele e Hayley se separariam... foi como um corte profundo no peito. E, também, com essa pergunta, veio o medo de que isso provavelmente pudesse acontecer, já que Hayley havia dito pouco antes que não o queria mais naquela casa.
Então, mais uma vez em sua vida, Josh sentiu-se perdido.
— Eu... — Josh tentou responder, mas se viu frente a frente com a incerteza. Não sabia se Hayley o aceitaria depois daquilo, mesmo tendo certeza de que ela o amava. A questão era que Josh havia errado novamente com ela, e desta vez havia sido muito mais grave do que as outras. Com medo de dizer as palavras “sim”, “talvez” “eu não sei”, Josh tentou continuar: — Não importa o que aconteça a partir de agora, eu preciso que vocês saibam que eu vou estar perto sempre, ok?
— Vocês vão se separar ou não? — Joe gritou com sua voz fina embargada. Seu rosto pálido havia tomado uma coloração vermelhíssima e, mesmo que suas íris brilhassem com vigor, seus olhos estavam igualmente vermelhos. Ele soluçava muito, mas ainda precisava escutar a resposta daquela pergunta. — Responde, pai!
Josh abaixou a cabeça.
— Não sei — foi tudo o que conseguiu responder.
O choro compulsivo de Joe aumentou gradativamente e ele gritou. Gritou alto, com toda a força dos pulmões, ainda chorando, e depois saiu dali. Correu em direção as escadas, agora gritando que o pai não podia ter feito aquilo. Que eles não podiam se separar. Que aquilo não podia ter acontecido.
Sophie, vendo o irmão mais novo subir as escadas mais do que rapidamente, se levantou para ir atrás dele. Apenas lançou um último olhar triste para o pai antes de sair correndo.
Nate olhou de relance para aquela cena e engoliu seco. Ela ainda ecoava em sua cabeça, mas Nate... não podia simplesmente aceitar. Josh estava em sua frente, com os cotovelos na mesa e a cabeça entre as mãos. Se Nate não conhecesse o pai, juraria que ele estava chorando. Mas Nate sabia que ele não estava.
Era isso. Ele tinha uma irmã. Seus pais provavelmente iriam se separar por isso. Seu irmão mais novo havia dado um ataque. Seu pai, de repente, deixara de ser aquele que faz tudo certo. Sua mãe estava trancada no quarto provavelmente tendo o mesmo ataque de choro de Joe. E... não havia como esquecer: a única garota que ele amava no mundo não tardaria a se mudar.
Nate tentou imaginar como seria seu futuro dali para frente, mas não conseguia. Mal se recuperara do choque, e para o resto do mundo, provavelmente já parecia um zumbi, já que estava paralisado há um bom tempo. Não conseguia imaginar como sua vida seria sem seu pai morando consigo, com a família desestruturada, com Julia longe. Sua vida, de repente, virara uma verdadeira bagunça.
Sentindo o mundo voltar ao foco, Nate prendeu os olhos em sua mãe que adentrara a cozinha. Ela segurava duas malas pretas. Nate viu Josh se levantar com o canto do olho, mas não se mexeu, nem falou nada. Apenas assistiu.
Josh foi até ela, encarando-a com desespero. Hayley secou rapidamente as duas lágrimas que saíram de seu olho, e disse, rapidamente:
— Não te quero aqui, já te falei — ela bufou. — Aqui está o que você precisa por enquanto. Depois você vem pegar o resto.
— Hayley... — Josh disse roucamente, procurando convencê-la — Eu...
— Eu não consigo mais olhar pra você — ela disse, agora se entregando as lágrimas. — Então, por favor, pegue suas malas e saia.
Josh abaixou a cabeça e Hayley deu de ombros. Subiu as escadas em passos largos, logo depois.
Nate, assistindo aquilo, teve a certeza de que nada mais seria o mesmo.
Mexendo-se finalmente, ele se levantou. E sem dizer nada, pegou uma das malas de Josh, que logo entendeu o recado. Os dois, em silencio, dirigiram-se para a porta da frente, indo em direção ao carro de Josh que não estava trancado. Nate abriu o porta-malas e colocou a mala que segurava. Seu pai fez o mesmo logo depois, e Nate fechou o porta-malas.
Então ele se viu frente a frente com aquele homem que ainda trajava a farda militar mais almejada, mas que estava completamente desestruturado. A postura perfeita de Josh já não estava tão perfeita assim. Seus olhos castanhos duros e penetrantes já haviam perdido o brilho, escondendo agora tristeza e arrependimento. Nate se deu conta de que este homem, mesmo estando passando por uma crise enorme, ainda continuava sendo a pessoa que ele mais admirava e amava no mundo.
Foi aí que ele jogou os braços para cima e abraçou o pai, que tanto parecia consigo mesmo. Nate não entendia ao certo o porquê do pai errar, mas ele não sabia da vida que ele tivera. Josh passou o braço pelo ombro do filho e o apertou como quando ele tinha apenas cinco anos de idade. Mas Josh sabia que Nate não era mais um menino que queria ser general. Havia se tornado um homem, mesmo que ainda muito cedo, ele não era uma criança. Josh sabia que o filho era valente, corajoso e leal. Era engraçado como mesmo sem Nate dizer nada, conseguia passar tudo de bom que Josh precisava para sobreviver aquela situação. Ele jamais o abandonaria.
Assim como o outro Nate, na guerra.
Ao fim do abraço, Nate apertou a mão do pai.
— Isso não é o fim, pai — ele disse, olhando no fundo dos olhos de Josh. — Ligue quando chegar.
Josh deu um pequeno sorriso e então apertou os ombros do filho do meio.
— Eu sei que não. Mas lembre-se de que pra você é só o começo. Não cometa os mesmos erros que eu, ok, campeão? — Nate sentiu sua garganta se fechar gradativamente. Respirou fundo. — Vou ligar.
Então eles se abraçaram uma última vez antes de Josh adentrar seu carro e ir à casa do irmão mais velho, que não morava muito longe.



*****



Sophie abriu rapidamente a porta de Joe, encontrando-o encolhido em um canto. Ele abraçava as próprias pernas enquanto repetia o que, para ele, iria acontecer dali em diante: “Eles vão se separar. Papai vai embora de casa. Mamãe vai ficar triste. Papai vai embora, Soph. Eles vão se separar e vão ficar igual muitos pais que eu conheço. Eles não vão mais se falar. Eles vão se esquecer da gente.”
Joe não parava de repetir aquilo. Enquanto isso, mais lágrimas saíam de seus olhos verdíssimos e seus belos cachinhos dourados estavam desgrenhados.
Sophie logo estava do lado do irmão, e o abraçou com toda a força. Não chorou. Ela não podia chorar, então não chorou. Apenas escutou Joe repetindo aquilo enquanto suas lágrimas molhavam seu ombro, e o apertou o máximo que podia, mexendo em seu cabelo e tentando tranqüilizá-lo com aquele abraço. No fim, funcionou um pouco. Os batimentos do coração de Joe — que ela podia sentir — já estavam mais calmos, sua respiração já não estava tão alterada. Mas ele continuava repetindo as mesmas coisas. Sophie, ainda acariciando seus cabelos, separou-se dele rapidamente, olhando profundamente nos seus olhos.
— Joe, olha pra mim — ela o forçou, enquanto ele ainda mantinha o olhar vago.
— Eles vão se separar...
— Olha aqui — ela segurou as bochechas do irmão, que silenciou. — Não importa o que aconteça com a mamãe e com o papai, você sempre vai poder contar comigo. E não importa se mamãe não vai estar aqui pra você, eu vou estar. Se você precisar de ajuda pra escrever eu vou estar aqui. Se você precisar desabafar, eu vou te escutar, ok? Eu te amo, Joe.
— Eu também... mas... — as lágrimas ainda saíam livremente de seus olhos.
— Olha, isso também vai ser difícil pra mim. Mas a única forma da gente enfrentar isso é junto, ok? Eu estou e sempre vou estar aqui com você, por que eu sou sua irmã e eu te amo demais. Eu vou te ajudar a superar isso se você me ajudar também. Você vai estar comigo?
Joe fez que sim com a cabeça, fungando.
— Mas e se o papai for embora, Soph... a gente...
— Se o papai for embora ele vai voltar sempre pra te ver. — A voz de Sophie estava firme e forte como nunca estivera antes. Parecia passar ao pequeno toda a segurança do mundo. Joe olhou nos olhos dela. — Enquanto isso, você vai poder contar comigo sempre, ok? — Sophie ainda segurava as bochechas avermelhadas do irmão. — Ok?
— Ok — Joe fungou novamente, antes de se aproximar e enterrar o rosto no pescoço da irmã novamente, abraçando-a da mesma maneira que antes. Ainda com a voz fina e chorosa, ele murmurou: — Você pode contar comigo também, tá?
Sophie suspirou antes de responder:
— Tá legal — ela se separou dele por um instante, para olhar pra ele. — Fica combinado, então? Vamos enfrentar essa juntos?
— J-juntos — ele fungou enquanto falava.
Sophie deixou um longo beijo na bochecha dele antes de abraçá-lo novamente.



*****



Hayley apertou o travesseiro contra o rosto e gritou o máximo que pôde, para depois, sem forças, voltar ao seu choro.
Já havia chorado tanto que não imaginara ser capaz. Não depois daquele dia em que ela soube que Josh iria para a guerra e seguiu para o penhasco que Jason lhe havia mostrado. Não depois dela se encolher na pedra mais alta e ver o movimento de Franklin seguido do entardecer e o escurecer, repassando toda a sua vida e seus momentos com Josh na cabeça. Havia chorado tudo o que já chorara em toda a sua vida naquele dia. E pensou que jamais choraria tanto depois daquilo.
Agora, ela imaginava o quanto estava enganada. Afinal, eram quase três da manhã e ela continuava se revirando naquela droga de cama, chorando e repassando toda a sua vida na cabeça. Mas seu pensamento estava mais direcionado a uma pessoa do que qualquer outra:
A garota de cabelos castanhos escuros — porém com as sobrancelhas mais claras, o que indicava claramente que ela era loira —, de olhos chocolate e lábios evidentes. Repassava a imagem da mulher na cabeça a toda hora, prestando atenção em alguns traços específicos que ela se lembrava em Josh e em... Jenna.
Danna — este era o nome dela — tinha os mesmos olhos de Josh. Os mesmos, pareciam cópias. Tinha também o mesmo nariz acentuado para frente. Mas ela tinha os lábios de Jenna. A cor da pele dela. Era quase tão alta quanto Hayley se lembrava que Jenna era, apenas não era tão magra.
Mas uma coisa Hayley notou na menina que Jenna não tinha: coragem.
Ela era persistente, corajosa, e... realmente parecia ter sofrido muito nas mãos daquela mulher. Hayley se sentiu mal por tratá-la da forma que havia tratado. Afinal, filha de quem quer que seja, Danna não tinha culpa nenhuma.
Nenhuma.
A raiva de Hayley se direcionava apenas para Josh. Ele não podia ter escondido aquilo dela. Não podia. Não depois de prometer que nunca mais iria fazê-la sofrer. Não depois de dizer que não havia mais segredos entre eles. Não depois de subir ao altar com ela e prometer-lhe fidelidade eterna. Não depois de lhe dar três filhos.
Não depois de dezessete anos.
Ela sentia como se a parte mais importante de sua vida fosse uma mentira. Sentia como se tudo que construíra fosse destruído em pedacinhos. Josh havia destruído tudo isso novamente.
E o pior é que, agora, isso não implicava apenas o sofrimento dela mesma. Hayley sabia que seus filhos sofriam. Odiou-se por isso, por tudo o que mais temia estar acontecendo.
Por que era justamente por isso que ela não queria ter um filho. Para não fazê-lo sofrer, por que, ora, nada é para sempre. Casada com quem estivesse, quem iria garantir que isso não iria acontecer? Hayley acabara de descobrir que o homem que mais amava e conhecia no mundo tinha uma filha bastarda, não é? Quem poderia prever uma coisa dessas?
Não ela. Por isso ela se odiou por ter escutado o grito de Joe e seus passos correndo para o quarto que ficava no fim do corredor do andar de cima. Não foi até o quarto do filho, afinal, ela sabia que apenas o deixaria pior, chorando daquela forma.
Então, pela janela, ela viu Josh ir embora depois de abraçar Nate. O garoto foi para o porão depois disso.
Boxe.
Então, vendo o carro do homem — que, vamos encarar os fatos: ela ama — virar a rua.
Afundou-se então na cama e voltou ao seu choro compulsivo. Até agora. Quase três da manhã.
E pensar que o início do dia havia sido tão comum, como todos os outros. Acordou cedo, comeu cereal de aveia, foi para o trabalho no carro de Katt, repassou duas festas para um grupo de novatas, trabalhou numa festa de gala com Katt...
Tinha tudo para ser um dia comum.
Até o bilhete aparecer.


#Flashback#


A manhã ainda estava no início quando uma estagiária chegou pouco mais tarde no trabalho, e logo se dirigiu para o sexto andar. O andar que era de Nicky Mitchell, e agora, pertencia às presidentes Kathryn Davis e Hayley Williams. Era com esta última que a estagiária queria falar. Recebera um bilhete suspeito de uma mulher loira suspeita, e ele estava direcionado à sua chefe. Sem saber o que fazer, a jovem de apenas dezoito anos decidiu entregar o bilhete à Hayley.
Esperou ser autorizada e adentrou a sala das chefas. Ambas estavam rindo por alguma coisa, cada uma em sua mesa. Simpática, como sempre, Katt se virou para a garota:
— Bom dia, Lindsey. O que queria falar conosco?
Ela esboçou sorriso forçado.
— Aconteceu uma coisinha estranha antes de eu entrar aqui. Uma loira me parou e colocou esse papel na minha mão, dizendo “entregue isto à Hayley Williams, ela vai querer muito saber”. Eu achei super estranho, mas... sei lá, decidi entregar. Me preocupou um bocado. Vai que é alguma coisa importante?
Hayley arqueou uma sobrancelha, indo para perto da assistente. Pegou dela o pequeno envelope.
— Uma loira te entregou, você disse? — ela perguntou, analisando o papel.
— Foi — Lindsey entortou a boca. — Não deu para ver os traços dela, direito. Ela só se aproximou, colocou a coisa na minha mão, disse tudo rápido e sumiu. — Ela fez uma pausa. — Quer que eu chame a polícia, ou algo assim?
— Não, Lindsey, obrigada — Hayley deu um sorriso simpático. — Vou ler e, se precisar contatar as autoridades, eu farei isso por mim mesma. Pode ir trabalhar, obrigada novamente.
— Certo, então eu vou indo — Lindsey disse, ausentando-se em seguida.
Hayley desfez seu sorriso e olhou para a amiga e colega de trabalho de tantos anos, com total confusão. Katt retribuía o olhar à altura, e fez um sinal para ela abrir o envelope pequeno.
Hayley o fez, e ficou ainda mais confusa ao ler o que havia nele.



“Realmente acha que seu marido não esconde mais nada de você, certo? Que depois da guerra e tudo mais, ele é totalmente aberto com você, não é?
Sinto te informar que não é assim que as coisas são. Ele tem segredos que esconde de você há mais de vinte anos.
Se não acredita, compareça ao quartel pela tarde e descubra quem realmente é Joshua Farro.”



— Olha isso — ela disse para Kathryn, entregando-lhe o papel. Katt o leu em segundos e lhe entregou de volta.
— Acredita nisso? — a amiga perguntou.
— Não quero — foi o que Hayley respondeu. — Isso é esquisito demais. Quem faria um bilhete desses? E o que Josh teria para me esconder?
— Eu realmente não tenho ideia — Katt disse, torcendo os lábios. — É realmente estranho. Não acho que Josh te esconda algo...
Hayley silenciou. Não que ela não confiasse no marido. Ela confiava! Mas...
Era inevitável pensar no tanto de sofrimento que já enfrentara por ele. No monte de coisas que ele já havia escondido dela. No tanto de promessas que ele já havia quebrado.
— Prefiro acreditar que não tenha escondido — Hayley suspirou.
— Você vai para lá? — Katt indagou, encarando a amiga com certa preocupação.
Hayley torceu a boca e pensou durante alguns minutos, até suspirar e responder:
— Eu não sei.


#Flashback off#


Mesmo que ela não quisesse de início, Hayley acabou indo ao quartel, depois de muito relutar e enfrentar uma verdadeira guerra interior. Mesmo que amasse seu marido, um bilhete não apareceria assim, do nada. E ela se sentiria muito idiota se chegasse até lá aflita e não estivesse acontecendo nada.
Porém, caso ela não fosse, muito provavelmente ela ficasse pensando naquilo durante muito e muito tempo, e acabaria se arrependendo por não ir. Então, ela foi. E aconteceu o que aconteceu.
Agora, mesmo que ela detestasse admitir... Hayley começaria uma nova vida... mais uma vez.

Um comentário:

  1. Pelo amor de Deus, crie um Odeio Amar Você 3 antes que eu enlouqueça... Já li OAV e OAV 2 duas vezes. Acabei de ler a Odeio Amar Você 2 novamente semana passar... Certo vou dar um tempinho antes de voltar a ler a Odeio Amar Você "1" novamente.... Pelo amor de Deus Adeio Amar Você 3 vem logo....

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