23 de set. de 2012

Capítulo Final [Part 2]

I love to hate you



Hayley empalideceu.
Isso não estava no projeto. Quem havia deixado Josh subir?
Olhou para Tamiris, que estava a frente do palco, sorrindo.
Um arrepio passou pelo seu corpo. E ela não soube mais o que esperar.
— Antes da história que eu vou contar... — Josh continuou. — ...eu quero propor uma salva de palmas à organizadora dessa festa maravilhosa. Aquela mulher de cabelo vermelho, linda, ali no canto. Aplausos para a Hayley, por favor. — Ele puxou palmas e todo o salão também aplaudiu. Hayley sorriu, para ser simpática, mas na verdade, ainda estava muito nervosa. — Obrigado, pessoal. — Ele suspirou por um momento. — Enfim, vamos ao início da história. Era uma vez... — Josh começou, arrancando diversas risadas de todos no salão. — Ok, sério. Enfim... Eu era só uma criança. Tinha meus irmãos, meus pais, e eu era feliz, mas a coisa que eu mais gostava naquela época era a minha melhor amiga. Ela ia todo dia, eu juro, todo dia mesmo pra minha casa. Nós brincávamos de todas as brincadeiras possíveis e já inventadas. Nós corríamos, jogávamos videogame, nos machucávamos, como qualquer outra criança. — Ele continuava rindo. — Nós éramos felizes. Felizes de verdade. Conversávamos sobre tudo... Dividíamos nossas experiências juntos... E nos amávamos. — Ele parou por um segundo. — Então, quando eu tinha sete anos e ela seis, nós... nos casamos. — Todo o salão riu, afinal, não era comum duas criancinhas se casarem, certo? E de fato, ninguém esperava isso daquele General tão sério. Josh continuou: — Nos casamos debaixo de uma mangueira que havia no quintal da casa da minha mãe. Me lembro de que sugerimos que trocássemos um beijo e aquilo foi provavelmente a coisa mais nojenta pela qual passei na infância. — Os convidados riram novamente. — Mesmo assim, nós estávamos contentes, afinal, tínhamos oficializado o casório. Desde então ela passou a ser a minha melhor amiga e esposa. Nós éramos muito unidos... mais do que tudo... E dizíamos que ficaríamos juntos para sempre... Mas o “para sempre” não durou muito. — Ele suspirou. — Depois de uma noite que ela dormiu na minha casa, minha mãe me deu a notícia de que ela se mudaria. Então ela se foi... e eu não tive mais notícias dela. Eu fui o garoto mais infeliz do mundo inteiro sem a minha melhor amiga para brincar, para dividir segredos e comer... pasta de amendoim escondidos da minha mãe. — Ele sorriu sem mostrar os dentes. — Eu fiquei triste. Mais do que isso, eu fiquei arrasado... E foi assim durante anos. Eu guardei uma grande mágoa dentro de mim. Mágoa dela, da mãe dela, do pai dela... Guardei mágoa de tudo. Ela não estava comigo e eu não queria mais saber de nada... Foi assim durante vários anos... Eu convivia com aquilo dentro de mim, e não houve um só dia que e figura dela não me veio à mente. Mas eu passei a viver a minha vida e me ocupar com outras coisas, para esquecer. Quando eu fiz doze anos, tempos depois, eu tentei entrar pro colégio militar, mas não fui aceito. Então eu prometi a mim mesmo que me alistaria para o exército e passaria, custasse o que custasse. E assim foi feito. O tempo passou e quando eu tinha dezessete, eu me alistei. No caminho de volta para casa, a minha namorada na época me achou andando e veio comigo até a volta para casa. Até que esbarramos numa garota, no meio da rua. Essa garota era baixinha e tinha um cabelo estranho. Nós discutimos e eu passei a detestá-la. Por pouquíssimo ela não bateu na minha namorada... Então eu voltei para casa. Lá, a minha mãe me disse que a mãe da minha melhor amiga havia voltado à cidade naquele mesmo dia, e que ela iria nos visitar assim que a mudança fosse feita completamente. Eu fiquei eufórico. Mesmo magoado, tudo em mim queria ver a minha amiga de novo. Então, depois de alguns conflitos com a mesma menina da rua na escola, por que sim, ela estudava na mesma escola do que eu, chegou o dia. O tão esperado dia em que minha melhor amiga viria me visitar. Quando o meu irmão me gritou, dizendo que ela estava lá, o meu coração bateu tão forte que pareceu que ia sair pela boca. Eu fui correndo até a sala de estar e os meus olhos não acreditaram no que viram.
— Era a mesma garota da rua?! — Algum convidado dos fundos gritou e Josh riu.
— Era. — Todos riram, junto com ele. — E nossa, foi uma decepção! A garota que eu tanto amava era a mesma que eu detestava com todas as minhas forças. Enfim, não é preciso dizer que nós não nos suportávamos, não é mesmo? Ela detestava tudo o que eu amava e vice-versa. Ela vivia arranjando briga com a minha namorada e comigo, e isso durou um tempo. Só até a minha namorada terminar comigo e o meu irmão decidir arranjar outra namorada pra mim pela internet. Eu não queria ir ao encontro as escuras, de verdade, mas eles insistiram muito e a minha ex namorada ainda tinha ficado com o meu melhor amigo na minha frente. Então eu fui. Quando eu cheguei lá, surpresa! O meu encontro secreto pela internet era a mesma garota. — Os convidados, novamente, riram. — Ela ficou mais irada do que eu, até mesmo por que ela não sabia que estava tendo um encontro. Então, nós saímos e pegamos o elevador. Só nós dois. Juntos. Discutimos muito e no final, por pirraça, nenhum dos dois saiu do elevador. E ele acabou quebrando. — Josh fez uma pausa, enquanto algumas pessoas riam. — Nunca ouve tanta gritaria e insultos no mundo como naquele dia. Estávamos com medo de morrer, e o elevador deu um tranco, que nos jogou para baixo. Ela caiu por cima de mim e, acabou sendo inevitável, nos beijamos. Mesmo assim, discutimos outra vez. E eu não admitia a mim mesmo que gostava dela. Eu a odiava com todas as minhas forças, e era capaz de dar um soco em quem discordasse. O problema é que ela passou a ter que fazer parte de tudo o que eu fazia. Seja lá num trabalho de escola, por exemplo. Era sempre pedido que nós ficássemos juntos, e era obrigatório! Aturá-la ficava cada dia mais difícil. Até o dia em que a escola teve a brilhante idéia de nos mandar para um passeio por uma floresta da nossa cidade... E foi mais uma catástrofe. Eu não fiz par com ela. Na verdade, fiz par com o Taylor. Aquele rapaz ali. — Josh apontou para Taylor. — Mas na época ele estava conhecendo a atual esposa dele, e acabou que eu tive que fazer o trabalho de escola sozinho. Então, andando, eu a encontrei. Ela estava furiosa e nós discutimos muito, enquanto andávamos. Até... nos perdermos.
— OMG! — Alguém gritou e todos riram.
— Pois é. Pra quem acha que já estava péssimo, começou a chover. E ela, numa tentativa de me dar mais um tapa no rosto, caiu e torceu o pé... Então eu a ajudei. Deixei o seu pé imobilizado, a peguei no colo e a levei para uma raiz de uma árvore. — Ele suspirou. — E foi a primeira vez que eu a vi de um jeito... doce, frágil, angelical, desde a infância. Começou a re-surgir aquele mesmo sentimento que eu tinha por ela. E nós nos beijamos outra vez. Só que dessa vez, foi com o consentimento de ambos... Nós queríamos aquilo. E no final, fomos resgatados por bombeiros. Eu inclusive, senti ciúme de um deles. — Josh riu. — Foi quando eu percebi estar apaixonado por ela. Novamente. — Ele suspirou. — E o meu belo irmão, disse pra ela que eu tinha contado a ele do beijo. Ela ficou uma fera e não quis nem falar comigo. Eu fiquei mal, obviamente, e fui fazer a única coisa que eu podia fazer quando estava daquele jeito: Escrever. Eu comecei uma música chamada We Are Broken, no dia seguinte do deslize do meu irmão, e minha mãe me obrigou a ir até a casa dela, para ver como ela estava. Isso porque ela havia quebrado o tornozelo, então... Mesmo que eu estivesse com vergonha de vê-la, minha mãe me forçou. Felizmente ela não estava lá. Eu passei a olhar a casa dela, esquecendo de tudo, até chegar ao seu quarto. Entrei devagar e vi um piano. Toquei a minha música e quando acabei, ela estava lá. Nós fizemos as pazes naquele dia... E terminamos de compor a We Are Broken. Desde aí, paramos de brigar. Mas isso não quer dizer que assumimos que nós gostávamos. Isso aconteceu quando caiu no conhecimento de todo o mundo o que nós tínhamos feito, e passamos a negar mais. Porém os ciúmes diziam sempre o contrário. Havia aparecido um cara novo na escola que tinha bem mais a ver com ela, e já gostava dela, dava pra ver de cara. Eu fiquei com raiva, e a minha ex namorada estava dando em cima de mim também, o que fez ela ficar com raiva. Nesse mesmo dia, eu fui até a casa do pai dela, levar a minha irmã para brincar com a irmã dela e ela estava lá. Nós discutimos novamente, e, eu assumi que a amava. Começamos então a... ficar, digamos assim. E... cara, quem diria. A mesma garota que eu tinha detestado tanto estava agora tomando conta do meu coração. E mesmo com todos os defeitos dela eu ainda a amava mais do que tudo... Mas eu não admiti isso fácil. Isso só aconteceu no aniversário do Zac, quando pedi a ela para namorar sério comigo. Então passamos a namorar, e... fomos felizes novamente. Fazíamos passeios, fazíamos músicas juntos... Fizemos uma banda, chamada Paramore, com os nossos amigos. Nas férias nós fomos para Los Angeles e tivemos a semana mais perfeita da nossa vida. Nós éramos felizes e completos e eu não sabia o que fazer da minha vida se ela se fosse. Ela passou a ser tudo pra mim. Mesmo com todas as discussões diárias, eu ainda a amava. Muito mesmo... O problema é que eu tinha me alistado, e quando completasse dezoito anos, seria chamado para a guerra Israelense. Eu não queria deixá-la e não tinha coragem de dizer a ela que eu iria embora. O meu plano então foi deixar uma carta me explicando, porque eu não agüentaria vê-la sofrer... Não agüentaria... Mas ela descobriu antes e nós brigamos. Ela saiu chorando da minha casa e eu me senti absolutamente péssimo. Fiquei sabendo por um de nossos amigos em comum que ela estava desaparecida e passei a procurá-la, sem ninguém saber. Não a achei. A noite soube que ela havia voltado, achada pelo mesmo garoto do qual eu senti ciúmes e citei anteriormente. Eu... não tinha como interferir. Esse garoto ainda me deu um socos no outro dia e disse que eu não a merecia... Ele tinha razão. Eu me sentia péssimo. E ainda assim, fui à guerra. Deixei naquela cidade a minha vida e o meu coração. E prometi a mim mesmo que a faria feliz ainda, algum dia.
Hayley estava estática a seu canto.
Não acreditava no que havia ouvido. Simplesmente não acreditava.
Seus músculos estavam rígidos e ela não conseguia se mexer.
— E você encontrou ela de novo? — Outra pessoa, no fundo, gritou.
— Encontrei. Depois de muito tempo, depois da guerra e da minha longa estadia no exército de Louisville, eu voltei a Nashville e a achei. Não de propósito. Na verdade, ela era a pessoa que promoveria a minha nomeação a General. E confesso que fiquei feliz com isso.
Metade das pessoas que escutavam a história de Josh, fizeram um “Oh” em uníssono e começaram a cochichar coisas como “É a garota do cabelo vermelho”.
— E bem... Essa foi a minha história. A história da minha vida. O que vocês acharam dela? — Josh perguntou, sorrindo, e a maioria gritou, dizendo que era boa, ótima, etc.
Uma pessoa no fundo apenas, se manifestou:
— Falta um final feliz! — Gritou.
Josh apontou para a pessoa e sorriu.
— Exatamente. Falta um final feliz. Afinal, eu a amo, e ela me ama. Isso exige um final feliz, certo? — As pessoas disseram “certo” em uníssono. — Bem, eu ainda vou falar dessa parte. Antes, eu quero saber uma coisa de uma pessoa aqui presente. — Josh sorriu encantadoramente e olhou para Hayley, que ainda não conseguia se mexer. As pessoas abriram caminho e ela ficou totalmente visível por todos os outros convidados. — Você sabe que história é essa, Hayley? — Ele ainda sorria.
Apavorada, ela não soube como conseguiu assentir com a cabeça.
— Se lembra dela?
— Sim. — Disse baixo.
— Pois é... Mas eu acho que me esqueci de alguma coisa... Sabe, fazem muitos anos que nós nos casamos debaixo daquela mangueira... Você poderia me ajudar a lembrar? — Josh continha um sorriso sapeca no rosto. Ela bufou, sorrindo nervosa. — Vem aqui e me ajuda, vem. — Ele pediu, ainda sorrindo.
Hayley fez que não com a cabeça.
— Ahn, Hayles, vem cá. — Ele pedia. — Por favor.
— Não adianta, não vou. Para com isso.
— Eu quero saber da história por completo, Hayley Nichole Williams! — Escutou-se a voz aguda de Sarah ecoar pelo salão. — Sobe lá, vamos.
— Cala a boca, Sarah! — Ela olhou para a amiga com indignação.
Sarah, então, começou a gritar “sobe, sobe, sobe”, atraindo toda e qualquer pessoa daquele salão para gritar com ela. Josh ainda sorria ao ver aquele salão gritar para Hayley subir.
Ela, vencida, passou uma mão pelo rosto e foi em direção ao palco.
— Que bom que você veio por livre e espontânea vontade. — Josh.
— Posso viver sem o seu sarcasmo. — Ela disse e fez que não com a cabeça. Josh se aproximou do microfone.
— Então, Hayley. Você era a garota da história? — Ele perguntou, sem tirar o microfone do suporte. Deu espaço para ela e ela se aproximou.
— Sim. — Respondeu apenas e saiu de perto. Alguns convidados (lê-se Sarah, Dakotah, Katt e Brendon) gritaram.
— E você se lembra do dia em que nos casamos? — Ele saiu de perto do microfone e ela se aproximou.
— Sim.
— Então... Hayley, me diz. O que aconteceu quando eu disse pela primeira vez na minha vida que amava uma garota que não era da minha família?
Hayley suspirou e se aproximou do microfone.
— Eu disse que te amava também.
— E o que eu disse depois? — Ele sorria e a olhava. Hayley estava muito envergonhada.
— Você perguntou o que pessoas que se amam tem que fazer. — Ela respondeu, olhando para baixo. Deu um sorriso, ao se lembrar da cena de Josh criança, inocente, se casando com ela.
— E o que você disse?
— Eu disse... — Ela suspirou. — Eu disse que pessoas que se amam, se casam. Assim como os nossos pais.
— Então você quis dizer que pessoas que se amam, devem se casar.
— Sim, quis.
— Sabe, Hayley... Eu sempre acreditei nessa sua explicação, que você me deu quando eu ainda era um menininho. E por causa dela, hoje, que eu faço isso.
Josh se ajoelhou diante dela e pegou sua mão. Algumas pessoas gritaram.
Hayley levou a outra mão à boca. Não sabia mais o que fazer.
— Quando nós éramos crianças e casados, fomos felizes. Não sofremos nem ficamos tristes. Não tivemos desilusões e você não tinha medo de amar. É por isso que eu quero pular tudo isso. Todo o sofrimento, toda a dor, eu quero pular e ir direto para o “felizes para sempre”. Quero cumprir, Hayley, a promessa que fiz quando tinha apenas sete anos de idade. Quero ser feliz com você. Hayley, minha Hayley, minha menina brigona, minha linda de cabelo vermelho, meu amor desde sempre... Você aceita casar comigo?
Duas lágrimas surgiram no rosto de Hayley.
— Sim... — Ela respondeu apenas e puxou Josh pela farda, trazendo-o para um beijo.
Todos no salão bateram palmas e começaram a gritar.
As lágrimas caíam dos olhos de Hayley, enquanto ela beijava docemente o seu... noivo.
O salão estava em festa a gritos e assovios. Todos, absolutamente todos gritavam e batiam palmas. Até mesmo o pequeno Luke, que estava lindo com seu terninho preto.
Josh terminou o beijo deles dois com alguns selinhos e logo após, a abraçou. A abraçou como nunca a havia abraçado antes. Agora ela não era apenas Hayley, a sua namorada... Era a sua noiva. Oficialmente sua.
Ele pegou o microfone, e sem se separar dela, levou a boca.
— Então, linda, vamos nos casar.
— Sim, vamos, eu já disse sim. — Eles se separaram.
— Você não entendeu. — Ele gargalhou. — Vamos nos casar agora.
Hayley abriu a boca, completamente surpresa.
— Josh... Como... Como assim, nos casar agora? — Ela perguntou, ainda sem acreditar.
— Tamiris?
A mulher apareceu com o fone no ouvido e sorrindo. Se aproximou do microfone.
— Acendam as luzes. Todos os convidados, se dirijam para a outra ala do salão, por favor. — Ela saiu do microfone e ligou o bluetoof. — ALFAIATES, ONDE ESTÃO VOCÊS? — Gritou.
Então, dentre os convidados, apareceram três homens e três mulheres, com acessórios nas mãos. Um deles estava com um véu, outro estava com uma grinalda. Outros tinham pedaços de pano idênticos ao vestido de Hayley.
Ela olhou para tudo aquilo sem acreditar. Josh sorria enquanto o salão era esvaziado.
— Como assim?
— Pode levantar os braços pra mim, amor? Obrigada. — Uma das alfaiates disse, enquanto complementava o vestido. Ela levantou os braços e olhou para Josh com surpresa.
— Você...
— Sim, planejei tudo isso. Eu disse a verdade quando disse que queria pular todo o sofrimento e ir direto para o “felizes para sempre”. Por isso dei sumiço no seu outro vestido e arranjei esse em cima da hora. Por isso falei com Nicky para contratar Tamiris de Louisville para cuidar do casamento, sem você saber. Por isso eu comprei vestidos idênticos para as damas de honra, essas, Isabelle e Erica. Por que eu quero me casar com você, e quero fazer isso agora. Mas agora, deixa eu ir, porque dizem que dá azar ver a noiva arrumada antes do casamento. — Ele gargalhou e deu um selinho em Hayley, que ainda mantinha os braços levantados. Saiu do lugar com o maior do sorrisos no rosto.
Erica chegou com Isabelle logo depois, trazendo um belo ramo de rosas lilás.
— Ei, maninha. — Erica disse, chegando até ela. — Gostando do casamento surpresa?
— Tirando eu, meu irmão é a pessoa mais esperta do mundo, Jesus!
— Enfim. Esse é o seu buquê. Não se esqueça de jogá-lo quando estiver casada.
— Tem um buquê também? — Hayley ainda não acreditava no que estava acontecendo.
— Lógico que sim, né cunhada. — Isabelle disse.
— Mas... e aquela história... de vestidos iguais? Raiva e vingança?
— Erica, amiga, estou pensando seriamente em fazer a faculdade de artes cênicas, e você?
— Concordo, amiga. Levamos jeito pra coisa.
— Se levamos. Bate aqui. — Isabelle levantou a mão e Erica bateu nela.
Hayley sorriu. Era... loucura.
— Ok, Hayley, sente-se para eu colocar a saia do vestido.
— Ahn... ok... — Sem saber, ela se sentou.
— Bem, é melhor irmos. Bom casamento, maninha. — Erica disse e se virou, saindo daquela parte do salão com a melhor amiga.
Casamento...
Estava acontecendo, mas Hayley ainda não acreditava que faltavam poucos minutos para ela se casar! E ela nem sabia disso!
Menos de dez minutos se passaram e o vestido dela já estava quase todo pronto. Também pudera, com tantas pessoas trabalhando ao mesmo tempo nele.
Hayley viu Tamiris chegando. A garota sorria.
— E aí, tudo bom?
— Então você não é estagiária coisa nenhuma? Bem que eu desconfiei.
— É, não sou. Na verdade, eu sou a promoter mais procurada de Louisville. Quando Nicky me ligou e disse que tinha um casamento para eu fazer, eu não quis a princípio. Até ele me dizer que era uma surpresa para a noiva. Eu adorei a idéia toda e fiquei eufórica para representar um papel pra você. Estou realizando um sonho, de verdade. Produzir um casamento surpresa é... divino. — Tamiris parecia dizer tudo mais... maturamente. Hayley percebeu o quanto ela estava fingindo o dia inteiro.
— Nossa... Eu não consigo acreditar...
— Pois acredite, bonitinha. Coloque o seu véu, calce o seu salto e pegue no braço do seu pai. Você está indo para o altar. — Tamiris disse, enquanto um alfaiate levantou Hayley.
Em minutos o vestido dela havia passado de simples vestido de festa para um lindo vestido de noiva.
O alfaiate colocou o véu em Hayley, que sorriu.
Acompanhada por Tamiris, ela encontrou seu pai na porta do salão.
— Não acredito que a minha menina vai se casar na igreja. — Ele parecia ter lágrimas nos olhos. Hayley sorriu. — Eu quero que você seja feliz, Hayley. Muito feliz. Eu te amo.
— Também te amo, pai. — Ela abraçou Joey com força. Ele passou uma mão pelo seu véu e estendeu o braço. Hayley o segurou e Tamiris disse que ela entraria logo depois das damas de honra. Entregou-lhe seu buquê.
Ela suspirou ao ver Belle e Erica andando pelo tapete que dava caminho ao (que agora era um) altar.
Quando ela pisou no tapete com o pai dela, Rachel e Trevor, com o violão, deram início a música.
Todos ficaram de pé.

And I can’t do this alone...
(E eu não posso fazer isso sozinho...)
Stay with me... This is what I need, please.
(Fique comigo... É isso que eu preciso, por favor.)
Sing us a song, and we’ll, sing it back to you.
(Cante-nos uma música, e nós, cantaremos de volta para você.)
We could sing our own, but what would it, be without you?
(Nós poderíamos cantar sozinhos, mas o que isso seria sem você?)

Mesmo começando do meio, o som de My Heart era inconfundível.
Hayley sentiu as lágrimas molharem o seu rosto.
Aquilo era... um sonho.
Josh a esperava. Havia tirado seu chapéu e trocado de farda. Essa, agora, era branca. Na verdade, um terno militar.
Ele sorria como nunca sorriu em sua vida ao ver a mulher de seus sonhos, ali, vindo em sua direção.
Hayley caminhava lentamente. Sentia em si uma emoção que jamais sentira em sua vida.
Ela havia decidido parar de fugir.
Josh era o amor dela. E é isso que é pra acontecer. Fugir não adiantaria nada.
Decidiu perder o medo e encarar o futuro de frente. Decidiu ser feliz ao lado do homem que amava. Decidiu ter Josh, ser de Josh. Decidiu... deixar de sofrer da melhor forma.
E ela sabia que tinha feito a escolha certa.

This heart, it beats, beats for only you...
(Esse coração, está batendo, batendo apenas por você...)
This heart, it beats, beats for only you... My heart is yours.
(Esse coração, está batendo, batendo apenas por você... Meu coração é seu)
This heart, it beats, beats for only you... My heart... My heart is yours...
(Esse coração, está batendo, bantendo apenas por você... Meu coração... Meu coração é seu...)

Hayley e Joey chegaram ao altar. Josh apertou a mão de Joey. Ele deu um beijo no rosto da filha e Hayley entrelaçou seu braço ao de Josh.

My heart is...
(Meu coração é...)

A música acabou e Hayley e Josh se viraram para o padre.
— Estamos aqui reunidos para realizar a união de Joshua Neil Farro e Hayley Nichole Williams em matrimônio. — O padre abriu um livro enorme e começou sua narrativa. — Noivos caríssimos, estão aqui hoje, para que o vosso propósito de contrair matrimônio seja firmado com o sagrado selo de Deus, perante o ministro da Igreja e na presença da comunidade cristã. Cristo vai abençoar o vosso amor conjugal. Ele, que já vos consagrou pelo santo Batismo, vai agora dotar-vos e fortalecer-vos com a graça especial de um novo Sacramento para poderdes assumir o dever de mútua e perpétua fidelidade e as demais obrigações do matrimônio. Diante da Igreja, vou, pois, interrogar-vos sobre as vossas disposições. — Ele retirou os olhos do livro e passou a olhar os noivos. — Joshua Neil Farro e Hayley Nichole Williams, viestes aqui para celebrar o vosso matrimônio. É de vossa livre vontade e de todo o coração que pretendeis fazê-lo?
Hayley, ainda com os olhos cheios de lágrimas, olhou para Josh que sorriu para ela.

Juntos, responderam.
— Sim.
— Uma vez que é vosso propósito contrair o santo matrimônio, uni as mãos direitas e manifestai o vosso consentimento na presença de Deus e da sua Igreja.
Eles se viraram, olharam em seus olhos e deram as mãos.
— Repita comigo. Eu, Joshua Neil Farro...
— Eu, Joshua Neil Farro...
— Recebo-te por minha esposa a ti, Hayley Nichole Williams...
— ...Recebo-te por minha esposa a ti, Hayley Nichole Williams...
— E prometo ser-te fiel...

— ...E prometo ser-te fiel...
— Amar-te e respeitar-te...
— ...Amar-te e respeitar-te...
— Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida.
— ...Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias de nossa vida. — Josh disse, segurando-se para não deixar as lágrimas caírem de seus olhos. Nunca na vida estivera tão feliz. Hayley chorava tanto que segurava-se para não soluçar, porém, com o sorriso em seu rosto.
— Repita comigo: Eu, Hayley Nichole Williams...
Ela suspirou e se recompôs.
— Eu, Hayley Nichole Williams...
— Recebo-te por meu esposo a ti, Joshua Neil Farro...
— ...Recebo-te por meu esposo a ti, Joshua Neil Farro...
— E prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te...
— ...E prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te...
— Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida.
Ela suspirou e abriu mais o seu sorriso.
— ...Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida.
— Tragam as alianças, que serão instrumentos de Deus, indicando a consumação do matrimônio.
Novamente, todos olharam para a porta.
O garotinho, com um terno lindo e perfeito, que continha uma rosa lilás no peito esquerdo, trazia numa almofada de camurça vermelha, uma caixinha preta.
Luke sorria enquanto caminhava lentamente. Hayley sorriu e soluçou.
Quando o menino se aproximou ela se abaixou e abraçou-o.
Luke, sorrindo, deixou um beijo em sua bochecha, ainda coberta pelo véu e, logo após, foi para o colo da mãe, que assistia tudo.
Josh pegou a almofada e abriu a caixinha de camurça.
Haviam duas alianças.
De papel.
Hayley não acreditava no que via.
— Joshua Neil Farro, coloque a aliança no quarto dedo da mão esquerda de Hayley Nichole Williams, simbolizando o amor e a fidelidade que comprometestes ter à ela, durante todos os dias de vossas vidas.
Josh pegou a mão de Hayley, que tremia, e colocou lentamente a aliança em seu dedo. Levou a mão dela até os lábios e a beijou.
— Hayley Nichole Williams, coloque a aliança no quarto dedo da mão esquerda de Joshua Neil Farro, simbolizando o amor e a fidelidade que comprometestes ter à ele, durante todos os dias de vossas vidas.
Hayley pegou a mão de Josh e colocou-lhe a aliança, sorrindo, e entrelaçando sua mão à dele.
— Confirme o Senhor, benignamente, o consentimento que manifestastes perante a sua Igreja, e Se digne enriquecer-vos com a sua bênção. Não separe o homem o que Deus uniu. — Ele fechou o livro a sua frente. — Pelo poder a mim investido, eu vos declaro, marido e mulher. Pode beijar a noiva.
Josh sorriu e retirou o véu do rosto de Hayley, aproximando-se dela devagar e dando-lhe um beijo calmo e demorado, enquanto segurava suas mãos.
Ainda com as mãos coladas, eles separaram seus lábios e saíram daquela ala do salão, conforme My Heart ecoava pelo lugar.
Tamiris os fez seguir até a outra ala do salão.
De braços dados com Josh, eles pararam em certo lugar do outro lado do salão.
— Eu ainda não consigo acreditar... — Ela sussurrou para o seu... marido, oficialmente.
Josh sorriu.
— Eu disse que você seria minha para sempre. Eu disse que eu te amaria para sempre. Acredite, minha Hayley... agora nada nos separará. — Ele disse sorrindo.
Ela pegou o seu rosto e lhe deu outro beijo demorado e cheio de emoção. Dentro de si, todas os sentimentos possíveis se misturavam. A verdade é que Hayley jamais imaginaria estar casada no final do dia.
Viu sua mãe se aproximar com Scott. Seu rosto estava vermelho e cheio de lágrimas.
— Oh, mãe. — Ela abraçou a mulher.
Christie olhou bem no rosto da filha e do genro.
— Vocês foram feitos um para o outro. Desde pequenos... Não acredito que é a segunda vez que presencio um casamento de vocês. — Ela sorriu, ainda chorando. — Faça dela feliz, Josh.
— Pode deixar. — Ele sorriu e abraçou a sogra.
— Ei, Hayles. — Sarah chegou, acompanhada de Brendon. — Parabéns, linda. — Ela abraçou a amiga.
— Você sabia, não é?
— Todo mundo sabia, amor. — Josh respondeu. — Exceto você.
— Parabéns, ruivinha chata. — Brendon se aproximou dela e abraçou. — Cuida dela, Sr. Gostoso. — Ele abraçou o amigo, que riu.
Só Brendon para lembrar de apelidos antigos como aquele.
— Pode deixar, Sr. Lindo. Obrigado.
— Ei, ruivinha. — Spenc a abraçou. — Parabéns, hein.
— Obrigada, Spenc.
— E você, rapaz, juízo. — Ele revirou os olhos e apertou a mão de Josh, que sorriu.
A Sra. Farro olhou para o filho e a nora. Ela também chorava.
Abraçou os dois de uma vez.
— Eu sempre soube que era pra vocês dois ficarem juntos. Mesmo com todos os empecidos, esse é o destino de vocês. Sejam felizes, meus amores.
— Obrigada... — Hayley deixou mais lágrimas caírem.
A mãe de Josh era a mulher que ela mais considerava depois de sua mãe.
— Obrigado mãe. Por tudo. — Josh abraçou novamente a mãe, que chorou um pouco em seu ombro.
Zac estava logo atrás dela.
— Deu certo, hein mano. — Ele pegou na mão do irmão e o abraçou fortemente. — Parabéns, cara.
— Obrigado Zac. De verdade.
— E você, minha mais nova maninha — Zac olhou para Hayley —, não deixe ele te perder outra vez.
— Isso não vai acontecer, mais novo maninho. — Ela abraçou o cunhado.
— Hayley! — Erica atravessou todo mundo para falar com a irmã. — Parabéns, mana. — A abraçou.
— Obrigada. — Ela sorriu.
— Bem, eu estava fuçando suas coisas, a pedido do cunhadinho aqui. — Erica brincou. — Eu achei isso... — Ela pegou uma cadernetinha. — Estava escrito “Hayley’s songs”... eu achei que você ia querer re-ler. Aliás, foi daqui que tiramos a My Heart para dar para a banda tocar. Isso por que eu não achei a melodia de uma outra que também tem tudo a ver... Se chama... — Ela abriu a cadernetinha e olhou as últimas páginas. — ...The Only Exception.
Hayley se lembrou da música que nunca havia terminado de compor. A música que havia começado na infância e nunca havia terminado.
— Enfim... Parabéns, cunha. — Ela brincou com Josh. — Felicidades pra vocês dois.
Josh aproximou seus lábios dos ouvidos de Hayley.
— Vamos? — Sussurrou.
— Pra onde?
— Nossa Lua de Mel, ué. — Ele disse como se fosse óbvio.
— Mas...
— Vem. — Ele pegou sua mão e a levou até o palco daquele lado do salão. Começou a falar no microfone.
— Bem, pessoal — começou —, quero agradecer a todos os amigos e colegas que compareceram aqui e me ajudaram com... o primeiro casamento surpresa que eu já vi na vida. — Todos riram. — Agora, eu e a minha esposa... nossa como é bom dizer isso. — Ele disse, arrancando risadas de todos. — Nós vamos viajar para a nossa Lua de Mel... Continuem curtindo a festa. Qualquer coisa, falem com a Tamiris. Obrigado! — Ele disse e saiu.
— ESPERA! — Escutou-se um grito. — A NOIVA TEM QUE JOGAR O BUQUÊ, QUERIDO.
Hayley reconheceu a voz de Nicky e sorriu.
— Certo. — Ela disse no microfone e virou de costas. Uma enorme aglomeração de mulheres (e Nicky, não posso esquecer) se formou na frente daquele palanque. Hayley começou a contar: — Um... dois... três!
Ela jogou o buquê alto.
Alto demais.
E ele caiu bem longe, nos braços da única garota daquele salão que não queria nem ouvir falar de casamento.
— AI MEU DEUS! SAI DE MIM, PRAGA! — Isabelle jogou o ramo de flores no chão. — Credo.
Hayley sorriu.
— Qual é o problema em se casar, Belle?
— Não é pra mim. Você jogou o negócio na pessoa errada, só digo isso. — Ela virou de costas e Josh e Hayley sorriram.
De mãos dadas, saíram correndo por aquele salão e entraram no Rolls Royce. O motorista já sabia para onde ir.
— Para onde vamos? — Ela perguntou.
— Não sei... Paris, Milão, Valença, Madrid... Quem sabe as quatro. — Ele respondeu sorrindo.
— Você é incrível.
— Eu sei. — Eles riram e Hayley puxou seu rosto para si, aprofundando um beijo de verdade. Cheio de amor e paixão. Suas línguas se entrelaçavam em uma só e eles sentiam que poderiam ficar ali para sempre.
— Eu... não consigo acreditar... Tudo isso... E se eu não tivesse aceitado?
— Valeu a pena correr o risco. A verdade é que se você tivesse dito não, eu continuaria tentando até conseguir um sim... Eu te amo. E eu iria lutar por você até todas as minhas forças acabarem... — Ele sorriu. — Você acha que fez a escolha certa?
Ela o olhou profundamente nos olhos.
— Tenho certeza que sim. — Ela também riu. — A verdade é que nós não somos perfeitos, Josh. Nós não concordamos em muita coisa e eu sei que ao longo da nossa vida, o que mais vão haver são discussões. Eu ainda odeio muita coisa em você. Mas... você me fez... amar odiar parte de você... E pode parecer confuso. Aliás, é totalmente confuso. Mas eu sei que por mais que nós discutemos e briguemos, eu vou continuar te amando até o fim. É o destino, não é mesmo?
— Sim, é. — Ele concordou sorrindo. — Mas eu entendo você. Eu me sinto exatamente igual em relação a você. Talvez... nossas diferenças nos façam nos odiar as vezes, mas sempre vamos acabar voltando um pro outro, porque a gente ama se odiar.
— Ou odeia se amar. — Eles gargalharam.
— Pode ser. De qualquer forma... Quero que isso dure pra sempre. — Ele a olhou nos olhos.
— Vamos fazer isso durar para sempre. — Ela disse e o beijou novamente.

Amor;
Ódio;
Essas palavras são dadas como antíteses uma da outra. Mas mesmo assim, é notável e incrível a forma de como as duas se parecem e se entrelaçam freqüentemente. É notável como elas vivem juntas.
Talvez elas não sejam tão diferentes...
No caso de Hayley e Josh, elas andam juntas. O ódio que sentem transforma-se em amor, e vice-versa. Mas eles aprenderam a lidar com esses dois sentimentos, e, agora, viveriam felizes com eles.
Se amando e se odiando.
Eles seriam felizes assim. Foi isso que o destino reservou para ambos. E é isso que os vai fazer seguir em frente... por que sim, eles Odeiam Se Amar, mas também amam se odiar. E amam um ao outro por isso.
E quem sabe, agora, isso dure para sempre.

Fim

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