23 de set. de 2012

Capítulo 41

Friends are sad and mom is moving



Pov. Hayley

Abri os olhos.
Olhei para o lado e Josh dormia angelicalmente na cama macia do hotel. Estava deitado com uma mão sobre mim, enquanto eu estava deitada em seu peito nu.
Já haviam se passado seis dias desde o show da Blink-182 e nossa noite na praia. Nossas férias não poderiam estar melhores. Tínhamos ido a outras praias, e até mesmo a DisneyWorld. Seria um crime vir para a Califórnia e não passar na DisneyWorld. Foi divertidíssimo.
A parte menos divertida foi a manhã que tivemos que passar com a minha avó. Mas... nada que não pudéssemos superar.
Mas hoje acabaria. Voltaríamos para Franklin com um monte de fotos, alguns presentes para os nossos amigos, e, claro: lembranças inesquecíveis.
Um pequeno sorriso se formou no rosto de Josh.
Uma coisa que eu não havia notado nele: Ele sorri dormindo.
No que estaria sonhando? O dia do show? Sua família? Ou simplesmente a noite de ontem?
Decidi me levantar. Teria que arrumar as minhas malas. As de Josh estavam perfeitas, mas as minhas coisas estavam espalhadas pelo quarto. Pra conseguir pegar tudo sem esquecer de nada precisaria de um tempo.
Com um lençol preso ao corpo eu fui até o banheiro. Tomei um banho e me vesti. Quando voltei, ainda secando o cabelo com a toalha, Josh estava sentado na cama, ensfregando uma mão no olho, com cara de sono.
A questão é que ele é absolutamente lindo até mesmo com cara de sono. Com aquele olhar meio perdido e o rosto pálido. Os cabelos completamente desgrenhados e o peitoral a mostra. Ele é lindo de qualquer jeito mesmo.
— Bom dia. — Eu disse, passando a toalha no meu cabelo.
— Bom dia, linda. — Ele disse sorrindo e inclinando os braços para o alto, se espriguiçando. — Que horas são?
— Calma aí, vou ver no meu celular. — Eu disse e ele fez que sim com a cabeça, concordando. Comecei a procurar o bendito aparelho. Olhei no criado-mudo, na cama, nas malas, embaixo das roupas jogadas pelo chão... e Josh ria.
— Está dentro do all star preto.
— Quem colocou o meu celular no all star?
— Você. — Ele disse rindo.
Fiz que não com a cabeça e peguei o celular.
— 9h34, levanta e vai se arrumar logo. O vôo é as 13h00. — Ainda rindo ele assentiu com a cabeça e se levantou. Me deu um selinho e foi em direção ao banheiro.

“Uma nova mensagem.”

Abri a mensagem do meu celular. Era o número de Sarah.

“Hayley, quando você volta? Eu preciso de você aqui, por favor, não demora pra voltar porque eu... eu não sei mais o que fazer, pensar ou.. sentir. Me liga.”

Ai Senhor. O que ela aprontou dessa vez?
Uma coisa era certa: Era em relação a Jeremy e Brendon.
Disquei desesperadamente o número de Sarah. Depois de alguns segundos chamando, ela atendeu.
— Hayles! Ah, que bom você ligou!
— O que houve?
— Ah, Hayley, aconteceu tanta coisa...
— Melhor você contar.
— O Brendon... Eu... Ah.
— Sarah, conte.
— Quando você volta?
— Ainda hoje. Vou pegar o vôo pra Nashville uma da tarde. Mas, me conta, o que houve? O que houve com você e o Brendon?
— Nós nos... Nós nos beijamos. Pronto, falei.
— VOCÊS O QUÊ?
— Foi muito rápido, Hayles! Os meninos arranjaram um festival em Brentwood pra tocar ontem, e aí convidou todo mundo, e todo mundo foi, sabe? Aí o Brendon cantou uma música chamada Always e dedicou pra mim, e aí o Jeremy ficou com raiva e brigou com o Brendon depois da apresentação deles, os meninos separaram eles e o Jeremy brigou comigo logo depois, e aí o Jason me levou pra casa na moto dele, mas alguns minutos depois o Brendon apareceu lá em casa dizendo que gostava de mim e a gente se beijou! Eu estou me sentindo mal, Hayley, eu não sei o que fazer!
— Sarah, se acalma, eu chego aí as 17h00 no máximo, tá? Fica tranqüila.
— Tá... tudo bem. — Ela respondeu com a voz chorosa.
Desliguei o telefone.
Tudo o que eu tinha medo estava acontecendo, droga. Agora eu tenho três melhores amigos sofrendo.
— O que houve? — Josh disse saindo do banheiro.
— Sarah e Jeremy. E Brendon.
— Ahn... o que eles fizeram?
— Brendon cantou uma música pra Sarah, Jeremy e Brendon saíram na porrada e Sarah e Brendon se beijaram.
Josh arregalou os olhos.
— Puxa... Que baita problema.
— Nem me fala. Ah, que merda! Era tudo o que eu não queria que acontecesse, Josh! Tudo. Inferno.
— Ei, vem cá. — Ele disse e abriu os braços. Me aconcheguei nos braços dele. Ele beijou o topo da minha cabeça. — Fica tranqüila, tá? As coisas vão se acertar do melhor jeito. — Ele me apertou mais.
Josh sabe mesmo como aliviar minha tensão. Mesmo que com um simples abraço.
Começamos a arrumar as minhas malas até que ouvimos batidas na porta. Era Scott, nos chamando para tomar café.
Descemos com ele até o restaurante do hotel. Minha mãe já estava lá. Sentamos-nos à mesa.
— Pois é... Hoje nós voltamos. — Scott comentou. Eu fiz que sim com a cabeça.
— Gostaria de ficar um pouco mais. Eu adorei tudo isso aqui. — Josh.
— Foi ótimo mesmo, mas precisamos voltar. — Eu disse.
— Eu... Eu tenho algo a dizer.
Todos olhamos para Scott confusos. O que iria acontecer, o que ele iria falar?
— Diga. — Eu disse.
— Eu fui chamado para fazer parte de uma consultoria famosa em Nashville. Eles são incríveis, e o salário é ótimo. Disseram que meu trabalho é ótimo e que “precisam” de mim com eles...
— Legal pra você. — Eu disse, e a garçonete trouxe meu café.
— Nashville? — Minha mãe disse meio abalada. — Então... você vai ter que se mudar?
— Se eu for aceitar, sim. E é isso que está me abalando... eu não quero deixar você. Vocês. — Ele disse se referindo a minha mãe e logo após corrigindo, referindo-se a mim também.
Não... Não pode ser...
— Quero que você e Hayley se mudem comigo para Nashville.
— Não saio de Franklin. — Disse somente. Dei um sorriso debochado. — Ingressos de shows caros de graça... Presentes, agrados... Agora eu entendi! Incrível, viu.
— Hayley! — Minha mãe me reprimiu. Josh estava estático ao meu lado.
— As coisas que eu comprei pra você e Josh, Hayley, foram presentes que eu dei de bom grado. Não foi por que eu quero levar vocês duas para Nashville. Não pense errado de mim. Mas... eu amo muito a sua mãe e, se ela não vier comigo para Nashville, eu vou recusar a proposta de emprego.
— Você não pode fazer isso! — Minha mãe disse.
— Se você não vier comigo eu não vou ter felicidade lá.
Minha mãe abaixou a cabeça e logo após me olhou.
Ela queria ir.
— Façam a merda que vocês quiserem. — Eu disse e me levantei, deixando meu café pela metade. Josh veio logo atrás de mim.
Entrei no quarto e bati a porta.
— Merda! Quando é pra dar tudo errado dá mesmo! Porque o mundo não cai em cima da minha cabeça logo e acaba com isso?! Ah!
— Hayley, se acalma.
— A minha mãe vai se mudar com ele, Josh. Ela sempre faz isso. Sempre passa por cima das minhas necessidades pra suprir as dela! Ela vai se mudar com ela e vai me arrastar pra uma cidade diferente de novo! Eu não vou agüentar isso de novo, Josh... Não vou... — Eu disse e as lágrimas começaram a invadir o meu rosto.
— Ei, se acalma. Ninguém vai levar você de Franklin, ouviu? Eu não vou deixar. Da última vez ela conseguiu te levar porque eu não podia fazer nada sobre isso. Hoje eu posso, Hayley, nem que eu tenha que te seqüestrar. — Ele disse e deu uma pequena risada. — Não vão tirar você de mim, ok?
Fiz que sim com a cabeça e ele me abraçou novamente. Logo ouvi batidas na porta. Era minha mãe, certeza.
Abri a porta.
— A gente precisa conversar. — Ela disse.
Assenti com a cabeça.
— Eu vou... lá embaixo. — Josh disse e veio até mim. Me deu um selinho e sussurrou: — Fica bem, tá? Eu te amo. — E saiu do quarto.
Fechei a porta e me sentei na cama.
— Você tem certeza que não quer ir? — Ela disse.
— Eu não posso fazer de novo, mãe. Não posso abandonar meus amigos e o meu namorado pra começar uma vida nova e idiota em uma cidade desconhecida. Eu não posso. Eu não vou agüentar novamente. Não vou, mãe...
— Eu entendo você. — Ela abaixou a cabeça e limpou uma lágrima. — Não posso deixar você viver isso de novo. Mas também não posso deixar que ele recuse a melhor oferta de trabalho da vida dele. O jeito é... terminar.
Ela foi dizendo e as lágrimas foram escorrendo pelo rosto dela.
Ela gosta de verdade desse cara... Ele parece ser legal... E eu estou com a sensação de estar estragando tudo.
— Não precisa terminar com ele por minha casa.
— Não podemos viver uma vida longe um do outro, querida.
— Mãe... vai morar com ele em Nashville, tá. Eu... Eu fico bem com o meu pai... O quarto da Erica é bem grande e ela não vai se incomodar em ter mais uma cama e um piano lá...
— Eu não posso abandonar você, Hayley, você é minha única filha!
— A gente vai se ver, ok? Mas do mesmo jeito que você não pode deixar o Scott recusar a oferta pra ter um futuro mais promissor eu também não posso deixar que você viva infeliz sem ele por minha causa. Eu continuo com minha posição, não vou sair de Franklin, mas você vai com ele.
— Mas... Hayley, eu não sei como vou fazer pra viver sem você... Você é a minha única filha! Não teve um só dia nesses 16 anos que eu tenha me separado de você... Eu não posso!
— Sim, pode. E isso ia acontecer de qualquer jeito mesmo, quando eu fosse pra faculdade. Fica tranqüila, mãe. O meu pai vai gostar de me ter lá, eu vou ficar perto das minhas irmãs... e a Jessica é legal, até. Vai com o Scott pra Nashville. Não tem problema pra mim.
— Mas eu...
— Mãe, eu não vou sair de Franklin, tá? Vai morar com o Scott. Eu sei que você gosta mesmo dele.
— Eu o amo, Hayley. Desde o colegial.
— Não sou nada para impedir isso tudo. Não vou separar vocês de novo. Mas... eu não vou sair de Franklin. Então vá com ele e seja feliz, mãe.
— Ahn, minha filha. — Ela disse emocionada e eu me aproximei, abraçando-a.
Ela chorou um pouco e logo depois saiu do quarto, dizendo que iria tomar banho.
Eu fiz o que era certo. Não posso deixar minha mãe viver sem o único cara que ela realmente gosta. Eu sei muito bem como é viver sem os seus amigos. E não posso deixar que ela viva assim por minha causa.
Erica e Mckayla vão gostar da idéia de eu ir morar com elas. Meu pai então, nem se fala. Quanto a Jessica... ela nunca me irritou. Nunca me fez mal. Nossa convivência sempre foi muito amigável, se posso dizer assim. Então... está tudo bem.
Liguei para Josh e ele disse que tinha ido devolver os carros com Scott. Aproveitei para terminar de arrumar as malas e catas as coisas jogadas pelo chão.
Fechava o zíper da última mala quando Josh apareceu. Ele veio até mim e me deu um beijo.
— E aí, o que deu a sua conversa com a sua mãe?
— Ela vai morar em Nashville com ele. — Eu disse e pude ver o seu pomo de adão subir e descer. — Não se preocupa, eu vou ficar na casa do meu pai. Erica não vai reclamar da idéia de eu ir dormir no quarto dela. Se eu a conheço, sei que ela vai amar.
— E você vai ficar longe da sua mãe? — Ele disse meio preocupado.
— É o jeito... não posso deixar ela se separar do “amor da vida dela” novamente. Não posso deixar ela ser infeliz por minha causa. Eu fiz a coisa certa.
Ele me abraçou.
— Fez sim. — Ele me deu um beijo na testa e se afastou um pouco, me olhando. — E se a Erica não te quiser no quarto dela, você pode ir morar no meu! Que tal?
Gargalhei.
— Se isso acontecer vamos acabar com um Mini-Josh bem rapidinho.
— Ou uma Mini-Hayley. Ou quem sabe, um Mini-Josh e uma Mini-Hayley! É...
— Credo! Eu estava brincando. — Eu disse rindo.
— Eu não... Eu quero um monte de filhos.
— Um monte?! Ah Deus! Eu não! Com um só eu ficaria louca.
— Year... dois menininhos e uma menina.
— Senhor, você é louco? Eu não vou criar três crianças.
— Sim, você vai. Se quiser viver o resto da sua vida comigo.
— E quem disse que eu quero? — Eu disse e ele chegou perto e começou a me beijar no pescoço
— Vai me dizer que você não quer sentir esse arrepio pro resto da sua vida. Vai me dizer que você não me quer pro resto da sua vida.
Mordi o lábio inferior.
Ele sabe como me deixar sem palavras.
Continuou a beijar o meu pescoço, subindo logo depois para a minha boca e me beijando urgentemente.
Me afastei.
— Eu não disse? Você quer viver o resto da vida comigo.
— Eu não disse nada.
— Pois é... Mas quem cala, consente.
— Quem cala, fica calado. Só. — Eu disse e ele riu.
Pegamos as malas e fomos para o Hall. Minha mãe e Scott pagaram o serviço de quarto e nós entramos no táxi.
Alguns minutos depois estávamos no aeroporto.
Esperamos por duas horas até finalmente decolarmos. Eu estava apreensiva para chegar logo. Para pelo menos, tentar resolver o problema de Sarah...
Scott disse no aeroporto que ele começaria a trabalhar na empresa em uma semana e que iria começar a procurar alguma casa confortável para comprar. Ele ainda insistiu que eu fosse para lá, mas recusei de todas as formas até ele parar de me pedir.
Minha mãe ainda estava triste por eu não ir, mas estava conformada e feliz ao mesmo tempo, por ir com Scott.
Algumas horas depois, pousamos em Nashville. Conhecemos Marcus (o outro filho de Scott) que nos levaria para Franklin.
Diferente da irmã dele, ele era muito simpático e brincalhão. E nem um pouco falso, como a irmã dele.
E finalmente, depois de meia hora no carro, chegamos em Franklin. Pedi para Marcus me deixar um pouco antes da rua da minha casa, pois eu iria a casa dos meninos antes de ir a casa de Sarah.
Dei um ultimo beijo em Josh e fui.
Desci a rua até a casa da Panic!. Toquei a campainha e Brendon me atendeu.
— Ei Hayles! — Ele disse animado e me abraçou.
“Hayles?” — Eu escutei alguns murmuros dos meninos. — HAYLES! — Ryan disse me vendo abraçada com Brendon e correu, abraçando nós dois. Logo depois Spencer e Jon estavam no abraço múltiplo.
— Galera, me solta, eu não estou conseguindo respirar — Eu disse com a voz abafada. Eles se afastaram.
— E aí, Hayles, como foi seu passeio?
— Foi ótimo, Ryan. — Eu disse entrando. — Mas eu vim aqui mesmo pra conversar com o cabeçudo aqui.
— Ela tem razão, Brendon. Sua cabeça é estranhamente enorme. — Spencer disse encarando-o.
— Isso porque o meu cérebro é maior do que o seu, idiota.
— Vamos sair, pessoal. Hayley e Brendon querem conversar. — Jon disse dando uma olhada significativa pra eles. Ryan e Spencer disseram “Ahn...” em uníssono, mostrando que entenderam o que ele quis dizer.
— Porque fizemos “Ahn...”? — Spencer.
— Porque a Hayley quer conversar com o Brendon sobre alguma coisa importante. — Jon disse dando ênfase a algumas palavras. Brendon colocou a mão na cabeça e Spencer ficou confuso.
— Ah! Claro! Ela quer conversar com o Brendon porque ele agarrou aquela menina que namora o loirinho? A Sarah?
Ryan bateu na própria testa.
— Vamos, galera. — Ele disse saindo. Jon e Spencer o seguiram.
— Spencer idiota. O que ele disse, Hayles, eu...
— A Sarah já me contou que vocês dois ficaram. Eu só vim entender o porque, Brendon. Só isso. Porque sinceramente, eu não consigo entender. Você sabe que ela tem namorado. Sabe que ele é ciumento e sabe que você está transformando a vida dela num inferno. Mesmo assim você insiste em fazer isso... eu quero saber porque.
— Não importa o que você diga. Eu não me importo com o Jeremy. Eu não me importo com mais nada, sinceramente, nada. Hayley eu provei ontem o beijo mais doce e perfeito da minha vida. Eu estou completamente apaixonado pela Sarah. Eu largaria minha vida pra viver ao lado dela. Eu a quero, Hayley. E ela é muito mais importante pra mim do que é pro Jeremy. Ele não liga pra ela. Ele só liga pra ele mesmo. Eu não. Eu ligo pra ela, eu vi ela saindo chorando daquele festival, na garupa do Jason e eu senti que tinha que fazer alguma coisa. Eu senti, Hayles, que eu devia fazê-la se sentir melhor. Eu senti que eu não descansaria um músculo sequer sabendo que ela estaria mal.
— Brendon, você sabe...
— Você tem razão, Hayles, eu sei. Eu sei o que eu fiz com as garotas nos últimos anos. Eu sei que não fui um bom cara pra nenhuma delas. E, principalmente, eu sei o que eu sinto pela Sarah agora. As outras garotas não são nada, eu juro e repito, nada comparado ao que eu sinto por ela. Não importa o que você diga, Hayley, eu vou continuar lutando para ter a Sarah, porque eu a amo. E eu tenho certeza disso.
— Mas Brendon, só tem uma semana que você conhece ela!
— 9 dias, 17 horas e 2 minutos. — Ele corrigiu. — E eu tenho a certeza do meu sentimento.
Fiz que não com a cabeça e suspirei.
É impossível argumentar com isso.
— Você sabe, Hayles, que com ela é diferente. Você me conhece bem o suficiente pra saber disso.
Assenti.
— Você tem razão. Mas... você não acha que vai machucar muita gente com isso? Não acha que...
— Eu já pensei em todas as conseqüências, Hayles. Mas nenhuma é pior do que a de não ter ela pra mim.
— Ok, ok. Eu não vou fazer você mudar de idéia, né?
— Não. — Ele disse e deu um meio sorriso. O abracei.
— Seu grande irresponsável.
Ele riu.
— Esse sou eu... Você vai no festival de hoje?
— Festival?
— É... em Brentwood. Algumas bandas e artistas locais estão tocando lá. Dissemos que éramos da Califórnia e eles aceitaram a gente na mesma hora pros 3 dias de apresentação. Estamos tocando só 3 músicas, mas já é ótimo.
— Eu vou ver.
— Ok, valeu Hayley.
Me despedi dos outros meninos que estavam no quarto e comecei a caminhar em direção a casa de Sarah. Cheguei lá em alguns minutos e toquei a campainha. Ela atendeu.
— Hayles! — Ela me abraçou. — Que saudade de você!
— Eu só fiquei uma semana fora, fala sério. — Eu disse rindo.
— Foi o suficiente pra eu sentir saudade de você.
— Como você viveu 16 anos da sua vida sem mim?
— Não sei, sinceramente. — Ela disse dando uma risada, mas era notável a tensão no seu rosto. Entramos na sua casa. Cumprimentei os pais dela (eles geralmente não ficavam lá, por estarem trabalhando sempre. Mas, é mês de férias...) e fomos para o seu quarto.
— Vai, me conta o que houve. — Eu disse sentando na cama e ela fez que sim.
— Não sei mais o que fazer, Hayles. Eu amo o Jeremy... tanto... Mas o Brendon me faz sentir algo desconhecido. Eu me sinto atraída por ele de um jeito impossível de controlar. Ele veio até a minha casa, e aqui em frente, ele me disse tanta coisa bonita... E eu simplesmente não consegui me esquivar quando ele veio até mim. Eu amo o Jeremy, mas adoro o Brendon e... sinto falta dele.
— Eu entendo, Sarah.
— O que eu devo fazer?
— Olha Sarah, eu escutei em algum lugar uma vez uma frase que eu gostei bastante. A frase é: “Se você estiver entre duas pessoas, escolha a segunda. Porque se você amasse de verdade a primeira não existiria uma segunda.”. Eu... não sei. Você diz que ama o Jeremy, mas tem certeza mesmo? Você mesma disse que a notícia de que ele teria se apaixonado por você foi uma surpresa. Será que não é um amor de amigo?
Eu disse isso e coloquei os pés para cima da cama. Vi ela abaixar a cabeça pra esconder a lágrima que rolava.
— Não precisa fingir pra mim, Sarinha. Eu sei que você tá chorando. — Eu disse e ela se sentou na cama também, e me abraçou. Começou a soluçar no meu ombro.
Droga, era isso que eu não queria.
— Eu... não... sei, Hayley... Eu sou uma péssima... pessoa... — Ela disse soluçando. — Eu queria que... eles ficassem... felizes... os dois...
— Para com isso, olha pra mim. — Eu disse e a afastei de mim. Olhei seus olhos verdes inchados e molhados. — Você não é uma má pessoa, entendeu? Você não quis que isso acontecesse, mas aconteceu. Se apaixonar por duas pessoas acontece com muita gente, acredite. Você não é má. Entendeu?
Ela voltou a soluçar. A abracei novamente e nós ficamos assim por um tempo. Pedi para ela ir lavar o rosto e ela foi. Voltou do banheiro aparentemente mais calma. Se sentou novamente.
— Obrigada. — Ela disse.
— Amigos são para isso. — Eu disse.
— Será que você podia... dormir aqui? — Ela perguntou com a cabeça baixa. — Não quero ficar sozinha de novo... E você tem que me contar da sua viagem. — Ela disse a última frase forçando um sorriso. É incrível como ela tenta ser extrovertida e sorridente mesmo quando não pode. Ou não quer.
— Só vou dar uma ligada pra minha mãe, e é claro que eu fico contigo aqui. — Eu disse sorrindo.
— Thanks Hayles, de verdade... Hm... a minha mãe vai pro hospital daqui a pouco e o meu pai vai sair com o meu tio, então... Não vai ter problema.
— Ok, eu vou ligar pra minha mãe...
— Tá bem.
Peguei meu celular e liguei pra minha mãe, avisando que eu dormiria na casa de Sarah. Ela concordou.
Sarah disse que precisava se animar e insistiu pra que eu contasse sobre a viagem pra ela. Contei praticamente tudo (omitindo apenas as noites que tive com Josh) e finalizei com a notícia de que minha mãe iria se mudar. E eu iria morar com o meu pai.
— Então sua mãe vai pra Nashville.
— Vai, né. Não posso impedir que ela seja feliz.
— É... — Ela disse e o olhar dela ficou vago, e um meio sorriso se formou nos lábios dela.
— No que você está pensando? — Ela, então, voltou a firmar o olhar e desfez o semblante feliz.
— No beijo. — Ela disse num fio de voz. — E nas coisas que ele me disse.
— O que ele te disse?
— “Sabe, Sarinha, posso te chamar assim? Eu... eu sinto a sua falta. É estranho né? Sentir falta de algo que nunca se teve. Mas eu sinto. Eu tenho a total certeza de que o sentimento que me invade por dentro todo santo dia, desde que eu te conheci, é paixão e... saudade. Eu sinto a sua falta. Assim que eu acordo, você me vem a mente. É em você que eu penso antes de dormir. Você está comigo sempre, aqui (na cabeça) e, principalmente, aqui (no coração). Eu sei que amo você. Não estou enganado. E eu te quero mais do que tudo. Agora.”
— Uau. — Exclamei.
— E depois disso ele se aproximou e a gente se beijou. Eu não consigo me esquecer de nada. Me lembro de tudo, cada palavra. Cada gesto. Eu não consigo me esquecer.
— E o Jeremy?
— O Jeremy, Hayley... Eu me lembro de tudo, sabe? Das nossas tardes brincando na minha sala. Do dia que a gente fez o teu cadastro no site de encontros... dos nossos trotes de madrugada... das colas no colégio...
— Você notou que as suas melhores lembranças com o Jeremy são da época que vocês eram apenas amigos?
Ela abaixou a cabeça. Eu continuei:
— Não acho que você esteja apaixonada pelo Jeremy.
— Eu não sei mais o que sinto por ele. Só sei que não quero que ele fique triste. Ele é o meu melhor amigo, Hayles. Antes de namorado, ele é o meu melhor amigo. Ele era o meu único amigo de verdade até você chegar, e me fazer conversar com o Josh, o Taylor, a Dakotah... Ele era o único, Hayley.
— Se você não ama ele de verdade, Sarah, você só vai adiar o sofrimento de vocês dois...
Ela fez que sim com a cabeça.
— Então... eu devo terminar com ele... — Ela afirmou para si mesma.
— Dê um tempo pra vocês dois. Seja franca com ele. E se ele não entender... não iria dar certo mesmo.
— E o Brendon?
— Seja franca com ele também. Você precisa de um tempo, Sarah, pra colocar as idéias em ordem.
— Você tem razão...
Eu sempre tenho razão. Essa é a verdade.
— Hoje os meninos vão para o festival novamente.
— É... — Ela concordou — Mas como você sabe?
— Brendon me disse.
— Você foi até lá?
— Fui.
— E... o que ele disse?
— Ele disse muita coisa...
— Sobre mim?
— Sim, claro.
Ela sorriu.
Senhor, essa menina tá muito apaixonada.
— Você acha que ele pode estar querendo comigo o mesmo que ele queria com as outras garotas, que você disse?
Fiquei calada, pensando um pouco. Depois de um tempo eu disse:
— Se eu conheço aquele ser de cabeça grande... Ele jamais faria isso com você.

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