23 de set. de 2012

Capítulo 30

Just a moment of change 






Josh não estava vestido em sua farda.
Ao invés dela, um terno preto estava pousado sobre seu corpo em boa forma para um homem de quarenta e três anos.
Mas Josh não estava bem.
Sentia-se péssimo por tudo o que havia feito. Estava desanimado e não conseguia mais sentir-se feliz. Nem mesmo um dia atrás, quando passou a tarde com os filhos. Na realidade, a tarde foi quase desastrosa. Joe não sorria e lhe deu apenas um abraço forçado. Sophie conversou com ele durante alguns minutos sobre a situação por completo, e ele tentou respondê-la da melhor forma, mas conseguia ver a decepção no rosto dela quando Josh disse que Hayley já havia lhe mandado os papéis para divórcio um dia antes.
E Nate...
Bem, Nate continuava o mesmo em relação à ele. Tudo em Nate tentava mostrar que Josh ainda era seu herói. Tudo, menos seu olhar.
Josh percebera algo nos olhos do filho que ele nunca havia visto antes. Por mais que Nate tentasse mostrar o contrário, seus olhos mostravam sua decepção. Sua tristeza. Josh não era mais seu herói. Não mais. Não depois do que havia feito.
Agora, Josh arrumava o blazer do terno enquanto se olhava no espelho e não encontrava o homem que queria ser há anos atrás. Onde estava o militar bem sucedido que tinha uma família perfeita?
Ele havia arruinado. Mesmo que sem querer.



Acordei hoje pela manhã com um rancor do tamanho de um conto.
Oh, eu me sinto, eu me sinto tão desanimado.
Deixe-me começar pelo fim, a parte que ainda não compreendi.
Sim, estou, estou me movendo lentamente.


Josh saiu da frente do espelho e foi direto ao carro. Os papéis de separação estavam no banco do passageiro, sem assinar. Josh não havia conseguido fazê-lo. Na realidade, não conseguiu sequer ler aquelas folhas.
Doía ver tudo aquilo expresso em linguagem formal. Doía saber que depois de assinar aquilo, era oficial: ele haveria perdido Hayley. De vez.
Josh sentia que não podia deixar aquilo acontecer, mas ele reconhecia que não queria mais que ela sofresse. Reconhecia que havia errado e que muito provavelmente ela não confiasse mais nele. Sentia raiva de si mesmo por isso.
Não demorou tanto para ele chegar onde queria. Teria uma reunião com Hayley e seu advogado. Não queria estar onde estava, mas também reconhecia que queria o quanto antes ver Hayley pessoalmente. Já faziam dez dias desde que ela o colocara para fora de casa. E desde então eles não haviam se visto. Josh ligou para ela algumas vezes, e ela concordou que ele visse as crianças, apenas. Quando Josh chegou a casa, Hayley não estava lá.
Era difícil conviver com todo o amor que ele sentia por ela e saber que ela fazia de tudo para não vê-lo.
Mas a culpa era toda dele.



Você está liderando, a dor de cabeça alimentada pelas minhas ações.
Oh, só posso culpar a mim mesmo.
Essa é outra prova em que eu seria reprovado dando o melhor de mim.
Oh, sempre termina da mesma forma.



Josh chegou a advocacia e entrou na sala onde lhe fora indicado. Ele não levava advogado. Mesmo que ainda tivesse esperança de que Hayley desistisse de tudo aquilo e voltasse para ele, sabia que isso não aconteceria. Então concordaria com tudo que ela pedisse. Sabia que ela tinha esse direito.
Quando Josh abriu a porta, precisou segurar a respiração. Hayley não o olhou. Mas estava linda como sempre, afinal. Havia colocado um terninho preto e seu cabelo estava parcialmente solto. A maquiagem, moderada, perfeita. Os olhos verdes um tanto tristes, mas ela ainda conseguia ser a mulher dos sonhos de Josh.
— Bom dia, General Farro — disse o homem que a acompanhava. Seu advogado, com certeza.
— Bom dia — Josh disse, apertando a mão do homem.
— Sente-se, por favor — ele disse, mostrando a cadeira. Josh se sentou contra a mesa de madeira brilhante. Hayley ainda não o olhava. — Eu sou o Dr. Derek Parsons, advogado da Sra. Williams Farro. Devemos esperar seu advogado.
— Não — Josh negou. — Não trouxe um. Pretendo concordar com tudo.
Derek pareceu um bocado desorientado. Provavelmente nunca havia lidado com um caso parecido.
— Certamente — disse ele, abrindo uma pequena pasta. — O Sr. e a Sra. Farro são casados em comunhão de bens, portanto, por lei é garantido que tudo seja partido igualmente.
Então o advogado começou a falar do que Hayley queria de acordo com os papéis. Não era muito. Apenas a casa e um dos carros. Mais nada.
Josh começou a se sentir enojado com o tom que Derek usava referindo-se à eles. Tudo aquilo escrito e falado de modo tão corriqueiro fazia Josh sentir náuseas. O que Derek se referia como “união” era muito mais do que isso. Josh se lembrava claramente do quanto amou e ainda ama aquela mulher. Ela era a vida de Josh.
Lembrava-se muito bem de que aquela “união” era muito mais do que isso. Josh se lembrava de cada detalhe! Desde quando correu para fazer o casamento surpresa até o nascimento de Sophie, que quase o matou de felicidade. Lembrava-se também de quando precisou abandonar a cerimônia de homenagem à Nate no meio para acompanhar o nascimento do segundo filho prematuro, também chamado de Nate. E Joe! A única gravidez acidental dos três!
Aquilo era muito mais do que o tom formal de Parsons dizia.
Era a vida de Josh.


Se eu fosse um cara honesto, daria mais uma chance a esse mundo.



Conforme Derek falava, Josh notou que ele não mencionara seus filhos.
— E quanto os meninos? — Josh interrompeu o monólogo de Derek.
— A guarda ainda será da Sra. Williams Farro — ele virou uma folha de papel. — E será permitido ao Sr. visitá-los de quinze em quinze dias, podendo levá-los para fora de casa e devolvê-los ao fim do dia. Também será pedido que o Sr. lhes dê uma pensão...
— Quinze em quinze dias? — Josh novamente interrompeu Derek. — Por quê?
— Faz parte do acordo, Sr. Farro, que...
— É muito pouco — Josh se virou para Hayley. — Dediquei os últimos dezesseis anos da minha vida àquelas crianças. Eu preciso vê-los mais do que duas vezes por mês.
Hayley suspirou.
— Então o Sr. não concorda com o acordo? — Derek perguntou.
— Concordo com tudo, menos isso — Josh respirou fundo.
— Hayley? — Derek se virou para ela, que o olhou e respondeu:
— Este é o acordo, não vou mudá-lo. — Foi a primeira vez que Josh escutou sua voz ali.
— Então marquemos outra audiência com um conciliador de justiça — ele disse. — O Sr. pode trazer seu advogado, Gen. Farro. Encerramos por aqui.
Hayley pareceu incomodada com aquilo, e arrumou rapidamente sua bolsa.
Josh realmente pretendia concordar com tudo que Hayley pedisse para poupá-la de tudo aquilo, pretendia mesmo. Mas... ver Joe, Soph e Nate apenas duas vezes por mês o mataria de saudade. Seus filhos eram sua vida, também. Ele os amava mais do que amava a si mesmo. Não podia perdê-los de vista daquela maneira. Precisava vê-los e saber que eles estavam bem. Josh não podia esperar tanto...
Perguntou a si mesmo o que fazia com que Hayley fizesse isso, mas nada fazia sentido em sua cabeça.
Hayley trocou poucas palavras baixas com o advogado e depois se despediu, saindo pela sala rapidamente.
Josh não viu o momento em que se levantou e saiu atrás dela.
— Posso falar com você por um momento? — perguntou, assim que a alcançou no corredor. Hayley virou o rosto no mesmo momento e o olhou.
— Não — disse apenas, re-colocando sua bolsa no ombro.
— Você não vai fugir pra sempre de mim, Hayley — Josh suspirou. — Por favor, me deixe conversar com você por um momento.
— Não é uma boa hora.
Hayley se virou e re-começou a andar, mas Josh deu um passo maior e segurou sua mão. Hayley paralisou por completo.
Sentindo o coração bater tão forte que parecia que ia sair pela boca, Josh pediu em voz baixa, novamente:
— Por favor. Vamos conversar.
Josh não a segurava forte. Apenas pressionava sua mão contra a dela.
Hayley poderia ter ido embora.
Mas não foi.
— Só por um momento. — Ela disse vencida e retirou sua mão da dele bruscamente, indo na frente.
Josh suspirou e a seguiu.
Após saírem do prédio, seguiram para a Starbucks que havia do lado da advocacia. Cada um pediu um cappuccino diferente e então, sentaram-se de frente um para o outro em uma das mesas do lugar.
— O que quer falar? — Hayley foi direta, olhando-o com impaciência.
Josh respirou fundo e a olhou nos olhos verdes brilhantes e cansados. Na realidade, não sabia ao certo por que a chamara para conversar por ali, e sabia que era loucura fazer isto com Hayley. Mas ele estava tão desesperado para falar com ela que sinceramente não ligava. Josh se sentia muito mais do que mal por fazê-la sofrer do jeito que estava sofrendo, e conseqüentemente, seus filhos também. Gostaria de reparar tudo.
Então, olhando para Hayley revirar os olhos de impaciência, ele disse:
— Como você está?
Hayley deu uma risada debochada, olhando para o lado. Parecia não acreditar no que havia ouvido. Josh estava de sacanagem, só podia! Arrastava-a para aquele lugar para perguntar como ela estava?! O que ele queria, afinal?
Sentiu a raiva dominar o corpo e subir a cabeça.
— Você está brincando? — ela perguntou com desdém. — Sinceramente, Josh, se for só isso que você quer conversar... — ela começou a se levantar, antes que começasse a esbravejar.
Mal acreditava no que Josh havia acabado de dizer. Ele estava brincando com ela!
— Estou falando sério — Josh continuava olhando-a profundamente. — Como você está?
— Como acha que eu deveria estar?! — Gritou ela. Seu rosto já havia corado completamente de nervosismo.
— Eu não sei — Josh abaixou o olhar, com calma. Sabia que ela reagiria assim, de qualquer forma. — Por isso perguntei. Sophie e Nate me disseram que você parecia ótima, mas na reunião você nem sequer olhou pra mim. Sei que você está se fazendo de forte como sempre faz. Mas isso faz com que eu não saiba realmente o que está acontecendo com você. Quero saber como você está.
Hayley ainda mantinha o mesmo sorriso no rosto.
— Então quer saber como eu estou? — ela disse, largando o cappuccino na mesa. — É uma pena, Josh, por que você não tem mais direito nenhum sobre mim. E eu não tenho obrigação de te dizer se estou bem ou não.
Josh suspirou.
— Não tem, mesmo — ele engoliu seco e a olhou dentro dos olhos. Hayley estava com raiva, mas também estava assustada, com medo. Ele via isso nos seus olhos. E quando seus olhos pousaram nos dela, não saíram. Ela não desviou seu olhar. — Você não precisa me dizer se está bem ou se não está. Mas eu preciso saber disso, por que não importa se nós estamos nos separando ou não, você estar bem significa eu estar bem. Se você está mal, eu estou pior, principalmente por que sei que a culpa é minha. — Josh ainda a olhava nos olhos. — Você não precisa me dizer se está bem. Mas eu preciso te dizer que ainda te amo.



O que devo fazer quando estou tão apaixonado por você?
Esqueci o que queria dizer.
O que devo fazer quando você não muda suas maneiras?
É a hora.
Se eu salvar você, você pode me salvar também?



Hayley bateu com força na mesa.
— Josh, pelo amor de Deus! — ela gritou. — Me diz, o que você pretende com isso?! Droga, você não vê que isso dificulta muito?! Eu não confio mais em você, inferno! Você me magoou de um jeito que não há mais volta, Josh, caramba! Você escondeu o maior dos segredos de mim, em dezessete anos em que você jurou muito mais de uma vez que me amava, assim como você está fazendo agora! — Hayley continuava gritando e Josh segurava o olhar nela com tristeza estampada nos olhos. Ela continuou: — Então, quer saber mesmo como eu estou? Ótimo, se você quer saber! Eu estou chateada, magoada e quebrada. Estou esgotada mental e emocionalmente. Estou com raiva, estou decepcionada, estou triste! Eu estou mal. É o suficiente pra você?!
Os olhos dela já haviam se enchido de lágrimas.
Josh ainda mantinha o tom de voz calmo quando disse:
— Você tem todo o direito de estar com raiva e não confiar mais em mim. — Ele juntou as duas mãos. — Mas está errada se acha que o que eu pretendo com isso é dificultar você ou a sua vida. Eu jurei amor a você durante minha vida quase toda, e vou jurar até o fim, você pode contar com isso. Eu errei demais, mas o que eu sinto por você não muda e não vai mudar.
— Certo, eu não preciso ouvir isso — Hayley pegou a bolsa por cima da mesa e a colocou nos braços, levantando-se da cadeira.
— Eu sei que você também sente, Hayley — Josh levantou o olhar enquanto ela novamente parava para olhá-lo. — Você não deixou de me amar.
Hayley não revidou.
Apenas virou as costas e saiu daquele Starbucks em passos rápidos, quase correndo, sem querer mais ouvir a voz de Josh. Só por que ela acabaria cedendo àquilo tudo e se jogaria em seus braços.
E lá dentro do Café, Josh afundou a cabeça nas mãos, revivendo os momentos bons que passaram com Hayley em sua mente.
E lidando com o fato de que, provavelmente, não haveriam outros momentos iguais a esses.


Acordei hoje pela manhã com um rancor do tamanho de um conto.
Que já narrei por completo a você.



[...]



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Ele segurava sua mão.
E mesmo sabendo que tudo estava desandando e que eles não se veriam no outro dia, nem no outro, e nem no outro... Ela estava bem.
Estava bem por que ele estava segurando sua mão.
Ele a guiava pela casa, segurando sua mão com leveza, firmeza e carinho ao mesmo tempo. Ele estava em silêncio, tal como ela. Como se precisasse daquele momento para não falar nada. Apenas segurar sua mão suave e tentar mais do que tudo guardar a sensação de sentir a pele dela em sua memória.
Pois era tudo que ele dela daqui a algumas horas. Lembranças.
Lembranças de quando ela era apenas a amiga bonita e chata de sua irmã. Lembranças de quando ele se descobriu sentindo ciúme dela. Lembranças de quando ela o beijou pela primeira vez numa luta de boxe juvenil. Lembranças de quando ele lhe disse, todo acanhado, por intermédio de uma mensagem de texto que a amava. Lembranças de quando ele foi todo nervoso até a sua casa para pedi-la em namoro e ela pulou em cima dele, aceitando no mesmo momento e dizendo-o que o amava também. Lembranças de como seu amor avassalador por ela foi ficando cada vez mais forte e grande conforme o tempo passava. Lembranças de quando eles fizeram amor pela primeira — e única — vez.
Nate não acreditava. Mas em menos de doze horas, de Julia ele não teria mais nada do que lembranças.
E, droga, ele não queria isso! Seu coração estava tão dolorido que ele mal podia suportar! Julia era seu suporte, sua inspiração, sua força! Ela era a sua vida! Como ele poderia agüentar tudo sem ela para apoiá-lo?
Como ele poderia seguir se ela era absolutamente tudo para ele?
Nate se fazia essas perguntas a quase todo minuto. Mas não sabia como respondê-las. Droga, como queria simplesmente ir para a Inglaterra também, ou dar um jeito de fazê-la ficar! Como ele queria dar um jeito de ficar ao lado dela... Como...
Mas Nate simplesmente não podia.
A mulher de sua vida — e ele tinha total certeza disto — estava indo embora para longe dele.
E o que acalmava Nate era pensar que, afinal, não era para sempre.
Involuntariamente, ele apertou sua mão na dela quando eles terminaram de subir as escadas de sua casa. Foi aí que ele a ouviu fungar e apertar de volta com o dobro da força.
Nate sentiu os olhos arderem. Por que tudo tinha de ser tão difícil?
Adentrou seu quarto e trancou a porta. Julia já não segurava mais sua mão, ela estava completamente agarrada ao seu braço como uma criança assustada. Como se não quisesse nunca deixá-lo e precisasse segurá-lo com toda aquela força para que ele não se separasse dela.
Mesmo que isso fosse inevitável.
Devagar, Nate a levou até a cama e se sentou em frente a ela. Não pensou duas vezes antes de abraçar aquela pequena garota, agora frágil, pela qual ele havia se apaixonado completamente. Passando o braço pela sua cintura, ele afundou seu rosto no pescoço dela, sentindo aquele cheiro típico dela de perfume misturado ao creme capilar de erva doce, que ela dizia ser o único que conseguia se dar bem com o seu cabelo. Notando aquilo, ele viu que até disso sentiria falta quando ela fosse embora.
Isso tudo era tão injusto!
Ele a amava tanto...
E sabia que ela o amava também. Por que, diferente dele, que segurava o nó na garganta, Julia chorava em seu ombro, deixando as lágrimas molharem-no enquanto ela afundava cada vez mais o rosto em seu pescoço.
Ela também achava isso injusto.
Mas Julia associava a injustiça a uma pessoa em si. E, podia dizer claramente, que odiava o pai por estar fazendo isto com ela. Na verdade, ela havia dito isto para ele na tarde do dia anterior, logo depois de ele gritar com ela por causa da tatuagem. Também tentou colocá-la de castigo. Mas Julia não o obedecia mais.
A tatuagem havia sido feita um dia atrás, também, em um estúdio no centro da cidade. Nate e ela só precisaram de identidades falsas e todos acreditaram que eles tinham mais de dezoito anos. Na realidade, qualquer um que olhasse para Nate acreditaria nisso se ele o dissesse, mas Julia...
Ela achava que fora camaradagem — ou nem tanta — do tatuador.
Mas agora, querendo seu pai ou não, seu pulso estava marcado com um símbolo do infinito. Assim como o pulso de Nate, meio inchado por causa da mesma marca. Ambos tinham o mesmo símbolo que simbolizava o amor que sentiam um pelo outro.
Por que tanto Nate quanto Julia sabiam que era para sempre. O amor dos dois era imenso, indefinível, sem limites, sem fim... infinito.
Eles não sabiam dizer quanto tempo ficaram assim. Apenas abraçando um ao outro, com Julia chorando e apertando os ombros do namorado com força, tentando absorver todas as características dele para que pudesse levar consigo para sempre. Não sabiam quanto tempo ficaram com Nate apenas segurando as lágrimas e correndo os dedos pelos cabelos ondulados de Julia, sentindo seu cheiro, sentindo sua pele. Mas quando eles se separaram parcialmente, Nate segurou o rosto dela com as duas mãos e a olhou profundamente nos olhos verdes que agora estavam vermelhos e chorosos. Limpou duas lágrimas que caíam com os polegares, mordendo o lábio para não chorar também.
Então ele se aproximou calmamente dela e lhe tomou os lábios num beijo sentido e breve.
Não foi muito mais que um selinho, também. Apenas tocaram seus lábios e sentiram sua respiração, a satisfação por apenas estarem juntos naquela hora. Sentindo os lábios dela pressionados contra os seus, Nate quase conseguia se esquecer de tudo o que estava acontecendo.
Quase.
Quando separaram seus lábios, ele os elevou e deixou um beijo na testa da namorada, que piscou fortemente, fazendo duas lágrimas pesadas caírem. Fungou, sentindo a dor dilacerante aumentar dentro dela.
Julia levou suas mãos até o rosto de Nate, da mesma forma que ele estava fazendo com ela, espalhando suas mãos pelas maçãs do rosto de Nate, tocando-o com carinho e leveza.
Colando suas testas uma na outra, Julia sentia as lágrimas continuarem a sair de seu rosto.
Nate continuava a limpar suas lágrimas com os polegares, mesmo que agora estivesse de olhos quase fechados, apenas aproveitando a sensação de estar tão perto de Julia. Suspirou.
— Eu daria a vida para você ficar — ele sussurrou com a voz rouca, quase embargada. Julia havia fechado seus olhos e apenas chorava sem tentar se conter. — Eu te amo tanto...
— Eu também! — ela disse de imediato, com a voz afinada e embargada por conta do choro. Duas lágrimas pesadas já caíam dos olhos de Nate agora. — Eu te amo demais, Nate, demais...
Nate separou suas testas e limpou as próprias lágrimas. Passou as mãos pelo rosto de Julia novamente, limpando as lágrimas que escorriam por suas bochechas. Depois, continuou segurando seu rosto com carinho e firmeza.
Ele olhou diretamente no fundo dos olhos dela e umedeceu os lábios antes de dizer:
— Jamais se esqueça de que eu te amo — ele mexeu os dedos no rosto dela vagarosamente. — Nunca se esqueça de que você é a luz da minha vida, tá? Não se esqueça de que eu te amo mais do que a mim próprio e tudo o que está ao meu redor, tudo que eu tenho. Tenha certeza, Juzy, de que em todo dia que eu não estiver com você, eu vou estar pensando em você, a toda hora, a todo instante. E não importa onde você esteja, ou com quem você esteja, você sempre será minha. Da mesma forma que eu sempre serei seu.
Julia levantou o olhar e tentou controlar os choros e soluços. Mesmo que fosse difícil depois das palavras que Nate havia dito. Por que ela sabia que nunca se esqueceria de nada. Ela sabia que não importa quanto tempo passasse, só haveria um dono para o seu coração, e esse dono era ele. Julia sabia que ela era a luz da vida de Nate tal como Nate era a luz da vida dela.
Eles se completavam completamente. Ela sabia disso. E não iria se esquecer.
— Eu te amo mais do que você possa imaginar, Nate... — ela disse, ainda tentando controlar o choro. — Eu... eu... não tenho palavras pra te explicar o tamanho da minha dor por deixar você... Eu te amo tanto, tanto, que não tenho como dizer, não tenho como descrever. Você é a melhor coisa que já me aconteceu, e... droga. Não vai haver um só dia que eu não vá pensar em você e no que nós já passamos. Não vai ter um só dia que eu não vá amar você. Por que você é tudo pra mim... você é tudo em mim...
Julia não conseguiu continuar. Os soluços vieram com mais força, ainda mais por ela ver que várias lágrimas já escaparam dos olhos de Nate e agora, escorriam por suas bochechas.
Ela se aproximou dele e o abraçou, deixando com que, agora, eles chorassem juntos um no ombro do outro.
Estava difícil agüentar.
Nate separou-se dela e eles voltaram para a mesma posição, cada um segurando o rosto do outro, com as testas coladas, tentando inutilmente controlar as lágrimas.
— Eu não vou conseguir ter paz se não souber que você está sendo feliz — Julia disse, mordendo o lábio e tentando endireitar a voz.
— Nem eu — Nate concordou, respirando fundo. — Sinceramente, não ligaria nem um pouco de ter que sofrer tudo isso sozinho para te poupar.
Julia engoliu o choro.
— Não vamos sofrer, tá legal? — ela levantou o olhar, encarando-o com ternura. — Eu te amo, você me ama. E eu vou carregar você comigo pra onde eu for, para sempre. — Julia olhou para as tatuagens. — Isso é só uma situação temporária.
— Certo — Nate concordou novamente. — Vamos aplacar a saudade com o que a gente sente um pelo outro.
— Eu vou voltar — Julia garantiu. — E quando isso acontecer, não haverá nada nem ninguém que nos impeça.
— Eu te amo — foi a primeira coisa que veio na cabeça de Nate, mas ele sabia que era a certa a dizer. Pegou o pulso de Julia e beijou o desenho do infinito. — Para sempre.
Julia deixou mais uma lágrima escorrer.
Apanhou o braço de Nate e beijou-lhe o pulso, também.
— Para sempre — repetiu.
Então, Nate aproximou-se e segurou sua nuca, aproximando seus lábios num beijo profundo e cheio de sentimentos. Entrelaçou suas línguas de uma forma lenta e apaixonante, que fez com que Julia retribuísse a altura, também enterrando suas mãos nos cabelos quase grandes do namorado que tanto amava.
O beijo já não estava calmo quando Nate lentamente deitou o corpo dela em sua cama de casal. Uma corrente elétrica passava pelo seu corpo conforme seus lábios se moviam e se pressionavam contra os de Julia. Mesmo que ele já o tivesse feito um milhão de vezes, beijar Julia ainda conseguia ser diferente toda vez que ele o fazia. Não importava quantas vezes ele a beijasse, Nate sabia que sempre daria aquela sensação de primeira vez, que o encantava e o fazia se apaixonar ainda mais por ela.
Julia conseguia ser perfeita em todos os aspectos, inclusive, quando o beijava.
Quando seus pulmões pediram por ar, Nate saiu dos lábios da namorada para correr pelo seu pescoço e beijá-la com destreza ali. Julia ainda estava com uma das mãos por dentro de seus cabelos e Nate começara a utilizar também sua língua nos movimentos no pescoço dela, fazendo-a suspirar de leve.
Uma das mãos dele alcançou o início de sua camiseta e já estava por dentro dela, em sua barriga. Conforme Nate fazia seus movimentos no pescoço de Julia, mais ela queria que ele continuasse. Sabia que Nate era único e sabia o que fazia, e ainda por cima, o amava de todo coração. Saber disso fazia com que ela se sentisse segura para deixar aquilo evoluir para o que quer que tivesse de evoluir. Oras, ela havia feito uma tatuagem simbolizando o amor dor dois! Aquilo já não era o suficiente?
Era mais que o suficiente.
Foi por isso mesmo que Julia procurou o início da camiseta do namorado e começou a puxá-la para cima, enquanto ele ainda beijava e deixava pequenos chupões em seu pescoço. Nate se levantou um bocado para tirar a camiseta completamente, mas quando o fez, parou para olhar nos olhos de Julia.
— Tem certeza que quer continuar? — ele perguntou, atencioso.
O muco ainda se concentrava nas vias respiratórias de Julia por conta do choro quando ela respondeu:
— Jamais recusaria a chance de ser sua uma última vez — ela respondeu calmamente, e Nate quase sorriu.
Voltou aos seus lábios, beijando-a novamente e fazendo-a se sentir amada e completa. Como da primeira vez, a corrente elétrica continuava passando pelos seus corpos, aquecendo-os, fazendo com que eles apenas quisessem mais, com mais intensidade, por mais tempo. O beijo de Julia para Nate era como uma droga.
Uma droga da qual ele teria de viver sem.
Por isso, agora, ele a beijava com tanta paixão e tanto ardor. Por isso ele queria tanto aprofundar tudo aquilo e sentir mais da garota que mais amava no mundo. Por isso ele precisava dela ali, naquele momento.
Novamente os pulmões pediram por ar, e Nate se separou da boca de Julia deixando selinhos por ela. Então, devagar, foi impulsionando sua camiseta para cima, e com a ajuda dela, retirou-a com facilidade.
Delicadamente passou a ponta dos dedos pelos seios ainda cobertos de Julia, e depois deu um beijo singelo em cada um deles. Devagar, desprendeu o fecho do sutiã — que abria pela frente — e o afastou delicadamente, mostrando seus seios belos e já enrijecidos. Deixou um beijo molhado no pescoço de Julia, e então desceu os lábios para o seu colo, para não muito depois chegar aos seus seios descobertos que ansiavam pelo seu toque. Delicadamente, ele tomou um deles com a boca, e começou a sugá-lo devagar, fazendo com que a garota deixasse um gemido abafado escapar de seus lábios. Um prazer indescritível começou a se apoderar dela, fazendo-a deixar com que os suspiros e os gemidos saíssem gradativamente de sua boca. Enquanto Nate sugava com ardor um dos seios de Julia, o outro estava sendo lentamente massageado pela sua mão esperta, e isso apenas aumentava a chama que crescia dentro dela.
Ela se sentia totalmente completa por estar ali com Nate. Sabia que aquela tarde ficaria para sempre em sua memória e sabia que jamais se arrependeria do que fizesse ali. Nate lhe dava uma sensação indescritível de liberdade e prazer, uma coisa que ela sabia que nenhum outro jamais poderia lhe dar.
Nate era o único. Sempre seria.
Por isso quando ele apertou com um bocado mais de força o seio que não sugava, Julia sentiu que o toque, mesmo que decisivo, não era agressivo. Ao contrário. Mesmo sendo forte, ele conseguia fazê-la se sentir única para ele também.
Ele ainda continuava sugando o seio de Julia quando sua mão parou de massagear o outro e foi descendo vagarosamente até o seu short que ia até o meio da coxa. Ele abriu o botão do short e Julia se impulsionou para cima, enquanto ele abaixava o short já junto com a calcinha que ela usava. Foi aí que Nate começou a fazer movimentos no ponto de prazer de Julia com dois dedos, vagarosamente, mas ainda assim, de uma forma prazerosamente perfeita. Julia não pôde fazer outra coisa senão gemer de prazer e se contorcer levemente em meio aos lençóis.
Nate começou então a aumentar os movimentos, gradativamente, e Julia apenas não conseguia mais controlar seus gemidos enquanto os dedos de Nate se movimentavam com total familiaridade em sua intimidade. Era como se ele soubesse exatamente o que estava fazendo, como se tivesse conhecimento de todos os pontos em que levariam Julia a perder a cabeça.
Na realidade, ela tinha uma forte suspeita de que ele realmente sabia.
Lentamente, Nate parou de sugar seu seio e apenas deixou um beijo molhado sobre ele, descendo a boca para o resto de seu corpo depois. Seus dedos não paravam de se movimentar enquanto ele beijava entre os seios de Julia. Seus lábios carnudos logo deram um beijo em sua barriga, e fizeram o caminho gradativo até a sua intimidade, onde seu dedo continuava pulsando.
Mas logo ele parou, para dar espaço para aos seus lábios perfeitos e sua língua. Não demorou nada para eles começarem a contornar seu ponto de prazer com uma habilidade notável. Julia gemeu e involuntariamente impulsionou seu quadril para a boca daquele rapaz. Então Nate começou a refazer seus movimentos, com mais habilidade e mais destreza, mais rapidez e mais voracidade, fazendo com que Julia se contorcesse novamente de prazer. Os movimentos de Nate não eram tão rápidos, mas também não eram devagar demais. Eram compassados, porém vorazes. Eram dosados, sendo delicado no ponto certo e fortes da mesma forma. Nate sabia conciliar tudo e fazer com que Julia se sentisse de uma forma da qual nunca tinha se sentido antes.
Nate pegou na parte inferior das coxas de Julia e as afastou delicadamente, facilitando seu movimento em sua intimidade. Ele já sugava seu clitóris de uma forma realmente perturbadora; Julia se contorcia cada vez mais, movendo seu quadril contra a boca dele, também. Era incrível a forma com que Nate conseguia levá-la a loucura daquele modo. Julia sabia que nunca passaria por isso com outro homem.
E Nate continuava. Continuava sugando-a e penetrando-a com a língua, continuava com seus movimentos perfeitos e bem moldados, continuava massageando a coxa de Julia com as mãos espertas. Continuava fazendo com que ela sentisse um prazer completamente indescritível.
Continuava fazendo tudo isso. Até parar.
Quando ele o fez, Julia deu um suspiro em discordância. Nate deu um sorriso pequeno e voltou para seu pescoço, deixando uma marca ali.
Julia passou as mãos pelo cós de sua calça e a desabotoou, impulsionando-a para baixo. Com a ajuda de Nate, não demorou nada para ele já estar da mesma forma que viera ao mundo.
Voltando para o rosto da namorada, Nate deixou-lhe um beijo breve e molhado, com a testa colada na dela e os olhos fechados, apenas aproveitando e provando cada sabor dos lábios carnudos e macios dela.
Então ele afastou suas pernas com cuidado e, sem muita pressa inicial, posicionou-se nela. Deixou-lhe um outro beijo calmo nos lábios antes de penetrá-la completamente.
Julia arranhou as costas de Nate quando o sentiu pulsar dentro de si e gemeu alto, sem nem pensar em se conter. Nate começou a fazer seu movimento de vai-e-vem sem pressa, vagarosamente, como se ele o fizesse mais devagar aquilo duraria mais do que parecia. Julia não conseguia parar de gemer e agarrava seus ombros a cada vez que ele se introduzia dentro dela. Ela sentia como se cada partícula de seu corpo queimasse e explodisse de prazer, uma a uma. E simplesmente amava o fato de ser Nate o causador daquela sensação tão maravilhosa.
Não demorou muito para, entre seus gemidos, Julia estar pedindo por mais. Nate também não demorou para cumprir seu desejo como uma ordem, e refez os movimentos com mais força e rapidez do que antes. Julia praticamente gritava de prazer a cada estocada de Nate. Nada mais passava pela sua cabeça. Ela apenas queria continuar com aquilo e terminar o que eles haviam começado. Ela mexia seu quadril contra o membro rígido de Nate e sentia-se pulsar fortemente enquanto isso. Mordeu o ombro de Nate, que a olhou e deu um sorriso bobo.
Seus cabelos estavam grudados na testa, da mesma forma que da outra vez, e seu corpo também estava ensopado de suor, assim como o dela.
Para facilitar, Nate pegou uma de suas pernas e a levantou, enquanto refazia os movimentos já com mais rapidez do que antes. Julia continuava gemendo cada vez mais e as costas e ombros de Nate já estavam completamente vermelhas por conta das unhas de Julia. O prazer imenso e incalculável tomara conta dos dois, e ele apenas os fazia querer mais daquilo, mais daqueles movimentos, mais daquela sensação.
Nate continuava com seus movimentos rápidos e precisos, e Julia continuava movimentando-se contra ele, sentindo-o cada vez mais, sentindo-se cada vez mais completa. Até que uma certa moleza os atingiu com um estremecimento e uma onda de prazer banhando seus corpos. Nate se manteve dentro de Julia e ela o contornou com as pernas, prendendo-o dentro dela.
E então, ofegantes, eles chegaram ao clímax.
Separando seus corpos, Nate se deitou ao seu lado e Julia apoiou sua cabeça em seu peito, abraçando sua cintura com as mãos. Ambos estava ofegantes e ela podia ver o peito de Nate subir e descer com rapidez. Seu coração também batia completamente descompassado.
Julia fechou os olhos, tentando guardar tudo aquilo para sempre dentro de si. Aquela mesma sensação perfeita que sentia naquele momento.
Nate passou a mão pela sua cintura e ela o ouviu suspirar também. Teve certeza, então, que ele voltara a analisar o caso todo até ali. Sabia que ele não estava triste por eles terem feito o que fizeram.
Estava triste por esta ser provavelmente a última vez que eles o faziam. Pelo menos num raio de cinco anos.
Eles ficaram assim durante um bom tempo. Nate puxara o cobertor para cima deles e eles apenas ficaram em silencio, revivendo o que acabaram de passar em suas cabeças, abraçados, sentindo um ao outro.
Julia passou na cabeça toda a sua vida, desde que se lembrava até o momento ali em questão. E teve certeza, mais uma vez, que a melhor parte dela foi Nate. Ela havia conhecido outros rapazes na Inglaterra, é claro, mas nunca se interessara realmente por nenhum deles. Nate era tão diferente dos outros rapazes que conhecera! Ele era engraçado, mas sem ser irritante. Era atencioso sem ser grudento. Era carinhoso sem ser carente. Era safado sem ser um cachorro. Ele a respeitava. E ele a amava tanto quanto ela o amava.
Passou seus olhos pelo quarto do namorado até ver o relógio apontar que já passavam das seis da tarde. Sua mãe havia pedido que ela estivesse em casa antes da sete, quando ela estava prestes a fugir. Felizmente Alana não a prendera dentro de casa.
Julia achava que Alana já sabia o que ela ia fazer. Precisava falar com Nate antes de ir.
— Preciso ir embora — comentou ela, fechando os olhos.
— Não quero que você vá... — ele disse, depois de um tempo, acariciando a cintura dela.
— Não quero ir... — Ela respondeu, fazendo o mesmo com a cintura dele.
Nate respirou fundo e lhe deixou um beijo no topo da cabeça.
— ...mas você precisa. — Ele terminou a frase com uma dor dilacerante no coração.
Eles se levantaram e começaram a vestir suas roupas em silêncio. Não demoraram muito para terminar.
Nate pegou um casaco de moletom de estampa do exército e o colocou no braço esquerdo. Com a mão direita, segurou a mão esquerda de Julia e a levou até a porta de casa.
Não pode deixar de comparar esse momento com o que vivera horas antes, quando ela segurara sua mão e chorara, mesmo sem que ele tivesse dito coisa alguma. Agora, enquanto Nate segurava sua mão com delicadeza, após eles terem conversado e feito amor, ele sentia vontade de chorar. Pela segunda vez no dia.
Mas ele não chorou. Apenas segurou sua mão e a levou até a porta de casa. Abriu-a e a colocou de frente para ele. Seus olhos já estavam vermelhos novamente, mas assim como ele, ela procurava manter a calma e não chorar.
Nate pegou o casaco em suas mãos e a vestiu delicadamente. Naturalmente, o moletom havia ficado bem maior do que ela, mas nenhum dos dois parecia ligar. Julia estava satisfeita por estar levando mais um pouco de Nate com ela, e Nate... estava satisfeito por isso também.
Então ele pegou seu pulso direito e mostrou seu próprio pulso marcado, colocando-os um ao lado do outro.
Lembrou-se do que ela havia dito após eles saírem do estúdio de tatuagem e retirarem o algodão com álcool dos pulsos inchados.



“Nosso amor é como o desenho que fizemos agora; é permanente. É também como o símbolo que desenhamos; é infinito. E não importa o que nos aconteça daqui pra frente... Nosso amor é indestrutível e eterno. É para sempre.”



Nate só precisou olhar nos olhos dela para saber que ela também estava se lembrando disso.
Então ele se impulsionou contra ela e a abraçou com mais força do que já a abraçara em toda a sua vida. O abraço foi retribuído a altura e Nate sentiu o mesmo poder que Julia exercia sobre ele com aquele abraço perfeito.
Era uma pena que era um último abraço.
Quando eles se separaram, eles olharam um nos olhos do outro.
— Não quero dizer adeus — Nate disse, quebrando o silencio, e tomou as duas mãos dela nas suas.
— Não vamos dizer adeus — Julia olhou para suas mãos entrelaçadas com as dele, para logo depois levantar o olhar e encará-lo. — É melhor assim. Isso não é o fim, não tem por que dissermos adeus.
— É uma situação temporária — Nate repetiu as palavras dela de tempos atrás e deu um quase meio sorriso.
— Sim, é — ela compartilhou do quase sorriso com ele, ainda segurando suas mãos e olhando-o nos olhos.
— Então... até mais — ele disse e ela sorriu. Com as mãos grudadas, se aproximou e lhe deu um beijo calmo e breve, apenas aproveitando o sabor de seus lábios macios e quentes.
— Até — ela disse. — Até mais tarde.
Nate concordou com a cabeça e ela precisou lhe dar um último beijo molhado antes de sair andando dali.
Ao chegar em casa, quando Jason perguntou-lhe onde ela estava, Julia respondeu tranquilamente que estava na casa do rapaz que amava. Não ligava mais se Jason gritaria ou falaria um monte. Ele já os estava separando, de qualquer maneira. Então ela não ligava.
Tomou um banho, terminou de arrumar as malas e, então, foi para o aeroporto, onde esperou por duas horas até o seu vôo embarcar. Quando o avião decolou eram 00h00 de uma noite fria do final de setembro.
Ela estava se aquecendo com o moletom que tinha o cheiro do perfume de Nate.
Afastando o pano do pulso direito, ela encarou o símbolo do infinito desenhado sobre ele. Então ela o levou até os lábios lentamente, beijando-o.
— Nosso amor é permanente; é infinito; — sussurrou ela, devagar. — E eu vou voltar para ele.
Do outro lado da cidade, um rapaz estava deitado com um computador no colo, olhando as fotos que havia tirado quando ainda estava com a garota que mais amava no mundo.
Nate olhou para o pulso descoberto e levou o desenho do infinito aos lábios, beijando-o.
— Nosso amor é eterno e indestrutível. — Ele disse, baixo. — E eu nunca vou esquecer.



So don't say your goodbyes, you know it’s better that way. We won't break, we won't die…
It's just a moment of change.
(Então, não diga os seus adeus, você sabe que é melhor desse jeito. Nós não vamos quebrar, nós não vamos morrer...
É só um momento de mudança.)

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