22 de set. de 2012

Capítulo 29

Once a whore, you're nothing more



Pov. Hayley

Duas horas antes...

Entrei na sala de aula com Sarah. Aula de Física.
O bom de sentar com Sarah na aula de Física, é que ela é ótima com números de todo o tipo. Diferente de mim. Não é que eu não goste de números, eles que não gostam de mim mesmo.
Depois de uma aula, fui para a Educação Física. Fui até o meu armário, peguei meu tênis, a camiseta e o shortinho. No vestiário eu me vesti, amarrei meu cabelo pra trás e segui para a quadra.
Eu gosto de Educação Física. É uma das minhas melhores matérias.
Sarah tinha outra aula, e eu estava com Dakotah. Rice também estava no grupo.
O professor chamou nossa atenção e disse que hoje treinaríamos vôlei. Sorri maliciosamente. Agora é hora de uma certa vaca loira pagar pelo que fez ontem.
— Dak, que legal que a aula é de vôlei.
— É... eu gosto. — ela disse e olhou pra mim — Peraí, você não tá pensando em... Oh meu Deus, Hayley! — Ela começou a rir comigo.
— Veja e aprenda.
O professor dividiu o grupo feminino em dois. Seis meninas de um lado, seis de outro. Rice ficou no meu grupo. Jenna e outra menina um pouco mais alta ficaram no bloqueio. Eu, fiquei no fundo, no saque. Amei minha posição, vale frisar.
O jogo começou com o time adversário. A garota morena sacou, eu mergulhei e salvei. A bola foi pro outro lado, e uma loirinha atacou. Jenna não conseguiu bloquear e foi ponto delas.
— Pô, Rice, se você não sabe jogar não prejudica o grupo! Ninguém tem culpa da tua incompetência. — disse alto e Jenna rangeu os dentes.
Senti uma grande vontade de gargalhar, mas me controlei. Dakotah que estava do outro lado me olhou mordendo o lábio e abafando uma risada. Pisquei pra ela.
O time adversário sacou a bola novamente. Dak salvou e eu ataquei. Ponto nosso.
O time veio se abraçar pra comemorar o ponto e eu disse:
— É assim que se faz, Jenna. — Dessa vez Dakotah não se conteve e soltou um risinho alto, logo depois abafado. Os olhos de Jenna pareciam chamuscar.
E sinceramente, eu amava isso.
Acontece que quanto mais irritada ela ficava, melhor ela errava as bolas. A irritação fez com que ela errasse quase tudo, perdesse bolas, sacasse na rede... e toda vez que ela errava, eu soltava mais uma das minhas frases.
Eu estava vendo a hora de ela vir pra cima de mim. E Deus, como eu queria acabar com ela. Mas decidi continuar provocando e ver no que dá.
Saque do outro time. Eles jogaram e Dak salvou. Eu podia fazer um ponto, mas decidi fazer diferente.
Ataquei a bola com toda a força na cabeça de Jenna.
— Opa, desculpa. — eu disse com uma mão na boca.
Ela olhou pra mim com raiva.
— Você me paga. — sussurrou.
Nota: Esse foi o jogo de vôlei mais legal que já joguei.
2 setes a 2. Estávamos com 24 e eles com 23. O negócio tava acirrado.
Saque nosso. Jenna foi sacar, já que no bloqueio ela não estava adiantando nada.
Ela lançou a bola no ar e bateu. A bola foi pra fora.
— É isso aí, Jenna, vamos perder por sua causa. Parabéns. — eu disse e rolei os olhos.
Último saque.
A moreninha jogou a bola pro nosso lado novamente. Eu salvei e me levantei rapidamente, outra menina já tinha mandado a bola pro lado deles. A mesma moreninha atacou e Dak salvou. A bola estava vindo em minha direção. Pulei o mais alto que deu e ataquei.
Ponto.
Acabou, ganhamos.
As meninas gritaram e comemoraram a vitória. Eu fiz o ponto ganhador, então elas vieram me parabenizar. Jenna saiu batendo o pé em direção ao vestiário. Eu e Dak caímos na gargalhada.
— Ih, Hayles, ela tá com raiva. — Dakotah disse.
— E quem liga? — Rimos novamente.
— Muito bem, Hayley. Parabéns meninas! — o professor disse — Agora vão pro chuveiro rapidinho, em 15 minutos tem intervalo.
Fui pro chuveiro, tomei banho e me arrumei. Dak me acompanhou até o refeitório. Pagamos o lanche. Estávamos indo pra nossa mesa, onde Jeremy, Taylor e Sarah já estavam sentados, quando a lombriga albina aparece na nossa frente.
— Se você acha que eu vou deixar barato tudo o que você fez hoje no jogo, você está muito enganada!
Sorri, e sem querer eu deixei o meu purê de batatas cair na cara dela. Junto com o suco de laranja.
— Ah, desculpa! Foi sem querer. Mas olha, dizem que batata é muito bom pra pele... ou não.
Ela abriu a boca indignada e tirou purê dos olhos. Abriu a boca pra falar, mas eu a interrompi.
— Pelo menos, eu acho que batata deve servir para as garotas imbecis e fofoqueiras, pararem de inventar mentiras. Mas infelizmente, o que dá jeito nas whores que dão em cima de um cara comprometido é surra mesmo. — Eu disse tirando completamente o sorriso do rosto. Ela me olhou com fúria.
— Eu vou acabar com você! — Ela disse e agarrou o meu cabelo.
Uma pequena multidão se formou em torno da gente gritando “Fight! Fight! Fight!”.
Agarrei o cabelo dela e puxei com tanta força que arranquei um pouco. Ela gritou de dor e me deu um soco na boca. Senti o sangue no lábio.
Certo, agora ela vai ver.
Comecei a dar socos no rosto dela. Ela passou a perna entre a minha e me fez cair. Em cima dela.
Apoiei meu joelho com força na barriga dela, o que fez ela dar um grito abafado pela falta de ar. Tirei meu joelho da barriga dele e apoiei minhas pernas nos braços dela, deixando ela totalmente imóvel, tendo apenas o controle inútil das pernas. Comecei a dar tapas com a palma e as costas da mão. O rosto dela estava vermelho, seu nariz e sua boca sangravam e tinha um grande vermelho em volta do olho, que logo viraria um roxo. Me levantei e a levantei pelo cabelo. Ela não tinha mais forças. Seu semblante passou de “eu vou matar você” para um “por favor, pára.” Ri disso.
Com uma mão segurando ela em pé pelo cabelo, eu peguei a outra mão e apoiei em seu pescoço, apertando devagar.
— Agora escuta bem. Você nunca mais vai inventar mentiras nem dar em cima do Josh, ouviu?
— Sim. — ela respondeu num sussurro.
— OUVIU, DESGRAÇA? — eu disse e apertei mais.
— Ouvi! — ela disse um pouco mais alto e meio rouca.
Josh apareceu por trás e me tirou da briga com a lombriga.
— Hayley, o que você tá fazendo? — ele perguntou.
— Ensinando uma vadia a virar gente. — Disse convicta. Ele me pegou pela barriga e me tirou de lá a força. Jenna caiu no chão e foi socorrida pelo Ryan.
Me botou no chão. Passei a mão pela boca. Um fio de sangue escorria pelo meu queixo.
— Hayley, meu Deus! Por que você brigou com a Jenna? — Sarah disse espantada ao me ver nos braços de Josh. Atrás dela estavam os meninos. Eles falavam um monte de coisas ao mesmo tempo.
— Ela mereceu. — Eu disse apenas. Até que o diretor nerd engomadinho chegou.
Perguntou o que tinha acontecido ali, e o nosso X9 de primeira que se chama Mark contou. Ele mandou Jenna e eu (que estava com a boca sangrando) para a enfermaria e depois direto pra sala dele. Fomos.
A enfermeira, enquanto reclamava que “esses malditos alunos não tem educação! Só sabem brigar e se machucar”, fazia um pequeno curativo na minha boca. Tinha um corte no lábio e meu maxilar estava inchado. Ela fez uma compressa com água fria.
Eles me separaram de Jenna. Ela estava muito machucada e foi para o hospital.
Josh estava me esperando fora da enfermaria com minha mochila.
— Oi minha ninja. — ele disse brincando e me deu um beijo na bochecha. Meu lábio tava doendo. Droga, eu ainda mato aquela safada.
Não, Hayley, se acalma. Você acabou de mandar a menina pro hospital.
— Ninja é? — ri. — Gostei.
— Só um ninja pra bater na Jenna e sair só com um machucadinho na boca. É verdade que ela foi pro hospital?
— É...
— Meu Deus, Hayley! Me lembre de nunca brigar com você.
— Lembro sim. — rimos novamente e ele me pegou pela cintura.
Dane-se o lábio.
Me beijou enquanto passava a mão pelas minhas costas. E então ele tentou abaixar a mão.
Dei um tapa nele.
— Seu safado. Já não basta me agarrar no corredor da escola?
Ele sorriu e eu o empurrei.
— Ah, você ta suspensa. — ele disse. Grande surpresa.
— Ainda tenho que ir falar com o diretor?
— Não. — ele riu. — Mark contou tudo, e quando ele soube que a Jenna tinha que ir pro hospital, ele decidiu te suspender. Toma. — ele disse e me entregou uma declaração.
— Três dias? Eu esperava mais.
— É... vai ver ele gosta de você.
— Só o que me faltava. Esse cara reúne em si todas as pessoas que eu não gosto: Diretores de escola; Nerds; Mandões; e Sertanejos.
— Hayley, você mora no Tennessee. Já devia ter se acostumado com os sertanejos.
— Ah, credo. — Eu disse e ri.
Peguei a sua nuca e puxei pra outro beijo.
— Ei... nós não estamos na escola?
— Dane-se, já tô suspensa mesmo.
Depois de um tempo nós nos desprendemos.
Josh me acompanhou até o portão da escola. Ele estava matando o quarto horário, mas nem ligou.
Fui pra casa andando. Chegando em casa eu peguei a chave que minha mãe tinha mandado fazer e me entregou hoje de manhã e abri a porta.
Minha mãe estava sentada no sofá... com um cara.
Respirei fundo.
Ela fez uma cara de espanto. O cara então, nem se fala.
— Por-Porquê ta aqui tão cedo? — Ela perguntou gaguejando.
— Bom dia pra você também. — Eu disse e revirei os olhos. Peguei a declaração e joguei em cima do sofá. Subi as escadas em passos fortes e rápidos e fui para o meu quarto.
Uma lágrima escorreu pelo meu rosto.
Eu não quero aquilo denovo. Não quero. O cara já tá até visitando a casa. Quantas vezes será que ele veio aqui enquanto eu não estava?
Esses pensamentos só aumentavam minha angústia e minha vontade fugir, de não viver tudo aquilo denovo.
Peguei o celular e disquei o numero de Josh.
— Alô, Hayles?
— Josh...
— Você tá chorando? O que aconteceu?
— Ela nem esperou, Josh! Ela se encontra com ele quando eu tô fora! Eu cheguei em casa e eles tavam no sofá. Ela e o cara. Será que a minha mãe não entende que eu preciso dela, e não de um outro pai? Josh, pelo amor de Deus.
— Hayley, minha linda, se acalma. Não chora. Lembra do que a gente conversou? Fica tranqüila. Esse cara não vai fazer nada contra você. Eu vou dar um jeito de sair e tô indo aí, mas fica calminha, ta? Por favor.
— Não, Josh! Você vai perder aula por minha causa. Pode ficar, eu... só precisava desabafar.
— Eu vou conseguir dar o fora, eu só preciso...
— Josh, eu tô melhor. Quando você sair você vem, eu... eu vou ficar tranqüila, dentro do meu quarto.
— Promete?
— Uhum, brigada. Sério... brigada por me escutar.
— Sempre. Quando a aula acabar eu vou direto para a sua casa então.
— Ok... beijo.
— Beijo.
Larguei o telefone e sequei minhas lágrimas.
Se fui forte o suficiente pra mandar uma garota pro hospital, sou forte o suficiente pra agüentar o novo namorado da mamãe.
Não demorou muito e as batidas na minha porta começaram. Abri e me recostei.
— Fui suspensa porque bati em uma garota. Ela espalhou mentiras pro Josh sobre mim e fez fofoca sobre outro cara. Eu jantei ontem com esse cara porque quando eu voltei pra casa, a senhora não estava em casa para ficar com o gostosão lá de baixo. Jenna viu e falou pro Josh, dizendo que eu o estava traindo. Ensinei ela a não mentir. Ela foi pro hospital e eu vim pra casa. Fim. Não precisa me dar sermão.
— Não vim aqui pra isso. — ela disse — Sabe que eu sou contra as brigas, mas esse é o seu jeito, e se não fosse isso eu sei que você sofreria bullying denovo. Sei que você fez o que achava certo, e eu também acho que não estou com tanta moral pra brigar com você.
— Você tem razão.
— Hayley, eu sei que você sofreu com o Andrew. Eu sei que é difícil pra você a idéia de ter outra pessoa aqui.
Sorri debochadamente.
— Então quer dizer que ele já está de mudança? Incrível.
— Não. Ele tem a casa própria dele. Estamos apenas namorando, amor. Assim como você e Josh, e os seus amigos. Não estamos casados, e nem vamos nos casar. Entende?
— Mãe, você disse a mesma coisa com o Andrew! “É só um namoro”, “Não é nada sério”. E no final a gente acabou indo morar com ele! Pensa em mim, pensa na tua filha um pouco, e por favor, pensa no que ela sofreu. E pensa também nela indo morar com o pai por não querer conviver com mais um padrasto.
— Hayley, você está sendo muito radical!
— Eu, radical? Você que tem um chupão no pescoço e eu sou radical? Hilário.
— Eu penso em você. Você é tudo pra mim, você é minha única filha. Meu tesouro, eu amo você, Hayley, amo mesmo. Mas... uma mulher não pode conviver sem o amor de um homem, entende?
— Não. Eu não entendo. Sinto muito, mas eu não entendo como você pode sentir falta daquilo que o Andrew te dava.
— Vamos parar de falar no Andrew? Vamos falar no Scott, ok?
— O que me garante que esse cara não é igual a ele, mãe?
— O que te garante que é? Você está pré-julgando ele. Você precisa conhecê-lo, Hayley. Ele é psicólogo, trabalha com adolescentes. Quando ele te viu ele soube como seria sua reação. Ele estava me dando conselhos de como acalmar você, e fazer você aceitar quando você chegou. Ele é do bem, Hayley. O único motivo de nós não termos dado certo na adolescência, foi porque ele era mais velho e teve que ir pra Nashville pra fazer faculdade, e então eu conheci Joey. O destino fez com que ele saísse da minha vida pra que eu tivesse você, filha. E agora o destino está nos reunindo denovo. Por favor, Hayley, me deixa ser feliz com ele. — Ela dizia e as lágrimas escorriam pelo seu rosto.
Eu a abracei.
Ainda não estava certa da idéia de ter um padrasto... mas... se ela realmente está se sentindo feliz com ele, eu não devo impedir.
E nada é pior do que ver minha mãe chorar. Nada.
— Ok, mãe... seja feliz. — Eu disse secando suas lágrimas.
Fomos até o banheiro juntas e lavamos o rosto. Voltamos pro meu quarto e nós ficamos conversando sobre algumas coisas pendentes. Depois de algum tempo nós descemos. Chegando na sala, o denominado Scott ainda estava lá.
Respirei fundo.
— Olá, Hayley. Eu sou Scott, sua mãe me falou muito de você.
— Oi. — não falei mais do que isso.
Analisei o cara. Ele não é feio, tipo... um coroa, mesmo. Cabelos grisalhos, estilo social, meio alto, bem arrumado, falava bem... É, ele é diferente do Andrew (careca, largado, gordo, mal educado... ).
— Então... você foi suspensa? Por quê?
Não é da sua conta, mané.
— Briguei com uma menina; É verdade que você é psicólogo?
— Sim... trabalho no conselho tutelar.
— Ahn.
— Sua mãe me disse que você é muito talentosa. Gosta de música?
— Amo. Mas minha mãe exagera as coisas.
— Duvido. Você tem jeito de artista.
Ri. Fala sério, né.
— Você... — falei com ele — ...bebe? Fuma? Ou outra coisa assim?
— Sou completamente contra isso.
— Sério mesmo?
— Sim. Meu irmão morreu em um acidente de carro... o motorista do outro carro estava bêbado.
— Eu sinto muito.
— Eu até participo de algumas campanhas contra a bebida.
— Ahn, legal.
A primeira vista o cara parece legal...
— Tem filhos?
— Tenho dois. Mas já estão crescidos.
Nessa hora a campanhinha toca.
— Eu atendo! — Gritei e abri. Era Josh, ele estava preocupado. Ele me beijou e eu puxei ele pra dentro da casa.
Quando ele viu Scott ele mudou de postura, chegou bem perto e sussurrou:
— Tá tudo bem?
— Uhum. — sussurrei de volta.
— Hum... Oi, eu sou Josh, prazer em conhecê-lo. — Josh disse estendendo a mão para o homem.
— Oi Josh, sou Scott. O prazer é meu.
— É... Scott... eu vou subir com o Josh. Minha mãe está na cozinha. Hm... a gente se vê. — Eu disse e subi as escadas de mãos dadas com o Josh.
Entramos no meu quarto.
— É... ele não é tão mal assim. — Josh.
— Não... Não a primeira vista, pelo menos. Conversei com a minha mãe... eu vou deixar quieto. Não vou me meter na relação deles. Se ele vier morar aqui... eu vou pra casa do meu pai. Se continuar assim, com visitas e namoro normal, eu não vou me meter.
— Que bom que você está bem. — Ele sorriu e me beijou.
Sentamos na cama.
— Sabe... você tava... falando sério ontem?
— Quando?
— Quando disse que me amava.
— Ahn... sim... eu acho.
— Ah.
— Notícias da Jenna?
— A mãe dela chegou lá dando escândalo. Disse que a segurança da escola é ridícula e que vai processar cada ser vivo do mundo. Xingou o diretor e quase foi presa. Jenna estava no carro, ela não quebrou nada. Eu só vi uma faixa em volta da cabeça e o rosto muito inchado, pelo vidro do carro. Só.
— Acho que arrancar cabelo dela foi demais... — eu disse rindo.
— Minha menina brigona — ele disse e me beijou novamente.

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